segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
O cheque do Madruga
O Barão de Ponte Alta
sábado, 19 de dezembro de 2020
Avenida: Dr. Leopoldino de Oliveira
Conheça o Patrono da Sua Rua
Rua Dr.Barão de Ponte Alta
Conheça o Patrono da Sua Rua
Rua Dr.Barão de Ponte Alta
Nome: Barão de Ponte Alta Antônio Elói Casimiro de Araújo
Bairro: Nossa Senhora da Abadia CEP.: 38025-250
Nascimento 16 maio 1816
Naturalidade: Desemboque, Sacramento, Minas Gerais, Brazil
Sepultamento 26 Setembro 1903
Uberaba, Minas Gerais, Brazil
Profissão: foi um nobre brasileiro
Título de nobreza
19 julho 1879
Ponte Alta, Minas Gerais, Brasil
1° Barão de Ponte Alta
Título de nobreza:
Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa
Título de nobreza:
Comendador da Imperial Ordem de Cristo.
Instrução primária:
Somente instrução primária
Sesmaria da Ponte Alta
Na sesmaria da Ponte Alta, fundou a fazenda Correguinho, próspera na criação de gado e lavouras, bem como no fabrico de produtos agrícolas de largo consumo.
Entreposto na Sesmaria da Ponte Alta
Comerciante, estabeleceu um entreposto na Ponte Alta, que era passagem obrigatória de mercadorias de São Paulo destinado a região e a Goiás. Tornou-se um verdadeiro potentado.
Partido liberal
Foi líder do partido liberal, ocupando diversos cargos nas esferas do poder em Uberaba.
Coronel da Guarda Nacional
Serviço militar
Alferes
Deputado provincial
Deputado provincial em uma legislatura
Título de nobreza
Oficial da Ordem da Rosa
Residência;
Uberaba, Minas Gerais, Brasil
Instalou-se
Serviço militar:
Paraguay
Na área militar, foi alferes e coronel da Guarda Nacional, tendo participação importante na Guerra do Paraguai
Fonte: Documentos e Certidões e publicações no Arquivo Público Mineiro, Arquivo Público de Uberaba, Arquivo Nacional, Jornal Gazeta de Uberaba
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
Rua Dr. José de Souza Prata
Conheça o Patrono da Sua Rua
Rua Dr. José de Souza Prata
Nome: José de Souza Prata ★1897 †1962
Naturalidade: Ouro Preto – MG
Filiação: Carlos Simões Prata e Maria Antonieta de Souza Prata
Casado com: Nadir Cruvinel Borges Prata (3 filhos)
Profissão: Advogado
Participação da Comunidade: Formado pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, exerceu os cargos de Promotor de Justiça, Delegado e Juiz Municipal da Comarca de Sacramento e Uberaba. Deixando a magistratura, abriu escritório de advocacia em Uberaba, distinguindo-se logo como profissional de altas qualidades e impondo-se imediatamente ao apreço de seus colegas e clientes pela sua consciência jurídica esclarecida, sólida cultura e elevada idoneidade moral. Foi professor da Escola Normal Oficial e pertencia ao corpo docente da Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro e Faculdade de Direito de Franca – SP, sendo um dos professores fundadores, prestando a estes estabelecimentos de ensino superior até o fim de sua existência os mais apreciáveis serviços. Exerceu também cargos eletivos na vida várias instituições uberabenses, inclusive na Presidência da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, hoje ABCZ, sendo um dos fundadores. Durante a sua administração foi erguido o edifício na Rua Manoel Borges que lhe serviu de sede por longos anos. Varias vezes diretor do Jockey Club de Uberaba; Provedor da Santa Casa de Misericórdia: Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Uberaba. Militou na imprensa local durante muitos anos, como comentarista sagaz e cronista, sendo um de seus colaboradores efetivos, contribuindo para maior projeção dos nossos jornais e elevação de seu conceito cultural.
A preocupação de servir foi a tônica de sua personalidade e dinamizou diversos setores na vida de Uberaba.
”A memória é que constrói a História”
(Jacques Le Goff)
Criação e Coordenação de Dorival Luiz Cicci.
Fonte: Documentos e Certidões em poder da família e publicações no Jornal Lavoura e Comércio. Publicado em 15 de outubro de 1999.
Pesquisa: Familiares e amigos.
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terça-feira, 15 de dezembro de 2020
Discurso Pronunciado pelo Sr. Dr. José Mendonça, na solenidade programada pela Ordem dos Advogados do Brasil, em homenagem ao Dr. José de Souza Prata
Prezados Colegas,
Dizem um adágio francês que quinze dias fazem de uma morte recente uma velha noticia.
Outro afirma que esquecimento cresce mais depressa nos corações dos homens do que a erva sobre os túmulos.
Mas nós, Prata nosso amigo e nosso irmão, estamos aqui para dizer-lhe que por mais que passe o tempo continuaremos a vê-lo, nesta casa, que por mais de trinta anos você honrou e enalteceu pelo espírito, pela inteligência, pela cultura, pelo caráter, pela capacidade de trabalho e sacrifício pelo amor ao Direito, à Pátria e a Humanidade, representando o que temos de melhor e de mais puro em nossa própria civilização.
Estamos aqui, querido Prata para dizer-lhe que por mais que decorram os dias e os anos, continuaremos e senti-lo ao nosso lado, envolvendo-nos com o carinho de sua amizade, guiando-nos e orientando-nos com os exemplos perenes de seu reto procedimento, de suas preclaras virtudes morais e cívicas, de sua dedicação de todas as nobres causas humanas e patrióticas, iluminando-nos com as luzes de sua sabedoria.
Continuaremos, principalmente, a sentir as palpitações do seu grande coração, que tanto soube amar e sofrer, ungido de ternura e vibrando forte quando se tratava de lutar pela justiça , e que, por isso mesmo, não pode pulsar, neste mundo, por dilatado tempo, grande coração de advogado.
Você foi juiz e advogado. E, no exercício dessas profissões, um apóstolo do bem e da verdade.
Você creu, Prata na redenção espiritual e moral dos homens; na expressão romana do Direito, na expressão cristã da justiça e da bondade.
Creu no aperfeiçoamento da nossa espécie pela razão e pela fé: num mundo melhor, onde as gerações vindouras poderão viver libertas de todos os temores, cantando o hino da fraternidade, do trabalho e da paz.
Por isso você fez de sua vida um poema de amor ao Direito, à Humanidade e ao Brasil.
Você conquistou o respeito e o afeto de nossa gente, por sua prolongada atuação na luta pelo Direito; pela compressão profunda do dever: pela sua coragem que foi como um sopro divino, fazer justiça e em proclamar a verdade.
Juiz e advogado!
A sua vida, Prata, nosso amigo e nosso irmão, foi santificada pelo amor ao Direito.
Mas, você foi, também, professor.
Para ensinar, é preciso muito amar .
Ensinar! Que maravilha de altruísmo, de dedicações e de serviços encerra essa simples palavra!
Ensinar não é, apenas iluminar espíritos, redimindo-os das trevas da ignorância
Ensinar é plasmar caracteres e formar corações; é abrir às gerações, que começam a viver, os amplos e claros horizontes do saber, do trabalho, da alegria de existir para ser útil a família à, à pátria e Humanidade.
Ensinar é fazer compreender aos jovens que ninguém pode viver sem religião, sem honra e sem moral.
Ensinar é infundir no espírito dos moços a certeza de que os bens supremos , neste mundo, são os de ordem espiritual e moral, principalmente o Direito, a Justiça e a Liberdade.
Ensinar é ajudar a ser bom, pois, sem a bondade a vida seria insuportável.
Ensinar é transmitir aos outros alguma coisa do nosso próprio “eu”; é fazer com que uma chamado nosso ideal brilhe fulgure no espírito dos nossos semelhantes; é fazer com que nossa orquestra interior vibre, em sons maravilhosos.
Ensinar é formar homens.
E você querido Prata, foi um dos melhores professores de Uberaba, na Escola Normal e na Faculdade de Direito.
A sua escolha para paraninfo dos bacharéis do ano passado, em nossa Faculdade, é a melhor prova do que afirmo.
E centenas de jovens vão continuar, no tempo e no espaço, a pureza dos seu sentimentos, seguir as diretrizes de suas lições, as linhas restas dos seus propósitos, o grande, o imenso, o maravilhoso idealismo de bondade, de amor à justiça e ao dever, que aclarava a sua vida.
Centenas de moços estão hoje, elevando aos céus as preces mais comovidas, para que você encontre, no seio carinhoso de Deus, aquele mesmo e ardente amor que sempre dedicou à juventude.
Formador de caracteres plasmador de inteligências e de corações!
E você foi ainda, jornalista. Nunca a sua pena transformou em punhal do sicário, nunca feriu, nunca fraudou, nunca, direta ou indiretamente, levou o mal a quem quer seja.
Na contrário, ensinando, doutrinando, manifestando-se tão somente de acordo com os ditames da sã consciência, voltou-se, exclusivamente, aos interesses do bem comum, desdobrou-se era benefícios, fez esplender a beleza ensinou, confortou, encorajou, entusiasmou
Quantos espíritos iluminou, a quantos indicou o caminho da verdade, quantas almas confortou, quanto bem realizado!
Uberaba o abençoa pelos frutos de ouro das messes e das cearas opimas que fez crescer, das fecundas sementeiras, que espalhou!
Colega e amigo, Prata, nenhum melhor que você.
Porque não animava, apenas o sentimento das mais completa e absoluta lealdade.
Você se distinguia pela sua vontade de ser útil, de bem servir aos seus colegas, aos seus companheiros. E nos era viva, que era intensa a sua alegria, quando tinha a oportunidade prestar um serviço a qua quer que um de nós.
Eu mesmo, em momentos de dúvida, muitas vezes me dirigi a você, procurando as luzes da sabedoria e da experiência .
E via, logo, que você tinha prazer em me ajudar, em estudar comigo a matéria controvertida.
No seu grande coração, cabiam todos os seus colegas, todos os seu amigos, todos os seus companheiros.
Por isso, estamos aqui para dizer-lhe que em nossos corações, a sua presença será perene, você estará sempre vivo, na perenidade do nosso amor.
O pensamento de sua morte, Prata, nos trás pensamento de Vida.
à de sua morte, nos traz pensamento de melhoria, de purificação da nossa própria existência.
O pensamento de sua morte nos traz o pensamento de que a vida só vale como você a viveu, para a realização de nobres aspirações , que reduzem em benefício dos outros homens e aprimorem o nosso próprio espírito. O pensamento de sua morte nos faz considerar que devemos aproveitar esta vida, tão transitória , tão efêmera, para pelejarmos, como você pelejou , para que, um dia, todas as crianças sejam alegres e sadias e cresçam, sem temor do mundo e do futuro; para que todos os homens e todas as mulheres sejam felizes no trabalho, tenham um teto, alimentação, vestuário, livros, remédios educação; para que a pobreza, as misérias, as humilhações, as violências, as rapinas, as perseguições desapareceram da face da terra; para que todos os povos vivam em paz.
O pensamento de sua morte nos solicita a viver e lutar, como você viveu e lutou, pela razão , pelo direito, pela justiça, pela liberdade, pela fraternidade.
O pensamento de sua morte nos aproxima de Deus e nos renova a esperança de que viveremos, gloriosamente, mais felizes, num mundo melhor, onde você, com certeza, está vivendo.
“...ó carrilhões dos cismos
Tangei! Torres da fé vibrai os { nossos brados}
Dizei, sinos da terra, em {clamores supremos},
Toda a nossa tortura aos {astros de onde vimos, Toda a nossa esperança aos {astros aonde iremos”
Prata, amigo e irmão, vimos, hoje, trazer-lhes flores mais lindas que há no mundo; - as flores da amizade, do carinho e da ternura, nascidas no coração , para que ela, naquele mundo melhor, você as tenha perpetuamente ao seu lado, significado a perenidade do nosso Amor!
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
A herança
Dentre todos, o mais divertido, sem sombra de dúvidas, foi o Tio Orestes, natural de Araxá e dentista de profissão casado com a Tia Nair, irmã de papai.
Cabe aqui uma curiosidade sobre os nomes da família:
A nona era uma italiana que além de muito bonita era autoritária ao extremo e escolhia os nomes dos filhos; porem o Nono nem sempre concordava com as escolhas dela e como era ele quem registrava os rebentos, ao fazê-lo, fazia algumas pequenas alterações, senão vejamos:
O tio Benito Caparelli, foi assim batizado em homenagem ao “Duce” (Benito Mussolini) sendo que o tio, por ironia do destino, veio a se tornar um comunista ferrenho na juventude, tendo sido eleito como o vereador mais votado em Uberaba no pleito de 64, onde findou o mandato cassado e preso pela ditadura. Tempos depois, nas palavras dele mesmo, tornou-se um capitalista selvagem, porém sem nunca renegar suas origens políticas.
Mas, pasmem vocês, eu só soube que ele se chamava Benito justamente quando ele se candidatou, pois todos o conheciam como Natal e alguns mais íntimos o chamavam às vezes de “Natal Galinha”, não sei por que. Acontece que a Nona bateu pé e queria porque queria que ele se chamasse Natale e o Nono, para não a contrariar, visto que a ideia não era lá muito saudável para a relação, o registrou como Benito e só contou a ela muito mais tarde quando foram batizá-lo.
A tia Nair, pela mesma forma foi registrada como “Iolanda” nome que ao que parece não era muito do seu agrado, tanto que nem ela o usava.
A tia Alzira teve só uma leve alteraçãozinha e foi registrada como Elzira.
Depois do longo rodeio, voltemos ao tio Orestes, que eu chamava carinhosamente de TIÓ.
O Tió não era nada bonito, pelo contrário, era um “sem beleza” (me perdoe os primos e prima), mas que na juventude, antes de namorar a tia Nair, fazia sucesso com as mulheres em Araxá, não pela beleza, mas sim pela sua simpatia, pela sua eloquência, pela sua graça e espirituosidade.
Um dos seus bordões era chamar a tia Nair como “Naíro”, visto que uma das qualidades que a tia herdou da Nona, além da beleza foi a autoridade e o tio piava fino com ela.
O tio migrou de Pratinha, onde tinha seu consultório, para Brasília com a família alguns anos antes da inauguração, meio que fugido da cidade por conta de um mal-entendido com uma certa senhora casada da comunidade pratinhense.
Deu-se que ele já com planos de se mudar para a futura capital, ao cumprimentar a senhora em questão, depois do bom-dia de praxe, emendou, inocentemente, o malfadado comentário – Vambora pra Brasília, Socorro? – Era o nome dela, Maria do Socorro.
Ela ruborizou instantaneamente e nem resposta deu ao tio, indo direto contar o sucedido ao marido, que saiu tiririca da vida ao encontro do dentista assediador para esclarecer os fatos.
Depois de muitas desculpas e explicações por parte do tio, o marido deu-se por satisfeito e retirou-se para seu sítio.
Porem a mulher dele já havia contado a “cantada”, tim-tim por tim-tim para as fofoqueiras de plantão, de formas que nesse pequeno intervalo de tempo decorrido, praticamente toda a cidade já sabia do entrevero e “de mais a mais” (expressão do meu amigo Tharsis) a ofendida não aceitou muito bem a resolução do caso, exigindo uma atitude mais enérgica do marido.
O tio então, vendo que a situação se tornava periclitante, resolveu antecipar sua mudança para a nova capital.
Ele conta que nem esperou o dia amanhecer; juntou as trouxas, tomou um carro de praça com a família e rumou para Araxá e de lá para Uberaba onde depois de alguns dias hospedado na casa da Nona e preparando a coisas para a viagem, migrou finalmente para Brasília, onde fez a vida.
A família Vieira Borges a qual o tio pertencia, se não era abastada, pelo menos tinha algumas propriedades na cidade de Araxá, formando um patrimônio respeitável.
Vários inventários depois, já na década de oitenta deu-se que um irmão do tio veio a falecer sem deixar herdeiros e a casa que ele morava, seu único patrimônio, seria dividida pelos irmãos restantes que eram três (o tio e mais dois).
Era período da Exposição de gado em Uberaba e foi marcada uma reunião de família em Araxá para acertar a divisão da herança, onde provavelmente os irmãos comprariam a parte do tio, pois os dois se deram bem na vida e eram fazendeiros bem sucedidos na região.
Passando por Uberaba o Tio fez pouso na minha casa e de manhã meu pai se prontificou a leva-lo até a rodoviária para pegar o ônibus para Araxá. Para nosso estranhamento, o tio apareceu com uns trajes bem gastos, quase trajes de mendigo e questionado pelo meu pai, ele explicou o plano:
-Tenho que parecer bem pobre, pois já falei pra eles que estou passando muitas dificuldades financeiras, assim eles abrem mão da parte deles da casa.
Meu pai achou o plano meio que simplório, mas com o Tio Orestes tudo era possível.
Tanto era possível que deu certo.
No outro dia o tio chegou todo sorridente, contando que eles concordaram em vender a casa e repassar o dinheiro para ele e ainda, condoídos com a penúria do Tió, perguntaram se ele não precisava de mais algum para se equilibrar, porem ele com crise de consciência, recusou.
Aproveitando que estava em época de exposição, o tio convidou meu pai para irem comemorar no recém inaugurado “Chopim”, hoje Cupim Grill, com toda a despesa por conta dele.
Imediatamente meu pai ligou para o Érico, dono do restaurante e cliente da loteria, para que ele reservasse uma boa mesa de pista, isto é: de frente para o movimento da rua interna do recinto da Exposição e de onde se apreciava o movimento de vai e vem do “gado vacum”.
O tio para comemorar, foi de tarde no “Caldas Magazine”, comprou uma calça linho 120, camisa e meias de seda e um belo sapato “cromo alemão” comprado na “Samello”.
Não fosse pela sua feiura de nascença, o tio estaria fazendo inveja ao Sean Connery em elegância.
Lá pelas oito da noite, chegaram no Chopin e se aboletaram na mesa, pedindo os Chopps e tira gostos.
Assim estavam os dois colocando os assuntos em dia e tomando os Chopps, quando meu pai vira para ver uma bela vaca de exposição que passava em frente e ao retornar a cabeça para o interior do bar, não vê o Tio.
Olha em todas as direções e não o encontra, pensando aonde o tio teria ido sem comunicar nada. Matutando o que teria acontecido, meu pai percebe algo puxando a barra da sua calça por baixo da mesa.
Ora, e não é que era o tio que havia se metido lá em baixo?
Colocando a cabeça um pouquinho pra fora do pano de mesa e pondo o dedo indicador sobre os lábios, o tio fez “pshiiiiiu” para meu pai pedindo pra ele ficar quietinho.
Sussurrando bem baixinho ele só conseguiu falar pro meu pai:
- Meus irmãos...... tão entrando.
Meu pai quase sem conter o riso e disfarçando também, pergunta; e agora, Orestes?
- Quando eles entrarem você me fala. Sussurra o tio.
Por sorte, as mesas da frente estavam todas ocupadas e os irmão foram lá para o fundo´
Assim que eles tomaram assento, meu pai comunicou ao tio que a barra estava limpa e ele de fininho, morrendo de medo de ser visto, saiu de baixo da mesa e rumou de gatão em direção à saída.
O Luiz garçom, de saudosa memória, vendo a situação perguntou ao meu pai:
- Uai, Caparelli, que houve com seu amigo?
Meu pai, espirituoso como sempre responde:
- Problema de coluna. - Passa a régua e traz a conta.
Marcelo Caparelli
AINDA A FARSA DO ANIVERSÁRIO DE “200 ANOS” DE UBERABA
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
NÃO ESTÁ FÁCIL!
Moura Miranda
É meus amigos a vida não está fácil. Se não bastasse a terrível COVID 19, que nos tirou o direito a uma vida normal e está nos levando a uma exaustão fisica e mental outros fatores não estão permitindo que a vida esteja fácil e tranquila pelo menos para mim. Sou jornalista esportivo há 50 anos, 47 somente na Rádio Sete Colinas de Uberaba. Nestes anos todos vivi bons e maus momentos no nosso futebol. Por uma questão de opção depois de proveitoso tempo na Rádio Guarani, de Belo Horizonte, resolvi me fixar em Uberaba e recusar ofertas de trabalho em outras cidades e veículos. Porém
depois da virada do milênio o futebol uberabense tem enfrentado momentos de muitas dificuldades e decadência tanto o Uberaba Sport Clube de grandes performances nos anos 70 e 80 quanto o Nacional Futebol Clube sempre respeitado participante das competições regionais. Nestes anos todos tive por parte dos torcedores, dirigentes, colegas de trabalho e principalmente dos meus patrões e anunciantes o maior respeito e admiração. Do que muito me orgulho. Isto não foi conquistado de graça. Foi graças a um trabalho sério, extremamente profissional e de sacrifícios pessoais, entre os quais centenas de viagens nas mais diferentes condições acompanhando nossos clubes Brasil afora. Dediquei dois terços de minha vida ao esporte de Uberaba e a comunicação esportiva. Me preparei. Fiz faculdade de comunicação e inúmeros cursos de preparação e aperfeionamento. Não sou um jornalista por brincadeira ou diletantismo. Acredito que só sobrevivi na profissão até aqui por ser sério, honesto e de opiniões bem fundamentadas naquilo que acredito e aprendi em meio século de luta. Nos últimos anos, principalmente de 2012 para cá, quando o Uberaba Sport Club deixou a elite do futebol mineiro rebaixado para a segunda divisão e desta em duas oportunidades para a terceira onde se encontra, venho acompanhado as suas dificuldades. Na medida do possível dentro da ética e honestidade que minha profissão exige, tenho procurado dar minha colaboração e ajuda. Sou responsável há 40 anos pelo Departamento de Esportes da Rádio Sete Colinas, única emissora de rádio da cidade que jamais deixou de divulgar nossos clubes e nosso esporte. Além de narrar jogos, vender e receber publicidades, pagar os funcionários, e demais despesas sempre procurei manter o meu nome limpo e respeitado. Não devo absolutamente nada e nunca dei prejuízo à ninguém e o que consegui foi fruto da minha luta, do meu trabalho. Sou extremamente grato aos amigos e colaboradores que sempre me ajudaram.
No entanto tenho enfrentado, já há alguns anos, por parte de alguns poucos é verdade, acusações de ser um dos responsáveis pelos fracassos do Glorioso USC. Mais como? Tenho indagado. Não sou jogador, não sou dirigente que contrata jogadores e comissões técnicas, não apito jogos onde então está minha culpa? Os fanáticos desafetos sempre justificam suas acusações com os mesmos argumentos: você não ajuda, é sempre contra e só sabe meter o pau. Meu Deus, será que tenho estes poderes todos de transformar craques em pernas de pau e de boas contratações em fracassos? Será que minhas críticas são responsáveis por oito consecutivos anos de fracassos? Sempre admirei e elogiei aqueles que nos últimos anos vem tentando reerguer este que é um dos maiores clubes do interior do Brasil mesmo que não tenham alcançado seus objetivos. Isto não tem bastado.
Nos últimos tempos, com o surgimento das redes sociais, tornou-se muito fácil ser "cronista esportivo". Não precisa ter nenhuma formação, responsabilidade e sequer um veículo de comunicação para tentar exercer influência e disparar suas flechas para fazer média e angariar simpatia. Basta ter coragem e acesso a uma rede social, ou ao espaço de algum amigo, para falar o que vem à cabeça com fundamento ou não. Faço este desabafo, pelo qual peço desculpas aos meus amigos, talvez levado um pouco pelos momentos conturbados que estamos vivendo, mas acho que estou chegando ao meu limite. Há um ano prometi aos meus colegas de trabalho, que este ano iria me afastar um pouco e omitir ao invés de emitir opiniões para não ser acusado de prejudicar o Uberaba na terceira divisão. Mais bastou o time, que teve boas condições de preparação, em três jogos só ter vencido um e assinalado apenas dois gols o que levou me a comentar que esperava um melhor rendimento dos atletas para que as armas da insatisfação de alguns poucos inconformados se voltassem contra mim. Até alguns que considerava amigos perderam parte de seus tempos para me acusar, em rodas e redes sociais, de estar atrapalhando o time. Gostaria de ser tão poderoso mais não sou. Se tivesse algum poder superior ajudaria o USC a jogar melhor e chegar o mais rapidamente aos patamares que ele já esteve um dia e fui testemunha. Como sou apenas um jornalista que não faz média e nem vende ilusões vou continuar como sempre fui, honesto e imparcial, procurando apenas alertar, baseado na experiência acumulada com o tempo e segundo a minha consciência, mesmo que isto me custe perder algumas pessoas que julgava serem minhas amigas.