quinta-feira, 20 de julho de 2023

Morre Jaime Moisés

 Com muita tristeza que comunico a vocês o falecimento do Sr. Jaime Moisés na madrugada desta quinta-feira (20/07)  um dos homens mais íntegros e honrado de Uberaba.

Jaime Moisés/ Foto/Divulgação. 

Empresário da Comunicação, ex-Governador do Lions Club International, Contador, Professor e Diretor dos Colégios Dr. José Ferreira e São Judas Tadeu.

Cidadão Uberlandense e Comendador no Grau de Cooperador da Maior Honraria de Uberlândia, a "Comenda Augusto César".

Jaime, que no sábado passado (15) havia completado 93 anos de idade, infelizmente já internado no hospital São Marcos devido a complicações de um quadro de pneumonia.

Jaime foi fundador e diretor do Jornal de Uberaba; diretor do jornal O Triângulo em Uberlândia; vereador e presidente da Câmara Municipal de Conquista-MG e era natural de Santa Juliana-MG.

Apesar de separados nunca saiu de perto de D. Alice. Pai do Abrão Moisés Neto e do Daniel Angotti Moisés e da saudosa Luciene. Avô e bisavô extremamente dedicado e o melhor amigo, sem dúvida.

Seu corpo será velado durante toda esta quinta-feira na Funerária LIV  na Av. Edilson Lamartine Mendes, 137 - Parque das Américas em Uberaba.

Jaime Moisés combateu o bom combate, terminou a corrida e guardou a fé.

Vá com Deus e Descanse em Paz.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Fotografia publicada no livro História em Mosaico, de Joaquim Prata dos Santos, 1995.


Foto da familia Joaquim Prata dos Santos.

1. Alexandre Prata dos Santos-2. Marietta dos Santos-3. Anna Prata dos Santos-4. Euclides Prata dos Santos-5. Antonio Zeferino dos Santos (Toniquinho)-6. Celeste Prata dos Santos-7. Lucilia Prata dos Santos-8. Célia Prata dos Santos-9. Miguel José da Silva-10. Maria Prata dos Santos Silva (Anita)- 11. Marietta Prata dos Santos-12. Leda Prata dos Santos-13. Antonio Zeferino dos Santos-14. Nelly Prata dos Santos.

História de Uberaba

CITE-SE O FALECIDO

Existe nos meios forenses um dito popular que diz: “alguns juízes acham que são deuses, os desembargadores têm certeza”. E em Uberaba, talvez por acreditar nisso, um deles foi além e resolveu exercer seus poderes divinos.

Segundo nota publicada no jornal mineiro O Popular, em 04/5/1998, o juiz da 4ª. Vara Cível local, Lenin Ignachitti, ao apreciar petição inicial em ação de reconhecimento de sociedade de fato, requerido por uma concubina em desfavor de seu ex-companheiro, proferiu o lacônico e imperativo despacho: “cite-se o falecido para os termos da presente ação.”

Imagens: cemitério local São João Batista (acervo Google)

Ao zeloso e espirituoso oficial de justiça encarregado não coube outra alternativa e, ao devolver o mandado, certificou ter feito exaustivas diligências no intuito de bem cumprir a ordem, mas ao saber que o citando, “desde o dia 5 de setembro de 1997, está residindo no Cemitério São João Batista, nesta cidade, à quadra 1, sepultura n. 142”, para lá se dirigiu. Destarte, “prosseguindo as diligências, bati por inúmeras vezes, à porta da citada sepultura no sentido de proceder à citação determinada, mas nunca fui atendido. Certifico, ainda, que entrei em contato com os coveiros e com o administrador do citado cemitério, sendo informado por todos que tinham a certeza de que o citando se encontrava em sua sepultura porque viram-no entrar e não o viram sair”.

Como bem disse o filósofo francês René Descartes o “Bom senso é o que há de mais bem distribuído no mundo, pois cada um pensa estar bem provido dele.” Pelo visto é o que faltou ao magistrado ao tentar trazer um falecido às barras da justiça. Lado outro, felizmente, é o que sobrou ao bem humorado servidor público, cuja atitude merece figurar em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira

Fonte: Diário de Uberaba, de Marcelo Prata (vol. V, p. 695).


História Uberaba

CIRCO DO POVO 40 ANOS

No dia 04 de Maio de 1983, o bairro Costa Teles, da cidade de Uberaba/MG, foi palco de um evento, que marcou em definitivo, a introdução de um projeto cultural inclusivo, na cidade!

Um espaço que era revolucionário para a época, com oficinas culturais, ações de incentivo e valorização da cultura popular, aprendizagem profissional, espaço lúdico, e revolucionárias atividades pioneiras como a Gibiteca e a Brinquedoteca.

Foto acervo do pessoal de Carlos Albert Pereira.

Atores, cantores, palhaços dançarinos e poetas, entre tantos outros artífices da arte popular e clássica de Uberaba, tinham ali um espaço digno de manifestação!

Este projeto se sustentou por anos e tinha nome e sobrenome: Prefeito Wagner do Nascimento,Secretário de Educação prof. José Thomaz da Silva Sobrinho, prof. Antonio Carlos Marquez, Beethoven Luis Teixeira .

Tive a honra de fazer parte deste projeto, onde emprestava minha voz e talento de comunicar, como Apresentador Oficial do Circo Do Povo!

Mas além destes citados acima,tivemos muitos outros importantes agentes, que agiam nos bastidores e na produção deste projeto!

O prefeito Paulo Piau, em um de seus mandatos, reinaugurou o Circo, uma nobre tentativa de resgate deste ativo cultural e popular, que a meu ver, deveria ser uma política de governo, sempre! 

Carlos Alberto Pereira


História Uberaba

segunda-feira, 3 de abril de 2023

PAULO JOSÉ DERENUSSON

O terceiro presidente da ACIU eleito para a gestão de 1929 foi Paulo José Derenusson, nascido em Petrópolis, RJ, em 1890. Filho de Leon Derenusson (Francês) e Joana Aska Derenusson (Alemã).
Veio para Uberaba para adquirir o ativo e passivo da empresa Dias Cardoso Ltda.. concessionária da FORD e se estabeleceu com o nome de Paulo Derenusson Cia. Ltda.

Paulo José Derenusson - Foto/ Acervo Aciu.


Cofundador da PRE-5-Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro, foi também um dos fundadores do partido da União Democrática Nacional - UDN, do qual foi o primeiro presidente. Elegeu-se vice-prefeito em 1950 com consagradora votação, eleição essa em que foi eleito prefeito, o médico Antônio Próspero do PTB.

Deixou o comando da empresa para seu filho Léo Derenusson, em 1962 e mudou para o Rio de Janeiro.

Paulo José Derenusson, casado com Luiza Aleixo Derenusson, faleceu em 20 de janeiro de 1967, deixando seis filhos. Atendendo sua última vontade, seus restos mortais foram enterrados em Uberaba, no cemitério São João Batista.

Em sua gestão na ACIU que se estendem até o final de 1932, teve como diretores- Vice-presidente, Santos Guido; 1° Secretário, João Rocha; 2° Secretário, Antônio Joaquim; 1° Tesoureiro, Aurelino Luiz da Costa e 2º Tesoureiro, Américo Mendes Russo

Foram épocas difíceis, de grandes transformações e de muitas realizações. A quebra da bolsa de Nova York em 1929 abalou a economia de todos paises. Em 1930 piorou a situação do Brasil em decorrência de desencontros nos conchavos da velha política do "Café com Leite". provocando uma revolução que só terminou com a vitória da Aliança Liberal comandada por Getúlio Vargas.

A diretoria da ACIU, em desacordo com seus Estatutos, tomou posição em favor da Aliança Liberal mas deu liberdade para que seus associados fizessem sua opção.

Essas crises provocaram a criação de novos tributos e aumento de impostos em todas as esferas governamentais, gerando elima de revolta e insegurança no setor produtivo.

Uberaba que já era um centro importante no setor máquinas de beneficiamento de arroz, viu a redução do crédito bancário gerar imensas dificuldades, provocan- do atrasos em pagamentos de impostos e taxas. Coube à ACIU a gestão junto aos bancos federais buscando alternativas para minimizar os efeitos da grave crise financeira e intermediar junto ao Poder Público para a regularização dos débitos fiscais.

Junto ao Governo do Estado a ACIU conseguiu a implantação de uma unidade do Grupo de Mecanização Agricola (EMA) e fez gestões para a instalação do Corpo de Bombeiros. Lutou para a melho- ria do tratamento de água que era precário e deu início aos estudos para implantação de uma unidade do SENAC em Uberaba.
Foi também um período de ajustes. Os Estatutos da ACIU foram adaptados aos novos tempos. Diminui-se o número de Conselheiros Consultivos de 25 para 5. Ampliou-se o prazo de gestão da diretoria de 1 para 2 anos em futuras eleições. Suprimiu os votos por aclamação que foram substituidos por cédulas.

Foi nessa gestão que se deu o reconhecimento da ACIU como Instituição de Utilidade Pública. A necessidade de construção de uma sede para ACTU era um sonho acalentado desde sua criação. Afinal, cada diretoria utilizava locais variados como empréstimo para a realização de suas reu- niões. A primeira oportunidade nesse sentido surgiu nessa diretoria que comprou um terreno na rua Olegário Maciel para futura construção,

Na presidência de Paulo J. Derenusson a entidade incluiu em seus objetivos a defesa dos interesses da classe rural, mu- dando seu nome para ACIRU-Associação Comercial, Industrial e Rural de Ubera- ba. Por essa razão, em 1934, a ACIRU participou da exposição agropecuária. Em setembro de 1935, criada a Sociedade Rural, a ACIU retomou ao seu nome original.

Conta Guido Bilharinho que em 1929 foi fundada a Casa Aliança, a Sapataria Molinar, a Confeitaria Vasques (Bar da Viúva) e o Hotel Modelo, ainda existente. Em 1930 foi criada pelos sócios Orlando Rodrigues da Cunha e o grupo Fontoura Borges, uma empresa para construção do Grande Hotel e de cinemas (São Luis, Metrópole e Vera Cruz), sendo o Cine Teatro São Luis inaugurado em 1931.

Fundou-se também em 1931 a fábrica de fumo 31 por Elviro Cabral de Menezes e Orlando Bruno. Nesse ano o município conta com 1.070.000 animais, dos quais 700.000 bovinos, mostrando a pujança do setor público.

Por Gilberto Rezende, Conselheiro da ACIU. Fontes: ACIU; Arquivo Público de Uberaba; Liana Mendonça; Guido Bilharinho, Livro - Dois Séculos de História de Uberaba; Maria Antonieta Borges e Indiara Ferreira - Livro - História da ACIU-90 anos - Câmara Municipal de Uberaba.


História de Uberaba

terça-feira, 28 de março de 2023

A carretinha do Vaguinho

Escrevi aqui há bastante tempo sobre o carrinho de hot dog do Grisinho. Esse causo, que tento retratar aqui tem certa semelhança, se não pela história, mas sim pelo estado deplorável dos objetos em questão.
Pois hoje, coincidentemente, depois de encontrar um amigo aqui do face - Pedro Riccioppo, artista plástico – que me incentivou a continuar com meus relatos, encontrei também o Waguinho do coco, ou melhor: “Poeta da cabaça”, como ele gosta de ser chamado.

Como uma coisa puxa outra, lembrei de uma passagem com essa figuraça aqui do centro da cidade.
Vamos lá, então.

Wagner Eustáquio Carvalho - "Waguinho" , “Poeta da cabaça”. Foto / Reprodução.


O Waguinho, antes de montar seu próspero negócio de venda de coco gelado na Governador Valadares, em frente ao bar dos irmãos na curvinha (melhor torresmo de Uberaba), possuía uma carretinha que utilizava para transporte de recicláveis.

“Carretinha” é um mero eufemismo para aquela geringonça. Na verdade, era um carretão com soalho de mosaico de madeirite mal justapostos, colunas de resto de canos de tamanhos desiguais e envolta com tela de galinheiro.

Essa estrutura contava com mais ou menos uns cinco metros de comprimento por uns dois de largura e sempre com restos de papelões, garrafas pets e tudo que puderem imaginar.

A coisa era tão desengonçada, que um dos membros da confraria do café, apelidou aquilo de Catifunda.
E o Waguinho, que habitava os fundos da antiga Futurista, estacionava a dita cuja no morro da Lauro Borges, bem perto da esquina com a Artur Machado.

Como ele conseguia essa proeza com seu fusca da cara quadrada, sempre foi um mistério, pois ele manobrava a estrovenga sempre de madrugada e consequentemente ninguém presenciava a chegada ou saída daquilo.

Devido às dimensões avantajadas do apêndice veicular, ao permanecer ali estacionada por dias a fio, além de ocupar umas duas vagas de veículos, enfeava a rua com seu aspecto desagradável. Como professa meu amigo Carijó, “para aquilo ficar feio teria que melhorar bastante”.

E todo dia no encontro matinal do café na lanchonete do Leone, fazíamos coro, sempre em tons de galhofa, para que Waguinho desse um jeito na “Catifunda” (como se isso fosse possível!)
Era mais para zoar o Waguinho, pois sabíamos que ele tirava seu sustento trabalhando com ela.
Os mais zoadores éramos o Divino da van e eu que todo dia pegávamos no pé do Waguinho, que levava de boa a gozação.

Levava “de boa” até que a Catifunda sumiu.

Pois é. Furtaram a carretinha do Waguinho.

Ficamos todos pasmos; mas como alguém, em sã consciência, poderia cobiçar uma coisa daquelas a ponto de roubá-la?

No tempo que a Catifunda ficou sumida – uns dois meses – foram aventadas várias hipóteses, inclusive a de que a mesma seria, assim como o Carrinho do Grisinho havia sido, reformada por um amigo e devolvida toda linda. Essa hipótese foi descartada pela maioria depois de passar uma semana sem notícias dela e também pela total impossibilidade da Catifunda voltar linda.

Outra hipótese seria que a vigilância sanitária teria recebido uma denúncia e recolhido a mesma de madrugada. Essa era a hipótese acampada pelo Waguinho que passou a me acusar de ter feito a denúncia. Não adiantou eu jurar de pés juntos que não havia feito denúncia alguma, o Waguinho continuou a suspeitar dessa alma boa que narra essa passagem.

A última hipótese era de um furto puro e simples. Apesar dos pontos contra, era a aposta que liderava a bolsa, pagando R$1,30 por R$1,00.

Pois bem, daí um mês o assunto foi perdendo o interesse e quando já caía no esquecimento geral, eis que o Waguinho anuncia a boa nova. Havia achado a Catifunda!

Questionado pelo Divino se continuaria a usar o estacionamento a céu aberto, ele saiu-se com essa:
- Não Divino, depois que eu vi quem a tinha roubado, fiquei com pena dele e dei a carretinha para ele trabalhar.

Aplausos gerais para o Waguinho na lanchonete que teve esse gesto magnânimo.
A história poderia terminar aí. Só que não.

Caparelli, sempre desconfiado, seguiu com uma pulga atrás da orelha. Ora, depois de escutar o chororô do Waguinho esse tempo todo ele simplesmente abriria mão da Catifunda?

Caso resolvido poucos dias depois.

Aconteceu que comprando carne na Prudente de Morais, o Divino conversando com um amigo em comum que sabia do furto descobriu a verdade dos fatos.

Pelo menos foi o que ele me contou.

Aqui tento transcrever o que ele me relatou.

O Waguinho estava passando à pé pela rua Coromandel e avistou no quarteirão da frente a carretinha meio cheia de reciclados e, cheio de entusiasmo, apressou o passo para fazer a reintegração de posse da desengonçada Catifunda, que por sinal estava mais desengonçada do que nunca.

Eis que, de um terreno baldio aparece o agora posseiro dela e parece que em uma combinação o Waguinho olhou para o catador e o catador olhou para o Waguinho.

Parecia um duelo em um filme de faroeste, quando os pistoleiros se encaram. Tipo assim “Três homens em conflito”.

Nesse momento o catador, meio assustado, deixa cair um objeto no chão e abaixa-se bruscamente para pegar o mesmo.

O Waguinho, de longe, não sabia o que era aquilo e deu um salto para o lado.
O catador por sua vez, achando que o Waguinho se preparava para atacá-lo saltou para o outro lado e se embrenhou no terreno baldio.

Ledo engano: assim que o Waguinho completou seu salto acrobático já caiu virado para a esquina e vazou rapidamente dali. Foi um para cada lado em desabalada carreira.
Dizem as más línguas que o Waguinho até hoje quando passa por ali fecha os vidros do Fusca. “Seguro morreu de velho”

Marcelo Caparelli

domingo, 26 de março de 2023

RESTAURANTE TABU

Chin Ichiro Kikuichi, veio para o Brasil, em 26/9/1933, quando ainda garoto, tinha pouco mais de 10 anos. Foi em Pedregulho, SP, que ele conheceu Olívia Peroni (Zica), com quem deu início a uma inocente amizade, mais tarde paixão amorosa e, finalmente, união duradoura pelos vínculos do matrimônio. Mas ao contrariar a tradição japonesa, casando-se com uma brasileira, foi deserdado pelo pai e obrigado a seguir caminho por sua própria conta e risco. Vieram então para Uberaba, MG, o jovem casal e filhos Imiuce, Nivaldo, Waldir e José Francisco.

Imagens: fotos de cima para baixo e da esquerda para a direita: Olívia, Chin, Imiuce, 
Nivaldo, Waldir e José Francisco, Leandro, Jussara e Adriano (acervo de Waldir Kikuichi)

Quando aqui chegaram o restaurante já existia. Fora inaugurado em 1942 pelo comerciante Omar Andrade Rodrigues. O nome Tabu fora copiado de uma casa similar, existente no Largo do Paissandu e ao lado do Café Caipira, na Av. São João, São Paulo, SP.Em 1960, Chin e seu irmão Yassu passaram a figurar como sócios dos então proprietários Shinosuk Ito e Einosuk Ito (Antonio). Em 1963, ambos chegaram a deixar a sociedade para abrirem negócio próprio. A partir de 1969, Chin retoma com exclusividade o controle do restaurante, dando início ao seu período de maior fama e prestígio, pois muito frequentado por intelectuais, estudantes, notívagos, boêmios, jornalistas, políticos e artistas de todo o Brasil.

No cardápio: o suculento filé a cavalo e o tradicional sanduíche de pernil fizeram sua fama, mas o rei e cantor Roberto Carlos, quando por aqui passava, tinha por preferido o saboroso frango ao molho pardo, outra especialidade da casa.

Em 1981, com o falecimento do mestre Chin, o restaurante chegou a fechar suas portas, voltando a reabri-las, sob o comando de seus filhos Waldir e Nivaldo Kikuichi, sete anos depois, em 1988.

O Restaurante Tabu continua honrando a tradição de bem servir, só que agora em novo endereço: Av. Francisco Pagliaro, 299, São Benedito, mas sob o comando da terceira geração da família, ou seja, por Jussara Daher e dos filhos dela com Waldir Kikuichi, Leandro e Adriano, netos do saudoso Shin do Tabu.

E para o conhecimento dessa e das futuras gerações é que faço esse registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.

Moacir Silveira



História de Uberaba




sábado, 25 de março de 2023

ALERGIA

Uma das grandes injustiças cometida contra esse escriba por sua filha é o epíteto de pão duro que ela me agracia às vezes.

A expressão, reza a lenda, surgiu no Rio antigo, para alcunhar um pedinte que ao finalizar o seu lamurioso pedido ao incauto transeunte e depois de muita insistência, arrematava como argumento final: “- Senhor, pode ser qualquer coisa, até um Pão Duro”.

Descobriu-se depois que o pedinte era possuidor de inúmeros imóveis na cidade e que os alugava, auferindo assim uma renda substancial.

Esse enredo na realidade foi uma peça de Amaral Gurgel. Se baseada em fatos reais não saberemos nunca, mas ficou no imaginário popular como se verdade fosse.
Pois bem, depois desse intróito, passemos aos fatos:

Geralmente passávamos as férias de início de ano no Guarujá, onde havia uma abundância de apartamentos dos tios à disposição dos parentes interioranos.

Tínhamos o Ap. da Neide e do Tio Betinho, da Angela, do Tio Natal e, finalizando, o que mais ficávamos que era o Ap. do Tio Ariovaldo e tia Terezinha.

Gostávamos demais do Guarujá, pois praia “era a nossa praia” e combinado com o custo zero da estadia (não que isso importasse, é claro), formava-se o passeio perfeito.

Íamos e voltávamos de ônibus, pois a minha “Caravan 78” era uma beberrona de primeira, além de não ser nada confiável, depois de várias retíficas no motor e os pneus ressolados que vez ou outra insistiam em esvaziar do nada. Ah, o motorista, diga-se de passagem, era mais ou menos do nível da Caravan (que deus a tenha).

E como uma coisa puxa a outra, então tenho que relatar o amor que os meus filhos tinham pela Caravan:
Quando pré adolescentes, eles começaram a frequentar o Munchen, apelidado de “Bobódromo” e eu, ao leva-los e busca-los lá, deveria, segundo as regras deles, deixa-los um quarteirão antes, para que não fossem vistos descendo daquela beleza.

Nas duas primeiras vezes eu desliguei a Caravan para que eles descessem e quem disse que a beberrona pegava? Parece que ficava magoada e descontava pirraçando esse pobre choffeur!
Depois disso, por via das dúvidas, nunca mais desliguei a dita cuja.

Onde estávamos, mesmo? Na viagem de ônibus, que nos deixávamos na estação Tietê, pegávamos o metrô, descíamos no Jabaquara, outro ônibus para Santos, coletivo para a balsa, atravessávamos e por fim outro coletivo para a avenida Leomil, onde ficava o apartamento do Tchiarió (tio Ariovaldo).Na volta a mesma coisa.

Numa dessas férias, na volta, como estávamos um pouco atrasados, pegamos um taxi na balsa de Santos para nos levar até a rodoviária.

No caminho, a Marcella começou a ficar enjoada e trocando ideias com a Zânia, chegamos à conclusão que só poderia ser o camarão que ela havia comido antes, visto que eu tenho alergia muito acentuada por esse crustáceo.

Comentei com o motorista e ele com medo de que a criança vomitasse no carro dele, fez o trajeto de mais ou menos 30 minutos, em espantosos 15!!

Foi a sorte dele, pois assim que descemos do taxi, a Marcella vomitou com força.

A partir daí, demos por fato consumado que a Marcella teria a mesma alergia que eu e nunca mais ela comeu camarão, lagosta, ou qualquer fruto do mar.

Mas, como diz meu amigo Carijó - nunca é um tempo longo demais - deu-se que no seu primeiro casamento ela e o marido foram passar a lua de mel em Maceió.

O ex marido médico, era apaixonado por frutos do mar e no Resort que ficaram (all inclusive) servia-se camarões em todas a refeições. Meio que timidamente, resolveu ela que experimentaria um daqueles camarões gigantes que serviam a toda hora.

Afinal, sendo o marido médico, qualquer problema o socorro seria imediato.

Mas para surpresa geral (menos para mim, supõe ela até hoje) não houve reação alguma.

Neca de alergia, nada de beiço inchado, nada de espirros; nem mesmo uma mísera coceirinha no braço.
A partir daí, como diz o ditado “quem nunca comeu mel, quando come se lambuza”, foi uma farra só.
Omelete de camarão no café da manhã, camarão na moranga no almoço, Lagosta à Thermidor no jantar, ostras e espetinho de camarão na praia e por aí ia.

Chegando em Uberaba, fui recebê-los no aeroporto e ao abraçá-la, ela já me questionou naquele tom de voz vários decibéis acima do normal:

-Pai, cê me enganou esse tempo todo!!!! Não tenho alergia nenhuma por camarão. Cê não queria é comprar camarão porque é caro, aí inventou isso.

Não adiantou contra argumentar, até hoje ela jura de pé junto que assim foi.

Nem sabe ela - saberá agora - que aconteceu meio que parecido quando ela comeu filé mignon e também passou mal. Mas dessa vez não consegui convencer a Zânia que tinha sido a carne.


Marcelo Caparelli


História de Uberaba

ESCÂNDALO NA REPÚBLICA

Nos anos 50 um boato quase termina em escândalo. A tecidos Bangu promoveu uma badalada festa em Paris para apresentar a moda brasileira, articulada por Guilherme da Silveira e por Assis Chateubriand. A festa seria em um castelo e organizada por Jacques Fath, renomado costureiro de fama internacional. Foram convidadas e aceitaram a Primeira Dama Dona Darcy Vargas e sua filha Alzirinha Vargas. Quando elas já estavam em Paris fizeram uma intriga com Getúlio de que a festa seria um bacanal. Getúlio, aflitíssimo, mandou telegrama para as duas não comparecerem, mas elas disseram que de jeito nenhum perderiam a festa. Evidentemente foi uma fofoca, a festa chiquérrima decorreu normalmente e foi um sucesso.

Imagens: 1 - Martha Rocha e Netinho (acervo Dulce Guaritá); 
2 - Netinho (Uberaba em Fotos) e 3 - Martha Rocha (Google)

Felizmente, em Uberaba as coisas foram bem mais tranquilas. Para abrilhantar a festa local foi convidada Martha Rocha, rainha da beleza e a primeira Miss Brasil. Ela que, aos 21 anos de idade, havia conquistado esse título, em 26/6/1954, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, RJ. Favorita para vencer o Miss Universo acabou ficando em 2º. Lugar, perdendo para a americana Miriam Stevenson.
Ela veio a Uberaba para, em nome da Tecidos Bangu, promover uma apresentação beneficente com toda a renda revertida em favor das Instituições de Caridade da cidade.

Sua recepção ficou à cargo do respeitável mestre de cerimônias, radialista, jornalista e apresentador de TV Ataliba Guaritá Neto, o popular Netinho, que esbanjou charme e competência no decorrer de todo o evento.
Moacir Silveira



História de Uberaba

DEBANDADA HISTÓRICA

Deveras significativo o fato de Uberaba, desde os seus primórdios, sempre ter se destacado no campo musical. Vale lembrar que o surgimento de sua primeira corporação, a “Banda dos Bernardes”, se deu no distante ano de 1815. Tempos depois, em 1852, por iniciativa da família Nascimento, passou a contar também com a renomada banda “União Uberabense”, com atuação por quase 60 anos, sendo essa a primeira banda brasileira a importar instrumentos musicais da Europa.

Tamanho prestígio e importância não passou desapercebido quando da passagem das tropas militares imperiais por nossa cidade, por ocasião da Guerra do Paraguai. E foi exatamente graças a esse reconhecimento que a banda uberabense do maestro Francisco Gonçalves Moreira teria sido

Fotos: banda de música e soldados desconhecidos participantes da
 Guerra do Paraguai (acervo Google imagens)

Contratada para acompanhar as forças que marchavam com destino ao Mato Grosso.Entretanto, uma hilária e cômica situação se deu quando as tropas se aproximaram do palco dos conflitos, os integrantes da gloriosa corporação musical debandaram em campanha.

Só não sei como o fizeram, se através de uma retirada estratégica, de fininho, ou de uma em verdadeira e furiosa debandada histórica, pois fico a imaginar a grande dificuldade de portar tubas ao vento e pesados bumbos em desabalada carreira.

Essa e outras interessantes informações você encontra no livro “Pioneiros da História da Música em Uberaba”, de Olga Maria Frange de Oliveira, cujos últimos exemplares ainda podem ser encontrados na livraria Papel Cartaz.
Moacir Silveira


História de Uberaba

ÚLTIMA APRESENTAÇÃO

Para o ainda garoto, em 1923, a proposta era irrecusável: ordenado inicial de 200 mil réis para ser o pianista da “Recreativa”, uma recém inaugurada casa de espetáculo de Uberaba.

O pai do menino foi, inicialmente, contra “alegando ser o mesmo demasiadamente novo” para ocupar lugar de tamanha relevância e responsabilidade. Além do mais ele ainda era aluno do Ginásio Diocesano e isso certamente lhe atrapalharia os estudos. Mas acabou cedendo, ante a insistência do menino e a sua promessa de muito estudo.

O primeiro obstáculo a ser superado veio de um dos músicos do grupo que disse firme e forte: “ou ele veste calça comprida ou abandono a orquestra”. É que para homens na faixa dos 40 era difícil aceitar ordens e dicas de um mero adolescente de apenas 14 anos. Demais disso e ainda por cima, usando calças curtas.

Sem se intimidar o jovem aceitou o desafio, envergou calça comprida e se tornou um dos maiores nomes da história da música em nossa cidade.

Imagens: fotos de Alberto Frateschi constante do livro citado.

Mais tarde, já adulto, consagrado professor e maestro, ele manteve seu jeito elegante, educado, seu espírito de liderança e, sobretudo, sua personalidade brincalhona no trato com alunos, amigos e colegas. Um deles, o também hoje maestro Jeziel Paiva e seu aluno à época, relembra com carinho sua tirada humorística predileta nos encontros ocasionais quando, referindo-se ao grande compositor e músico italiano Paganini, dizia: “Paganini, Paganada, Paganunca!!!”

Dono de uma das mais brilhantes carreiras no mundo da música ele consagrou-se como um dos maiores nomes do meio artístico da cidade e região. E assim foi até aquele fatídico e premonitório dia, 1/10/1977, por sinal um sábado de “céu azul de brigadeiro”, quando ele “sentiu uma vontade irresistível de sentar-se e tocar. E ele tocou nesse dia como nunca o fizera antes!” Familiares, vizinhos e transeuntes admirados pararam para apreciar tão inusitado recital.

No dia seguinte, domingo, ele levantou-se cedo, como de costume, foi até a padaria Pão Gostoso, na Rua João Pinheiro, comprou pães e seu jornal matinal e retornou para a sua residência, à Rua João Caetano, 32, onde minutos depois um infarto fulminante silenciou-o para sempre, aos 68 anos de idade.
Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à Uberaba ele merecidamente tem seu nome lembrado na Rua Maestro Alberto Frateschi, no bairro Frei Eugênio.

Com muito mais riqueza de detalhes, essa e outras belas histórias você encontra no livro “Pioneiros da História da Música em Uberaba”, de Olga Maria Frange de Oliveira.
Moacir Silveira


História de Uberaba

JOGADO NO RIO GRANDE

Por uma questão de somenos, mera divergência de posicionamento político, uma turba enfurecida de desordeiros arrancou o busto do pedestal que estava na Praça Rui Barbosa e o atirou nas profundezas do Rio Grande, em 7/10/1930.

Passados quase 26 anos dessa deplorável manifestação, uma severa e prolongada seca fez baixar o nível do rio e da ponte a peça tornou-se visível. Foi o que disse o dentista Hélio Gomes Ferreira, responsável por encontrá-la, pois, segundo ele, o fato tornou-se possível "graças a estiagem e obras de construção da barragem que diminuíram a vazão e ele pode vê-la enterrada no leito seco do rio." Depois de resgatá-la ele levou-a para sua residência. “Encontrava-se bem danificada pelo tempo e, mesmo assim, foram-lhe oferecidos 100 mil cruzeiros por ela”. Proposta, obviamente, recusada por tratar-se de “peça de valor histórico inestimável”, teria acrescentado.

Fotos: Melo Viana e busto (acervo Google)

É que o homenageado era o Dr. Fernando de Melo Viana, ex-juiz de direito da Comarca (1911-1918), advogado geral do Estado, ex-secretário do interior, ex-deputado estadual, ex-governador de Minas (1924-1926), ex-vice-presidente da República (1926-1930) e ex-senador em três legislaturas.

Após oportuna restauração, a valiosa peça foi devolvida à comunidade, sendo afixada no antigo fórum da Rua Lauro Borges, 97. Atualmente ela pode ser vista no hall de entrada do novo prédio do TJMG, Av. Maranhão, 1580, no bairro Santa Maria.


A justiça assim foi feita e o honorável nome dessa ilustrada figura foi devidamente reposto em seu devido lugar, ora identificando o grandioso prédio como Fórum Melo Viana, sendo os nomes daqueles irresponsáveis vândalos devidamente relegados ao lixo da história e do lamentável ocorrido esse devido registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira

Fonte: Diário de Uberaba, Dr. Marcelo Prata (Revista Dimensão, Vol. IV, páginas 119 e 221)

quinta-feira, 23 de março de 2023

Uberaba, meados dos anos 70 e 80.

Um dos ângulos mais convincentes de um passado que conta a história de várias gerações.

Uberaba, meados dos anos 70 e 80. Foto: Autoria desconhecida.

Detalhes: a casa da esquina, à esquerda, foi a residência do Major Eustáquio, fundador de Uberaba. Atualmente é um hotel de 6 andares (Monte Carlo). Ainda à esquerda, a farmácia Triângulo Mineiro, a Padaria Brasil, que não existem mais, e, mais adiante, à Casa de Sinuca Manogra. À direita, o famoso Bar 1001, era um ponto de encontro da vida noturna, onde o Médium Chico Xavier, por vezes, tinha o hábito de ir tomar café. Ao lado a banca de revistas. Se a câmera virasse um pouquinho pra direita veríamos a Livraria ABC, o Jornal Lavoura e Comércio. (Antônio Carlos Prata).

História de Uberaba

quinta-feira, 16 de março de 2023

Foto aérea mostrando a Igreja de São Domingos e a Casa do Rosário em 1935.

Mais uma foto aérea de Uberaba, essa tirada no dia 5 de junho de 1935. No centro da imagem está a Igreja de São Domingos e a Casa do Rosário. Mais ao fundo, isolada no morro e em estado precário de conservação, a igrejinha de Santa Rita. Ela só seria tombada como Patrimônio Histórico Nacional em 1937, e uma restauração foi feita em 1940.
À direita, o Mercado Municipal e, bem no canto superior direito, um pedaço do Colégio Nossa Senhora das Dores e sua capela, na época recém construída.

Reparem que, nessa data, ainda não havia sido erguido o Hospital da Criança. Mas, poucos meses depois, começaria a funcionar, nesse casarão em forma de "L" ao pé da foto (na esquina das ruas Segismundo Mendes e Lauro Borges, hoje desocupado e aguardando uma improvável restauração) a chamada "Casa da Criança", que seria o embrião do futuro hospital, inaugurado em 1947.

Foto do Correio Aéreo Militar, no acervo da Brasiliana Fotográfica.

(Clique na foto para ampliar e na tecla "Esc" para voltar ao normal)

Também ainda não havia a Avenida Leopoldino de Oliveira no trecho entre a Rua Segismundo Mendes e a praça do Mercado (as obras foram iniciadas em 1938). No extremo esquerdo da foto, um pouco para trás da Igreja de Santa Rita, o casarão que nos mostra suas janelas laterais, é a antiga residência do Coronel Raymundo Soares de Azevedo. Inaugurado em 1914, é hoje a sede da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

(André Borges Lopes)

Rua Arthur Machado em meados dos anos 60.

Rua Arthur Machado em meados dos anos 60. A rua era viva porque havia vida no seu entorno. Tínhamos a Casa Pignatário, Center Discos, Casa das Meias, do Sr.Durval, as Coletorias Estadual e Federal, a Central Telefônica, a Pensão Ribeiro, Uberaba Hotel, Armazém Central (pegou fogo em 67), do Sr. Martinelli, Eletro Central, Bar Eldorado, Rei da Vitamina, Farmácia Alexandre Campos, Esquina do Barulho, Bar da Viúva, Salão do General, Casa da Sogra, Rei do Móveis, Hotel Modelo, Lojas de materiais de construção Casas do Babá e Ferreira Laterza, Foto Akira. Casa Gaúcha Chapelaria, Fábrica e padaria Esperia, Loja Grisi, El Toro, Marabá, Banca de Revistas do Wilmondes, Dental Lider, joalheria Gaia, sorveteira Linde, o Banco Mercantil de Minas Gerais, Cine Uberaba Palace, Bar Guarani, Posto Marzola, Bar Buraco da Onça, do Sr. Romeu, Bar JB, Bar Tip Top, do "Quinzinho", Barbearia do Sr. Artur Riccioppo, Bazar São João.

Rua Arthur Machado em meados dos anos 60. Foto: Autoria descnhecida.

Rua Arthur Machado -em meados dos anos 1960. Foto: Autoria desconhecida


Córrego das Lajes, atual Avenida Leopoldino de Oliveira. Foto: Autoria descnhecida.


Cartão postal da antiga Praça Rui Barbosa, na década de 1970.
Foto: Acervo Uberaba em Fotos.

De quebra, o córrego das Lajes todo iluminado e arborizado, o Grande Hotel, Galo de Ouro e cine Metrópole, em franca atividade. Sem falar no Hotel do Comércio, no Cine Teatro São Luíz. Padaria Brasil, Bar do Mosquito, Jóquei clube, Livraria Católica, A Caprichosa, Grutinha Santa Luzia, Enfim, a cidade baixa ainda pulsava, era uma área bastante movimentada, de comércio pujante, atraía naturalmente pessoas de todos os recantos. Hoje...

(Antônio Carlos Prata)


História de Uberaba

Foto aérea mostrando o bairro de São Benedito, feita em novembro de 1935.

No primeiro plano estão os prédios recém construídos do Liceu de Artes e Ofícios (posteriormente SENAI) que, nessa época, estavam ocupados pelo 4º Batalhão de Caçadores da Força Pública. Na parte de trás do terreno, ainda em obras, o Grupo Minas Gerais. Um pouco mais à direita, as elegantes instalações do Sanatorio do Dr. Carlos Smith, onde hoje funciona o Manhattan Center Shopping e seu edifício.

Foto aérea mostrando o bairro de São Benedito, feita em novembro de 1935.

(Clique na foto para ampliar e na tecla "Esc" para voltar ao normal)

Dois pontos chamam a atenção. A falta de calçamento nas ruas e a absoluta ausência de árvores nas calçadas, embora elas ainda existissem aos montes nos quintais das casas.

A foto foi feita pelo Correio Aéreo Nacional e, atualmente, está no acervo da Brasiliana Fotográfica.


História de Uberaba

Sanatório do Dr. Carlos Smith

Na foto aérea publicada ontem, destaca-se entre as ruas Tristão de Castro e São Benedito um grande terreno onde aparece um elegante jardim. Trata-se do "Sanatório Smith", uma sofisticada casa de saúde dirigida pelo médico cirurgião Carlos Smith, que foi reformada e ampliada no final de 1933.

A entrada do Sanatório Smith, na esquina da Rua Tristão de Castro com a Travessa Raul Terra. Fotógrafo não identificado.

(Clique na foto para ampliar e na tecla "Esc" para voltar ao normal)

As obras de ampliação ficaram a cargo do construtor Carlos Biela, e se estenderam pelo ano de 1934. Ao palacete original (voltado para a Rua Tristão de Castro), somou-se um prédio de dois pavimentos, uma piscina (a primeira a ser feita em Uberaba) e um jardim em estilo inglês, aproveitando as árvores frutíferas que já existiam no terreno. Um grau de requinte inédito na provinciana Uberaba dos anos 1930.

Matéria publicada na revista "O Cruzeiro", editada no Rio de Janeiro, em maio de 1938.

No livro "História da Medicina em Uberaba", o Dr. José Bilharinho descreve o estabelecimento: “Na parte térrea do novo pavilhão ficaram localizados os consultórios médicos, gabinete de raios X e de eletricidade médica, capela, seção de quartos, copa e cozinha. Na parte superior, 14 quartos, 2 apartamento, salas de operação e anestesia, quarto para enfermeiras de plantão, 2 ante-salas, sala de jantar, instalações sanitárias e dois terraços."

No Sanatório Smith trabalharam, além do proprietário, os Drs. Djalma Smith (irmão de Carlos), Duarte Tomás Miranda, José de Paiva Abreu, Vicente Nesi e João Jorge Miziara. Funcionou de 9 de novembro de 1933 a novembro de 1961, quando foi adquirido pela Santa Casa de Misericórdia. Nos anos 1970, o prédio chegou a ser ocupado pelo Hospital Vera Cruz, mas as instalações já estavam em franca decadência. Abandonado, acabou demolido para dar lugar, alguns anos depois, ao Manhattan Center Shopping.

Formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1926, Dr. Carlos Smith era, além de médico, pecuarista criador de gado Zebu. Foi um dos pioneiros do Aeroclube de Uberaba e exerceu, entre 1948 e 1952, a presidência da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (SRTM, antecessora da ABCZ). Trabalhou por muitos anos na Santa Casa de Misericórdia e fez parte, nos anos 1950, da primeira turma de médicos que fundou a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, hoje integrada à UFTM.

(André Borges Lopes)

História de Uberaba

CADÁVER NO TÁXI

INUSITADA VIAGEM

Bem que poderia ser uma história surreal, fantástica ou inusitada, mas essa aconteceu de fato e foi objeto de notícia no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, RJ, em sua edição do dia 31 de agosto de 1940.
Pelo teor da nota jornalística, o acontecimento teria ocorrido na véspera, num Sanatório de Belo Horizonte, MG, onde vitimada por um quadro grave de tuberculose pulmonar, a jovem uberabense Maria da Glória Alves teria morrido.

Imagens: 1 – Praça Rui Barbosa, década de 1940 (acervo APU – Arquivo Público de Uberaba)
e 2 – Foto da época, meramente ilustrativa (acervo Google)

Para que o seu corpo pudesse ser sepultado em sua terra natal, sua irmã contratou, por um conto e duzentos réis, um automóvel de praça para realizar essa inusitada viagem.
E isso só foi possível com o corpo, na posição sentada, devidamente enrolado em lençóis e acomodado no banco de trás do veículo.
A autoridade policial, ao tomar conhecimento infausto acontecimento e motivo da viagem, não registrou o fato no livro de ocorrências, apenas que o veículo fosse devidamente desinfetado quando de seu retorno à capital mineira.
Moacir Silveira


Fonte: Diário de Uberaba, vol. III (1926-1949), página 623, edição da Revista Dimensão (Fevereiro 2023):

História de Uberaba

sexta-feira, 3 de março de 2023

Múltiplos Olhares sobre Uberaba

Aspecto extremamente peculiar é o fato de que numa cidade como Uberaba, cuja população, é mesclada por descendentes de imigrantes estrangeiros e migrantes rurais e de outros estados brasileiros, a diversidade territorial e espacial está ligada a processos de recriação dos modos de vida em determinados espaços, como nos aspectos arquitetônicos das construções, em redutos familiares nas festas populares que lembram as culturas de origens desses grupos migratórios. Mesmo que possam aflorar algumas tensões entre o desenvolvimento de modos de vida diferenciados, no contexto das relações cotidianas dos vários grupos étnico-culturais nos espaços da cidade, existe um salutar grau de convivência tolerante alcançado pela maioria dos grupos e famílias.

O que se constata no contexto sociocultural de Uberaba, é a participação ativa da população na construção permanente da cidade e que se expressa em seus habitantes.

São milhares de histórias de multiculturalismo para contar. As culturas vão se fundindo em todos os aspectos da cidade, que vem criando mecanismos na luta pela reconquista da solidariedade humana, a exemplo do que vem sendo realizado hoje, através de ações significativas dos habitantes da cidade de Uberaba, daqueles que nela nasceram e formaram suas famílias, daqueles que passaram por aqui e se apaixonaram pela Uberaba, um pouco provinciana, um pouco moderna com seus arranha-céus, seu belo patrimônio cultural!

A cidade é compreendida como um organismo subjetivo que inventa valores e modelos de comportamentos estruturados por uma linguagem própria, baseada em intervalos delimitados pela ação dos indivíduos que habitam o espaço urbano.

Como bem disse Walter Benjamin: “Não saber se orientar numa cidade não significa muito. Perder-se nela, porém, como a gente se perde numa floresta é coisa que se deve aprender a fazer” (BENJAMIN, 1971, p.76)

Texto de Cida Manzan, publicado no Livro 200 anos +- Da Igreja Matriz à Catedral de Uberaba. Ano 2020

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Carlos Alberto Bernardes Ferreira

É com pesar que comunicamo a morte do Sr. Carlos Alberto Bernardes Ferreira, era proprietário proprietário da tradicional loja de Uberaba, a Telerádio, ocorrido ontem no Hospital São Domingos. Ele era casado com Sra. Dulce Fernandes de Andrade Ferreira, com quem teve 7 filhos.

O corpo está sendo velado no Salão da Irmãos Pagliaro, na avenida Fidélis Reis, 111 (Centro). Horário do sepultamento a ser definido.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Morre o empresário Saadalla Azor Fakhouri

É com pesar que comunicamos a morte do empresário Saadallah Azor Fakhouri. Era proprietário da loja São Paulo, localizada no Centro da cidade. Saadallah era simpático, querido por todos. Sempre distribuindo sorrisos e boas conversas por onde passava.

               Saadallah Azor Fakhouri/ Divulgação. 


O velório será nesta sexta-feira (13) no salão LIV, no Parque das Américas, a partir das 08h às 11h30.

Uberaba em Fotos apresenta sinceros pêsames à família Saadallah Azor Fakhouri

domingo, 18 de dezembro de 2022

RESULTADO DAS ELEIÇÕES DE 17/12/2022.

Tivemos o prazer de vermos eleitos: INÁ BITTENCOURT DE SOUSA BARBOSA e HILDEBRANDO PONTES NETO, que doravante estão aptos para ocuparem as Cadeiras 4 e 14, respectivamente. 

O pleito eleitoral fora coordenado por Comissão especialmente nomeada pela presidência da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Integraram a Comissão Eleitoral os Acadêmicos: Gilberto de Andrade Rezende(Presidente), Arahilda Gomes Alves(Vice-Presidente) e Marta Zednik de Casanova(Secretária Geral).

A Assembleia transcorreu em clima cordial e ordeiro, tendo sido rigorosamente observadas normas estatutárias. 

Considerando o número de Cadeiras ocupadas(38) e a quantidade dos votantes(28), conclui-se que o quórum dos votos alcançou o percentual de 73,68%, relação esta que bem expressa a importância da eleição hoje consumada. 

Estão de parabéns os novos Acadêmicos e saibam que a ALTM lhes recebe de braços abertos. 

E que possam estar sempre dispostos para defender a causa do Sodalício que lhes acolhe. 

João Eurípedes Sabino.

Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

HOMENAGEM DA CÂMARA MUNICIPAL DE UBERABA.

Ontem, 12/12/2022, a Academia Letras do Triângulo Mineiro recebeu da Câmara Municipal de Uberaba, o Diploma “HOMENAGEM ESPECIAL”pela passagem dos 60 ANOS do nosso querido Sodalício, completados no dia 15/11/2022.



Devemos dividir este laurel com todos aqueles que verdadeiramente concorreram durante as seis últimas décadas para que a ALTM pudesse merecê-lo, sejam pessoas pertencentes ou não à Academia.

Da primeira Assembleia de fundação da Academia à data de ontem, sempre tivemos o grupo de frente que, com seus exemplos de dedicação, oportunizaram a vinda de outros para desfrutarem do bom ambiente, da influência e do prestígio que a nossa Casa de Letras nos proporciona. A esses integrantes devemos expressar, ou mentalizar o nosso sincero sentimento de gratidão.

A homenagem ontem recebida pela ALTM recai sobre cada Membro presente ou ausente, na proporção direta, tomando como referência o amor que cultuam ou cultuaram pela nossa Instituição. Os ausentes também devem ser sempre recordados…

Mesmo não tendo a oportunidade para manifestar na tribuna, nossa Academia se declara extremamente grata à Câmara Municipal de Uberaba pelo recebimento do Diploma, documento este que ficará gravado como ponto proeminente na história da nossa Casa de Letras.

Nosso especial apreço ao Vereador Samuel Pereira, Autor do Requerimento 1.597-07/11/2022, que fora aprovado por unanimidade.

Abraço fraterno.

João Eurípedes Sabino

Presidente da ALTM.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Morre Henri Brandão

Por Victor Aragão Netto

E hoje Uberaba perdeu um apaixonado pelas casas e imóveis históricos da cidade. Um amigo que eu chamava de cabeça branca, e parecia um menino maluquinho, que quando colocava uma coisa na cabeça, insistia até conseguir.

Henri Brandão. Foto/Divulgação.

Às vezes era tão pouco o que queria, e ficava grato por tão pouco, que eu me admirava com a sua simplicidade. Tinha ideais muito nobres, e às vezes até utópicos. Queria porque queria conseguir a doação de um terreno para a construção de um novo hospital em Uberaba, e lá íamos nós, eu e o Helder Silva tirar fotos de drone para ele. Saímos algumas vezes para fotografar casas que estavam prestes a ser demolidas, e ele sabia a história de cada uma delas e de seus moradores. Nunca consegui entrar na galeria que ele guardava as preciosidades que ele conseguia de demolições e de seu acervo pessoal, apesar de ter fotografado o imóvel com o drone, a pedido dele. Tinha e tenho uma empatia muito grande por ele. Descanse em paz, meu amigo Henri Brandão, o Cabeça Branca.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

“DR. ADJUTO” – A PRAÇA QUE SUMIU.

Antônio Garcia Adjuto foi Agente Executivo (Prefeito) de Uberaba de 1903 a 1904, quando assumiu a Presidência da Câmara Municipal. Já havia sido eleito Vereador nas legislaturas de 1898 a 1900.

São destaques de sua gestão: usar paralelepípedos pela primeira vez na cidade para calçar a rua do Comércio (Artur Machado); abrir concorrência para dotar a cidade de iluminação elétrica; adquirir terreno para construção do mercado municipal; erradicar a febre amarela do município e constituir o perímetro urbano.

Foi também em sua gestão que aconteceu a inauguração do prado São Benedito, a instalação da fábrica de cervejas Tripolitana, a inauguração da Igreja São Domingos e o início das atividades do Colégio Marista Diocesano.

Após seu mandato de Agente Executivo, voltou à Câmara Municipal para o período de 1908 a 1912, mas interrompeu seu mandato em 1909 quando foi eleito Deputado Federal por Minas Gerais, assumindo o cargo na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ali permanecendo até dezembro de 1911, na 28ª Legislatura.

Antônio Garcia Adjuto
 Foto - Arquivo Público de Uberaba.

Garcia Adjuto não foi apenas político em Uberaba. Em 1899 foi o primeiro secretário do “Clube Lavoura e Comércio” fundado para combater o imposto territorial criado pelo então Governador de Minas Gerais, Silviano Brandão. Desse Clube nasceu em 6 de julho de 1899, o jornal “Lavoura e Comércio” do qual Garcia Adjuto foi o primeiro diretor.

Participou também, junto com outras personalidades, da fundação em 1º de janeiro de 1901, do Sport Club, mais tarde denominado Jóquei Clube de Uberaba. Integrou o Conselho Fiscal do Clube junto com Artur Machado, Tobias Rosa e outros, sob a presidência de José de Oliveira Ferreira.
Formado em advocacia pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1890, Garcia Adjuto exerceu uma intensa militância no foro de Uberaba. Foi um dos defensores da Câmara Municipal na célebre ação reivindicatória do patrimônio da cidade que a Matriz lhe moveu, em 1909, por iniciativa de Monsenhor Inácio Xavier da Silva.

Desse rumoroso processo resultaram vários livros sobre a questão, sendo dois de sua autoria, dois da lavra do advogado da Matriz e um de cada perito das partes, Alexandre Barbosa e Silvério José Bernardes, conforme relata o historiador Guido Bilharinho.

Antônio Garcia Adjuto mudou-se de Uberaba para Mato Grosso no fim da década de 1910. Em apenas 13 anos de residência em Uberaba, deixou sua marca de um honesto e habilidoso administrador público, de associativista, jornalista e uma justa fama de grande jurista.

Nascido em 07 de março de 1867 na cidade de Paracatu, MG, era o caçula dos oito filhos de Francisco Garcia Adjuto Filho, casado com Ana Cornelia de Abreu Castelo Branco. Fez seus estudos preparatórios no Seminário de Diamantina.

Em 1891 foi Promotor Público de Araxá, MG. De 1895 a 1897 foi Inspetor Escola ambulante da 6ª Circunscrição do Ensino, cargo extinto em 1897.

Depois de sua passagem por Uberaba (1898/1910) tornou-se professor de grego no Colégio Nacional e de Inglês, no Liceu da Humanidade de Campo Grande, MT, local onde publicou, a partir de 1920, diversos livros de natureza jurídica no interesse das cidades de Campo Grande, Corumbá e Cuiabá, conforme relato do livro “Os Carneiros de Mendonça”.

Antônio Garcia Adjuto faleceu em 15 de outubro de 1935, aos 68 anos de idade. Em data incerta, a Câmara Municipal de Uberaba ou o o Chefe do Executivo, em sua homenagem, designou como “Praça Dr. Adjuto”, uma área no bairro de São Benedito.

Na realidade não existe mais praça nesse local. Embora inconclusiva, é uma história interessante.
Essa área - um quadrilátero com pouco mais de 9.000 m2, - cercada pelas

Avenidas Conceição das Alagoas, Barão do Rio Branco, Triângulo Mineiro ((Alberto Martins Fontoura Borges) e pela rua Ituiutaba, foi incorporada ao município através do apelão n. 2912 de 04 de fevereiro de 1914, Tribunal de Relação de Minas com o Registro 22.575.

Em 13 de abril de 1923, através da Lei 473, a Câmara Municipal aprovou a doação de uma área necessária à instalação de uma fábrica de tecidos, por solicitação de Francisco Antônio Salles e José Maria dos Reis ou para a empresa que os mesmos organizarem para fundação de uma fábrica de tecidos e demais prédios para operários. Não se tem o registro nesta autorização da área que foi cedida.
Em 1928 os Mascarenhas, proprietários da Fábrica de Tecidos Santo Antônio do Caçu, juntamente com os irmãos Antônio e Alberto Martins Fontoura Borges, compram a fábrica de tecidos do bairro São Benedito, administrada por João Boff, mas cujas atividades estavam paralisadas em decorrência de pedido de concordata, provocado por dificuldades financeiras.

A Câmara Municipal, através da Lei 590 de 11 de agosto de 1928, torna a conceder aos novos proprietários, todos os benefícios fiscais.

Não foi possível descobrir as razões que levaram essa empresa que já estava na posse da área mediante doação, a comprar do próprio município, a mesma área de 7.280 m2, através da escritura de nº 812, lavrada em 11 de abril de 1930 para Companhia Fabril Triângulo Mineiro, (futura Cia. Têxtil) um anos e nove meses após o reinicio das atividades.

Pode-se conjecturar duas hipóteses. A primeira é de que haveria interesse da empresa em ter a propriedade livre e desembaraçada de ônus e a segunda, por iniciativa do Poder Público, em decorrência de não cumprimento de cláusulas reversivas.

Uma particularidade interessante na escritura de n. 812. Discrimina-se tão somente sua dimensão de 7.280 m2. E seus confrontantes: a Fábrica Conquista, a Avenida Rio Branco, a Avenida Conceição das Alagoas e a rua Tristão de Castro, indicando que não existia ainda a Rua Ituiutaba.

O nome “Praça Dr. Adjuto” só veio a aparecer pela primeira vez em documento oficial do Poder Público, na autorização para alienação na Lei 42 de 1948, quando disponibiliza para leilão uma área de 2.056m2 dessa praça. Os confrontantes discriminados: Praça Dr. Adjuto, a própria fábrica e a rua Conceição das Alagoas.

A escritura mais próxima relativa a essa área é a que está registrada em livro do Cartório de Imóveis em 17 de agosto de 1948 sob o n. 22.575 e se refere a compra de um terreno do município de Uberaba com área de 1.640m2 pela Companhia Têxtil do Triângulo Mineiro. Na discriminação dos confrontantes, não se fala em rua Ituiutaba.

A área dessa praça que foi vendida pelo Poder Legislativo em duas etapas, 1930 e 1948, perfaz nas escrituras, 8.920 m2., um pouco inferior ao tamanho da área recebida pela Câmara Municipal, em torno de 9.000 m2. Se levar em conta a área ocupada pelos passeios, tudo leva a crer que não houve sobra de terreno para ser designada como praça.

Pelo que se pode apurar apenas uma empresa, o Rodoviário Uberaba Ltda., fundado em 1977, usava como seu endereço a Praça Dr. Adjuto, nº 44. Atualmente, ocupando o antigo espaço do Rodoviário, está uma das lojas do “Tremendão”, com seu endereço à rua Ituiutaba.

Toda a área ocupada pela Cia. Têxtil do Triângulo Mineiro na antiga Praça Dr. Adjuto, foi agrupada na matrícula 2.709 do Cartório de Registro de Imóveis do Primeiro Oficio.

Ao transferir suas atividades industriais para o recém-inaugurado Distrito I, a Cia. Têxtil vendeu suas construções para três empresas. Em dezembro de 1978 foram escriturados 662,00 metros quadrados para “Laterza e Fantato” e 7.658,60 metros quadrados para a “Casas do Babá. Em 23 de abril de 1979 o remanescente da área foi vendido para F. Moutran, Irmãos S/A – Tecidos, provocando o fechamento da matrícula 2709 e colocando um ponto final em uma praça que tinha, outrora, o nome de “Dr. Adjuto”, localizada no bairro São Benedito, em Uberaba. Só restou seu endereço no Guia Telefônico da Algar ou na Internet, onde só consta o número do CEP sem mencionar qualquer morador.

Não foi possível verificar a data em que Dr. Adjuto foi homenageado com seu nome para designar essa Praça. Ele faleceu em 1935, período em que as Câmaras Municipais, sob o regime ditatorial de Getúlio Vargas, foram fechadas, voltando a funcionar à partir de 1945.

Pode-se-todavia afirmar que a homenagem teve uma duração efêmera. Se foi a Câmara Municipal que aprovou, durou apenas 3 anos. Se foi iniciativa de Prefeito, sua duração se estende de 1935 a 1948, 13 anos.

Dessa forma, após as verificações legais, competirá ao Poder Público desafetar essa praça e destinar outro logradouro para homenagear Antônio Garcia Adjuto que foi uma destacada personalidade pública que tanto prestígio trouxe para Uberaba através de suas realizações.
Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes: 
Guido Bilharinho – Livro – Uberaba Dois Séculos de História.
José Mendonça – História de Uberaba.
Câmara Municipal de Uberaba.
Arquivo Público de Uberaba
Cartório de Registro de Imóveis do 1º Ofício.
Livro – Os Carneiros de Mendonça.