Essa história minha mãe adorava e foi contada pelo meu folclórico amigo Aluísio ex-combatente da grande guerra e que se casou em segundas núpcias com minha gerente à época (ele já com mais de 80 anos).
Conheci alguns ex-combatentes, entre eles o Mario Daher, que mancava um pouco, segundo ele devido a um tiro em batalha; o Sr. José Rodrigues, freguês da loteria; o Pororoca, que foi sócio do Finado Pantaleão e o impossível Aluísio.
Para se ter uma ideia desse personagem, reza a lenda que dentre os “pracinhas” da região que combateram na Itália, ele foi o único que se apresentou voluntariamente. Contava-se também, nas nossas rodas de conversas algumas peripécias dele depois da guerra, entre elas o assalto ao banco do Brasil em plena manhã e de cara limpa.
Como na época estava muito em moda os assaltos a banco praticado por terroristas, resolveu ele que seria muito engraçado passar um susto nas pessoas e assaltou o banco com uma pistola de brinquedo. Depois de colocar todos deitados no chão, rumou para a mesa do gerente, colocou a arma ali e começou a rir.
Outra foi com um desafeto dos correios (me dou o direito de não mencionar o nome) que andou espalhando o boato que ele não teria participado de combate algum.
Pois bem, certo dia nosso personagem invadiu o escritório do Zez... (ops, quase saiu o nome), parou em frente à sua mesa, sacou o trabuco e anunciou a menos de um metro de distância:
- É hoje que te mato, vagabundo!
Ato contínuo, mirou o peito do servidor que paralisado pelo medo, balbuciava qualquer coisa ininteligível e “pregou fogo”. Sorte que a bala era de festim, só fez barulho.
Contava-se que o fofoqueiro desmaiou, isso não sei, o que sei é que calça e cueca ficaram imprestáveis.
Depois dessa apresentação, vamos à história, que é curtinha:
Estavam eles em uma caminhada por uma estrada na região de Pistóia, durante uma das tentativas de tomar o Monte Castelo quando um batedor alertou esbaforido:
- Sargento, os alemães nos viram! Estão chegando pela retaguarda!
O sargento, com aquele garbo nato de comandante de homens chamou seus homens aos brios:
- Soldados, é chegada a hora! E soltou o lema bem alto:
- Ou mato ou morro!
E todos em uníssono: Ou mato ou morro!
Lá de trás, um soldado franzino comunica ao superior:
- Sargento, não tem mato!
Responde o sargento: - Então corre pro morro!
Os.: Trata-se evidente de mais uma piada do Aluísio, pois nossos pracinhas souberam dignificar o nome do Brasil perante o mundo, conquistando o morro de Monte Castelo depois de cinco tentativas. Fizeram mais de 20000 prisioneiros e dos 25 mil componentes da Força, 450 soldados, 13 oficiais e oito pilotos morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos. Em tempo, quem comandou a “tomada” foi o tenente coronel Humberto de Alencar Castello Branco (ele mesmo, o primeiro presidente da revolução).