quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Ou mato ou morro!

Essa história minha mãe adorava e foi contada pelo meu folclórico amigo Aluísio ex-combatente da grande guerra e que se casou em segundas núpcias com minha gerente à época (ele já com mais de 80 anos).

Conheci alguns ex-combatentes, entre eles o Mario Daher, que mancava um pouco, segundo ele devido a um tiro em batalha; o Sr. José Rodrigues, freguês da loteria; o Pororoca, que foi sócio do Finado Pantaleão e o impossível Aluísio.

Para se ter uma ideia desse personagem, reza a lenda que dentre os “pracinhas” da região que combateram na Itália, ele foi o único que se apresentou voluntariamente. Contava-se também, nas nossas rodas de conversas algumas peripécias dele depois da guerra, entre elas o assalto ao banco do Brasil em plena manhã e de cara limpa.

Como na época estava muito em moda os assaltos a banco praticado por terroristas, resolveu ele que seria muito engraçado passar um susto nas pessoas e assaltou o banco com uma pistola de brinquedo. Depois de colocar todos deitados no chão, rumou para a mesa do gerente, colocou a arma ali e começou a rir.

Outra foi com um desafeto dos correios (me dou o direito de não mencionar o nome) que andou espalhando o boato que ele não teria participado de combate algum.

Pois bem, certo dia nosso personagem invadiu o escritório do Zez... (ops, quase saiu o nome), parou em frente à sua mesa, sacou o trabuco e anunciou a menos de um metro de distância:
- É hoje que te mato, vagabundo!

Ato contínuo, mirou o peito do servidor que paralisado pelo medo, balbuciava qualquer coisa ininteligível e “pregou fogo”. Sorte que a bala era de festim, só fez barulho.

Contava-se que o fofoqueiro desmaiou, isso não sei, o que sei é que calça e cueca ficaram imprestáveis.
Depois dessa apresentação, vamos à história, que é curtinha:
Estavam eles em uma caminhada por uma estrada na região de Pistóia, durante uma das tentativas de tomar o Monte Castelo quando um batedor alertou esbaforido:

- Sargento, os alemães nos viram! Estão chegando pela retaguarda!

O sargento, com aquele garbo nato de comandante de homens chamou seus homens aos brios:
- Soldados, é chegada a hora! E soltou o lema bem alto:
- Ou mato ou morro!

E todos em uníssono: Ou mato ou morro!

Lá de trás, um soldado franzino comunica ao superior:

- Sargento, não tem mato!

Responde o sargento: - Então corre pro morro!

Os.: Trata-se evidente de mais uma piada do Aluísio, pois nossos pracinhas souberam dignificar o nome do Brasil perante o mundo, conquistando o morro de Monte Castelo depois de cinco tentativas. Fizeram mais de 20000 prisioneiros e dos 25 mil componentes da Força, 450 soldados, 13 oficiais e oito pilotos morreram e cerca de 12 mil ficaram feridos. Em tempo, quem comandou a “tomada” foi o tenente coronel Humberto de Alencar Castello Branco (ele mesmo, o primeiro presidente da revolução).

(Marcelo Caparelli)

TODO UBERABENSE PRECISA LER ESTE LIVRO!

A Metrópole Imaginária, meu próximo livro, a ser lançado pela Editora UFPR, conta um período da história de Uberaba (MG), quando os grupos que frequentavam as colunas sociais do Lavoura e Comércio aprenderam a encenar uma espécie de sociedade aristocrática para conquistar o privilégio de exercer a violência sobre os demais cidadãos. Resultado de dez anos de pesquisa, depois de meu doutorado em História na Unesp, o livro explica os artifícios para obtenção de prestígio, o comércio simbólico de autoelogios circulares e a criação de mitos que supervalorizavam personagens inexpressivos e estigmatizavam os uberabenses "indesejáveis". Um estudo indispensável para compreender o bairrismo, o provincianismo, os delírios de grandeza e o domínio histórico de um punhado de famílias tradicionais.

A Metrópole Imaginária

Veja como garantir o seu exemplar na pré-venda. A tiragem é limitada. O livro pode ser encomendado nesta plataforma de financiamento coletivo. Como não faremos lançamento presencial, a única forma de obter um exemplar com dedicatória é através do financiamento coletivo.

O financiamento coletivo se encerra em 9 dias,


(André Azevedo da Fonseca)

TIÃO MEDONHO X JOSÉ HUMBERTO

Oi, turma !

(O povão quando decide ir para um lado, é água de morro abaixo e fogo de morro acima ...)

O médico, José Humberto Rodrigues da Cunha, uma das mais expressivas figuras da sociedade uberabense, além de um profissional humanitário, salvou muitas vidas, dedicou-se à política partidária. Vereador e depois Deputado Federal, por 2 legislaturas, era o principal nome da região na legenda de União Democrática Nacional, UDN, a “ eterna vigilância”. Teve uma excelente passagem no Congresso Nacional. No consultório médico, atendia, com zelo e probidade, a todos que o procuravam. Adib Jatene, depois nome internacional na cardiologia, trabalhou cinco anos com ele, onde realizou as primeiras experiências extracorpóreas. Dr. José Humberto, sempre pautou por mérito, atendendo a todos com expressivo carinho e dedicação. Segundo me contou o amigo, professor Décio Bragança, ele saiu triste da política quando não conseguiu a segunda reeleição.

Ele disputava com o famoso ricaço, Sebastião Paes de Almeida, o “Tião Medonho”, os votos dos uberabenses e triângulinos, a uma cadeira à Câmara Federal. Infelizmente, perdeu para o “ rei do vidro” do Brasil. Décio, contava:- “Tião Medonho, estava em plena campanha na região. Carros enfeitados com bandeirolas, cartazes, “santinhos”, som; e viajava de Uberaba rumo a Araxá . Ao cruzar o rio Araguarí, deparou com 3 homens às margens do rio, prontos para a pescaria. “Tião”, pediu ao motorista, parasse o carro. Desceu e logo “puxando o papo” com os pescadores à procura de votos com os possíveis eleitores.

-“Vida boa, hein? Enquanto a gente trabalha, ’ceis tão aí na maior folga do mundo, pescando, né ?. Um pescador, “de cara” reconheceu:-“O senhor não é Tião Medonho?”, perguntou. “O senhor num percisa trabaiá muito não. Já ganhou. Tá eleito”... “Tião Medonho”, estufou o peito e retrucou:- “’oceis acham mesmo?. Então me façam algum pedido”, disse, sorrindo . O primeiro pescador, rápido no gatilho;-“ Manda prá mim, uma coleção de anzóis, tá”. Daí, o segundo:- “Se o sinhô pudé, eu queria ganhá uma coleção de linha de pesca. De aço e nylon”.

O terceiro, tinha tomado “ umas e outras”, foi taxativo:-“Queria muito uma enxada!”. “Tião”, cochichou ao ouvido do motorista:- “Chico, prá esse aí, manda um trator. É o único que quer trabalhar”. Ouvindo aquela ordem, o pescador “lascou” prá cima do candidato:- “Uai, “seo” Tião, ganhar um trator prá arrancar minhoca?. Precisa não, a enxada resolve”..

Dr. José Humberto, não foi reeleito. Sebastião Paes de Almeida, o lendário, eleito com expressiva votação. Com a eclosão do movimento civil- militar de 64, ele foi cassado pelo abuso de “grana” na campanha. Bom fim de semana. Abraços do “Marquez do Cassú”.

A Cia. Cinematografia São Luiz Ltda institue interessantíssimo concurso

Há exatos 80 anos, em outubro de 1940, a Cia Cinematográfica São Luiz realizou um concurso para que a população de Uberaba escolhesse o nome do novo cinema da cidade.

Recorte do jornal Lavoura e Comércio:
 Terça-feira, 01 de outubro 1940.


Recorte do jornal Lavoura e Comércio 

Eu conto essa história no meu novo livro: A Metrópole Imaginária". Reproduzo aqui um trecho:

"Diversos nomes “excêntricos” foram sugeridos, tal como “Cine Árvore da Ciência”, “Cine Divina Pastora”, “Cine Cabana do Sul América”, “Cine Paraíso Terrestre”, “Cine Sinagoga Terrestre”, “Cine Assistência e Orgulho”, “Cine Boitatá” e “Cine André Jorge”. Em segundo e terceiro lugar, respectivamente, ficaram os nomes “Cine Atalaia” e “Cine Vera Cruz”. Mas naquela cidade com sua incorrigível obsessão pelos ares de grandeza, é claro que o nome escolhido para o majestoso cine-hotel na Avenida Leopoldino de Oliveira não poderia ser outro, que não: “Cine Metrópole”."

=================================

O livro está em fase de pré-lançamento. Ele será lançado em breve pela editora da UFPR, com tiragem limitada. Se quiser garantir um exemplar, você pode participar do financiamento coletivo até o dia 19 de outubro de 2020. Assim, você recebe o livro em sua casa, antes do lançamento.


(André Azevedo da Fonseca)

Par e Liga

Éramos um grupo de devotos de São Cono, que, como todos sabem, é o santo protetor dos jogadores. Como bons devotos, nos reuníamos toda segunda feira no templo erigido nos fundos da minha casa, onde realizávamos o nosso culto.

Havia ali, e há até hoje, um fogão à lenha, pilotado por mim e de onde saía um frango caipira, um arroz carreteiro, uma costelinha com canjiquinha, etc.

Ao contrário de outros cultos, o nosso era acompanhado de muita cerveja, uma cachacinha de “guia” e qualquer bebida alcoólica que algum fiel levasse.

Para quem não é familiarizado com esse importante santo da igreja católica, transcrevo aqui a oração de São Cono:

Senhor, eu não quero pecar te pedindo sorte no azar, mas quando você quer pode nos atender através de São Cono uma mão para ganhar uma aposta: se é dia 3 porque é o dia da sua morte; se é 7 e no 07 porque é o número que somam as letras do nome de São Cono; se é 18 é pela idade em que faleceu; se é 11 porque é o número da sua Igreja na Flórida (Uruguai); se é 60 é porque quando trouxeram sua imagem da Itália numa das suas sandálias estava esse número; se é 72 é porque é o final do ano em que foi canonizado em Roma; se é 85 é o final do ano em que se inaugurou sua Igreja.

Senhor, se sou merecedor da sua graça, através de São Cono conceda-me. Amém”
O “altar” que foi confeccionado pelo artista Oripinho, vulgo “bicudinho”, em razão do seu mau humor constante, consistia em uma mesa redonda que abrigava com folga doze fiéis que das 20h até por volta da meia noite, rendiam homenagens ao já citado santo.

É claro que estamos falando do jogo de Cacheta onde os amigos, muito fraternalmente, tentavam tomar o dinheiro uns dos outros.

Os mais assíduos eram: Vandinho; Carijó; Marcão; Brás; Oripim, já citado; esse que vos relata, Simeão; Márcio; Furiati, Godoy; Sakamoto; Adalberto Namura e outros que me escapa os nomes agora.

Entre os eventuais tinha o Moura Miranda, que já estava se tornando habituée das reuniões.

Mas o Moura, apesar de cartear como um príncipe, tinha um azar danado. Parece que o Santo não lhe escutava as preces, ou achava que outros eram mais merecedores que ele, (vai entender esses santos).

Juntava-se a isso as imprecações que o Moura não parava de proferir e estava formada a “tempestade perfeita”.

Numa segunda feira, o jogo seria pif-paf (uma variação da cacheta) e logo na primeira mão, o nosso glorioso Moura sai com dois jogos prontos e um par-e-liga, ou seja, estava “na boa”. Como o pif paf não tem curinga, esse é uma grande mão e vence na maioria das vezes. Para melhorar, cinco jogadores entram na aposta e a mesa fica coalhada de fichas.

Infelizmente, para ele e felizmente para o Zé Coquim, que tinha acompanhado com dois pares e uma “gaveta”, faz boa justamente na gaveta e para o desespero do Moura, depois de muitos descartes, bate com uma dama de copas que dobrou no par do Moura.

Foi a gota d’agua. O Moura, muito bravo, chinga o santo, chinga o Zé coco, maldiz a sua sorte, e, cúmulo da indignação, taca (essa é a melhor expressão que retrata o feito) o baralho na mesa, se levanta e dispara:

-Nunca mais jogo essa merda, que me dê uma doença ruim na mão se eu jogar de novo!

Disse isso e foi embora pisando duro, sem comer e sem dar ouvidos aos amigos que tentavam dissuadi-lo.

Retomada a normalidade do jogo, foi instituído um ”bolão” para saber se o Moura cumpriria a promessa. Opiniões dividas, eu apostei e fui acompanhado por mais cinco de que ele não voltaria mais.

Na semana seguinte, seguindo o protocolo, liguei chamando e laconicamente, recusou. Na outra semana a mesma coisa, bem como na seguinte.

Foi estabelecido então, para os efeitos do bolão, que o prazo seria semana seguinte. Se ele não voltasse, seria decretado a vacância da vaga e outro jogador seria colocado no lugar dele.

Na segunda liguei e ele nem atendeu o telefone!

-Ganhei o bolão, pensei com meus botões.

O menu daquela segunda era costelinha de porco e para surpresa geral, lá pelas 21:00h (que era mais ou menos a hora que saía o rango) surge o Moura, meio que desconfiado, meio que sem graça, parecendo cachorro que peidou na igreja.

-Noite!

- Baum? Respondemos.

O Moura rodeou a mesa, foi nas panelas e antes que alguém perguntasse, disse:

- Passei só prá comer essa costelinha. Disse isso e se serviu antes de todos.

O jogo pausou e todos fomos comer.

Finda a refeição, o jogo retomou e o Carijó que havia apostado que ele voltaria ao jogo começou a pressionar o Moura para ele jogar.

O Moura bisbilhotando (sapeando) o jogo, resistia heroicamente. Porem a resistência foi esmorecendo e o Carijó percebendo que ele precisava de um empurrãozinho sai com essa:

- Ô Godoy, tá sabendo do tratamento novo no Hélio Angotti?

- Sei não, responde o Godoy

- Bomba de cobalto! Cura qualquer doença ruim que der nas mãos.

O Moura, prestando atenção na conversa e já com coceira na mão de vontade de cartear, puxa uma cadeira e fala pra mim que distribuía as cartas:

-Que se dane (a palavra foi outra)! Me dá as cartas!

Parece que o santo não cobrou a promessa do Moura, que continuou com seu azar e jogando como um príncipe.  

(Marcelo Caparelli)

Lei de Murphy

Se algo puder dar errado, dará.

No dia-a-dia da lotérica, sempre acontecia de um cliente vendo o resultado, dizer que aqueles eram os seus números, mas que esquecera de jogar; que a mulher não o deixou jogar; que trocou os números na última hora; que jogava aqueles números toda semana e parou exatamente naquele sorteio; enfim, o repertório de lamúrias era grande.

Eu particularmente não acreditava em nada daquilo, mas como um bom vendedor de ilusões (como o amigo Tharsis me chama), lamuriava junto com o cliente, lamentava a sua (dele) má sorte e tascava sempre o bordão dos tempos do meu pai: “Quem não arrisca, não petisca, galinha morta não belisca, quem não morre não vê Deus!”

Parênteses para esse bordão: meu pai escutava isso na praça da Sé em São Paulo lá pelos idos de 1960 quando o comércio de bilhetes de tiras era o “Ó do borogodó” e a praça da Sé funcionava como uma bolsa de bilhetes onde o Brasil inteiro ia buscá-los para revender nas suas cidades. Para se ter uma ideia do quanto era concorrido esse tipo de sorteio, meu pai colocava um rádio de válvulas (que era ligado bem antes, dando tempo para que as válvulas esquentassem) na porta da loteria onde os apostadores acompanhavam em “ondas curtas” o resultado que era transmitido ao vivo das dependências da CAIXA.

A frente da loteria ficava lotada de apostadores, ganhando de longe da aglomeração diária na frente do saudoso Lavoura e Comércio onde os transeuntes se juntavam para ler as manchetes das notícias que sairiam à tarde.

Voltando à história: era eu o responsável por fazer os jogos dos clientes que repetiam toda semana os mesmos números. Como não existia ainda a teimosinha, meu trabalho era transcrever nos volantes os jogos dos clientes que ficavam no “caderno de jogos”.
Não mencionei o ano do acontecido, mas decorria o ano de 1987 no auge do governo Sarney, onde a inflação galopava e os aumentos no preço dos jogos eram da ordem de 80 a 100% a cada seis, sete meses.
Quando o aumento era anunciado, eu ligava antes para cada um dos clientes para saber se podia repetir os jogos com o preço novo.

Um desses clientes era o Sr. João Pedrosa, eletricista e pai da advogada Jussara Pedrosa (nem sei se ela sabe desse caso), que morou certa época na casa nos fundos da nossa, na rua Sete de Setembro. O jogo dele era, me recordo bem e ainda guardo os recibos, a LOTO, que mais à frente se modernizou e transformou-se na QUINA tal qual a conhecemos até hoje.

O jogo do seu João se consistia em 26 apostas que custavam, no preço antigo, a bagatela de CZ$300,00 (reparem a moeda da época, cruzados).

Em um desses aumentos, liguei para ele informando que o jogo passaria a custar a partir do próximo concurso o valor de CZ$ 583,00 e ele depois de muito reclamar do novo preço, e de lançar impropérios ao governo, me autorizou a repeti-lo.

Na terça feira, ele foi buscar o jogo. Pagou, já com o preço novo, conferiu com o resultado (corria às segundas), pensou um pouco, e me disse que a partir do próximo concurso faria só a metade dos jogos, pois estava ficando caro para ele. Perguntei quais jogos ele queria que repetisse e ele me pediu o caderno e riscou metade das apostas.

- Tira esses que eu risquei e repete o resto. Disse ele.

- Olha que isso não vai dar certo seu João, repliquei e já tentando dissuadi-lo argumentei, procurando provocar nele um medo de ver um bilhete seu premiado e não jogado:

- Olha que pode sair o prêmio nesses jogos que o senhor tirar, hein...

Tentei de todas as formas possíveis. Citei até a 13ª Lei de Murphy (“quando o pão cai, cai sempre com a manteiga prá baixo”), “e na terra” completou magistralmente Adoniram Barbosa o aforismo:
Porem ele ficou irredutível.

- Ô Marcelo, ponderou ele; acompanho esse jogo tem mais de três anos e só fiz terno (acerto de três dezenas, com premiação pequena) até hoje.

Desisti então da empreitada e o jogo foi feito do jeito que ele pediu para a semana vindoura e que seria o concurso Nº 423 do dia 01/06/1987.

Novamente, na terça feira seguinte ele apareceu e me chamou para pegar o jogo.
Pelo seu tom de voz e pela absoluta palidez que ele estampava no rosto, senti que havia algo errado com ele e perguntei:

- Que foi seu João?

- Me mostra o caderno para eu ver que jogos eu risquei, pois no meu jogo original eu acertei as cinco dezenas!

Como o prêmio havia acumulado, de imediato deduzi que ele havia riscado a aposta vencedora. Não falei nada e mostrei o caderno para ele, temendo que ele tivesse um enfarte assim que visse os jogos riscados. Ele pegou o caderno, deu uma olhada rápida, deu uma limpada nos olhos, olhou novamente, agora mais demoradamente, certificando-se de não ter visto errado, ficou mais pálido ainda, coçou a cabeça por uns eternos 20 segundos, me devolveu o caderno fechado e saiu sem falar um “a” e sem enfartar, graças a Deus!.

Abri caderno novamente só para conferir qual foi a aposta riscada por ele e era um jogo de 7 dezenas (21 25 32 34 40 93 94).

O resultado oficial do concurso 423 trouxe as seguintes dezenas sorteadas: 21 25 32 93 94.
Foi realmente uma pena pois o prêmio em dinheiro de hoje seria, nos meus cálculos, uns 5 milhões de reais.

O seu João continuou a repetir seu jogo comigo por mais um tempo, mas a sorte para ele sempre foi tirana. Só bateu à sua porta uma vez.

(Marcelo Caparelli)

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

O BANCO DO CHORO

Oi, turma !

(Ele não quer saber se a mula é manca; quer é rosetar...)

Escrevi em crônicas anteriores, sobre o “Banco do Choro”. Um pedaço de pouco mais de 6 metros quadrados, fincados na esquina da Artur Machado com Leopoldino de Oliveira. À hora do almoço e fim de tarde, os fanáticos torcedores e diretores do Uberaba Sport (Rodolfinho Cunha Castro, Júlio Gimenez, Badú Rocha, “Padrinho” Antônio Rodrigues, Bolão, Nenê Mamá, Orlando Bruno, Luciano Machado, entre outros de saudosa memória), alí se reuniam para lamentar as derrotas e ou glorificar as vitórias do time do coração.

A Avenida Leopoldino, tinha o córrego das Lages ainda aberto, balaústres protetores e uma bucólica paisagem. A Artur Machado, ainda sem “calçadão”, ligada por uma ponte estreita, era passagem obrigatória de carros, caminhões, ônibus e pedestres. Veio o progresso. O corguinho, canalizado. A ponte acabou e o asfalto chegou. O “banco do choro” ficou... Com outros personagens, novos assuntos, “fofocas” diferentes, mas, o eterno “bate papo” diário.

Hoje, fala-se no “mensalão”, lixo, “coronéis” da cidade, quem tá “dando”, quem tá “comendo” e a corrupção é o assunto da moda. Tanto lá “em cima”, quanto aqui em “baixo”. Das 10 da manhã, ao meio dia, Ary Rossi, Silveira, Eduardo, das “Pernambucanas”, Cristovão, dr.Horácio, Nelito Português, comentam os fatos da terrinha. Lembram-se, com saudade, do Maurinho Bartonelli, Marinho Laterza, Cristiano, Tião Motorista e Rubico Buzollo, os mais comentados.

Olhares curiosos se voltam para as beldades que desfilam, os fatos que os jornais fizeram questão de omitir e outros assuntos. Do outro lado da rua, conversam , Juarez Batista, quando vem de Brasilia para saber as novidades da terrinha, Rubão, Sabino Ferrari, Arnaldo, do Banespa e eles não esquecem da falta que faz a simpatia do João Bosco. O “papo” não muda muito...Política, mulher, samba e futebol, né, Netinho ?...
O pessoal do “banco”, está envolto na raiva e fica envergonhado com a falta de pudor, ética, decência, honestidade e integridade dos nossos políticos dirigentes. Sentem-se aflitos em ver esses bandidos de “colarinho branco”, gozando na nossa na nossa cara, tornarem-se ricos da noite pro dia, donos de grandes patrimônios, fazendo festa , viajando com a família para o exterior e comemorando resultados judiciais quase sempre favoráveis a eles.

A turma fica indignada com a corrução que reina por todos os cantos. Lá como cá. Sem a certeza se haverá luz no fim do túnel. Até “ontem”, esses “coronéis” eram “pés rapados”. Atingiram o poder , arvoram-se em empáfias, tornam-se “ídolos de barro” e não passam de reles ladrões. Um dos meus amigos, frequentador do “banco”, desabafou:- “ O Netinho e o Raul Jardim, sempre escreveram que “Uberaba está em todas.” Por certo, estão remoendo em seus sagrados túmulos, ao ver o nome de Uberaba, nos últimos anos, figurar com destaque, nas páginas policiais do Brasil”., completou.
Será que o uberabense vai mudar alguma coisa em novembro? Abraços.“ Marquez do Cassú”.

NOSSOS MONUMENTOS

Oi, turma !
( É triste escapar do espeto e ter que cair n brasa...)


Um bom pedaço da nossa paisagem urbana, passa despercebida pela população. Lá estão instalados os nossos principais monumentos históricos e arquitetônicos. Não são vistos e nem observados como deveria ser. A Igreja de São Domingos; às suas costas, o Mercado municipal, a Faculdade Federal de Medicina, Colégio Nossa Senhora das Dores e Igreja Santa Rita. Esses monumentos retratam a imponência histórica de Uberaba. É de chamar a curiosidade popular, estando na praça Manoel Terra, observar essas antigas construções.

Respeitosamente aos padres dominicanos, comerciantes do mercadão, ex-“cadeião” da terrinha, a garra das irmãs dominicanas, mas, a igrejinha de Santa Rita, é o símbolo maior da sacra terrinha, cartão postal da quase bicentenária cidade . O visitante que aqui aporta, alegra-se em apreciar, visitar e fotografar a igrejinha que abençoa Uberaba. Turistar na terrinha e não ver o nosso mais antigo patrimônio arquitetônico e histórico, não é recomendação que se faça.

Gabriel Toti, um dos historiadores verdadeiros e autênticos da vida de todos os tempos de Uberaba, ignorado por jovens e ignorantes ditos “ historiadores modernos”, conta, com real propriedade, que a “Santa Rita”, foi construída em 1854, por Cândido Justiniano de Lira, ex- agente dos Correios e funcionário da Câmara municipal. Alcóolatra inveterado, estava prestes a ser abandonado pela família, por não largar o maléfico vicio.

Para não ser abandonado por esposa e filhos, “Candinho”, na presença deles, jurou que a partir daquele momento, iria “largar” a bebida. A mulher passou a curtir pimenta nos garrafões de pinga. Em pouco tempo, desconfiou e depois comprovou; os garrafões estavam sempre vazios... Passou a olhar a conduta do marido até que um dia, flagrou- o com a “ boca na botija”...

Corado de vergonha, renovou o juramento. Iria construir uma capelinha em honra de Santa Rita dos Impossíveis. Deixou a bebida e cumpriu a promessa, erguendo às suas expensas, o templo. Em 1875, o comerciante Manoel Joaquim de Vasconcelos , casado há anos, tinha loucura por um filho. Fez voto que se fosse pai, iria ampliar e consertar a capela. Major Quincota” como era conhecido, cumpriu o prometido. Seu filho nasceu em 1877..

No século passado, a Igreja de Santa Rita, foi incorporada ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ao correr dos anos, sempre com verba federal, a “Santa Rita”, é remodelada para alegria de todos nós uberabenses. Amanhã, eu volto. Abraços do “Marquez do Cassú”.


NASCIA A TELEVISÃO NO BRASIL!

Oi, turma !

(É duro ter que trocar 6 por meia dúzia...)


18 de setembro de 1950. Há 70 anos, era inaugurada a primeira emissora de televisão no país e América do Sul. A pioneira PRF-3-Tupí/ Difusora São Paulo, na histórica data, mudava os destinos da comunicação tupiniquim. A cidade de São Paulo, parou para assistir o evento. Um “show” de variedades reuniu o maior elenco de profissionais do rádio, se apresentando pela primeira vez naquele ato inédito: Hebe Camargo, Wilma Bentivegna, Walter Foster, Lima Duarte, Lolita e Airton Rodrigues, entre outros, os “astros” maiores da festa épica.

Dois episódios marcaram a inauguração. Assis Chateaubriand, dono e fundador dos “Diários Associados”, no auge da euforia pelo evento pioneiro, quebrou uma garrafa de champagne numa das 3 câmeras existentes, como se fosse inauguração de navio, danificando-a por um bom tempo...Depois, em pleno andamento da inauguração, os diretores da TV, perplexos, entreolharam e indagaram:-“E amanhã, o que a gente vai colocar no ar?”. Ignoravam por completo que a televisão tem programação antecipada. Foi um Deus nos acuda !...

A TV-Tupi, chegou ao interior dois anos depois: Campinas e Santos, as cidades privilegiadas. O “interiorzão” paulista só viu chegar as imagens anos depois .A escolhida, Ribeirão Preto, pela sua importância comercial, populacional e industrial. O uberabense ia à S.Paulo e voltava entusiasmado com a novidade. Em 1962, na Copa do Mundo, no Chile, caravanas e mais caravanas saiam de Uberaba , indo a Ituverava ,assistir os “vídeo-tapes” do jogos do Brasil.

Nesse meio tempo, um jovem e intrépido uberabense, valente e destemido, transferia para São Paulo, indo trabalhar no Departamento comercial da TV-Tupi. Honras à José Pedro de Freitas. Os “troncos” da repetidora de imagens, segundo estudos preliminares, deveriam seguir para Franca e São José do Rio Preto. Freitas, bateu pé:- “Por que não Uberaba?. Cidade rica, progressista e promissora?”. Sua insistência junto ao comando “Associado” rendeu frutos.

Na Difusora Uberaba, Jorge Zaidan e eu, pela amizade com Freitas, abraçamos a campanha. Mário Grande Pousa, comerciante de destaque na terrinha, era Presidente da Associação Comercial e Industrial , liderou o movimento popular de arrecadação de fundos para aquisição dos equipamentos necessários para as torres de Buritizal e Uberaba. A população entendeu a necessidade da chegada da TV na sacra terrinha. O extinto Banco Triângulo Mineiro, “abriu a conta”. Os uberabenses, principalmente os menos abastados, os primeiros a fazer doações.

A classe”A” da cidade, como sempre, ficou alheia à campanha. Queria ver primeiro se ia dar certo...Quando as imagens chegaram a terrinha, foram os primeiros a comprar os aparelhos...A torre da repetidora instalada na “Boa Vista”, era vista por toda a cidade. “Seo” Vitor, funcionário da “Associadas” em S.Paulo, veio para a terrinha, como encarregado de ligar e desligar os transmissores. Quando ”pifava” um dos aparelhos a “chiadeira” era geral. Quem sofria, coitado ! era o velho Vitor... O uberabense ganhou um novo lazer. Os “televizinhos” apareciam para acompanhar novelas, filmes e esportes. Uberaba, estava integrada a um mundo novo...

Nove (9) anos após os primeiros sinais de TV, chegava a hoje falecida e sempre lembrada TV- Uberaba - canal 5, aproveitando e absorvendo todo potencial técnico-artístico da terrinha. Um dia, contarei como tudo aconteceu e infelizmente, tudo acabou... “Marquez do Cassú”.


terça-feira, 15 de setembro de 2020

DESPEDINDO-ME DO JM

Bem, tudo tem seu dia, sua hora, com sua licença, meu senhor, minha senhora, pego meu chapéu, vou-me embora.

Neste sábado (29/08/2020), logo cedo, pela manhã, eu me despeço do Jornal da Manhã. Aqui depositei o melhor mim. Lançamentos, desfiles, bailes, baladas, boates, boutiques, salões de festas, jantares, clubes (Uirapuru, Jockey, Sírio-Libanês) de campo, academias de ginástica (todas!), quermesses, estúdios fotográficos, reuniões de ocasiões, até à comemoração-solo, organizada pela pandemia - um só bolo, uma só vela, uma só pessoa - tudo de excelente tem sido mostrado por aqui, dentro desta quadra, que é a folha de jornal, em quatro superativas décadas. Desde 1976!


Jorge Alberto Nabut/Divulgação.

Que, na saída, não me venham as chinelas, as bermudas florais, a rede rendada que a varanda colonial ainda pede corpo e cumplicidade. Nada disso ainda faz sentido. E acredito que nunca fará. A não ser na lírica literatura que nos aguarda a leitura. O barco quer traçar outro arco, vagar noutra correnteza, mesmo a desejada incerteza. Quereria enfrentar os jogos eletrônicos da criatividade que ainda viceja. Pois que assim seja. Apostar no oposto, como é do gosto.

A fila anda, mesmo que a dois metros uns dos outros, com máscaras, mas com olhos muito mais ativos, para sabermos se ainda estamos sorrindo para os semelhantes que vêm vindo ou para os dessemelhantes que vão indo. E como sempre fazem as letras, instrumento de meu trabalho, haverá vários meios de nos vermos, várias maneiras de nos lermos.

Foi excelente estar com vocês!

Há mais de quarenta anos estou com vocês e com a família Prata (dr. Edson e Lídia), escrevendo, reportando, contando, comentando. A chegada da internet nos usurpou a novidade e o que ficou de mais interessante passaram a ser os comentários. Que nunca foi feito à esmo. Sempre havia uma referência por trás dos comentários. Algo que tinha lido, visto, ouvido e que soprava a ideia para eu desenvolvê-la, levando em consideração máxima a importância do leitor.

Saio do Jornal da Manhã com o mestrado em paciência (paz-ciência, ou seja, a ciência da paz), e doutorado em jornalismo no nível suma cum laude. Assim espero. Brincar faz bem, sempre.

Abraço fraterno a toda equipe da casa, sem distinção de posição.


Jorge Alberto Nabut

19 de julho de 1967 - Morre Luz Del Fuego, assassinada aos 50 anos, na Ilha do Sol, em São Gonçalo (RJ)

A dançarina Luz del Fuego (cognome que remetia a um batom muito conhecido na época), cujo nome verdadeiro era Dora Vivacqua (1917-1967), natural do Espírito Santo que viveu em Minas Gerais e se estabeleceu no Rio de Janeiro, tornou-se figura emblemática do teatro de revista e de diversos circos: ela dançava contracenando com uma jiboia.

Apesar do controle da família, que chegou a interná-la em hospital psiquiátrico por dois meses, Luz del Fuego prosseguiu sua trajetória de liberdade sexual e causou escândalo quando apareceu nua na Praia de Copacabana, numa estratégia para divulgar seu nome.

Com o intento de fundar o Partido Naturista, fez comícios seminua e foi processada várias vezes por atentado ao pudor. Publicou dois livros para divulgar suas ideias ("A verdade nua" foi um deles), vivia acompanhada de homossexuais que se travestiam no palco e teve casos amorosos com homens capazes de sustentar sua companhia teatral e um futuro projeto de uma colônia de nudismo. Políticos, banqueiros, ministros, fazendeiros, industriais,etc. tinham sua propostas analisadas por ela, que só aceitava as mais vantajosas financeiramente. Ela anotava com zelo os detalhes de suas relações com os amantes, muitas vezes praticadas a contragosto e incluía outras informações que posteriormente poderiam ser-lhe úteis.

Assim relatou Cristina Agostinho, uma de suas biografias, em "Luz del Fuego: a bailarina do povo":
"Não foram poucas as circunstâncias de difícil digestão que ela se viu obrigada a engolir. Algumas até divertidas, como a de um fazendeiro de Uberaba que não tirava o chapéu e as botas nem na cama e que a entediava com uma lengalenga sobre bois, vacas paridas e bezerros. Ou o industrial paulista que na hora do gozo gritava: 'Petrópolis, Petrópolis!'. Outros tantos se masturbavam enquanto ela dançava com as cobras. Houve um político, conhecido pela pose empertigada e pela fama de conquistador inveterado que, no final das contas, não passava de um 'mole', comprazendo-se em ser açoitado com um chicote de cabo folheado a ouro. E as taras sexuais não paravam aí. Um casal milionário, assíduo nas colunas sociais de Jacinto Thormes, pagou uma volumosa quantia à Luz para que ela presenciasse o marido trepando com uma bicha, enquanto a mulher deleitava-se com a cena".

Luz del Fuego manteve por três anos um caso com um banqueiro casado, de meia-idade, que lhe deu de presente uma mansão na avenida Niemeyer com todo o mobiliário importado. Conseguiu por fim realizar seu sonho de criar uma colônia de nudismo, que foi chamada Ilha do Sol, cuja melhor fase foi o período de 1956 a 1961. Teve casos amorosos também com pessoas simples que a ajudavam na ilha. Desentendeu-se com pescadores que rondavam sua propriedade e foi assassinada, em 1967, por dois deles, um dos quais afirmou, com forte carga de ressentimento: “Aquela puta preferiu me escorraçar a receber os meus carinhos”.


Luz Del Fuego


Embora repudiada pelos mais conservadores, que a consideravam "uma ameaça aos bons costumes", Luz del Fuego atraía enorme público para os seus espetáculos e tornou-se uma das vedetes mais conhecidas dos anos 1950 no Brasil, tendo sido contratada, inclusive, para excursionar pelo exterior.
No final dos anos 1940, começou a expor os seus ideais existencialistas, naturistas, em defesa dos direitos da mulher e da liberdade de expressão, e em combate aos preconceitos sociais.

Acabou tornando-se pioneira na implementação do naturismo no Brasil entre os anos 1940 e 1950, tendo sido a fundadora do primeiro reduto naturista da América Latina e a primeira nudista brasileira.
Um de seus livros, "A Verdade Nua", foi censurado pelas autoridades brasileiras conservadoras, que logo trataram de eliminar quaisquer sinais da publicação nas livrarias, e a obra passou, então, a ser comercializada somente por reembolso postal. Todo o dinheiro arrecadado com as vendas seria utilizado para a fundação do reduto naturalista que Luz del Fuego tanto almejava.

Na primeira metade dos anos 1950, a atriz obteve uma autorização da Marinha do Brasil para viver na ilha Tapuama de Dentro, que possui mais de oito mil metros quadrados, e a rebatizou de Ilha do Sol. Lá, fundou o Clube Naturalista Brasileiro, em 1951, o primeiro do gênero na América Latina e sobre o qual mantinha rígido controle, não permitindo a entrada de bebidas alcoólicas, proferir palavras de baixo calão nem a prática de relações sexuais na colônia, distinguindo nitidamente naturalismo de libertinagem. Também não era permitida a entrada de menores de idade e, caso uma pessoa fosse comprometida, o parceiro tinha de estar ciente de sua visita à ilha.

Dora promovia a prática de atividades esportivas, como vôlei, banhos de sol e mar, e exibia aos presentes peças teatrais e filmes — em geral, documentários sobre as colônias nudistas europeias. Pela iniciativa, recebeu uma carta dos organizadores da Confederação Nudista da América do Norte, em 1952, parabenizando-a.


A Ilha do Sol não foi incluída na lista dos roteiros turísticos do Rio de Janeiro, mas tornou-se extremamente popular e atraiu, inclusive, personalidades do cinema americano, como Errol Flynn, Lana Turner, Ava Gardner, Glenn Ford, Brigitte Bardot e Steve McQueen.


Em outubro de 1965, Dora queixou-se à polícia da visita de malfeitores à Ilha do Sol. Nela embarcaram os irmãos pescadores Alfredo Teixeira Dias e Mozart "Gaguinho" em busca de fortuna. Meses depois, del Fuego dirigiu-se novamente às autoridades e denunciou-os pela prática de ações criminosas na região, inclusive pelo assassinato de um outro pescador, tendo informado à polícia o local onde Alfredo estava homiziado.


Na noite de 19 de julho de 1967, uma quarta-feira, Alfredo convocou o irmão para ir à Ilha do Sol para conversar com Dora, porém, revelou durante o percurso que a pretendia assassinar para vingar-se da artista.


Quando a dupla chegou à Ilha, os cães da dançarina fizeram alarde e ela apareceu em seguida, portando um revólver. Alfredo, então, disse-lhe que a embarcação por ela utilizada para transporte estava sendo furtada e convenceu-a a ir com ele atrás dos "criminosos". Ao se afastarem da ilha, ele desferiu-lhe violento golpe na região da cabeça, que a fez cair. Em seguida, abriu-lhe o abdome com golpes de arma branca.

Os dois criminosos retornaram à ilha, onde encontraram o caseiro Edigar Lira e com ele fizeram o mesmo.

Alfredo e Mozart, então, amarraram os corpos a pedras, lançaram-nos ao mar e depois retornaram à ilha para saquear a residência da vítima.

Os corpos de del Fuego e de Edigar foram encontrados apenas em 2 de agosto.

FONTES:
1. "Entre a Luxúria e o Pudor - A História do Sexo no Brasil" - por Paulo Sérgio do Carmo.
2. Wikipédia
Vídeo: filme raro mostrando Luz Del Fuego em 1949, apresentando sua dança com a cobra. Matéria veiculada na Rede Globo, em 1981.

Carisma

Toda cidade tem os seus personagens que se tornam referência para parte da população. São figuras ímpares, alguns engraçados, outros nem tanto. São homens e mulheres com manias estranhas, carisma, inteligência peculiar, enfim, de pessoas que se destacam na sociedade que vivem. Desde os folclóricos personagem que perambulam pelas ruas, até os homens das letras e dos gabinetes. Todos são feito borboletas a enfeitarem os jardins da nossa existência.

Personagem

Lembro bem, pois convivi por mais de 30 anos, do japonês da Tristão de Castro. Yashushi Kikuchi, o saudoso Yassu. Figura impar, pescador dedicado. Ficava lá em sua mesa “especial” tomando sua cervejinha e enrolando salgados. Poucos podiam sentar-se com ele. Algumas vezes tive o privilégio. Em seu bar borbulhavam as discussões políticas, jovens e não tão jovens discutiam os rumos do país e as ideias que surgiam com a redemocratização.


Bar do Yassu - Foto do Acervo pessoal da família.



Yashushi Kikuchi - Foto do Acervo pessoal da família


Cochinha do Yassu - Foto do Autor.

Cochinhas

Mal sabem os cochinhas que os melhores movimentos progressistas pró-redemocratização do país surgiram naquele ambiente. Jovens que ali se aglutinavam deram origem a militância de qualidade na cultura, teatro, jornalismo, movimento estudantil e partidos políticos progressistas. Fora militares assassinos! Anistia ampla geral e irrestrita! Nem Maluf, nem Tancredo, Diretas já! E as cômicas, Presidente quem bebe é a gente! Enfim, a lanchonete da Tristão famosa por suas cochinhas temperou a cidadania no início dos anos 80.

(Marco Túlio de Oliveira Reis)

O Arreio do Fernando Sabino

Essa história sempre era contada pelo meu pai nas rodas de pescaria e reuniões de amigos, então vou vender o peixe pelo preço que eu comprei, e como a memória nunca foi o forte da família, pode ser que eu troque locais, ou personagens.

Dito isso, vamos ao acontecimento:

Em meados dos anos 60, quando minha idade não passava de seis anos, o velho Kappa, na época moço, montou em sociedade com o colega de pescaria Tomain, (Luiz Tomain, que futuramente seria um dos mais conceituados artesãos de tacos de sinuca do Brasil, fazendo disso o seu ganha pão!) uma fábrica de molduras para quadros, na esquina da Rua Vigário Silva com a Praça Rui Barbosa, lugar esse que tinha sido em décadas passadas, a “venda” do Fernando Sabino, que ilustra essa história.

Naquela época os lançamentos de débitos eram feitos na boa e confiável caderneta e cada cliente que comprava fiado tinha a sua e funcionava assim: O Fernando vendia os produtos, anotava na caderneta e a caderneta era guardada no cofre, se o estabelecimento tivesse um! Mas quase todos tinham, pois era demonstração de que o negócio estava indo bem e o Fernando Sabino, com certeza tinha um dos grandes.

Fernando Sabino/Foto do Acevo pessoal de Candy Petean.    


Fernando Sabino de Freitas. 
Foto do acervo pessoal de Candy Petean.

Um certo dia, já de tardinha, o Fernando fechando o caixa diário, lembrou que vendera um arreio para um cliente, mas por mais que se esforçasse, não conseguia lembrar o freguês que levou o objeto. Aliás ele só lembrou de tê-lo vendido quando foi recolher os objetos que eram dependurados nas portas de manhã para chamar a atenção da freguesia. No outro dia, matutando sozinho e como a lembrança não lhe ocorresse, resolveu perguntar para o Zé Torquato (no meu ideário, um crioulo ladino e cheio de ardis que eu conheci já bem idoso), que ficava “sapiando” pela praça o dia todo, se ele havia presenciado a negociação.

Casa Fernando Sabino/ Foto Arquivo Público de Uberaba


- Ver eu não vi, disse o Zé. Mas eu tenho uma ideia pra você não ficar no prejuízo.

- E qual é? pergunta o Sabino.

- Te passo, mas se der certo, eu levo 10% certo?

O Sabino, na falta de opção melhor, aquiesceu e o Zé esclareceu seu plano:

- Fernando, é o seguinte: você vai lançar um arreio em cada caderneta e assim no pagamento, quem não for o comprador vai reclamar, aí você risca e no final quem comprou não vai reclamar pois a compra é dele mesmo.

O Sabino gostou da ideia e prontamente buscou as cadernetas, (que eram mais de cem!) e efetuou os devidos lançamentos.

Isto feito, foi só aguardar o fim do mês para receber os fiados e descobrir para quem foi feita a venda, que na verdade era o que mais azucrinava a cabeça do Sabino.

Pois bem, no começo do mês os clientes começaram a acertar, e para a surpresa do Sabino, mas não para a do Zé Torquato, (eu acho) aconteceu o seguinte:

Das mais de cem cadernetas, DEZ não reclamaram (por descuido mesmo, ou talvez esquecidos assim como o Sabino, ou pela confiança na seriedade do comerciante, ou sabe-se lá porque) e o Sabino recebeu nove arreios a mais.

Se, e como o Fernando Sabino devolveu o dinheiro arrecadado, essa informação me foge da lembrança.

Deu problema foi com o Zé Torquato, que exigiu 10% de dez arreios, que seria um arreio novinho.

Essa pendenga também não sei como foi resolvida.

(Marcelo Caparelli)


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

JORGE NABUT E A SEQUÊNCIA DE NETINHO

Oi, turma !(Nem sempre a coisa criada é o espelho do criador...)

Ataliba Guaritá Neto, o Netinho , “ ops ! “Galileu”, deixou dois “ alunos” por quem tinha especial carinho: Jorge Alberto Nabut e Luiz Edmundo Andrade, “Chevalier”, que perdí, há anos, o contato. Com Nabut, foi diferente. “Oriundi’ da colônia sírio-libanesa, família super benquista em Santa Juliana e alhures, galhardeou-se com diplomas universitários que nunca fez uso. Sua paixão e vocação maior, a comunicação. Do iniciante “Iago”, ao lado de “Galileu”, criou asas, soube voar e construir o seu “ninho”. Do “Lavoura” ao “Jornal da Manhã”, foi um átimo. No jornal do Edson Prata e filha Lidia, “sentou praça” enquanto quis. Espargindo talento, honestidade e lisura, anexados a correção e independência de opinião e informação.

Jorge Alberto, criou o seu estilo. Deu-lhe personalidade. Irriquieto, inovador, voltado às experiências que o seu temperamento exigia,. ”Foi”, fotografo, escritor, pesquisador, historiador, produtor, cineasta, contista, além de acreditar sempre na “ coluna social”, seu nicho preferido. Atualizado, moderno, perseverante, anos de “estrada” ( dos “boiadeiros”, inclusive...), amealhou amigos e admiradores. A lacuna que se abre com o seu afastamento da tradicional, antiga e sempre lida coluna, tão cedo, não será tampada. Coisas do destino...Historiador que não cansa de pesquisar, embrenhou-se por novos caminhos.

Nabut, é um “Globetrotter”. Entra, prá vencer em qualquer parada. “Craque” nos livros, escreve com maestria, dá “passe de primeira”, ao comentar arte, decoração, desenho, moda, crochê e principalmente sociedade. Um jogador” polivalente”. Atua bem na defesa, “meio campo” e ataque. Meteu-se agora na seara do futebol. Está escrevendo a história dos grandes astros do futebol uberabense.

Porta-se como um veterano profissional. No gol, defende a nossa história. Como zagueiro, não permite que lhe invadam a “área”. No “ meio campo”, sabe controlar a saga histórica de ontem, com a de hoje. Como “atacante”, se revela. Joga bem na “direita”, quanto na “esquerda”, “Chuta” fácil com os dois pés. Sem cair. De “centro avante” goleador, conhece o “caminho das redes”. Não tem vocação para torcedor. Ele quer é jogar. E não é que está jogando um “bolão”? O livro será sucesso; vai prá “galera” receber o abraço da “torcida”. Inclusive o meu, que viví a vida inteira , ao lado de Netinho, falando de futebol..

Uberaba muito lhe deve, meu fraterno amigo, Nabut. Abraços do “ Marquez do Cassú”.

O HOMEM QUE O TEMPO NÃO APAGA...

Oi, turma !(Nunca abandone o amigo de fé; irmão camarada!)

14 de setembro de 2000. Uberaba, amanheceu de luto ! Emudecia a voz daquele que durante décadas, encantou a cidade com suas crônicas, no rádio, jornal e TV. A santa terrinha, passados 20 anos, ainda chora de saudade e reverencía o homem notável, Ataliba Guaritá Neto. – “Eu sou o Netinho do vovô Ataliba”, brincava com os amigos mais próximos. Tive a honra e orgulho de pertencer a esse rol .
Existem pessoas de coração maior que o próprio corpo. Nascem, vivem e morrem envolvidos tão somente com a família, amigos e a cidade. Por mais que oportunidades apareçam, claras chances de crescimento profissional, dinheirama nos bolsos, abstêm-se de todas essas glórias e vitórias, à dedicarem-se ao prazer da simplicidade da vida no interior, sem ligar “à mínima” aos holofotes e manchetes de êxitos, nome nacional e exuberância de sucessos.

Ataliba Guaritá Neto - Foto: Acervo/Dulce Helena Guarita Borges.

Netinho pra cá; Netinho pra lá e o apelido incorporou-se à sua personalidade. E que personalidade ! Moleque matreiro, inteligência privilegiada, gostava de jogar futebol. Chamava a bola de “meu amor”... Calça curta, ”bicanca “( chuteira antiga), driblava os “ marmanjões” numa boa. À tarde, depois do Colégio, o “ racha” na praça do Mercado .“Seo” Luiz e “dona”Niza, logo colocaram “freio” no moleque. Coração de mãe não engana... Rio de Janeiro, o destino. Netinho, tinha que estudar, ora ! Morava numa pensão da “Correa Dutra”, pertinho das “Laranjeiras”, campo do Fluminense... Entre estudar e jogar bola no clube do coração...

“Seo” Luiz, ao notar que filho não seria doutor, cortou-lhe o “barato” .Trouxe-o de volta para casa. “Ralou” na casa comercial do pai, alí na Artur Machado. Elegante, boa pinta, obediente aos pais, leal com os amigos, continuou jogando, amador. No Uberaba e Independente. Com a fama em alta, nos seus esfuziantes 20 e poucos anos, aceitou ser vereador pela UDN. Obteve votação consagradora. Líder da oposição, seus discursos inflamados, chamavam a atenção pela maneira como defendia os interesses da cidade. Trabalho de “graça”. Vereador não ganhava...

Caminho natural na política. Quem sobressai, vai à deputado. Netinho, não queria. A UDN, insistia. Aceitou. Qual não foi a sua decepção quando “trocaram” a sua candidatura por um “jeep”!... Decidiu:- “ a melhor política da minha vida, foi deixar a política”... Estava certo ! Muito jovem, sentiu o amor à primeira vista. Fez de Cornélia, a mãe dos seus filhos, Luiz Neto e Dulce Helena. Deixou netos e bisnetos que não o conheceram.

Raul Jardim , amigo e companheiro, levou-o para o “Lavoura’. Dirigiu a página de esportes, com brilho ímpar. Na PRE-5, da família Jardim, apresentava o “Esportes na Onda” e narrava futebol. Estava na “moda”, a crônica social.- “Netinho, é o cara ideal”, sentenciou Raul. Não deu outra. Surgia o “Observatório”, coluna social do jornal e o titular com codinome: “Galileu’. Pegou como “visgo”. Era a “coqueluche” do vespertino. Elogios merecidos; críticas generosas, formas de agir e opinar de Netinho, ops!”Galileu”!

Na PRE-5, a “Crônica ao Meio dia”, parava Uberaba. 5 minutos inesquecíveis! Na TV, uma carrada de sucesso: Na TV-Triângulo, em Uberlândia, “Samba, Politica, futebol e Mulher”; depois na TV-Uberaba, apresentamos durante anos, “Esporte Urgente’, “Papo de Bola” e narrações esportiva do “Uberabão”. Na TV-Itacolomi, em B.H., sucesso estadual, “Mineiros Frente a Frente”. Coroou sua passagem na TV, com a Rede Tupy, “cobrindo” a Copa do Mundo da Argentina.

Netinho, ops! “Galileu”, lançou 2 jovens na crônica social: Luiz Edmundo Andrade, o “Chevalier” e Jorge Alberto Nabut, o “Iago”.” Chevalier”, sumiu. Não tenho noticias. “Iago”, adotou o nome de batismo: Jorge Alberto. Comentou o “society” 40 anos. Amanhã, vou falar dele. Desculpem-me pelo texto longo. Netinho, precisa de um livro para descrever sua vitoriosa trajetória na cidade que amou de verdade. Um comentário é muito pouco. Abraços do “Marquez do Cassú”.


AS MULHERES NO COLUNISMO SOCIAL

Oi, turma !( Gratidão é uma palavra que vem do fundo coração !)

Depois de Iná de Souza, no “O Triângulo”, Leila Venceslau, “Roxana”, no “O Triângulo – Faixa Azul”, Uberaba ficou uma boa temporada sem as mulheres à ocuparem espaços nos jornais e rádios, divulgando os acontecimentos sociais da santa terrinha. Iná de Souza, a precursora de tal atividade no jornal, tornou-se pioneira no rádio. Na “Difusora”, em 1956, ao lado de Joel Lóes, apresentou durante algum tempo, o programa social “Mesa de Pista”. Só encerrou sua carreira no rádio, quando aí, encontrou seu “ Principe Encantado”; locutor da emissora e estudante de Odontologia: Pedro Sarkis, de família de radialistas. Irmão de Adib e Raimundo Sarkis, tio do excelente e atuante Paulo Sarkis , cunhado de Toninho dos Santos, grande voz do rádio uberabense, no passado. Formado, casaram-se e transferiram-se para São Paulo, onde constituíram família. Estava encerrada a primeira etapa da “ sociedade no rádio”...

Em 1962 , novamente a “Difusora”, lança o excelente programa “Encontro com Marina”, cuja titular, Marina Marquez, figura de proa da juventude uberabense e uma das moças mais bonitas que Uberaba já conheceu. Pertencente a elite local, Marina, era de uma simplicidade contagiante. “Fazia” o programa como se fosse uma veterana. Entrevistava personalidades que visitavam a cidade ( cantores, atores, autores, músicos), com categoria ímpar. Aliada a essa condição, transmitia eventos, até então, nunca realizados na terrinha. Só cessou sua atividade quando desposou o médico Wandir Ferreira de Souza, ambos, de saudosa memória.

Mesmo com a chegada do “Jornal de Uberaba”, Paulo Silva, continuou dando as cartas no “Jornal da Manhã”, com a classe que Deus lhe deu. Teve a auxiliá-lo nas lides diárias e noticias “quentes”, a jovem Vera Arantes Campos, a “Trancinha”, durante algum tempo. Depois dela, uma mocinha, ainda estudante de jornalismo e posteriormente, Direito, faro jornalístico inato, Lidia Prata, que assinava “Larissa”, bem antes da filha Larissa ( que, hoje, também escreve no jornal...)ser sua dileta filha.

No “Lavoura”, Netinho, ops! “Galileu”, comandava a banda! Combalido com um diabetes que lhe fazia companhia, teve o apoio de uma das netas. Inteligente, brilhante, com os pais e avós. O “Observatório”, não morreu. Continua vivo na memória de todos nós, uberabenses. Em 1985, Fabiano Fidélis, retornando de Brasilia, onde fez morada por muitos anos, tendo como sócio seu amigo-irmão, Jayme Moisés, fundaram o “Jornal de Uberaba”, que veio para ficar.

Moderno, maquinário atual, teve à assinar sua coluna social, uma das moças cultas, capazes e empreendedoras da cidade, Virginia Abdalla. O sucesso, como era de se esperar, não tardou. Virginia, se superou. A coluna, se incorporou no hábito do leitor uberabense. Com razão. Com os percalços naturais que estamos atravessando, mesmo antevendo dificuldades, Fabiano e Jayme, convidaram outra notável personagem da vida social, cultural e financeira de Uberaba, a se incorporar ao jornal. Olésia Borges, família tradicional da terrinha, escreve com maestria, inteligência e simplicidade, os acontecimentos diários da sacrossanta terrinha. E como ...!

À época do jornalismo eletrônico, quase tudo mudou. Inclusive o papel. A “moda é a internet”. Espero que não tenha afetado o gosto pela leitura, o interesse pela noticia, a crítica e o elogio, próprios da sagrada missão de informar. Honesta e decentemente. Encerro, amanhã, minha peregrinação nesse terreno de areia tão movediça, lembrando os primeiros grandes nomes do colunismo social do Brasil. Até lá. Abraços do “ Marquez do Cassú”.


POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS TRIÂNGULO MINEIRO

Oi, turma!(A felicidade é quase nada..)

Com a simplicidade que o momento exige, a Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM), pelo seu Presidente João Eurípedes Sabino, deu posse aos dois novos acadêmicos eleitos em janeiro deste ano. A pandemia que assolou o universo , não permitiu que o evento tivesse o público desejado e ansiosamente aguardado pelos familiares e amigos dos eleitos. Passados seis meses, ouvidos os demais acadêmicos, o presidente Sabino, usando das atribuições que o Estatuto da ALTM lhe confere, colocou o “pelerini” em Ani de Souza Arantes, na cadeira número 4, que pertenceu ao saudoso Thomaz de Aquino Prata, o nosso imortal e querido Padre Prata, uma das mais fulgurantes personalidades da Igreja Católica e expoente da cultura estadual.

Luiz Gonzaga Oliveira- Foto/Divulgaçao.

A mim me coube ocupar a cadeira número 15, onde teve assento a maiúscula figura do Doutor Luiz Manoel da Costa Filho, juiz de Direito aposentado, autor consagrado de livros de Direito e um apaixonado pela solução do problema do menor abandonado. Mineiro da zona da Mata, veio para Uberaba em 1971, depois de uma breve passagem por Coromandel; mostrando sua veia artística, fez fraterna amizade com Gerson Coutinho, que o Brasil reverencia , até hoje , com o apelido de “Goyá”.Com ele, compôs músicas belíssimas do cancioneiro sertanejo brasileiro.

Luiz Gonzaga Oliveira- Foto/Divulgaçao.

O professor Emérito Luiz Manoel , lecionou anos a fio na Universidade de Uberaba e foi também um dos fundadores da Universidade Federal de Roraima. Em Uberaba, dedicou especial carinho à causa do menor e um dos restruturadores do PROBEM, transformando-o em COMBEM, que prestou inestimáveis serviços sociais à juventude da santa terrinha. Com muito respeito e orgulho , vou ocupar a cadeira 15 que lhe pertenceu e não espero decepcionar. À ALTM, doutos acadêmicos que a ela pertencem, os meus agradecimentos pela escolha do nome desse humilde e modesto trabalhador das letras. Que Deus na sua infinita bondade, me dê luz, trabalho, perseverança e amor e poder ser útil à comunidade onde vivo.

(Luiz Gonzaga Oliveira)


SENTIDAS PERDAS

Oi, turma !( Aonde a vaca vai, o boi vai atrás...)

A galeria dos homens de bem da santa terrinha, a nossa amada Uberaba, está aos poucos, sendo desfalcada. Daniel Fabre, Fued Hueb, Abrãozinho Árabe e ontem, Urbano Salomão. Isso, em menos de 30 dias. Ao quarteto, a terrinha muito deve. No comércio, indústria, serviços, comunicação, foram baluartes e ousaram encarar dificuldades à enaltecer o crescimento e progresso da cidade que tanto amavam. Enfrentaram lutas e batalhas homéricas. Obstáculos quase intransponíveis; escalaram montanhas íngremes, passaram por lamaçais jamais vistos; percorreram estradas esburacadas; lutaram, brava e destemidamente, contra injustiças sociais; foram vencedores de disputas desiguais.

Seus familiares e amigos, podem se orgulhar dessa plêiade de homens que não se abateram diante das dificuldades que o dia a dia se nos impõe. Sempre empunharam a bandeira gloriosa de Uberaba. Os que se postavam contra ela, desfilavam de peito aberto, quem ousasse vilipendia-la. Homens de têmpera ! Valentes! Nunca fugiram à luta ! Uberaba, vai sentir, com muita saudade, suas eternas ausências. Abre-se um vazio na sociedade produtiva local.

Daniel Fabre, na sua simplicidade, foi um batalhador incansável , sempre agindo com destemor, à causa do associativismo de resultados. Que o diga o edificante CDL. Alí, foi onipresente. Fued Hueb, herdou da família, o esforço pelo trabalho. No velho armazém e depois na comunicação, deixou sua marca operosa; legado que passou aos filhos. Abrãozinho Árabe, quer nas causas sociais, comerciais e esportivas, era um “leão” (com a permissão da expressão de Lions Clube, uma bandeira que sempre defendeu) autêntico. Mostrava suas “garras” quando tentavam prejudicar os interesses de Uberaba.

Ontem, Uberaba, sepultou Urbano Salomão. Modelo de empreendedorismo, sempre ativo, deixou uma carreta de realizações na santa terrinha. Prá dizer a verdade, de forma indelével, foi um dos que modificaram e transformaram a plástica urbanística da terrinha. Sobrepujou barreiras. Enfrentou injustiças de concorrentes e olha que não foram poucas ! Nada o fez atemorizar! Era um forte, apesar de humilde. Vácuo irreparável e irrecuperável.

Mãos limpas, Abrãozinho, Fued, Daniel e Urbano, levaram vida singela. Sem ostentação. Trabalharam de sol a sol; com chuva ou sem chuva; noite e dia. Dedicados a cidade, amigos aos milhares, jamais foram seduzidos pelo “canto da sereia” da política. Bem que tentaram desvirtuar seus caminhos e objetivos. Acenaram-lhes com as mais mirabolantes propostas. O caráter, a conduta ilibada, cidadania e bons costumes herdados das famílias, não foram suficientes para que mudassem a “ rota” da seriedade, honestidade e trabalho.

Preferiram optar pela labuta diária, fora da política. Pertencem a galeria dos empresários bem sucedidos e que não foram “ picados pelo mosquito tzé-tzé”, comum entre os políticos. Porém, vão figurar na “galeria de honra” dos uberabenses autênticos e que amaram a cidade!
Grato pela leitura e receba o fraterno abraço do “ Marquez do Cassu"

O CASO DAS BANANADAS

Morávamos na Rua Sete de Setembro e a lotérica era, como é até hoje, na Arthur Machado, só que do outro lado da rua e no número 81, tendo como vizinhos a loja do Sr.Benzinho (o porquê do apelido me escapa agora) à direita, e o salão de barbearia do João Speridião (vivo até hoje) à esquerda.

Invariavelmente, meu pai saia da lotérica às 11 da manhã, comprava algum doce, almoçava, comia o doce, fazia a “siesta” e descia em torno das 14h.

Pois bem, um belo dia fazendo o já citado trajeto de ida, comprou umas bananadas que se vendia em pedaços, e passou na loja Laterza e Fantato (loja de materiais elétricos no 5º quarteirão de propriedade do Sr. Elmo Fantato) para comprar um disjuntor ou algo do gênero.

Chegando em casa percebeu que esquecera o saquinho de bananada, e como só havia parado naquela loja, deduziu que só poderia ter esquecido lá.

Cumprido o ritual da siesta, desceu a ladeira Estados Unidos, virou à esquerda na Artur Machado, e entrou novamente na loja do amigo Elmo para resgatar suas bananadas.

Trabalhavam ali além do Sr. Elmo uns quatro ou cinco atendentes mais um caixa.
Como o Elmo não estava, meu pai perguntou pelos doces ao balconista que o havia atendido e percebeu de pronto pela troca de olhares culposos que seus doces haviam sido divididos e consumidos pelos atendentes.

Diante da negativa dos folgados, gozador que era e como “bom cabrito não berra”, Caparelli deu uma pensadinha e informou, fazendo cara de preocupação:

- Sabe o que é? No caminho de casa esqueci um embrulhinho com umas bananadas e como passei em três lugares, não sei onde foi.

- O Fausto (Fausto de Martino, farmacêutico antigo da Artur Machado) injetou veneno de rato para eu levar para o rancho porque tem uns que não caem em ratoeira de jeito algum.

E completou:- Bem, se não foi aqui, deve ter sido em outro lugar, e saiu pensativo...

(Marcelo Caparelli)

Vice-prefeito Ripposati morre em Uberaba

Após 14 dias internado na UTI


Durante sua vida pública atuou na defesa das comunidades com responsabilidade e transparência

É com pesar que informamos que o vice-prefeito João Gilberto Ripposati veio a óbito hoje (11), após 14 dias na luta contra a Covid-19. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Domingos, desde o dia 28 de agosto, quando sentiu dores no estômago e dificuldades para respirar. O velório está sendo organizado e seguirá os protocolos exigidos pela pandemia. A Prefeitura de Uberaba está decretando luto oficial de três dias.

João Gilberto Ripposati 

Ripposati, tinha 59 anos, era filho do servidor aposentado da Epamig João Ripposati e Adélia de Carvalho Ripposati (in memoriam). Casado com Marilene Fernandes de Freitas Ripposati, com quem teve três filhos – Gleidson, Kelly e Vinícius, e três netos – Alice, Francisco e Melissa. Ripposati foi funcionário público da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), líder comunitário e desenvolveu vários trabalhos voluntários.

Em 2016, foi eleito vice-prefeito na chapa encabeçada por Paulo Piau, com 75.251 votos. O pleito foi decidido em único turno. Em 2108, pelo PTB disputou a eleição para deputado estadual, quando obteve 6.735 votos, não conseguindo eleger-se. Em 1998, pelo PDT, concorreu a deputado federal alcançando 7.278, o que lhe garantiu uma suplência, na ocasião.

Esteve por quatro mandatos como vereador (1997 a 2000; 2001 a 2004; 2009 a 2012 e de 2013 a 2016). Foi autor de leis importantes no município de Uberaba que são referência nacional, como o Projeto de Lei 7.058/99 Programa Plantando e Colhendo Saúde (Hortas Urbanas); Mutirão das escrituras que já atendeu a quase dois mil mutuários.

Também foi autor da Lei 9.638/2005 que instituiu o Casamento Comunitário, onde a cada ano mais de 100 casais se unem em matrimônio. Ainda de sua autoria o Projeto de Lei 11.528/2013 que criou a Farmácia Viva/ Fitoterápica. Programa de incentivo da soja na alimentação humana; Educação Alimentar (conscientização obesidade) entre vários outros voltados à comunidade. Teve papel fundamental na luta para instituir o Plano Diretor de Peirópolis desde 1997.

Ripposati teve importante atuação na defesa da duplicação e melhorias na BR 050, especialmente no trecho urbano, em Uberaba. Era conhecido por sua dedicação no estudo e elaboração de projetos, além da defesa que fazia em prol das comunidades.

*Prefeito.* De 16 a 29 de julho de 2019 assumiu o cargo de prefeito durante licença do titular, Paulo Piau.
Também durante o mandato de vice-prefeito, Ripposati assumiu de fevereiro a abril de 2018 a presidência da Companhia Habitacional do Vale do Rio Grande (Cohagra).

Enquanto presidente Interino da Cohagra no curto espaço de tempo, Ripposati desenvolveu várias atividades, entre elas, elaborou o plano de estudo para a aprovação e revisão dos direitos dos trabalhadores efetivos referente aos percebimentos de quinquênio e férias prêmio; elaborou a revisão do Plano de Cargos e Salários para os servidores da Cohagra; criou o Projeto Habita Cohagra; deu prosseguimento ao Programa Minha Casa Legal, que visa a regularização fundiária de áreas já ocupadas há muitos anos por famílias que sempre residiram e esperam a titularidade de seus imóveis, começando pela Chácaras Bouganville.

Ainda durante o período de gestão a frente da Cohagra, foi implantado o sistema de acompanhamento e fiscalização nos empreendimento do Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Ripposati começou a sentir os primeiros sintomas da Covid-19 em 18 de agosto. No dia 19, esteve em um pronto socorre de hospital particular, onde passou por exames e foi medicado. No dia 22, recebeu a confirmação da testagem positiva. Já no dia 29, com dores no estômago e dificuldades para respirar, foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital São Domingos, onde permaneceu até seu óbito, na tarde de hoje.


*Jornalista Marconi Lima*
*11/09/2020*





segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Morre empresário e diretor-presidente e fundador da Rádio Sete Colinas em Uberaba

 Fued Miguel Hueb/ Divulgação.


É com grande pesar que noticiamos o falecimento do empresário e diretor-presidente da Rádio Sete Colinas, senhor Fuad Miguel Hueb ocorrido hoje, 10/08/20, aos 89 anos de idade. Casado com Lourdinha da Cunha Hueb (In-memória), ele deixa os filhos Fuad Miguel Hueb Filho; Flávio Hueb; Fabiano Hueb; Cristina da Cunha Hueb Barata de Oliveira; Márcia Hueb Sabino de Freitas; Beatriz Hueb Mattar e Janice Hueb, além de netos e bisnetos.

 O sepultamento foi às 17h30, no cemitério São João Batista.

Uberaba em Fotos presta suas condolências à família e amigos.