sábado, 29 de janeiro de 2022

IRMÃ MARIA ANTONIA ALENCAR.

Irmã Maria Antônia Alencar foi uma das fundadoras do Mosteiro da Imaculada Conceição da Divina Providência e de São José, da qual faz parte o Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa.

Irmã Maria Antônia Alencar. 
Foto/Mosteiro da Medalha Milagrosa.

Irmã Maria Antônia pertenceu à Ordem da Imaculada Conceição das Monjas Concepcionistas. Ela chegou em Uberaba em 1949 com mais seis irmãs, sob a condução da Madre Maria Virginia do Nascimento. Juntas, formaram o Mosteiro na rua Gonçalves Dias e, em 1951, se mudaram para a rua Afonso Rato. Em 1961, o Mosteiro foi transferido para o endereço definitivo, na rua Medalha Milagrosa.

Irmã Maria Antônia é dedicada às causas sociais e à literatura. Em 1979, fundou a Pequena Obra de Santa Beatriz, destinada a oferecer apoio moral, religioso e material para mais de cem famílias. Para contribuir com a cultura, publicou dez livros, sendo o último divulgado quando ela tinha 96 anos e intitulado “Encontra-se Deus”.

A ALTM (Academia de Letras do Triângulo Mineiro), na gestão de Ilcea Sonia Andrade Borba Marquez como presidente (2015/2016), reconheceu a dedicação da irmã. A homenagem foi tamanha que ela recebeu permissão para sair do claustro e ganhar o diploma de Honra ao Mérito.

Em 2018, nas últimas eleições, Irmã Maria Antônia deu exemplo de civismo ao superar todas as dificuldades de locomoção para votar, na esperança de ajudar a construir um país mais justo.

Irmã Maria Antônia de Alencar faleceu no dia 21 de dezembro de 2018, aos 97 anos no Mário Palmério Hospital Universitário. Deixou um legado de realizações sociais, culturais e religiosas. Deixou, ainda, além da saudade de todos que com ela conviveram, o exemplo de abnegação em favor do próximo e de uma inquebrantável fé nos desígnios de sua Ordem.

Gilberto Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

LUSA ANDRADE

Nas décadas de 1980 e 1990 tornou-se tradicional o encontro de ceramistas brasileiros na Casa do Folclore para comemorar o encerramento dos cursos ministrados pela Lusa Andrade.

Eram três dias de aulas, normalmente realizadas nas dependências da UNIUBE, cedidas graciosamente pelo reitor Marcelo Palmério. Nesses encontros, que às vezes juntavam mais de 300 artistas de todos os rincões brasileiros, antes da festa de confraternização oferecida por Gilberto Rezende, seu parceiro na Fundação Cultural, fazia-se a queima do barro.

Lusa Andrade - Foto/Reprodução.

O forno, montado em área livre chegava a 900°. Quando aberto, dele saiam maravilhosas peças que valorizavam o artesão do barro. A grande estrela da festa era a Lusa Andrade, organizadora e anfitriã do evento e também a criadora e presidente da Associação Brasileira de Cerâmica Artística, fundada em 1976 e da Associação dos Artesãos e Artistas de Uberaba.

Lusa, que desde criança brincava com modelos de barro na fazenda de seus pais em Peirópolis, somente em 1974, após cursos de preparação realizados em São Paulo, é que se revelou como grande artista da cerâmica. Um ano após, em 1975, montou uma escola de cerâmica em sua própria residência, denominada “Barracão de Barro”. Entre seus alunos, figuras de prestígio nacional como Hélio Siqueira e Ivani Bessa.

Lusa Andrade, reconhecida nacionalmente como uma grande artista do artesanato do barro, se consagrou com o lançamento de seu livro “Barracão de Barro – Cerâmica”, lançado em 1984, adotado por escolas no Brasil e em Portugal. Em dezembro de 2017, a Fundação Cultural de Uberaba, na presidência de Antônio Carlos Marques, fez uma homenagem à Lusa Andrade, através de uma exposição de seus trabalhos no MAS (Museu de Arte Sacra).

Lusa nasceu na fazenda Morro Alto, perto de Peirópolis, no dia 1º de setembro de 1928. Ex-aluna dos colégios: Nossa Senhora das Dores em Uberaba e Stafford em São Paulo, casou-se com o médico Olavo Soares de Andrade, com quem teve uma união de 54 anos, da qual nasceram quatro filhos: Ana Cristina, Eduardo, Fernando e Guilherme Almeida Andrade. Sempre com um sorriso no rosto, Lusa dizia às suas amigas que conseguiu realizar todos os seus sonhos.

Faleceu em 03 de março de 2019, aos 90 anos de idade, deixando um grande acervo artesanal, uma lacuna no setor cultural e saudades eternas entre amigos e parentes.

Gilberto Rezende – membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

MORRE O EMPRESÁRIO UBERABENSE LUÍZ BOTINA DA ANTIGA BOTINAS ZEBU

Luíz Antônio Costa - Foto: Revista Caras.

Morreu na manhã desta sexta-feira (28) o empresário uberabense Luíz Antônio Costa mais conhecido como Luíz Botina. Segundo informações, a causa da morte foi infarto. 

O velório será na funerária Liv, a partir das 12h30 desta sexta.
Luiz Botina foi criador das botinas Zebu e idealizador do Santuário Ecológico Zebu.

domingo, 23 de janeiro de 2022

BEATRIZ DE MOURA TELLES GUIDO

A Mogiana que tanto progresso trouxe para a cidade, trouxe também problemas sociais. Ao longo de muitos anos, principalmente na década de 1960, inúmeras prefeituras de cidades do interior do Estado de São Paulo despachavam seus indigentes para Uberaba.

Beatriz Guido - Foto/Reprodução. 

No governo municipal de João Guido (1967/1970), a primeira dama Beatriz Guido, preocupada com este amontoado de necessitados, com o apoio de diversas paróquias, criou a LAC – Legião de Assistência Cristã.

Com a chegada em Uberaba do Bispo Dom José Pedro Costa, a LAC mudou seus procedimentos de distribuição de alimentos para cuidar de crianças.

Em 1972, com o terreno doado para a LAC pelo Prefeito João Guido, Beatriz Guido e Abigail Miranda criaram a Casa do Menino e decidiram construir uma sede própria para abrigar crianças com problemas na Justiça.

Os recursos iniciais vieram de uma Instituição de Caridade Alemã, a Misereor. Teve participação também da Ordem Religiosa dos Capuchinhos da Colômbia.

Outra grande contribuição foi de Abigail Miranda, através de doações de todos aqueles que eram agraciados com as serenatas de seu grupo de jovens.

Em 24 de novembro de 1975 a Casa do Menino, tendo como mantenedora a LAC, recebia os primeiros adolescentes enviados pelo Juizado de Menores.

Beatriz Guido, formada pelo Colégio Sion que sempre pregava ação, participou de várias organizações sociais e por muitos anos foi diretora e presidente do Hospital da Criança.

Mãe de cinco filhos, João Eduardo, Antônio Augusto, Paulo Roberto, José Luiz e Gilberto, Betriz Moura Telles Guido faleceu em 2003, aos 83 anos de idade, após uma vida intensa de trabalho em prol de sua cidade.

Seu nome é guardado com carinho na Casa do Menino, através do seu “Bazar Beatriz”.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

domingo, 16 de janeiro de 2022

MARIA PONTICCELLI VASQUES - BAR DA VIÚVA

Em fins de semanas na rua Arthur Machado, por muitos e muitos anos era comum a formação de grandes filas, esperando abertura de vagas na porta do Bar da Viúva.

Saborear uma pizza ou picadinho de filé ao molho e outros petiscos, era o programa semanal de centenas de famílias uberabenses. O local era também ponto de encontro de todos os que visitavam a cidade.

As bebidas, sempre da Antártica, vinham pela Mogiana, diretamente de Ribeirão Preto.

Junto com o chope e as cervejas, uma especial, a Niger. Só não entravam no cardápio, os velhos e valiosos uísques escoceses enfileirados nas prateleiras.

No início da década de 1930, Maria com o seu marido Felipe Vasques, fundaram a “Confeitaria Vasques”. Na década de 1950, com o falecimento precoce de Felipe, aos 40 anos de idade, Maria meteu a mão na massa, literalmente.

Maria Ponticcelli Vasques - Foto: Prieto.

Começou a produzir pizzas e salgados a partir das 6 horas da manhã, se banhava no próprio local e à noite assumia a administração do bar com a ajuda dos filhos Felipe e Gilberto.

Uma rotina que durou quatro décadas, mesmo estando com problemas de saúde. Os amigos e frequentadores mudaram o nome da Confeitaria para Bar da Viúva.

Maria Ponticcelli Vasques, mais conhecida como dona Maria, faleceu em 1989. O Bar encerrou suas atividades em 1994.

Fechou as portas uma tradição de quase setenta anos.

Todavia, as lembranças do exemplo de uma mulher guerreira que deixou profundas marcas da sua tenacidade, vão viver para sempre.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Bar do Luiz e Marcos - Uberaba

Em 17 de dezembro de 1978 (há 43 anos) os irmãos Luiz e Marcos Mutão abriram um Bar, L&M na rua Governador Valadares, 350. Vindos de distrito de Jubaí, Conquista, MG os dois conseguiram o prodígio de não fechar nenhum dia durante todo esse período. É ponto de encontro de amigos de longa data com cadeira cativa no local.

                                     
Irmãos Luiz e Marcos Mutão - Antônio Carlos Prata

Pintura à óleo, 0,50x0,70 por Marta Kikuchi. Retratando o "Bar do Luíz", dos dois irmãos, Marcos e Luiz, estão expostas no bar, na rua Governador Valadares, 350 (Centro). Fotografia e Produção Marta Kikuchi. "Homenagem as pessoas mais populares e queridas de Uberaba".

Passar pela porta, cumprimentar os amigos, soltar uma piada, puxar uma cadeira e esperar que aquela cerveja bem gelada seja colocado na mesa. Essa é a rotina comum de qualquer frequentador.

- O freguês chega e a gente já serve a bebida que ele sempre toma. Sabemos como ele gosta de comer o torresmo, mais ‘carne’, ou se ele gosta de menos. São gostos que você vai conhecendo e que fazem o freguês se sentir em casa – completa um dos proprietários.

É uma tradição que chega aos mais variados públicos.
Mais do que um estabelecimento, eles já fazem parte da história de Uberaba e são roteiros obrigatórios dos uberabenses.
No local, os comensais encontram
variedades, entre salsicha, almôndega, moela, torresmo, linguiça, esfirra, pé de porco e até salgadinhos, todos feitos no local.

Antônio Carlos Prata

“Cruzeiro do Cachimbo”

Está fixado na praça Governador Magalhães Pinto, ou "praça do Quartel". O Cruzeiro do Cachimbo tem significado importante para história de Uberaba. Foi embaixo do cruzeiro que as famílias faziam suas preces e orações para as tropas militares que foram para a guerra do Paraguai.

Cruzeiro do Cachimbo - Foto Antônio Carlos Prata

Dados históricos – O Cruzeiro do Cachimbo surgiu em 1865, entre os meses de julho e agosto, quando as tropas do Rio de Janeiro, sob o comando de Manuel Pedro Drago, comandadas pelo Coronel José Antônio da Fonseca Galvão, reuniram-se em Uberaba com o intuito de constituir um corpo expedicionário para a invasão do Paraguai. Segundo relato do Visconde de Taunay, participante desta expedição, os comandantes e oficiais ocuparam as salas e cômodos da Câmara Municipal, enquanto as tropas acamparam o lugar conhecido à época como Cachimbo, onde hoje fica o bairro Fabrício.

O cruzeiro foi construído neste local para a missa dos expedicionários. Ele foi confeccionado em madeira aroeira, medindo cerca de cinco metros de altura, encimado por galo em chapa de ferro e fixado sobre base de pedras tapiocanga. (CMU)

CAMPO SANTO

O que leva um homem a atravessar um oceano, embrenhar-se pelos sertões, vir dar em distante vila nos confins de um novo mundo, para acudir pobres e desvalidos? Difícil saber.

Mas foi exatamente o que fez João Batista Maberino, um italiano natural de Oneglia, Gênova, nascido em 4/11/1812. Mas antes de partir ele ingressa na ordem dos capuchinhos, isso em 1836 e, cinco anos depois, em 1943, aos 31 anos de idade, a mando do próprio Papa, assume importante encargo missionário.

Iniciou sua jornada pelo Rio de Janeiro, depois Cuiabá e mais tarde Pitangui (MG). E foi ali que ele recebeu a visita do Major Joaquim Alves Teixeira que, em nome da Câmara Municipal de Uberaba, o convidou para vir empreender obra caridosa nesse município.

De índole calma, paciente, educado e caridoso, vivia como pobre e das doações dos fiéis. De espírito empreendedor é considerado o maior benfeitor desse município, pois além dos cemitérios construiu o Hospital da Misericórdia (Hoje Santa Casa), os serviços de água, cisternas, fossas, promovendo assistência aos órfãos, índios e escravos.

Tão logo aqui chegou, em 12/8/1856, deu início as obras de construção do Cemitério São Miguel, considerado um dos mais amplos e modernos do interior do país e então situado onde estão hoje o conjunto de prédios do SENAI e da E.E. Minas Gerais.

Em relação ao Hospital da Misericórdia, segundo informação no site Uberaba em Fotos, "entre 1862 e 1863, por conta da epidemia de varíola no país, às pressas foi preparada uma ala do prédio em que a construção estava mais adiantada, para receber os doentes. Em 1865 as obras seguiam graças à colaboração de pessoas com maior poder aquisitivo. Neste ano uma ala do hospital abrigou as tropas do Corpo Expedicionário que aqui se aquartelaram a caminho de Mato Grosso para a Guerra do Paraguai durante 45 dias, cujos doentes de bexiga (varíola) ali se internaram. A estada das tropas no prédio inacabado foi desastrosa, estragos se viam por toda parte. Camas, cozinha, utensílios, nada restou."

Despojado, desapegado de riquezas e honrarias, preferia remendar seus trajes sacerdotais a onerar os donativos recebidos e destinados aos menos favorecidos.


Fotos: 1 e 2 – Cemitério São Miguel;3 –
Frei Eugênio; 4 e 5 – Praça F. E. (ontem e hoje).

Assim quando hoje passares pela Praça Frei Eugênio lembre-se desse grande benfeitor, preste-lhe uma reverência, pise com respeito no sagrado solo desse outrora campo santo e onde mais de 4.400 mortos foram sepultados.

(Moacir Silveira)

*Banca da praça do Grupo Brasil faz 45 anos*

As filas para a compra de jornais e de revistas não existem mais, lamenta Vilmar da Silva Bovi.

Ele é o proprietário da antiga Banca Comendador, localizada na praça do Grupo Brasil, denominação anterior da centenária Escola Estadual Brasil.

Banca da praça Comendador Quintino - Foto Antônio Carlos Prata

São 45 anos dedicados à clientela, com "fregueses de carteirinha, há decadas", diz orgulhoso.

Situada no Bairro Estados Unidos, defronte com a Loja Maçônica Estrela Uberabense e hospital Beneficência Portuguesa uma das mais antigas da cidade.

Segundo Vilmar da Silva Bovi, proprietário do local. “Há 45 anos, quando abri a banca, não imaginava que um dia ficaria tão tenso e que isso me prejudicaria.

Com tanta informação disponível nos celulares e nos computadores, as vendas nas tradicionais bancas de jornais diminuíram. Antigamente existia filas para comprar jornais e revistas. Hoje elas tiveram que se reinventar e diversificar as atividades para continuar existindo como nas capitais. Exigindo que as bancas passassem por uma reformulação, uma diversificação de produtos e serviços. E esses locais ainda têm um fluxo grande de pessoas que busca outros serviços que antes não eram oferecidos. Penso no futuro montar uma loja de conveniência para se adaptar e aumentar o faturamento. Hoje é possível comprar águas, doces, lápis, caneta e chip de telefone celular, e em tempos de pandemia, e reforçando os livrinhos de palavras cruzadas e caça palavras, contou Vilmar.

Antônio Carlos Prata

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

CECILIA ARANTES PALMÉRIO.

Foi igual à um conto de fadas o casamento de Cecília Arantes com Mário Palmério. Em 1939, sabendo da determinação dos pais em não permitir o namoro da filha, o príncipe encantado, na calada noite, rapta a donzela, ainda em trajes de dormir, para se casarem em Santos.  

Após dois anos morando em São Paulo, o casal se mudou para Uberaba, onde tiveram os dois filhos, Marcelo e Marília. Unidos pela paixão, se uniram também no propósito de revolucionar o ensino da cidade. 

Cecília Arantes -
 Foto/Reprodução

No início da década de 1940, Mário e Cecília construíram os primeiros alicerces de uma gigantesca obra educacional, na Avenida Guilherme Ferreira. Ali nasceu o Colégio Triângulo e ali mesmo, construíram sua residência. 

Em 1950 foi criada a Sociedade de Educação do Triângulo, entidade sem fins lucrativos, com sede na própria Escola. Cecília Arantes Palmério foi sua primeira presidente por 20 anos.  

Em toda sua vida Cecilia Arantes foi o braço direito na Administração da 

Entidade que era uma Escola que se transformou na FIUBE em 1972 e na UNIUBE-Universidade de Uberaba., em 1988.  

Cecilia Arantes, nascida em 22 de novembro de 1915, trabalhou ao lado de Mário Palmério na área educacional, por 46 anos e colaborou com seu filho Marcelo Palmério, por cerca de 30 anos, até o seu falecimento ocorrido em 29 de maio de 2011. 

Em 1997, a UNIUBE – Universidade de Uberaba, criou no Campus I, o “Centro Cultural Cecilia Palmério”, implantado em um magnífico conjunto arquitetônico, com o objetivo de apoiar as manifestações artísticas e culturais e perenizar o nome de quem por toda sua existência dedicou sua vida, em prol da família e da educação. 

“Cecília Palmério” é nome também de uma rua localizada no bairro Santos Dumont. 


Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

domingo, 12 de dezembro de 2021

*DÉCIO BRAGANÇA, PRESENTE*

Feito as mães, educadores não deveriam morrer nunca

Em especial aqueles ao qual se junca

O Coração, a alma e a cuca,

E mais o Natal perpétuo.

Ao sereno ou sob teto

A fé, o educar e o afeto

Parabólico esse meu Mestre 

E também barbudo

No Castelo Branco da infância

De muitos, o Português e seus encantos

Formando gente na UNIUBE

Ou militando no  SINPRO Sua verve, Orbi et urbi 

E era uma ode

Seu amor ao estudo

Da língua, 

tão castiça e engalanada. 

Que bem podia ser flor, 

E que podia ser granada

Professor que abraçava o mundo

Andava pelas ruas anunciando 

A antiga e mais nova novidade: 

*O nascimento de Cristo.*

E o grito solidário ao Grito dos excluídos.

Décio era isso era aquilo

Se houveram más línguas 

Ele as concertou. 

E consertará ainda

É infinda a trilha do educador

que queria a lida: 

Lúdica, fraternal e linda

Uma ação do bem por mais

ordinária, sendo diária 

E com afinco, juntada feito

Muro de arrimo

Faz a cidade, o galo e a alvorada. 

Trás felicidades inusitadas 

É... Décio,  meu mestre amigo

continuas ensinando-me. 

Aqui comigo, ao lado, Falando...  Ouvindo...

Enternecendo - me de

Sublimes verdades

Nessa nossa aula da

Saudades

Nas salas do peito

É... Feito as mães

Educadores não deveriam

morrer nunca.


Prof. *_Orlando Coelho_*

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Morre, aos 71 anos, o professor Décio Bragança

Comunicamos aos amigos e familiares mais distantes o falecimento de nosso querido Professor, Décio Bragança, que partiu hoje (09), com 71 anos, após uma vida de realizações. O sentimento que predomina no momento entre nós é o da imensurável gratidão por todas as bênçãos que recebemos, neste ciclo de nossa evolução em que desfrutamos do prazeroso convívio, dos seus ensinamentos, e do empenho pela educação. Que Deus esteja conosco. Saúde e Paz para todos.

O velório acontece na manhã e tarde desta quinta, na funerária Live, e o sepultamento está marcado para o cemitério São João Batista, às 17h30.

Com pesar, o Blog Uberaba em Fotos se solidariza com os familiares e amigos de Décio Bragança.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

SAUDADES DE UBERABA

Composição: Oscar Louzada – Letra : Tharsis Bastos

Às vezes fecho meus olhos, deixo a memória fluir
E entre sonhos contemplo, a terra que me viu nascer, crescer e depois partir!
As águas tão cristalinas, foram avenidas formar
Por entre as Sete Colinas, Uberaba surgiu, cresceu e é pra sempre meu lar!

Nas ruas de pé de moleque se abre meu leque de recordações
Papos de esquina, flertar com as meninas nas exposições – como esquecer?
Nossa Princesinha, que esta valsa ganha, se tornou tamanha que dá gosto ver
Pois todo o Brasil vem aqui sentar quando quer comer!  (Bis)

Minha Uberaba eu diria, como Palmério ensinou
Saudade é melancolia.... Distante do teu chão restou viver sempre a recordar!
Neste distante castigo, sem ombros para chorar
Lembro do teu povo amigo, que sabe receber e, a sorrir, todos abraçar!

Gente de todas as crenças, respeita o padre ou o pastor
Sem discutir diferenças; aprendeu com Chico Xavier o que nos diz a Cruz, que maior é o Amor! (Bis) 

]Minha Uberaba eu diria.... etc

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

"O Marques do Cassu"

Não é tarefa fácil classificar o cidadão Luiz Gonzaga de Oliveira, o "Marques do Cassu".Era assim que eu cumprimentava, ou melhor, que reverenciava. O caminho menos penoso seria rotulá-lo de jornalista, pela paixão que devota à profissão. Soube dar conta do recado, colaborando, informando, registrando acontecimento e opinando construtivamente sobre a vida social uberabense. Mas o cronista, o desportista, o escritor, o advogado, o professor, o botafoguense, o zelo que sempre demonstrou para com toda a família e amigos, o amante apaixonado da música, da literatura e da natureza.

Luiz Gonzaga de Oliveira, o "Marques do Cassu" Foto/Divulgação.

O cumprimento, sempre respeitoso e afetivo, era fruto da minha admiração por aquela figura serena, bem-humorada, que parecia se divertir com o mundo onde conseguia enxergar a natureza em toda a sua plenitude.

Desde que o conheci, admirei nele essa postura sábia diante da vida. Refletida sempre no rosto iluminado por um suave sorriso de acolhimento, a sintetizar o propósito maior da transcendência de ser, no minimalismo de cada gesto. Via o que os outros não veem e era capaz de fazer uma crônica.

Dizem que o tempo passa rápido – e passa mesmo. Principalmente nos dias atuais, de vida corrida, quase frenética. Apenas os muito jovens talvez não sintam essa rapidez do tempo, tão cheios de futuro estão os que ainda não sentiram o peso da existência. Ter saudade é bom. Só o ser humano tem saudade.

 Saudade é fome de presença. Imenso Gonzaga. Mestre na mistura de palavras com sentimento. Cá do fim da fila, o meu aplauso permanente. Estaremos em sintonia nas melhores frequência.

A toda a família e amigos, nossas mais elevadas vibrações de paz, amor e luz. Uberaba, 23 de outubro de 2021.

Antônio Carlos Prata

Agência Central dos Correios de Uberaba - Minas Gerais - Brasil.

Correios de Uberaba


Agência Central dos Correios de Uberaba - Foto Antonio Carlos Prata.

A Agência Central dos Correios de Uberaba, foi inaugurado em 17 de dezembro de 1955, ainda em funcionamento. Em frente do prédio encontra-se a Praça Henrique Kruger, ou "Praça dos Correios" com espaço para descanso e lazer. Há um busto do Dr. Henrique Kruger. Era médico, maçom, espírita e ex presidente da Câmara Municipal de Uberaba. No pilar há uma placa de bronze em relevo que revela sua dedicação aos enfermos pobres. 

====================

Agência de Correio Uberaba Praça Henrique Von Krugger, 33 - Bairro: Centro - Uberaba - MG - CEP: 38001-970 (34) 3321-8152. Correios


domingo, 17 de outubro de 2021

“Morro da Onça” 🐅

Da Série: Minha Paixão por História 


- Uberaba -


*Morro feito de macadame conta com 21,4% de inclinação.

História que deu nome ao morro ainda é contada em detalhes por seus moradores mais antigos

Em meio à colina do Fabrício, na cidade de Uberaba, nomeada pela fertilidade (Uber) e também pelos acidentes geográficos, como no antigo monte da Abissínia (Aba), existe um morro.
O trecho da rua Senador Pena, situado entre as ruas Silva Jardim e Governador Valadares, já foi chamado de "Morro do Fontoura" e "Morro do Chico Velho", mas tornou-se realmente conhecido após um episódio que marcou em definitivo seu mais conhecido nome: "Morro da Onça". Marcou de tal  maneira  que poucos são aqueles que desconhecem ou nunca ouviram dele falar. A onça já não está mais lá, é certo. Mas a história que deu nome ao morro, ainda é contada em detalhes por seus moradores mais antigos.

🐅 Rua Senador Pena - Morro da Onça - Foto Antonio Carlos Prata. 🐅


Na casa de número 209, do lado esquerdo da rua, pouco abaixo da metade do morro, mora dona Odette Camargos, 94 anos, pianista, fundadora do Instituto Musical Uberabense, residente no morro da onça há 46 anos. As informações de Dona Odette dão conta de que o morro passou a ser chamado de "Morro da Onça" após um episódio curioso acontecido há muitos anos. “Havia um médico, acredito que se chamava Dr. Boulanger Pucci, que morava em uma rua próxima a este local e que gostava muito de bichos. No quintal da casa dele havia uma jaula com uma onça e por descuido, deixaram a porta da jaula aberta e a onça fugiu. Como este morro na época era só mato, a onça veio e se escondeu aqui. Começaram a procurar a onça e acharam-na aqui neste morro. E é por isto que o morro passou a ser chamado de Morro da Onça", relembrou dona Odette..

Dona Zilda Borges, bordadeira talentosa, 95 anos, também com mais de quarenta anos vividos na ingrimidade do morro, já um pouco esquecida, tentou com dificuldade se lembrar de datas, mas estas não eram tão importantes.Quando perguntada pela origem do nome do morro da onça não soube me explicar detalhadamente. "Eu calculo que aqui era tudo mato, então devia ter a tal da onça! O meu netinho falava assim: vovó cadê a onça? Eu quero ver a onça vovó! E eu falava: não tem mais onça, não! Ele queria ver a onça de qualquer jeito", afirma dona Zilda.

Seu Luís Oliveira Fernandes, talvez tenha sido o mais esclarecedor, por se apresentar bastante lúcido e ter nascido e crescido em Uberaba. Morador do morro da onça desde fevereiro de 1960, sua versão foi apresentada de forma bastante coerente. "Doutor Boulanger Pucci morava logo aqui na rua João Pinheiro, pouco acima de onde hoje é o restaurante Balão. Dr.Boulanger gostava de criar animais, passarinhos e pegou uma onça para criar. Eu sei que ele criava uma onça, tinha a jaulazinha, e o tratador da onça um dia foi tratar o bicho e esqueceu  a porta da jaula aberta. 

Essa onça saiu e quando ele notou a porta aberta, foi lá e contou para o dr. Boulanger. Foi aquele alvoroço. Eles foram procurar a onça e viram a onça por aqui, enfurnada no mato. O dr. Boulanger foi até a polícia. Os soldados vieram e pelejaram, armaram rede, fizeram o maior esforço para pegar a onça viva e entregar para o doutor. Mas a onça foi enfezando e ficando mais difícil. Então voltaram lá e falaram: doutor, a onça não tem jeito de pegar não! Como é que faz? Vai deixar ela solta na cidade? E ele falou que era um perigo e pediu para tentar mais um pouco, mas se eles não dessem conta, poderia matar a onça. Experimentaram, experimentaram e não deram conta de pegar e aí mataram a onça.

Foi então que ficou esse nome de”Morro da Onça”, porque o morro não tinha outro nome 🐅

sábado, 9 de outubro de 2021

CASA CARVALHO – UMA VIAGEM NO TEMPO.

Início da semana. Mais um encontro com os amigos da segunda-feira. Sob o comando do Presidente Flamarion Batista Leite, o grupo, formado por ex-presidentes e diretores da ACIU, sempre procura prestigiar, em cada semana, a diversidade de cardápios oferecida pelos bons restaurantes da cidade. Uma forma de usufruir da agradável companhia de velhos companheiros de ideais e degustar da rica gastronomia da cidade. Um ritual que já ultrapassou a marca dos 40 anos.

Desta vez o local escolhido foi a imponente casa do Silvinho Rodrigues da Cunha, transformada em restaurante do Hotel Tamareiras. Além de Flamarion, estavam presentes Sérgio Marcos Guarato, Ivan Moratelli, Gilberto Rezende, Anderson Cadima, José Peixoto, Marcos Rodrigues, Carlos Humberto Rocha, Paulo Fabiano Resende, Sérgio Bóscolo e Paulo Batista de Carvalho. Por motivos justificados deixaram de comparecer neste dia, Eleiçon Mariano, Ricardo Resende, José Arlênio, Stefesson Pena, José Maria Pereira e Artur Barillari.

Ao me despedir dos companheiros, percebi que ia ter que esperar um pouco pela chave do carro pelo grande o movimento que ocorria no pátio do Hotel.

Aproveitei o tempo para admirar novamente arquitetura, estilo mouro florentino, daquela mansão que foi construída no final da década de 1930, pelo agropecuarista Guiomar Rodrigues da Cunha, mais conhecido por Marico. Um conjunto de ciprestes ornamentavam a entrada. As tamareiras que enfeitam o pátio, foram importadas do Oriente em 1941.

Ao ver do outro lado da rua o salão onde estava o carro, lembrei-me de que naquele local funcionou, por mais de sessenta anos, a Casa Carvalho, um dos maiores estabelecimentos comerciais da região do Triângulo Mineiro e que deu uma grande contribuição para o desenvolvimento econômico de Uberaba.

É uma bonita história como se deu a constituição dessa empresa. Nasceu da amizade e da mútua confiança entre Mousinho Teixeira Leite e Arlindo de Carvalho. Um relacionamento fraternal e empresarial que durou tanto quanto suas vidas. Cristalizada nesta sociedade, tornou-se a primeira de muitas outras que seriam celebradas no futuro. 

Mousinho nasceu em 1905 e passou sua infância no Caçu, uma vila construída pela Fábrica de Tecidos, implantada pelo meu bisavô materno e seus irmãos da família Borges Araújo, localizada nas proximidades da Casa do Folclore. 

Arlindo, nascido em Igarapava, SP, em 1903 e veio para Uberaba em 1910, então com 7 anos.

Ambos se conheceram em 1932, Arlindo como sócio da empresa Magiotti, vizinha da Drogaria Alexandre, onde Mousinho era contador. 

Em 1934, Arlindo de Carvalho e Mousinho Teixeira Leite, adquiriram o fundo comercial da Casa Céres, empresa de propriedade de Arthur Sabino de Freitas, por indicação do gerente José Marinho. Este estabelecimento comercial foi implantado no final do século XIX,

Os novos proprietários mudaram a razão social, para “Carvalho & Teixeira” em 1º de setembro de 1934 e que veio a se transformar, em 31 de julho de 1937 com a entrada de outros sócios, na “Casa Carvalho”.

Seu endereço era rua 24 de fevereiro, (hoje rua Carlos Rodrigues da Cunha), esquina com a rua Juliana (hoje, Olegário Maciel).

Em relato de Renato Muniz de Carvalho, neto de Arlindo de Carvalho, as firmas fornecedoras da época fazem parte da história comercial e industrial do país. Entre outras indústrias e grandes atacadistas, podem ser destacadas a Cia. Antártica Paulista, Martins Fadiga & Cia., Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, Loureiro Costa & Cia (Casa da China), Ribeiro de Abreu (sal), Refinações de Milho Brazil e Moinho Paulista. 

Nesta época a Cia. Mogiana de Estradas de Ferro foi o sustentáculo para o transporte de mercadorias de toda esta região. 

Renato disse ainda que a entrada de novos sócios abriu novos horizontes para a Casa Carvalho. Sob o comando de Hilirandes Garcez de Morais, (Nenga), foi criado um departamento de atacado que foi administrado por Paulo Cândido de Souza. Várias cidades próximas, como Verissimo, Garimpo (Conceição das Alagoas), Dores de Campo Formoso (Campo Florido), Dourados (Pirajuba), Nova Ponte e outras localidades passaram a se abastecer com os produtos distribuídos pela Casa Carvalho.

Centenas de variados produtos faziam parte das ofertas da empresa, entre elas, cereais, sal, óleos vegetais, bebidas e materiais para construção.

Pelas informações de José Mousinho Teixeira, filho de Mousinho Teixeira, uma grande expansão foi registrada na Casa Carvalho após a implantação da Fábrica de Cimento no Distrito de Ponte Alta. 

Arlindo de Carvalho, então Presidente da ACIU, passou a integrar a diretoria desta indústria.  A Casa Carvalho contribuiu muito para o sucesso desta fábrica. Foi ela quem deu apoio para todas as relações e operações com o comércio local e ajudou na solução dos diversos problemas que surgiram no decorrer de sua montagem. 

Inaugurada a fábrica no início da década de 1950, a Casa Carvalho passou a ser a distribuidora do cimento.

Por algumas décadas, as ruas adjacentes eram atravancadas por caminhões que descarregavam mercadorias em seus armazéns e outros que estavam sendo carregados para distribuição em todo o Triângulo Mineiro. Os balcões da firma fervilhavam de gente.

Ao ter de volta a chave do carro, cessaram as lembranças de um tempo não muito distante. Recordações de pessoas que deram tudo de si para que Uberaba pudesse desenvolver. Pessoas honestas e exemplares. Pessoas de caráter integro, dotadas de espírito associativista.

Apesar da alegria que me foi proporcionada pelos meus companheiros de jantar, me despedi do lugar com muita tristeza. Tanto Arlindo quanto Mousinho, foram meus amigos. Apesar da diferença de idade, eles foram meus companheiros na ACIU e também meus sócios na Metalúrgica Santa Rita. Dei um adeus a eles e voltei para minha casa.

Gilberto de Andrade Rezende – membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro – Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

Fontes 

José Mousinho Teixeira Leite.

Renato Muniz de Carvalho.


_

sábado, 2 de outubro de 2021

FOLCLORE – 02 -

Em 31 de agosto deste ano, em comemoração ao nosso Folclore, publiques, através do Jornal da Manhã e em nome da Associação Cultural Casa do Folclore, alguns artigos em homenagem à todos aqueles que participaram de Manifestações Culturais, por amor às nossas Tradições Culturais. 

Para os que não tiveram oportunidade de tomar conhecimento deste suplemento, comecei a divulgar pela rede social, tudo que foi publicado. Ontem, o n. 01. Hoje o n. 02;

Sei que tem omissões neste trabalho, mas irei corrigindo para que não se possa fazer injustiças.

A página n. 02 foi dedicada à todos que nos encantam com sua destreza, com sua magia em tanger as cordas de uma viola e dela extrair acordes que nos provocam emoções. Toninho da Viola, Alexandre Guti Saad, Roberto Corrêa, Nenêm Violeiro, Rei Gaspar, Baltazar da Viola, Ruizinho Barbosa e Renato Cartafina, são apenas alguns exemplos dos grandes violeiros de Uberaba. Renato de Andrade, Claudionor da Silveira, Zeca dos Anjos, Nico Trovador, Nicodemos e Manoel Teles, entre outros, deixaram saudades.

A Cultura Afro vem em seguida. Uma tradição centenária. Uma recordação dos trabalhos de Antônio Carlos Marques e de José Reynaldo. 

 Gilberto Rezende –  Ex- Conselheiro da Fundação Cultural de Uberaba. - Presidente da Associação Cultural Casa do Folclore.

Postado em 02-10-2021.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

ELEIÇÕES EM UBERABA. – N. 01.

Diversos projetos que visam reforçar o prestígio de Uberaba nas esferas políticas, estadual e federal, aconteceram em momentos pontuais, realizados por líderes comunitários com os quais já tivemos a oportunidade de participar.  

O primeiro projeto foi criado na década de 1990 e seu objetivo foi o de ampliar o Colégio Eleitoral da cidade. Era necessário combater a apatia de milhares de cidadãos que não se interessavam em tirar seu Título de Eleitor. Sendo o peso eleitoral um fator de força política, diversas entidades de classe participaram desse movimento.  

Havia o consenso entre as lideranças políticas que Uberaba precisava atingir o mínimo de 200.000 eleitores. Esse número abria oportunidades para que, os mais votados, pudessem disputar o segundo turno. Era também a demonstração do potencial da cidade no cenário político nacional.  

Um dos líderes deste movimento foi Sebastião Silva, mais conhecido por Tião Silva. Ele agregou ao seu redor nomes expressivos que participaram exclusivamente com o intuito de contribuir com a comunidade.  

Nas eleições municipais de 2004, ano em que Anderson Adauto foi eleito Prefeito, Uberaba ficou perto de atingir a meta com 194.045 eleitores inscritos.  Desses,  

a apatia eleitoral fez com que apenas 153.349 votos fossem aproveitados. Os 40.243 votos restante foram votos perdidos: nulos e brancos e abstenção. Ou seja, de cada cinco eleitores, um deixou de fazer sua escolha.  

Somente nas eleições de 2008 é que Uberaba atingiu o número de 203.451 eleitores, com direito à realização de segundo turno. Todavia, Anderson, que pleiteava a reeleição conseguiu se reeleger com 54,80% dos votos, o suficiente para evitar o segundo turno.   

Nesse ano Uberaba conquistou 9406 novos eleitores, mas o número de abstenções somados aos votos nulos e brancos, atingiu 48.225 de eleitores. Ou seja, desses 9.406 novos eleitores conquistados podemos dizer que apenas 1877 deles deram um voto útil.  

Outro projeto, também liderado por Tião Silva, foi o de Eleições Inteligentes, em 2001. Visava indicar nomes de pessoas, independentemente de partidos políticos, para concorrer a cargos na Câmara Federal e no Legislativo de Minas Gerais.   

O grupo questionava a dispersão de votos pelo excessivo número de candidatos indicados pelos partidos políticos. Isso fazia com que a potencialidade de nossa representatividade junto ao Governo Estadual e Federal ficasse reduzida.  

As reuniões do grupo, sem cor partidária, eram realizadas no escritório do Tião Silva e delas participavam sete diretores, pessoas cujo interesse maior era o fortalecimento político de Uberaba. Gradativamente o grupo foi se adensando e terminou contando com diversos elementos representativos da comunidade.  

Eram participantes do movimento “Eleições Inteligente”, entre outros, Dorival Cicci, Guido Bilharinho, Gilberto Rezende, Lélio de Oliveira, Cel. Hely Araújo Silveira, Ari de Oliveira, Sérgio Marcos de Souza, Carlos Alberto Pereira, Sérgio Bilharinho e Afrânio Fernandes de Paula.  

Apesar da rigidez da legislação eleitoral, que praticamente cerceava a possibilidade de indicações de candidatos mais viáveis pelo grupo, houve uma grande melhora nos índices de aproveitamento de votos dos candidatos de Uberaba, conquistados pela conscientização da comunidade.  

Nas eleições de 2002, graças ao trabalho do grupo “Eleições Inteligentes”, Uberaba conseguiu eleger dois Deputados Federais, Anderson Adauto e Nárcio Rodrigues e três Deputados Estaduais, Paulo Piau, Fahim Sawan e Adelmo Carneiro e, ainda, um suplente de Senador, Luiz Guaritá Neto.  

Em 2006 a cidade “jogou fora” 60.000 votos entre brancos e nulos e para os “paraquedistas”. Eram votos suficientes para eleger mais um deputado Federal e dois Estaduais.  

Por isso, em 2010, lideramos a campanha do Voto Útil conclamando a população a votar em candidatos de Uberaba e a não votar nos “paraquedistas”, ou seja, candidatos que vêm buscar votos na cidade para assumir cargo na Assembleia de Minas ou na Câmara Federal, sem nenhuma vinculação com os interesses da cidade. O slogan era “Vote em quem você quiser, mas vote para sua cidade”. 

Decorridos mais de vinte anos do início destes movimentos foram eleitos, no pleito de 2018, apenas um Deputado Estadual, Heli Andrade Grilo e um Deputado Federal, Franco Cartafina. O suplente Aelton Freitas, assumiu seu lugar na Câmara Federal  em 2021 em razão da renúncia da Deputada Margarida Salomão.  

Em 2022 teremos novas eleições. Precisamos ampliar o número de nossos representantes junto ao Governo Estadual e Federal. Se não houver união entre as lideranças vamos perdendo musculatura política. Há que se criar novos movimentos para despertar novas lideranças políticas. Temos uma razão muito grande para arregaçar as mangas em prol de nosso desenvolvimento. Somos todos, com muito orgulho, uberabenses.   

Gilberto Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro – Ex Presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

FABRICA DE CIMENTO PONTE ALTA – UMA HISTÓRIA DE 60 ANOS.

A notícia chegou e causou um alvoroço em toda a região do Triângulo Mineiro no ano de 1949. Uma empresa de São Paulo recebeu autorização para implantação de uma grande fábrica de cimento, aproveitando a rocha de calcário da região que se estende por vários municípios. A abertura de novos empregos e a ampliação do comércio da região eram as expectativas mais comentadas.  

Quando se tomou conhecimento de que a área comprada pela empresa estava localizada parte no município de Uberaba e parte no município de Conquista, a euforia tomou conta dos uberabenses, conforme relata José Mousinho Teixeira, citando ainda que a disposição para esta empreitada era de responsabilidade da família Matos Barreto, os irmãos José e Francisco e outros familiares.  

Fábrica de cimento Ponte Alta - Foto: década de 1950
 - Autoria desconhecida.

Cientes de que a região era rica em pedras calcária, conhecida pela extração e produção de cal virgem, os irmãos Barreto, e da potencialidade que estas terras poderiam oferecer e ainda visando a exploração da área para produção de cimento, contrataram estudos técnicos como sondagens e viabilidade econômica, por meio de uma empresa da Dinamarca, país mais preparado na produção de cimento portland.   

A área adquirida no município de Uberaba ficava localizava no Distrito de Ponte Alta e o local, a antiga Caieira Fantini, fundada em 1883, era propriedade de Flamínio Fantini, um emigrante italiano.  

Como a parte da fazenda comprada pela família Matos Barreto, no município de Conquista, era maior do que a parte de Uberaba houve uma acirrada disputa pela conquista da preferência para a instalação da fábrica.  

De um lado, representando Conquista, o Cel. Tancredo França, incansável na batalha para que a fábrica de cimentos fosse implantada em seu município. Uberaba acabou ganhando na preferência por mostrar para à diretoria da fábrica que a estrutura da cidade oferecia melhores condições.   

Há que se registrar o empenho da ACIU-Associação Comercial e Industrial de Uberaba, sendo presidente o empresário Arlindo de Carvalho e tendo a seu lado, na diretoria, João Guido, Lívio da Costa Pereira, Reynaldo de Melo Rezende, Durval Furtado Nunes, Geraldo de Oliveira, Rubens Dornfeld e ainda no Conselho Fiscal, Paulo José Derenusson, Mário Amaral e Bruno Martinelli.  

O esforço dispendido pela Entidade não ficou restrito à apresentação das vantagens de Uberaba. Muitos obstáculos ainda teriam que ser superados para que o sonho se tornasse realidade. Um destes obstáculos era a questão da energia elétrica.  

Não havia energia suficiente para atender a demanda de uma fábrica de grande porte.  Novos estudos foram realizados através da empresa AEG, buscando um local onde se pudesse instalar uma usina hidrelétrica, recaindo a preferência em uma queda d’agua no rio Araguari, no local denominado Cachoeira dos Macacos. A própria AEG se encarregou da construção que acabou sendo conhecida como a “Usina dos Macacos” que, após concluída, se instalou uma linha de transmissão até Ponte Alta.  

Resolvida esta questão veio a do transporte que somente foi equacionada, conforme relata José Mousinho: “merece registrar que, em complemento à infraestrutura necessária ao empreendimento, foi construído um ramal ferroviário ligando a localidade de Ponte Alta aos trilhos da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro que, à época, trafegava com o ramal Uberaba/MG à cidade de Franca/SP.”  

Relata ainda José Mousinho que “na mesma oportunidade, os irmãos Barretos, por deferência à região onde deveria situar o empreendimento, liberaram dez por cento de subscrição do capital a ser integralizado pela Companhia de Cimento Ponte Alta a investidores das cidades de Conquista e de Uberaba. 

A quota gentilmente oferecida foi prontamente subscrita em apenas uma semana. Destaca-se que entre os uberabenses a subscrição de maior vulto foi realizada pelo pecuarista Sr. Lamartine Mendes dos Santos e de Conquista pelo também pecuarista Sr. Theodulfo de Rezende”.  

Neste sentido a firma Carvalho & Teixeira & Cia. Ltda. - Casa Carvalho tornou-se o ponto de apoio em todas as relações e operações com o comércio local. As encomendas destinadas à construção que chegavam via ferroviária em Uberaba eram encaminhadas à Casa Carvalho e, em seguida, por sua ordem, enviadas ao canteiro de obras da fábrica na localidade de Ponte Alta. 

As turbinas, fornos e outros equipamentos de grande porte que igualmente vinham por via ferroviária eram encaminhados para a Estação de Erial da Companhia Mogiana e de lá transportados por caminhões até o canteiro de obras”.  

Junto à construção da fábrica se iniciou a construção de uma vila para abrigar os funcionários. Vieram pessoas dos municípios da região e do todo o país, principalmente do Nordeste, para se habilitar ao trabalho. Afinal, precisavam ser contratados algumas centenas de trabalhadores, se registrando na época cerca de 400 famílias para atender a demanda da fábrica. 

A vila chegou a ter uma população de 2.500 pessoas. A fábrica de cimento era a maior empregadora de toda a região.   

A diretoria era composta por Antônio Aymoré Pereira Lima, Augusto Freire de Matos Barretos Filho, Armando Freire de Matos Barreto, Walter Prado Dantas e Arlindo de Carvalho.  

Por volta de 1975 o controle acionário foi transferido para os empresários das famílias Moraes Barro e Mesquita Vidigal, conforme nos informou José Mousinho, sendo posteriormente incorporada pela Lafarge Holcim. De origem francesa é a maior indústria cimenteira do mundo, presente em 80 países.  

Em Ponte Alta a Lafarge ainda produziu por cerca 18 anos até encerrar as atividades e se transferir, em 2004, para a cidade de Arcos, em Minas Gerais. Os fornos foram adquiridos pela Magnesita S/A que produz refratários para sua sede em Contagem, Minas Gerais. 

Ponte Alta, localizada a cerca de 40 KM de Uberaba, às margens da BR 262, viu sua economia encolher, obrigando uma parte de sua população a se transferir para outras cidades, principalmente Uberaba.   

Atualmente o Distrito de Ponte Alta, criado em 1879, vem se adaptando aos novos tempos, vendendo ou arrendando suas terras para as empresas canavieiras, tendo a Magnesita como importante apoio econômico e diversificando suas atividades rurais em criação de animais.

Por 60 anos a fábrica de Cimento Portland Ponte Alta, considerado o melhor cimento do país, foi oi principal suporte da economia de Ponte Alta que teve, nesse período, um extraordinário desenvolvimento, contribuindo para a economia de Uberaba através da comercialização de seus produtos, elevação do nível de emprego e arrecadação de seus tributos.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA. Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.  

Fontes –  

José Mousinho Teixeira -    

Jornal da Manhã  

Arquivo Público de Uberaba. 


Postado em 21 de setembro de 2021.

domingo, 5 de setembro de 2021

HISTÓRIAS DE UBERABA

As cinco festas de aniversário. 

São muitas as datas que podem ser comemoradas em relação à Uberaba. A primeira seria, naturalmente, a data de seu nascimento, quando aqui fincou raízes, próximo ao córrego das Lages, o sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira. Todavia, não existem documentos apontando a data exata em que ocorreu este fato histórico. 

Relatam alguns historiadores, que a 1ª Bandeira organizada em Desemboque pelo sargento-mor Antônio Eustáquio para desbravar a região de Uberaba ocorreu em 1810. Dizem ainda que, por solicitação desta autoridade, em 1811, o povoado foi elevado à condição de Distrito dos Índios. 

Para o historiador Guido Bilharinho, não há documentos comprobatórios desta elevação. 

Mesmo assim, a Prefeitura Municipal, em 03 de maio de 1911, em parceria com as lideranças econômicas da região, promoveu a 1ª Exposição Agropecuária nas dependências do hipódromo do Jockey Clube, localizado no bairro de São Benedito e organizou, ainda, uma grande festa na cidade para comemorar a elevação de Uberaba da condição de povoado para a de Distrito. 

Coincidência ou não, desde a década de 1950, as aberturas das exposições da ABCZ são realizadas na data de 3 de maio. 

Curiosamente, em 1810 ou 1811 não pertencíamos ao estado de Minas Gerais e sim ao estado de Goiás. As disputas sangrentas entre os dois estados, que já duravam mais de cinquenta anos conforme relato do historiador Hidelbrando Pontes, tiveram fim em 1816.

Conta ainda este historiador que foi por um acontecimento fortuito é que pôs termo à velha questão de divisas entre os dois estados. Joaquim Inácio Silveira Mota, Ouvidor Geral da Comarca de Paracatu, indo a Araxá, ao conhecer Ana Jacinto de São José, mais conhecida como Dona Beija que passava a cavalo pela praça da Matriz com seu pajem, foi tomado de violeta paixão e mandou raptar a donzela.

Como foi processado pela família da vítima e seu caso seria julgado pelo governo de Goiás, seu desafeto. Para evitar esta situação, ele passou a interceder também junto a D. João VI, pela passagem dos julgados de Araxá e Desemboque para Minas, onde o seu julgamento seria, como efetivamente foi, coisa sem importância.

E assim, em 4 de abril de 1816, a região foi incorporada ao Estado de Minas Gerias. Deixamos de ser goianos e passamos a ser mineiros.  

Minas das Alterosas incorporou os cerrados e os chapadões dessa imensa mesopotâmia que se chamava Desemboque e que passou a se chamar Triângulo Mineiro. Interessante que, o primeiro jornal a ser criado em Uberaba já nasceu separatista, conforme relata Guido Bilharinho. 

Em 02 de março de 1820, por decreto assinado pelo imperador Dom João VI, Uberaba foi elevada à condição de “Freguesia”, ou seja, de “Distrito” passou à “Paróquia”. O objetivo deste decreto foi o de diminuir a distância de 60 léguas que separavam o novo povoado da “Freguesia de Desemboque”, facilitando, assim, o “socorro e pasto espiritual”.  

O poder estava dividido entre a Igreja e o Estado, que só vieram a se separar na Constituição de 1891, transformando o Brasil em um país laico. 

Em 22 de fevereiro de 1836, o Presidente da Província, Manuel Dias de Toledo, na cidade imperial de Ouro Preto, assinou o decreto aprovado pela Assembleia Legislativa Provincial, elevando Uberaba à condição de “Vila”. Foi o nascimento do município de Uberaba, que se desmembrou da Vila de Araxá, a qual estava vinculada desde 1831. Foi a criação da Câmara Municipal de Uberaba.

Em dezembro de 1836, tomou posse perante a Câmara Municipal de Araxá o vereador mais votado nas eleições de Uberaba, Capitão Domingos da Silva Oliveira. Em janeiro de 1837, o Capitão é empossado em Uberaba como o primeiro Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo (Prefeito). 

O prédio que ele construiu para servir de Câmara e Cadeia, foi, por longas décadas, sede da Prefeitura Municipal e depois, sede da Câmara Municipal e é hoje patrimônio histórico de destaque na Praça Rui Barbosa. 

Para comemorar o centenário da emancipação política de Uberaba em 22 de fevereiro de 1936, grandes festas foram realizadas na cidade. Bandas, passeatas, foguetórios, salvas de 21 tiros, discursos e direito a um grande baile oferecido pelo prefeito Paulo Andrade Costa. Foi inaugurado um marco comemorativo no Córrego do Lajeado, próximo ao bairro rural de Santa Rosa, onde teve início o povoamento da cidade. 

Em 1840, Uberaba passou a sediar uma Comarca para distribuir justiça, denominada Comarca do Rio Paraná, desmembrada da Comarca de Paracatu do Príncipe. Não há, porém, registro de comemorações no centenário desta conquista, no ano de 1940. 

Em 02 de maio de 1856, Uberaba foi elevada à condição de “Cidade” em reconhecimento do Rei e da Igreja, trazendo a emancipação em assuntos atinentes à ordem civil, militar e religiosa. 

Para comemorar o Centenário desta elevação de “Vila” para “Cidade”, Uberaba se vestiu de gala em 1956, no governo de Arthur de Mello Teixeira. Novas comemorações aconteceram em 2006, no governo de Anderson Adauto, quando Uberaba completou 150 anos. 

Nesta ocasião, a Fundação Cultural, então comandada por Luiz Gonzaga de Oliveira, homenageou em solenidade ocorrida no Cine Metrópole, 150 personalidades da cidade, escolhidas em comissão presidida por Gilberto Rezende.  

Foram festejados três centenários, 1911. 1936, 1956, um sesquicentenário, 2006 e um bicentenário, comemorado em 2020, no governo de Paulo Piau. 

Não encontramos referências sobre as comemorações do centenário da elevação de Uberaba à condição de “Freguesia”, ocorrido em 1920.   

Ao longo destes 200 ou 210 anos, a verdade é que passamos de um pequeno povoado à uma grande cidade, hoje com cerca de 350.000 habitantes. Todas estas datas são, realmente, motivo de júbilo para todos nós. Todas elas podem e devem ser comemoradas. 

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 

Fontes – Arquivo Público – Historiador Guido Bilharinho

Hidelbrando Pontes – livro – “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.

 PS – Matéria publicada hoje, 05-09-2021, no Jornal da Manhã.

domingo, 22 de agosto de 2021

DIA DO FOLCLORE

Hoje, dia 22 de agosto de 2021, é dia de se comemorar o Folclore, conforme Lei promulgada em 1965 pelo Congresso Nacional. O Folclore, todavia, faz parte, diariamente, da vida de todo mundo. Lendas, superstições, hábitos, costumes, estórias, gestos, alimentações ou indumentárias, são tradições folclóricas como as manifestações populares de cantos e danças.

Diz Luiz da Câmara Cascudo, autor do “Dicionário do Folclore Brasileiro” editado em 1954, que “Onde estiver um homem, aí viverá uma fonte de criação e divulgação folclórica”.

As tradições de Catira, Folias com suas variações mais comuns como as de Reis, do Divino, de São Lázaro e de São Gonçalo, a Viola Caipira, as Congadas, Moçambique e Vilões, bem como outras manifestações da cultura afro, são centenárias em Uberaba. Outras manifestações foram gradativamente se inserindo no contexto folclórico, importadas de outras regiões como a Capoeira, na qual, o Berimbau tem um papel relevante.

Uberaba sempre foi centro de atenção na área do Folclore. Por mais de cem anos, grupos de catira como os do José Emídio, João Modesto, José Casimiro, Joaquim Prexedes, Zeca dos Anjos, Chico Carreiro e Valtercides, marcaram presença e fizeram história. 

O mais conhecido dos grupos de catira foi o dos Borges comandado, nos últimos 60 anos, por Vilmondes Cruvinel Borges e seu eterno parceiro das violas, Gabriel Borges de Morais, tendo como com grande palmeiro a figura de Orozimbo Fabiano, mas a estrela máxima deste grupo foi Romeu Borges, o maior sapateador de catira que o mundo conheceu e que teve o privilégio de dançar com a maior bailarina brasileira, Ana Botafogo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Não há como deixar de destacar o Catira dos Teles, sob o comando de Manoel Teles e seus filhos Negrinho e Vinicius, todos violeiros, cantadores e palmeiros. Manoel Teles, um patrimônio cultural pela sua dedicação ao Folclore, era também Capitão de Folia de Reis tendo em seu grupo, a dupla sertaneja Manoelzito e Doraí.

Recentemente Uberaba perdeu o Paulo José Cury, mais conhecido como Paulinho Leiteiro, compositor, cantador, violeiro, sapateador de Lundu que formou o grupo de Catira “Geração por Geração”, composto por seus filhos e netos. Foi um Capitão de Folia de Reis, “Folia Fonte do Amor” e que, por cinquenta anos, atendeu a todos os pedidos dos devotos de Reis. Toda uma família voltada para as tradições folclóricas.

Atualmente, o Catira “Raízes” sob o comando de André Medeiros e o do “Manoel Teles” ainda mantém a tradição. Destaca-se ainda o Catira “Tradição de Minas” criado pelo Wosley Torquato, (Cultura Manifestações) junto com sua família. Wosley vêm a anos mantendo uma escola para ensinar crianças, jovens e adultos os passos do catira. Ele é, hoje, um esteio na manutenção desta tradição.

A poesia é a alma da dança do catira e o sapateado, seu complemento e adorno. Centenas de poetas deixaram um legado de seu trabalho utilizado por diversos grupos de catireiros da região do Vale do Rio Grande. Alguns, como Manoel Rodrigues da Cunha de Jubai, autor de 300 poesias e que foi o mais destacado catireiro desta região. Outros como os poetas e catireiros, Vicente Caburé, Antônio Ananias, Antolino, João Emerenciano, Herculano, João Modesto, José Crioulo, Tertuliano Inácio, José Barbosa, Zé Ninguém, Agenor Teles, são ainda referências. Jair Gomes Seabra, compositor e palmeiro é testemunha viva destas manifestações. 


Uberaba é considerada a capital das Folias de Reis, manifestação folclórica que remonta aos tempos de sua origem. É uma manifestação tombada pelo Patrimônio Cultural Municipal, como bem imaterial. São mais de cem grupos que anualmente envolvem milhares de pessoas em seus rituais. Grandes capitães de Folias de Reis, ao passar para eternidade, deixaram a bandeira que, por dezenas de anos, carregaram em devoção aos Três Reis Magos, nas mãos de seus discípulos. Sebastião Mapuaba, Labibe, Geraldo Pires, Evaristo Torquato, Jorge Bernardes, Paulo Cury, Manoel Teles, são alguns dos destaques.

Na viola caipira, difundida através da Escola de Viola “Gaspar Correa”, da Fundação Cultural de Uberaba, centenas de violeiros marcaram com seu talento, os sucessos das músicas sertanejas. Dos que hoje são apenas saudades, não há como esquecer o primeiro professor da Escola de Viola, Claudionor da Silveira, mestre e compositor. Destacam-se também, entre outros, a dupla Nicanor e Palmeri, Silveira e Silveirinha, Serenata, Panamá, Suzanito, Junior, Gaspar Corrêa e Claudio Viola. 

Ainda está na memória de todos o falecimento precoce de José Nicodemos que por muitos anos dirigiu a Escola de Violas e criou a Orquestra Violas de Ouro. Comunicador, violeiro e professor, por muitos anos foi integrante da dupla “Odair e Nicodemos” com muitas gravações de sua bonita voz e seu talento na viola.

Os comunicadores sempre tiveram um importante papel na manutenção das tradições folclóricas. O maior destaque foi a dupla Toninho e Marieta. Toninho, violeiro, compositor e cantador com sua mulher, Marieta, foi quem criou, a cerca de 60 anos, o Festival de Folia de Reis, hoje chamado de “Encontro de Folias”. Criou também na década de 1950, seis grupos de catira nos bairros da cidade. 

Toninho, além de compositor, violeiro e cantador, era Capitão de Folias e gravou dezenas de LP de músicas de sua própria autoria, no gênero sertanejo e de Folia de Reis. Seu filho, Edson Quirino de Souza, mais conhecido como Edinho deu continuidade ao pioneirismo de seus pais. 

Nico Trovador foi uma revelação no comando de seu programa na Televisão, criando oportunidades para apresentações de Festivais de Viola, de Folias de Reis e de duplas sertanejas, de Uberaba e de todo o Brasil, em busca do sucesso.

Destaca-se também nesta área de apoio, o Jornal da Manhã que sempre teve suas portas abertas em apoio ao Folclore e um dos maiores divulgadores de nossa cultura popular, representado pela sua diretora Lídia Prata Ciabotti. 

São  integrantes do grupo de apoio ao nosso folclore os nomes de Marco Túlio Oliveira Reis que mantém o programa “Prosa Encantada”, Carlos Perez (Cacá Sankari), lutador pela manutenção do TEU, teatro onde sempre se apresentou grupos folclóricos, Beethoven Luis Teixeira, hoje residente em Peirópolis, Jorge Alberto Nabut, escritor;  Marcelo Taynara, compositor; Carlos Pedroso, escritor; Toninho da Viola, cantor, violeiro e professor de viola, Jose Maria Dos Reis e a Câmara Municipal de Uberaba em parceria com a Associação Casa do Folclore no lançamento do Programa “Coisa Nossa Uberaba” na TV Câmara. Destaca-se ainda o nome do "Patrão de Minas" poeta e responsável por grande parte das poesias de nossos intérpretes da música sertaneja.

Na área Política há que se registrar a criação da Fundação Cultural de Uberaba no governo de Silvério Cartafina Filho. Todavia, a implantação desta Entidade só aconteceu no governo de Wagner do Nascimento que criou condições para inúmeros Festivais de Viola, de Catira, de Folia de Reis bem como criou e estruturou o Circo do Povo para sediar manifestações folclóricas. 

Na gestão de Luiz Neto foram criados os Incentivos Fiscais para estimular projetos voltados para a cultura, disponibilizando maiores recursos para a Fundação Cultural manter todo o seu programa de apoio a todas manifestações culturais.

Foi a época de ouro dos projetos culturais. Foi a época em que as mulheres assumiram a direção da Fundação Cultural. Depois da passagem de Rosana Prata como presidente na gestão de Hugo Rodrigues da Cunha, chegou a vez de Lídia Prata, sucedida por Maria Antonieta Borges (1993/1996) que contou com a colaboração de Virginia Abdala. 

Marcos Montes deu continuidade aos trabalhos da Fundação Cultural através de seu presidente, José Tomas da Silva Sobrinho e sua vice, Olga Frange, destacando-se o apoio aos Festivais de Viola e apresentações de Folias de Reis.

No Governo de Anderson Adauto, o presidente da Fundação Cultural foi o saudoso Luiz Gonzaga, sempre participante dos movimentos culturais da cidade. 

Foi nesta gestão que ocorreram as comemorações dos Cinquenta Anos de Festivais de Folias de Reis, com o patrocínio da Petrobras, culminando com uma grande festa, lotando o Cine Teatro Municipal Vera Cruz com a distribuição de 100 violas e a presença de duplas sertanejas como a de Liu e Leo e a participação de Paulo Andrade. 

Também neste governo, atuou como Presidente da Fundação Cultural, Rodrigo Mateus, um dos mais ardorosos defensores da cultura. Foi em sua gestão que se realizou o primeiro Festival Nacional de Catira, patrocinado pela Petrobrás, na Casa do Folclore, no ano de 2010.

Foram destaques a presença de Alexandre Guti Saad, Marcelo Taynara e Dércio Marques. Foi nesta festividade que a Orquestra Acqua, dirigida pelo maestro Jeziel, com a participação do coral Cidade de Uberaba, sob a batuta de Marly Gonçalves, e da Companhia de Reis do capitão Jorge Bernardes, entoou cantos de Folias de Reis, em compasso de música clássica,  trazendo emoções ao público presente

Paulo Piau, em sua primeira gestão, deu todo apoio à então presidente da Fundação Cultural, Sumayra Oliveira, responsável pela realização de dois festivais de Violas e a criação do Centro de Cultura. Foi um período de grandes e marcantes realizações na área do Folclore, graças ao interesse e a vocação cultural da presidente. 

Foi sob sua administração que se realizou o II Festival Nacional do Catira, apresentado na Casa do Folclore, em 2013, sob o patrocínio da Petrobrás.

Foi nesta gestão também que se apresentou no Cine Vera Cruz, em 2014, doze grupos de catira de seis estados brasileiros, em projeto patrocinado pela Cia. Vale do Rio Doce onde foi apresentado a edição do livro – Catira 450 Anos de História – pesquisa e autoria de Lisete Resende.


Na segunda gestão Paulo Piau prestigiou o folclorista Antônio Carlos Marques, pesquisador, folclorista e professor que deu uma grande contribuição para manutenção e expansão dos grupos folclóricos de Uberaba. Ex-diretor da Fundação Cultural por longos anos, Antônio Carlos deixou saudades pela sua dedicação à cultura popular.

Louvem- se os Folcloristas, pessoas que se dedicam à cultura popular, principalmente nas áreas de cantos e danças, pelo seu empenho em colaborar para não se perder as raízes culturais de uma cidade ou de uma região.

Uberaba têm, em sua história, magníficos exemplos desta carinhosa dedicação de verdadeiros missionários da Cultura Popular. 

Edelweis Teixeira, criador do Instituto do Folclore Regional e Erwin Puhler, Professor por profissão e folclorista por vocação, dois intelectuais que dedicaram suas vidas em promover, colaborar, incentivar e manter todas as nossas manifestações folclóricas, tradições herdadas de nossos antepassados e que são nossas raízes culturais. 

Destaca-se também o papel de Lisete Resende, que além do livro “Catira 450 anos”, foi responsável pela elaboração e aprovação dos grandes projetos canalizados para dois Festivais de Catira, dos encontros dos grupos de catira no Cine Teatro Vera Cruz, do jubileu dos Encontros de Folias de Reis, patrocinado pela Petrobras e da ópera Bodas de Fígaro, patrocinado pela Cemig.

Sem falsa modéstia ressalto o papel nesse processo da Associação Cultural Casa do Folclore criada em 1972 sob o nome de Casa do Folclore, palco de centenas de apresentações artísticas nestes últimos 49 anos e que vem registrando, divulgando e contribuindo para a manutenção de uma das coisas mais bonitas de nossas vidas que são representadas pelos grupos de folclore de Uberaba e região. No Facebook mantém o programa a página “Grupo da Difusão da Cultura” onde todas as manifestações culturais são divulgadas. No YouTube mantém a página “Coisa Nossa Uberaba”, divulgando o que é nosso na área cultural.

Hoje é o dia dos folcloristas, dos pesquisadores, dos comunicadores, das entidades voltadas para o folclore, dos participantes dos grupos das manifestações de Catira, Folia de Reis, das Violas Caipiras, das Congadas, dos Moçambiques, entre outros, e de todos aqueles que tem amor pelas nossas tradições.

Viva o Folclore. Viva às nossas tradições. Viva a todos que contribuíram para realçar as manifestações de cultura popular de nossa gente.

Como símbolo do Folclore, pela sua reconhecida posição de apoio continuo ao Folclore, coloco a foto da sede da Associação Cultural Casa do Folclore.

Gilberto Rezende – Presidente da Associação Cultural Casa do Folclore.

Uberaba 22 de agosto de 2021.

domingo, 15 de agosto de 2021

VALLIM, REZENDE E GUIMARÃES - LAÇOS FAMILIARES

Interessante como uma foto de 3 amigos, com idades aproximadas, José Vallin de Mello (1887/1982), Manoel Gonçalves Rezende (1872/1966) e Osório Guimarães, (1878/1969) podem revelar histórias de famílias, tecidas pelo tempo.



Osório Guimarães era casado com Rufina Gonçalves e, José Vallin de Mello, com Delfina Gonçalves, ambas irmãs de Manoel Gonçalves Rezende, que, por sua vez, era casado com Idalina Augusta de Mello, irmã de José Vallin de Mello.

Manoel Gonçalves Rezende e seus dois cunhados, Osório Guimarães e José Vallin de Mello, todos oriundos do meio rural, geraram 46 filhos e jamais poderiam imaginar a quantidade de descendentes que iriam proporcionar em poucas décadas.

Seguidores fervorosos da religião católica, em cada fazenda dessas famílias existia um pequeno oratório no qual, aos domingos à noite, sob a luz de uma lamparina à querosene, os familiares faziam suas orações sempre conduzidas pela mãe. Esta prática religiosa exerceu grande influência nas famílias.

O tronco formado pela família de Manoel Gonçalves Rezende, gerou 13 filhos, sendo 12 homens e apenas 1 mulher. O de Osório Guimarães, gerou 21 filhos sendo 15 homens e 6 mulheres. Já o tronco de José Vallin de Mello, gerou 12 filhos, dos quais, 3 mulheres e 9 homens. Estes três troncos totalizaram 46 filhos.

Diversos foram os caminhos percorridos pelos filhos, segunda geração dos três troncos. Na área religiosa, formou-se um padre, João Maria Assis Vallim, responsável por construção de duas igrejas, Uberaba e Iturama. Na terceira geração, uma freira, Rosangela Valim, irmã dominicana, filha de Antônio Vallim e ainda, Dom Alberto Guimarães Rezende, futuro bispo de Catité, filho de Romeu Rezende e sua prima Guiomar Guimarães.

Na política, Mário de Assis Guimarães foi vereador e vice-prefeito. Randolfo de Melo Rezende, também eleito vereador, se destacou no associativismo ao assumir a presidência do Sindicato Rural de Uberaba.

Seis integrantes da 2ª. geração, preferiram o setor bancário, Raul, Mário, Gentil e Orlando da família Rezende e Bento e Ivan da família Vallin. Reynaldo Rezende optou pelo setor empresarial, fundando a Indústria Alimentícia Reyna.

Na área internacional de modas se destacou Marcos Vinícius, mais conhecido como “Markito”, costureiro de personalidades e artistas de vários países do mundo. Da terceira geração, ele era filho de Maria Rezende, única mulher da 2ª. geração do tronco dos Rezende.

Os demais filhos seguiram a vocação de seus pais, continuando na lida rural nos segmentos, de agricultura e pecuária.

Atualmente, dos 46 primos, Álvaro Rezende é o único sobrevivente e está se preparando para a festa dos 100 anos. Os demais são apenas saudades.

Na atualidade, já entrando na 7ª. geração, as famílias de Manoel Gonçalves Rezende e seus dois cunhados, Osório Guimarães e José Vallin de Mello, deixam seus nomes gravados eternamente nas recordações dos seus mais de 1.000 descendentes.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras – 3ª. geração, filho de Raul de Melo Rezende.