quinta-feira, 19 de setembro de 2019

História de Uberaba

Uberaba está inserida em uma região que já pertenceu à Capitania do Espírito Santo, São Paulo, Goiás e finalmente Minas Gerais. 


De 1660 a 1670 a Região do Triângulo Mineiro, onde está localizada a cidade de Uberaba, era conhecida como Sertão do Novo Sul, Sertão Grande, Sertão Sul e Geral Grande. Posteriormente, passou a ser conhecida como “Sertão da Farinha Podre”, termo nascido em 1807, quando uma bandeira saiu do Desemboque e invadiu os sertões do Pontal do Triângulo Mineiro até as margens do Rio Grande. Para justificar a denominação “Sertão da Farinha Podre” os viajantes deixavam sacos de farinha no caminho para se alimentarem na volta. Ao retornarem ao local encontravam a farinha apodrecida. Outra explicação mais plausível para a denominação é que seria originária de uma região portuguesa de onde vieram alguns portugueses exploradores. 

Centro de Uberaba - Foto - Arquivo Público Mineiro. Ano:1900

Finalmente, em 1884 a região ficou conhecida como Triângulo Mineiro, denominação idealizada pelo Dr. Raymond Henrique Des Genettes, médico francês, jornalista e político, radicado em Uberaba, por saber que a região situava-se entre os rios Grande e Paranaíba, terminava na junção desses dois rios, formando o Rio Paraná, e apresentava a forma aproximada de um triângulo. 

Os primeiros habitantes da região foram os índios tupis, depois os tremembés, os caiapós e os araxás, de tradições seminômades, cujas tribos se movimentavam de um local para outro. Eles viviam em grupos de poucas famílias, com simplicidade e sobreviviam do que a natureza oferecesse. 

Portugal passou a ter interesse pela Região a partir dos fins do século XVI, tendo como objetivo encontrar os minerais preciosos, amansar os índios e, se fosse preciso, até exterminá-los para que as metas da Coroa Portuguesa fossem cumpridas. 

A primeira investida do colonizador português, ou seja, do homem branco, sobre a Região do Triângulo Mineiro, começou em fins do Século XVI, precisamente a partir do ano de 1590, data da primeira “bandeira” (expedição), chefiada pelo capitão Sebastião Marinho, que partiu de São Paulo e atingiu o Rio Tocantins, em Goiás. 

Por volta de 1600 surgiu a Aldeia de Santana do Rio das Velhas (hoje Araguari), considerado o primeiro núcleo de povoamento branco na área que seria o futuro Estado de Minas Gerais, fundado pelos padres jesuítas com o objetivo de aculturar os índios, ou seja, catequizá-los. 

Posteriormente, inúmeras “bandeiras” paulistas foram organizadas ao longo dos séculos XVII e XVIII, com a mesma finalidade. As mais significativas para a Região do Triângulo Mineiro são descritas abaixo: 

– Em 1615 partiu de São Paulo uma “bandeira” liderada por Antônio Pedroso de Alvarenga que atravessou a Região do Triângulo Mineiro com destino a Goiás. 

– Outra “bandeira” partiu de São Paulo em 1682 e também atravessou o Triângulo Mineiro até alcançar Goiás, sendo liderada por Bartolomeu Bueno da Silva (o velho Anhanguera) que levou seu filho Bartolomeu Bueno da Silva Filho de apenas 12 anos. 

– Em 1722 partiu outra “bandeira” de São Paulo rumo a Goiás, visando para a abertura de uma estrada para a exploração de minas de ouro, prata e pedras preciosas. Essa missão ficou a cargo de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de Anhanguera). Ao passarem pela região se depararam com os índios caiapós. Essa expedição era composta por 152 homens, entre os quais 20 índios carregadores, 3 religiosos, 20 índios, 1 mascate francês e 39 cavalos. Ela partiu de São Paulo seguindo os rios Atibaia, Camanducaia, Moji-Guaçu, Grande (Porto da Espinha), passando em Uberaba, a sessenta metros dos fundos do atual cemitério São João Batista. Depois a expedição continuou a viagem em direção ao Rio das Velhas e penetrou em Goiás pelo Rio Corumbá. Segundo alguns relatos da época, a expedição passou por terras de Uberaba. Esta rota ficou conhecida como Estrada Real ou Anhanguera, que consistia em um importante caminho para que as autoridades portuguesas implantassem a colonização, a produção e escoamento dos minerais preciosos. Na verdade, a maioria das riquezas minerais do Brasil-Colônia foi levada para Portugal e utilizada para o pagamento de suas dívidas em relação à Inglaterra. 

– Posteriormente, a expedição do filho de Anhanguera fundou em 1725 o povoado de Vila Boa em Goiás. Dessa forma foi aberta a estrada que passava pelas terras de Uberaba. Por esse feito, Bartolomeu Bueno da Silva Filho recebeu como recompensa a nomeação de Capitão-Mor Regente das minas de Goiás e o direito de conceder “sesmarias” (concessão de terras para povoamento). 

– Em 1727,Antônio de Araújo Lanhoso foi o primeiro homem branco que se fixou na região de Uberaba e um dos primeiros a receber sesmarias ao longo da estrada de Anhanguera, a 15 km de Uberaba, no córrego do Lanhoso, que corre paralelo à rodovia para Uberlândia. 

– Outra estrada denominada Picada de Goiás foi aberta em 1736, saindo de Minas Gerais e passando do lado oriental da Serra da Canastra, atingindo terras de Araxá em direção à Vila Boa. A estrada foi terminada em 1738, ligando as minas goianas a São João Del Rei e Vila Rica. Ao longo dessas estradas foram concedidas também sesmarias, ou seja, terras que aos poucos foram sendo ocupadas pelo colonizador branco. 

Uberaba tem, então, a sua origem na ocupação do Triângulo Mineiro, que ficou sob a jurisdição de Goiás até 1816, quando a região passou a pertencer à província de Minas Gerais, de acordo com o Alvará de D. João VI, de 04/04/1816. 

A exploração e o povoamento de todo o Triângulo Mineiro, de modo geral, ocorreu, como em todo o “Brasil-Colônia”, pelo amansamento e extermínio das populações indígenas e dos negros nos quilombos. As estradas para a Região do Triângulo Mineiro e Goiás tornaram-se palco de batalhas entre os exploradores dos sertões e os índios. A invasão de terras indígenas provocou muitas vezes sangrentas guerras contra os caiapós, no antigo Sertão da Farinha Podre (Triângulo Mineiro). Vários quilombos também foram ameaçados pelos exploradores brancos. 

Diante dessa insegurança, o governo de Goiás viabilizou o policiamento das estradas e nomeou, em 1742, o coronel Antônio Pires de Campos Filho para policiar, amansar e até mesmo exterminar os índios caiapós da região do Triângulo Mineiro. Fato constatado com a matança dos caiapós, sendo em sua maioria derrotados, submetidos e alojados também com tribos bororo, do Mato Grosso, em 18 aldeias ao longo da estrada. Uma dessas aldeias de índios mansos (Aldeia de Uberaba Falso) ficava onde se fundou Uberaba, próxima à Barra do Córrego da Lage. O coronel instalou apenas quatro dessas 18 aldeias ao longo da Estrada de Anhanguera para proteger as caravanas que nela trafegavam. Mais tarde, em 1751, o coronel Pires de Campos faleceu em Paracatu, vítima de uma flechada, ocasionando septicemia. 

Em 1766 foi criado o Julgado de Nossa Senhora do Desterro das Cabeceiras do Rio das Velhas (Desemboque), sob a administração de Goiás, abrangendo a região do Triângulo e quase todo o sul de Goiás. Era um local rico em minas auríferas e de intensa exploração. A posse desse arraial pelo governo de Goiás era vantajosa aos moradores de Minas Gerais, pois estavam livres do pagamento de imposto sobre minerais, denominado “derrama”, cobrado em Minas Gerais. Desemboque teve o seu esplendor até 1781, quando as minas auríferas se esgotaram. Algum tempo depois grande número de pessoas migrou para outras terras, ou seja, para o Arraial de Uberaba, fundado por Major Eustáquio. Portanto, a história do Desemboque é de fundamental importância para compreender o povoamento de Uberaba. 

– Em 1807 um grupo de homens (Januário Luís da Silva, Pedro Gonçalves da Silva, José Gonçalves Heleno, Manuel Francisco, Manuel Bernardes Ferreira e outros) oriundos de Desemboque adentrou e ficou no Córrego da Lage. Segundo o historiador Borges Sampaio, o cirurgião prático Pedro Gonçalves da Silva, cujo apelido era Pedro Panga, aproveitando-se da vizinhança de índios mansos, se fixou e construiu, em 1809, uma casa, próxima de onde se encontra atualmente o Hospital Dr. Hélio Angotti. 

Prosseguindo a exploração das terras, o governo de Goiás para dinamizar a administração dos Sertões, nomeou em 1809, Antônio Eustáquio da Silva Oliveira (major Eustáquio), para a função de comandante “Regente do Sertão da Farinha Podre” (Triângulo Mineiro) e, em 1811 foi nomeado por Ato Governamental, “curador de índios”. Ele era natural de Ouro Preto e residente em Desemboque. 

– Em 1810, major Eustáquio organizou no Desemboque uma “bandeira”, passando por terras de Uberaba e seguindo até o Rio da Prata, formado pelos rios Piracanjuba e do Peixe. 

– Outra expedição chefiada por José Francisco Azevedo, atingiu a cabeceira do Ribeirão Lajeado, fundando o arraial da Capelinha em 1812, aproximadamente a 15 km do Rio Uberaba, próximo ao povoado de Santa Rosa. O povoado chegou a ter vinte casas e foi erguida uma capelinha com as imagens de Santo Antônio e São Sebastião. O Arraial era conhecido como Lageado ou Capelinha. Entretanto, não se desenvolveu por falta de água e terras férteis, conforme constatou major Eustáquio em visita ao local. 

– Para prosseguir a colonização, o “Regente dos Sertões” major Antonio Eustáquio da Silva Oliveira (conhecido como major Eustáquio e fundador de Uberaba), comandou outra expedição em fins de 1812, composta por 30 homens, com o objetivo de procurar novas terras para se estabelecerem. A expedição chegou ao Rio Uberaba e fixou-se na margem esquerda do Córrego das Lages com o Rio Uberaba, onde foi edificada a Chácara da Boa Vista (hoje Fazenda Experimental da Epamig na Univerdecidade). Major Eustáquio constatou que Uberaba tinha três condições para o povoamento: recursos hídricos, terras férteis e posição estratégica favorável. Junto com o major Eustáquio (considerado o fundador de Uberaba) vieram fazendeiros e aventureiros que passaram a produzir e comercializar com as caravanas que ligavam Goiás a São Paulo. Em 1816 o major Eustáquio construiu um retiro para o gado, uma tenda de ferreiro e a sua residência na Praça Rui Barbosa. A sua função consistia em dar proteção para os colonos e índios mansos, além de expulsar para longe do arraial os índios bravos e quilombolas. Consequentemente, grande número de pessoas e famílias do arraial da Capelinha e do Desemboque, sabendo das condições propícias do arraial de Uberaba, e do prestígio e segurança que o comandante major Eustáquio oferecia, migraram para o novo arraial. Era uma população muito heterogênea: mineiros que se estabeleceram como fazendeiros, boiadeiros, mascates, comerciantes, criadores de gado, ferreiros e até criminosos foragidos. Os moradores construíram suas casas térreas de pau-a-pique ao redor do retiro de major Eustáquio, formando a “Rua Grande” (atualmente Rua Manoel Borges e Vigário Silva). Edificaram suas casas e estabelecimentos comerciais acompanhando as ondulações dos terrenos e serpenteando os pequenos regatos. Os moradores do Arraial da Capelinha trouxeram para Uberaba os seus santos protetores e com autorização do major Eustáquio construíram uma Capela (atual Praça Frei Eugênio, hoje Escola Estadual Minas Gerais), tendo como oragos Santo Antônio e São Sebastião. Posteriormente a capela foi transformada em Matriz, com a criação da Paróquia, benzida em 1818 pelo vigário do Desemboque Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick. Assim foi estabelecido o reconhecimento do povoado pela Igreja, instituição que tinha prestígios decisórios junto aos governos. A Igreja Católica estava unida ao Estado e a bênção de uma capela oficializava, na administração, o nome do Arraial, que passou a chamar-se “Arraial de Santo Antônio e São Sebastião da Farinha Podre”, designação ostentada até 1820. 

Segundo o historiador Borges Sampaio, “o Arraial se desenvolveu e tinha 30 casas e já contava com 1.621 habitantes, dos quais 417 eram escravos”, o que demonstra a riqueza dos proprietários de terras e a grande exploração da mão-de-obra escrava. A atividade econômica predominante era a agricultura de subsistência, necessária para alimentar a sua população, além das tropas que passavam pelo arraial. Em 1819 havia criadores com 500 e até 1.000 cabeças de gado, fato que demonstra grande atividade pecuarista. As casas eram construídas com material simples e sem jardim, erguendo-se no alinhamento das ruas e serpenteando a naturalidade dos córregos. 

O colonizador branco foi ocupando as terras à medida que os índios eram aculturados ou expulsos de suas terras formando-se extensas propriedades, devido o baixo valor da terra e a isenção de impostos sobre elas. 

O arraial foi crescendo e isso permitiu que em 2 de março de 1820, o rei D. João VI decretasse a elevação do Arraial de Santo Antônio e São Sebastião à condição de Freguesia (Paróquia). (documento oficial mais antigo de Uberaba) 

Freguesia era o termo eclesiástico que designava o território de atuação de um vigário. Com isso ocorreu um desligamento dos laços religiosos que subordinavam o Arraial de Santo Antônio e São Sebastião (Uberaba) à Vila do Desemboque. O decreto constituiu um grande avanço para a comunidade. Significou a emancipação e gerência própria em assuntos de ordem civil, militar e religiosa. Foi o reconhecimento oficial tanto pela Igreja, quanto pelo Governo Real. Dada a importância histórica de 02/03/1820, quando a cidade foi elevada à Freguesia, (Decreto: documento oficial mais antigo do Município), instituiu-se oficialmente tal data para que se comemorasse o aniversário de Uberaba a partir de 1995. 

A Catedral (Igreja do Sagrado Coração de Jesus) também comemora 199 anos em 2019, pois em 1820 foi criada por decreto, a Freguesia (termo eclesiástico), que deu autonomia em relação a Desemboque em assuntos eclesiásticos na Freguesia. 

O fundador e comandante de Uberaba major Eustáquio e os fazendeiros mais importantes passaram a exigir a criação da Câmara Municipal. Entretanto, o fundador de Uberaba faleceu em 1832 e assumiu a liderança da Freguesia o seu irmão capitão Domingos da Silva Oliveira. Nessa época o Governo Regencial (1831 a 1840) implantou no Brasil uma política descentralizadora, viabilizando a elevação de Vila em muitos locais do País. A Freguesia de Uberaba em pouco tempo mostrava grande desenvolvimento e já contava com um número considerável de habitantes: agricultores, pecuaristas, comerciantes e de outras profissões, reunindo as condições para ser elevada à condição de Vila. Devido a esses fatos o Governo Provincial de Minas Gerais elevou Uberaba (Freguesia) à condição de Município (Vila) de Santo Antônio de Uberaba em 02 de fevereiro de 1836, tornando-se autônomo, com território demarcado e com a Câmara Municipal. Esta foi instalada em 1837, em um prédio na Praça Rui Barbosa, que também abrigou a cadeia, uma tradição dos tempos coloniais. Os primeiros vereadores eleitos eram comerciantes prósperos, fazendeiros e representantes do clero. A Vila cresceu e assumiu importância pela posição geográfica e pela grande atividade econômica. 

Uberaba, em 1840 passou a sediar uma Comarca pela Lei provincial mineira nº 171, com a finalidade de implantar a justiça na região, tendo como primeiro juiz de Direito Joaquim Caetano da Silva Guimarães. 

O crescimento econômico e populacional da Vila de Santo Antônio de Uberaba viabilizou em 1846 a conquista de um Colégio Eleitoral, vindo a ser sede de grande colégio, que era responsável pela nomeação de um Deputado Geral e de um suplente para a Assembléia Legislativa. Tornou-se um importante centro comercial, com uma população de aproximadamente duas mil pessoas e 337 habitações. 

Em 1850 teve início a industrialização, com a implantação da fábrica de chapéus por Luís Soares Pinheiro. 

A primeira escola pública feminina de Uberaba foi criada em 1953 e o engenheiro Fernando Vaz de Melo funda em 1854 o 1º estabelecimento de ensino Secundário de Uberaba. 

A Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus, situada na Praça Rui Barbosa, iniciou a celebração dos atos paroquiais em 1856, muito antes do término de sua construção iniciada em 1827. 

Devido ao seu grande crescimento de Uberaba que era uma vila, mereceu o título de Cidade em 02 de maio de 1856, pela Lei Provincial Mineira nº 759. 

A Igreja Santa Rita, construída em 1856, é a primeira edificação de Uberaba tombada em 1939 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan pelo seu grande valor histórico, arquitetônico e cultural. 

Na década de 1860 a cidade tentou produzir algodão para a exportação, atendendo os interesses das indústrias de tecelagem. 

Teatro São Luiz, localizado na Praça Rui Barbosa entrou em funcionamento em 1864 promovendo eventos e espetáculos. 

Em 1865 passou a funcionar o primeiro Centro Espírita de Uberaba, por iniciativa do professor João Augusto Chaves. 

Sabe-se que a história e o desenvolvimento de Uberaba na década de 1870 estão diretamente ligados à guerra do Paraguai, que ocorreu entre 1865 a 1870, com o consequente bloqueio do Rio da Prata que desviou todo o trânsito destinado à Província de Mato Grosso para Uberaba, esta passou a ter sua atividade comercial intensamente ampliada e serviu como ponto de passagem das tropas rumo ao Mato Grosso. Aconteceu em Uberaba o encontro de tropas que compuseram o Corpo Expedicionário, tendo como um dos membros o visconde de Taunay. Houve a construção do Cruzeiro do Cachimbo, próximo do 4º Batalhão, considerado um marco histórico pela celebração da missa em intenção ao Corpo Expedicionário que seguiu para a guerra do Paraguai. Hoje, o Cruzeiro do Cachimbo é um bem tombado pelo Conphau e instalado na Praça Magalhães Pinto. 

O jornal Gazeta de Uberaba foi fundado em 27/04/1879 por João Caetano de Oliveira e Sousa e Tobias Antônio Rosa. 

Entre 1881 e 1882 foi construída a igreja em homenagem a Nossa Senhora da Abadia, padroeira de Uberaba. A primeira festa ocorreu em 15 de agosto de 1882 e as obras foram concluídas em 1899. 

Em 1882 foi inaugurada a iluminação pública por meio de vinte e cinco lampiões a querosene. 

A Fábrica de Tecidos do Cassu foi fundada em 1882 pelos irmãos Zacarias. Mais tarde, a fábrica, foi denominada Cia. Têxtil do Triângulo Mineiro e funcionou até 1993. 

O Colégio Nossa Senhora das Dores foi fundado em 1885, pelas irmãs dominicanas, e está em pleno funcionamento até hoje. 

O progresso de Uberaba se acentuou com a inauguração da Estrada de Ferro em 1889, um acontecimento que viabilizou: 

– A partir de 1890, desenvolvimento da pecuária zebuínaa pecuária que buscou melhoria da qualidade bovina, nascendo a zebuinocultura, que projetou o criatório uberabense e transformou Uberaba em centro difusor de tecnologia e pesquisa genética das raças de origem indiana; 

– O desenvolvimento comercial e intercâmbio com os grandes centros de Minas Gerais e São Paulo; 

– A aceleração da urbanização. Crescimento de edificações urbanas e comerciais; 

– A vinda do imigrante europeu para a Uberaba. Os primeiros imigrantes foram os italianos que criaram inclusive um consulado na cidade. Depois vieram os portugueses, espanhóis, árabes, alemães, chineses, japoneses. Consequentemente, acentuou-se o desenvolvimento cultural e econômico de Uberaba que passou a refletir na estrutura urbana, onde surgiram requintadas construções no estilo eclético. Muitas dessas edificações foram projetadas e construídas pelos imigrantes italianos e espanhóis que trouxeram de seus países de origem a técnica e a experiência. Muitos fazendeiros uberabenses transferiram suas residências do campo para a cidade e passaram a morar nos palacetes em estilo eclético. Estas requintadas residências constituíam locais de encontros políticos, sociais e festivos, eventos que permitiram muitas decisões que definiram a história do município. 

A população do município crescia, assim como os atos ilegais e devido a isso era preciso um aparato policial para resguardar os cidadãos uberabenses. Em 06 de maio de 1890 o governador de Minas Gerais, João Pinheiro da Silva, institui um decreto s/nº, que em seu artigo 8º organizou “quatro corpos militares” e estabeleceu os locais de estacionamento, com o objetivo de dar maior segurança para as regiões de Minas Gerais. 

– Primeiro Corpo – Capital (Ouro Preto); 

– Segundo Corpo – Uberaba (Triângulo Mineiro); 

– Terceiro Corpo – Juiz de Fora; 

– Quarto Corpo –Diamantina. 

Uberaba foi contemplada com o Segundo Corpo Militar, respondendo por todo o Triângulo Mineiro. Entretanto, teve uma efêmera permanência na cidade, pois o Decreto nº 1.631 de 26/08/1903, assinado pelo Dr. Francisco Sales, o transferiu para a capital do Estado de Minas Gerais, a população de Uberaba desassistida de proteção militar. Apenas permaneceu em Uberaba um pequeno efetivo da corporação. Foi somente em 25 de novembro de 1909 que a Força Militar se estabeleceu definitivamente na cidade, quando foi criado o 4º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, sediado em Uberaba. Inicialmente, a força policial se estabeleceu em um prédio na Rua Arthur Machado até o ano de 1932. Depois o 4º Batalhão foi instalado na Praça Frei Eugênio (Prédio do Senai) até 1947, quando foi instalado definitivamente em prédio próprio na Praça Magalhães Pinto e permanece, até a presente data. 

O Instituto Zootécnico de Uberaba, proposto por Alexandre Barbosa, foi inaugurado no dia 5 de agosto de 1895, com a finalidade de formar profissionais cientificamente preparados para orientar a produção pecuária. O Instituto foi instalado em uma fazenda desapropriada pelo governo do estado de Minas Gerais para abrigar essa nova instituição de ensino. 

Em 1899 foi fundado o Clube Lavoura e Comércio com o objetivo de defender a lavoura e a pecuária, combatendo os altos impostos e as interferências do novo governo republicano na atividade rural. Foi lançado o jornal Lavoura e Comércio que, em seu primeiro número, ocupou toda sua primeira página, expondo os ideais dos ruralistas. 

O Colégio Marista iniciou o ensino para 86 alunos internos e externos, em 1903, por iniciativa dos irmãos maristas que vieram da França. 

Em 1904 inaugurou-se a Igreja São Domingos, um marco para os dominicanos, pelo fato de ser a primeira igreja da ordem dominicana construída no Brasil. 

Em 1905 foi implantada a energia elétrica pela empresa Ferreira, Caldeira & Cia, fato que impulsionou o desenvolvimento da cidade. 

Em 1906, tiveram início as exposições de gado bovino, que foram muito prestigiadas, notadamente pelo Presidente da República Getúlio Dorneles Vargas, nas décadas de 1930 a 1950. 

A Diocese de Uberaba foi criada em 1907, tendo como primeiro bispo D. Eduardo Duarte Silva e foi elevada à categoria de Arquidiocese em 1962. 

O Agente Executivo Felipe Aché criou em 1909 a primeira Biblioteca Pública Municipal de Uberaba, denominada “Bernardo Guimarães”, estabelecendo-a em um porão da Câmara Municipal de Uberaba, um fato que denotou na época a pequena importância dada à educação e à cultura do município. 

Em 1909 foi inaugurado pelo estado de Minas Gerais o primeiro grupo escolar de Uberaba, denominado Grupo Escolar Brasil, localizado até hoje na Praça Comendador Quintino. 

Pela iniciativa de José Maria dos Reis, o governo do Estado de Minas Gerais criou, em 1917, a primeira instituição de ensino agrícola de Uberaba, denominada Aprendizado Agrícola Borges Sampaio. 

Em 1926 criou-se a primeira instituição de ensino superior na área da saúde bucal e da farmacologia, conhecida como Escola de Farmácia e Odontologia, que recebia alunos das mais diversas regiões do Brasil e até do exterior. 

Os primeiros protestantes de Uberaba foram os metodistas, cujos missionários iniciaram seus trabalhos em 23/08/1896 nas casas de fiéis e amigos. O templo foi inaugurado em 1924, na Rua Moreira César, no bairro Fabrício. 

Mário Palmério fundou em 1947 a Faculdade de Odontologia do Triângulo Mineiro, oportunizando mais tarde o ensino em outras áreas do conhecimento, na década de 1950, com as Faculdades Integradas de Uberaba (Fiube) e, desde 1988 Universidade de Uberaba (Uniube). 

Em 1949 as irmãs dominicanas fundaram a Faculdade de Filosofia e Letras São Tomás de Aquino. 

As irmãs concepcionistas chegaram a Uberaba em 1949 e em 1961 inauguraram a Igreja da Medalha Milagrosa. 

A Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro se estabeleceu em 1954 e foi transformada em Universidade Federal do Triângulo Mineiro em 2005, oferecendo cursos em diversas áreas do conhecimento. 

Nas décadas de 1970 e 1980 foram instalados os primeiros distritos industriais da cidade, apoiados com investimentos do Governo Federal. 

Na década de 1990 nasceu a Univerdecidade-Parque Tecnológico de Uberaba para viabilizar a pesquisa e o ensino técnico-profissionalizante, relacionados à ciência da informação e à agroindústria, notadamente para a genética vegetal e animal. 

O Centro de Pesquisas Paleontólogicas Llewellyn Ivor Price e Museu dos Dinossaurosforam criados em 1992. O museu é um dos mais importantes do Brasil, possuindo fósseis de 65 a 72 milhões de anos de idade. Localizado em Peirópolis, o museu é conhecido pela população regional e por visitantes de outros estados e países. 

Uberaba conta com marcos reconhecidos no Brasil e no mundo: a expressão espiritual de Chico Xavier, o desenvolvimento da pecuária zebuína e a paleontologia. 

Nos primórdios da sua história fora um Arraial, e hoje, no terceiro milênio (Século XXI) representa um centro comercial dinâmico; uma agricultura produtiva; uma pecuária seletiva, com importação de reprodutores e matrizes da Índia; um parque industrial diversificado, uma estrutura de ensino desenvolvida; uma planejada estrutura urbana, com características culturais sui generis, que têm atendido as demandas nos aspectos econômicos, culturais e de serviços essenciais à população. 


Marta Zednik de Casanova
Superintendente do Arquivo Público de Uberaba


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Cidade de Uberaba

Antigo Cemitério de São Miguel e sua Capela.

Encontrei essa foto no acervo do Arquivo Público Mineiro, onde – provavelmente – já deve ter dado entrada em mau estado de conservação. Trata-se de uma vista rara e muito interessante, feita da torre da Catedral de Uberaba, voltada para a parte de trás da igreja. No primeiro plano, avista-se o telhado da Catedral e a atual travessa Domingos Paraíso. À esquerda, a atual rua Olegário Maciel; à direita a Tristão de Castro.

O registro não tem data. Mas a pequena edificação de telhado inclinado que vemos logo atrás da Catedral é a estação retificadora da empresa "Ferreira, Caldeira e Cia", que inaugurou o serviço de luz elétrica em Uberaba em 30 de dezembro de 1905. E, na esquina à esquerda, avista-se um poste com fiação elétrica. A foto, portanto, deve ser posterior a essa data.

O detalhe mais interessante do registro é o que se vê ao fundo, no lado esquerdo: a localização exata da Capela de São Miguel, situada dentro do cemitério de mesmo nome (como era costume na época da sua fundação), ambos abertos por Frei Eugênio em 1856. Hoje, funciona no local dessa Capela o "Centro de Formação Profissional Fidélis Reis", do Senai. (veja em detalhe nos comentários)

Vistas dos fundos da Catedral de Uberaba - Minas Gerais,em foto tirada em por volta de 1910.

No alto à esquerda, a Capela e o Cemitério São Miguel (construídos em 1856 e demolidos em 1917) defronte ao “Largo da Matriz Velha”, atual Praça Frei Eugênio. Fotógrafo desconhecido. Acervo do Arquivo Público Mineiro. Restauração: André Borges Lopes.

           A foto original do Arquivo, antes da restauração.

Nessa mesma área, havia sido erguida anteriormente antiga capela de Santo Antônio e São Sebastião da Berava, aberta em 1818 pelo Cônego Hermógenes e primeira igreja Matriz ("Matriz Velha") da freguesia entre 1820 e 1853-54, quando foi aberta a Catedral na atual praça Rui Barbosa. O antigo "Largo da Matriz Velha" deu origem à Praça Frei Eugênio.

       A Capela e o Cemitério, em foto de 1889.
Comparando com a foto do post, acredito que ela tenha sido reformada após essa data.


Um detalhe ampliado da Capela.

Como vemos, a Capela de São Miguel continuou de pé por alguns anos após abertura do novo "Cemitério do Brejinho" (atual São João Batista) em 1900. É provável que só tenha sido demolida por volta de 1917, quando as tumbas do antigo cemitério foram retiradas e levadas para o novo. O terreno foi posteriormente cedido para a construção do "Liceu de Artes e Ofícios" (incorporado pelo SENAI em 1945) e do antigo "Grupo Minas Gerais".

(André Borges Lopes)



Cidade de Uberaba


Largo da Matriz e Jardim Público (atual Praça Rui Barbosa) da cidade de Uberaba, por volta de 1890.

Dos imóveis retratados, o sobradão do canto direito da foto é o único que permanece preservado. Conhecido como "Casarão Tobias Rosa", esse sobrado sediou as oficinas do jornal Gazeta de Uberaba e, anos mais tarde, as reuniões da Sociedade do Herd Book Zebu, embrião da atual ABCZ.

 Largo da Matriz e Jardim Público (atual Praça Rui Barbosa) da cidade de Uberaba, por volta de 1890. Acervo do Arquivo Público Mineiro. Restauração: André Borges Lopes.

É o mais antigo logradouro público de Uberaba, pois, foi na sua parte inferior que se começou a edificação do primeiro prédio que Uberaba teve. Dele partem as seguintes ruas, a saber, canto inferior direito, a Coronel Manuel Borges; centro, a Artur Machado. Esquerda, a Vigário Silva, lado sul, ao meio, a rua de Santo Antônio. Canto superior direito, a rua Olegário Maciel e superior esquerdo, a rua Tristão de Castro; lado norte, no meio, a rua São Sebastião. É inteiramente calçada a paralelepípedos e com luxuoso jardim à frente da Catedral do Bispado. Nos alinhamentos em diferentes lugares ficam o Paço Municipal, hoje Prefeitura, o Teatro São Luís e custosos prédios particulares. Primitivamente chamava-se ‘Largo’, mais tarde ‘Largo da Matriz Nova’, ‘Largo da Matriz’, praça ‘Afonso Pena’ (1894-1916) e finalmente praça Rui Barbosa." (PONTES, 1970, p.287).


Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos

Cidade de Uberaba

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

A VENDA DA TELEFÔNICA DE UBERABA

Oi, turma !


(Orgulho: É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante...)

Uberaba já teve homens de brio, de grande valor. Políticos que se interessavam pela grandeza da cidade e não para encher os bolsos. Eméritos, destemidos, empreendedores, além de peritos inovadores, visando o crescimento da terrinha. A epopéia do zebu, foi um marco real . Nos negócios, relembro um pioneiro: Alexandre Campos. Dono de uma grande drogaria, moderna para a época, o cliente encontrava sempre o remédio procurado. Foi mais longe. Instalou a primeira empresa telefônica da região. Incipiente, dificuldades mil, mão de obra pouco qualificada, o máximo que a telefonia atingia fora de Uberaba, era Veríssimo ( 50 kms.). O tempo passando, Uberaba crescendo, Alexandre envelhecendo, esperando a morte chegar.

   Empresa Telefônica de Uberaba (ETUSA), na Rua Governador Valadares.

 Trecho entre a Avenida Doutor Fidélis Reis e Rua Artur Machado. Atual CTBC - Algar Telecom. Foto: J. Schroden. Década: 1940

Sylvio, José, Joaquim e Anita, os filhos, assumiram o comando das empresas. Pequenas, não suportava o sustento de todos eles. Joaquim, sempre doente. Sylvio, José e Anita, no comando. José e Anita, “bateram asas”, foram para São Paulo. Sylvio, ficou à frente do negócio. Educação esmerada, fino trato, cavalheiro, conduta séria e ilibada, doou-se, com amor, à empresa. Uberaba crescendo e com ela, aumentando as dificuldades. A telefonia, sem investimento, financiamento difícil, doenças na família, debilitaram o então forte Sylvio . José e Anita, juntaram-se novamente ao irmão em dificuldade. Numa reunião familiar, decidiram pela transferência da empresa. De preferência para um grupo empresarial da cidade.

                  ETUSA - Empresa Telefônica de Uberaba S/A.                 
Rua: Governador Valadares - Ano:1974
  
José, empatia mútua e o filho, Alexandre Neto, tornamo-nos bons amigos. A relação com Anita e Sylvio, leal e respeitosa. Encarregado por José, fiz contatos e visitas á diretores da Associação Comercial e Industrial de Uberaba. Disse aos uberabenses ricos, o desejo da família que o controle societário da empresa, ficasse com gente da terrinha. Ninguém se interessou. Um deles, que não declino o nome por respeito à família, foi lacônico:-“Jogar sal em carne podre, jamais !” . Relatei o fato a José. Foi a gota d’água. Autorizou-me o contato com Alexandrino Garcia, dono da CTBC, em Uberlândia.

Luiz Alberto, seu filho, meu colega de bancos escolares no Diocesano, gerente do grupo, levou a demanda ao pai. Alexandrino, adorava ser chamado de “Comendador”, comenda que havia recebido, não acreditou no que chegava aos seus ouvidos. Teria dito, segundo o filho, Luiz Alberto, “ não acredito que o José e a Anita, estão dispostos a desfazer da ETUSA (Empresa Telefônica de Uberaba)”. Em pouco tempo a transação estava consumada.

Empresários uberabenses, o “Lavoura e Comércio”, jornal porta-voz do município, ao tomarem conhecimento, “ caíram de pau”:- “Logo para Uberlândia ! É um absurdo vender um patrimônio desses! Já não basta o tanto que já levaram de Uberaba ? “. O “chororô” alvoroçou a cidade. Na rádio Difusora, onde trabalhava, não vacilei em contar toda a história. O pouco caso, a falta de interesse, o sarcasmo com que fui recebido, a essa altura de nada adiantavam os lamentos; a operação estava concluída. Não do jeito que a família pretendia...

Se tiver algum diretor da ACIU daquele tempo, vivo e que queira me contestar , estou às ordens e se precisar, invoco o testemunho do Dr. Luiz Alberto Garcia, “manager” da Algar- Telecom, vivo e são, em Uberlândia... Depois, alguns setores de Uberaba, ficam a lamentar o que perdemos... Amanhã, relembro mais conquistas importantes que tivemos. “ Marquez do Cassú”.


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sábado, 14 de setembro de 2019

CORNO BIOLÓGICO

Oi, turma !


(Cuidado com a casca de banana jogada na calçada. Alguém pode escorregar...)



Mário Prata, tem descendência uberabense. Filho do médico saudoso, Alberto Prata, sobrinho paterno do Padre Prata e do lado materno, de Maurilio Cunha Campos de Morais e Castro. Talento de todos os lados. Escreveu livros, novelas, contos e artigos. Dizia ter nascido em Lins (Lugar Incerto e Não Sabido), com convicção. Os filhos, Antônio e Maria, puxaram o pai; “cuspido e escarrado”, afirmava. Revendo meus “guardados” nos últimos 30 anos, deparei-me com uma crônica sua em que ele traduz, com a sua verve costumeira, a classificação em que define o “corno-biológico”. Ao final da crônica, é taxativo:- “quem não entender a lista, pode se considerar corno-burro. “ E arremata” você não deve se preocupar; esse negócio de corno é uma coisa que puseram ( ou colocaram ?) na sua cabeça”... Acompanhe a classificação:

*Corno – manso:- o que vê a mulher com outro e só balança a cabeça.

*Corno-banana- a mulher vai embora e lhe deixa uma penca de filhos.

*Corno-Xuxa- aquele que não larga a mulher por causa dos “baixinhos”.

*Corno-azulejo – baixo, quadrado e liso.

*Corno-galo – aquele que tem chifre até nos pés.

*Corno-prevenido- o que liga para a esposa antes de ir para casa.

*Corno-atleta- ele sai prá jogar futebol, aí o Ricardão chega para encher a bola.

*Corno-inflação- a cada dia que passa, mais o chifre aumenta.

*Corno-político- aquele que promete:”-vou matar esse cara “! Nunca cumpre !

*Corno-cético- quando vê a sua mulher com outro, não acredita.

Corno elétrico- quando lhe conta que sua mulher está com outro, responde:” tô ligadão”!

*Corno-salário- baixinho e só comparece uma vez por mês.

*Corno-cebola- quando vê a mulher com outro, começa a chorar.

*Corno 7 de setembro- aquele que a mulher só dá bandeira.

*Corno-geladeira- aquele que leva chifre e não se esquenta.

*Corno- yoyô- aquele vai embora de casa e sempre volta.

*Corno- justiceiro- aquele que se vinga da mulher, dando...

*Corno-jibóia- aquele que dorme entre as pernas da mulher.

*Corno-porco- aquele que só come o resto.

*Corno-socialista- aquele que não se importa em dividir a mulher com os “cumpanheros”.

“Corno-Brahma- aquele que pensa que é o “ número um”.

*Corno-Antártica- aquele que sabe que a mulher “ é paixão nacional”.

*Corno-granja- o que dá casa ,comida,dinheiro,roupa lavada e passada e os outros, comem.

*Corno 120- aquele que vê a mulher fazendo aquele número; vai no boteco e bebe uma “51”.

*Corno-toureiro- aquele que prefere segurar a vaca.

*Corno-desinformado- só ele é que não sabe...

*Corno-português- quando lhe perguntam sobre a “performance” da mulher, responde:”-Uns dizem que sim, outros dizem que não”...

Finalizo: Espero que não receba nova lista. Alguns “setores ”de Uberaba, é o que mais tem...
Desculpem o tamanho do texto. Foi ou não merecido? Abraços do “ Marquez do Cassú”.



Cidade de Uberaba


O SUSTO DO TOTINHA...

Oi, turma !


(Amigo é aquele que fica quando todo mundo se afasta...)


Núncio Cicci, pertenceu a uma tradicional família uberabense, onde irmãos e irmãs, ajudaram a construir a grandeza de Uberaba. Dono de um dos mais famosos e saudosos bares- restaurantes da terrinha, “seo”Núncio e o genro, Joaquim de Oliveira Maia, “Quinzinho”, o “Tip-Top”, fez e deixou história.

Políticos, empresários, casais, gente do povo, faziam “ponto” naquela casa, instalada no térreo do prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba. Obrigatoriamente, gente da cidade, visitantes, não deixavam de ‘”aperitivar” naquele bar.

No trecho da Leopoldino de Oliveira, entre Artur Machado e Segismundo Mendes, os tipos populares se faziam presentes. “Foguinho”, não saia do ‘Guarani’, “Coisão”, no “Marabá”, “Zé Gigante” , no “Buraco da Onça” e o ‘Escurinho”, no “Tip-Top”. Mas, a lembrança da” velha guarda dos cervejeiros”, se volta para a singela figura do “Totinha”. Nascido José Antônio Costa, ninguém nunca soube a origem do apelido. 

Ligado aos meios de comunicação, seus amigos eram radialistas e jornalistas. Inclusive eu. Pequenino, mas, de “ tambor grande”. Era “bom de copo”. O que lhe oferecessem, ele “traçava”: cerveja, uísque, cachaça, vinho, rabo de galo, conhaque, vodca, ele não tinha preconceito de paladar...Mandava ver...

Certa noite, devidamente “calibrado”, bebia seus destilados no ‘Tip-Top”. Cansado, depois de um fim de tarde/noite movimentado, “Quinzinho”, fechou o bar e foi prá casa usufruir do merecido descanso. Não poderia jamais supor que o telefone iria tocar , às duas da madrugada ! Sonolento, atende. Do outro lado da linha, voz trêmula, alguém pergunta:

-“Quinzinho, aqui é o Totinha. A que horas ocê vai abrir o bar amanhã?” Puto, “Quinzinho”, despeja uma saraivada de palavrões e desliga. Cinco da manhã, novamente o tilintar do telefone: - “Quinzinho, ocê me desculpe, mas que hora mesmo vai abrir o bar ?” Nervoso, “Quinzinho” xinga a família do Totinha até a quinta geração e o clássico “ vai a p.q.p.” !

Sete da manhã, “Quinzinho”, banho tomado, barba feita, roupa trocada, prepara para o café. Eis que o telefone toca novamente. “Quinzinho”, perde a paciência:- “Outra vez, Totinha! Para de me amolar! “Cê bebe a noite inteira e vem me encher o saco “? Totinha, voz rouca, docemente, responde:- “ Não, Quinzinho, não é bebedeira não. É que eu dormi debaixo da mesa do bar; quando acordei, o bar já estava fechado.Tô preso aqui até agora. A` hora que ocê abrir, eu vou embora prá casa”...

Mais que depressa, o nosso simpático “Quinzinho”, correu ao “Tip-Top” e “soltou” o Totinha. Agora, o final triste da breve vida do meu personagem. Internado numa casa de recuperação de alcoólatras, em Baurú (SP), numa triste madrugada, tentou fugir. Ao pular a janela do quarto onde dormia, caiu no apiário, ao lado da janela. A cena, inimaginável ! Picado pelo enxame de abelhas, teve morte horrível . Dócil, comunicativo, pau para toda obra, educado e amigo, até hoje, é lembrado pelos seus verdadeiros amigos.

Volto , amanhã, com mais historinhas da sagrada Uberaba. Abraços do “ Marquez do Cassú”.


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Cidade de Uberaba

CIDADE CONTRA CIDADE

Oi, turma!


(Jornalismo é saudade e muita verdade...)


Foi uma noite inesquecível ! Agosto de 1969 ! 50 anos são passados ! Parece que foi ontem ! Uberaba não dormiu naquela noite. O povo grudado na TV., assistia Silvio Santos, no “Cidade Contra Cidade”. Uberaba enfrentava São José do Rio Preto. O “homem do baú”, no Teatro Tupi, da avenida Brigadeiro Luiz Antônio ,realizava um programa em que as cidades que recebiam sinal da saudosa TV-Tupi, mostravam seus valores, personalidades, curiosidades, feitos fantásticos e tudo mais. Era o espetáculo televisivo coqueluche do Brasil. O convite para a terrinha partiu de José Pedro de Freitas, diretor da rádio Tupi e do repórter Saulo Gomes.

As provas mais variadas. Nomes singulares de uberabenses; personalidade ”fora de série”; quadro musical que expressasse o costume da cidade; um filho da terra de expressão nacional e internacional; arrecadação de livros que iriam abastecer escolas municipais que não possuíam bibliotecas; um jovem da terra que, numa redoma de vidro inviolável, acertasse nomes de musicas pelo fone de ouvido, as mais difíceis. Juntaram-se as forças da cidade. João Guido, prefeito, doou toda a logística: ônibus para a torcida e participantes, além das refeições. O 4º.Batalhão, responsável pelo recolhimento e transporte dos livros arrecadados, Raul Jardim, Netinho e Geraldo Barbosa, pela PRE-5, Jorge e Farah Zaidan e este veterano escriba, como apresentador responsável, pela “ 7 Colinas”, responsáveis pela programação.

Ainda com o tempo curto para ensaios, Luiz Rossetti, o melhor conjunto musical da época, encarregou-se do primeiro quadro. Título:- “Uai, o que uai , sô? Uai é uai, uai...” João Cid, como o “caipira”, deu “show”. Helvecinho ,na bateria, Gabriel e Barão, vozes, Urano, violão e Rosseti, no piano e a voz feminina de Ivete. Quadro seguinte: Fernando Braz, que ainda não era Vannucci, respondeu todos os nomes das músicas que lhe foram apresentadas. Depois, ”personalidade mundial ”.Dr.Álvaro Lopes Cançado (Nariz), médico introdutor da medicina esportiva no Brasil e jogador da seleção brasileira de 38, acompanhado da filha médica, psiquiatra, Wania Magon Lopes Cançado. O quadro, recebeu nota 10 dos jurados.

Nomes originais, novo sucesso. Pincal Pedro Nascimento, Atríbulo Quaresma e Deusvelindo Salvenil Cirineu, foram vencedores. Da metade do programa em diante, Silvio Santos, começou a chamar a atenção para o quadro “Fora de série”. Avisava que Chico Xavier, estava nos estúdios e representaria Uberaba ! Praquê! São Paulo ouriçou ! Em minutos, a Brigadeiro Luiz Antônio, foi recebendo gente querendo ver Chico Xavier ! Brasileiros de todos os cantos, chegando aos borbotões! A Policia Militar e Departamento de Trânsito, organizando o trecho . O trânsito, desviado. Gente chegando. De norte, sul, leste, centro, bairros e periferia, tomando conta da avenida. Cálculo da Policia Militar: aproximadamente 15 mil pessoas !

Apoteose! Delírio ! Palmas ! Gritos ! Chico Xavier, entra no palco. Silvio santos, começa a chorar. Eu também. A platéia, de pé, aplaudindo. Silvio e Saulo Gomes, iniciam as perguntas. e Paulo Moura, o maior clarinetista do Brasil, representando Rio Preto, não se conteve. Abraça Chico, demoradamente. Em silêncio, as perguntas. Chico, responde todas. Homossexualismo, disco voador, drogas, família, religião, seres extra-terrestres. Nenhuma sem resposta ! Três e meia da madrugada de 6ª.feira, termina o programa. O público não arreda pé, nem do auditório ,nem da avenida. A multidão, queria ver, de perto, o nosso Francisco Cândido Xavier! Uberaba venceu ! Aqui na terrinha, fogos espocavam por todos os cantos ! Uberaba fora mostrada para todo o Brasil ! No dia seguinte, a grande recepção ! Uberaba recebia seus ídolos e guerreiros que souberam honrar o nome da CIDADE !
A saudade mata a gente... Eram tempos de glória !Abraços do “ Marquez do Cassú “.

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Prata (cestinha do Tijuca) aponta os males do basquete.

Contagens elevadas afastam os torcedores

- Só sairia do Tijuca, caso fosse convidado, para ingressar num clube que excursionasse bastante e desse mais apoio ao basquete,- A revelação é de Prata, pivô da equipe principal do Tijuca. Calmo, como todo mineiro - é de Uberaba – ele vai desfolhando o livro:

- Gosto imensamente do basquete é só o pratico para conseguir novas amizades e viajar, pois sou doido para excursionar. Infelizmente, o Tijuca nunca saiu do Rio...
- É verdade que o Tijuca não dá apoio ao basquete, Prata?

- Até certo ponto, sim. Infelizmente, no meu clube, os diretores não se preocupam com o esporte de cesta e só aceitam e só aceitam o cargo para ajudá-lo. 

O Tijuca sente, na realidade, grande dificuldade em conseguir quem queira trabalhar. 

José Roberto Borges Prata, eis seu nome completo, nasceu num dia de trovoada, (21-11-39) sendo o terceiro de uma família relativamente pequena e que não é do esporte. Veio para Rio (60) a fim de estudar advocacia, conseguindo seu intento, pois formou-se no ano passado. Disse nos que pretende fazer uso da profissão – seu grande ideal – aguardando, apenas uma oportunidade.

Nós:

- Cite seu clube de coração?

-Sou vascaíno doente e seria o clube em que jogaria, na hipótese de deixar o Tijuca. Todavia, nunca fui convidado e, sinceramente, até agora não me interessei por “cantadas”.

Prata, em seguida, contou-nos como ingressou no Tijuca:

- Quando vim para o Rio fui morar com um tio em frente ao clube.

Como gosto imensamente do basquete, uma certa tarde fui ao ginásio e me apresentei ao técnico da época, Odínio. Dei uns treinos, fui incluído na equipe, principalmente, como reserva, e depois peguei o time de cima, na equipe, primeiramente, como reserva, e depois peguei o time de cima. 

- Dê sua opinião sobre Helinho.

- Meu ex-técnico, para mim, é um grande preparador. No Banco, porém, há superiores, como Kanela e Zé Carlos ex-treinador do Vasco, que vibravam mais e incentivam os jogadores. 

- Aponte o melhor jogador da Guanabara?

- Indubitavelmente, na atualidade é Sérgio, que dentro de algum tempo será um dos melhores jogadores do Brasil. O jogador do Botafogo possui todas as qualidades que se exige para um craque. 

- Qual a sua altura, Prata?

- Tenho 1m91 e estou muitíssimo satisfeito, pois sempre me ajudou. Aliás, altura só auxilia quando um time está bem treinado, tecnicamente.

Prata - (Foto - Acervo da família). Data - 24 de julho de 1965.


Prata e Aloísio Garcia Borges. (Foto - Acervo da família). Data - 01/07/55.

Prata pede-nos tempo para um esclarecimento:

- Não sou tão ceguinho assim como “alguns” dizem. Na realidade uso lentes de contato para jogar, mas nunca me atrapalharam. Elas são grandes e não há perigo de caírem. E note-se: sempre fui cestinha no quadro tijucano.

- É verdade que você esta contrariado de ser pivô?

Sorriu: 

- De fato, gostaria muito de jogar atrás. Infelizmente, meus técnicos me acostumaram tanto na posição que hoje não sei jogar em outro ponto da quadra.

- Revele o mal do basquete?

- A falta de promoção e de maior número de jogos. Jogador, no Rio fica restrito as atividades pequenas, pequenas, somente dos campeonatos. Além do mais. O certamente principal reúne equipes sem nenhuma capacidade. O ideal seria uma seleção rigorosa, para que as competições tivessem só a nata dos clubes propiciando belos espetáculos e não o que se vê hoje em dia. Os nossos dirigentes deveriam seguir o exemplo de São Paulo, onde as competições são em larga escala e o gabarito técnico é bem melhor.

Prata - (Foto - Acervo da família). Data - 24 de julho de 1965.


Seleção Carioca. Da esquerda para direita: (01) Márvio;...;....;....;....;....;....; (07) Marquinhos Abddala;...;...;...;(04) Ilha. (Foto - Acervo da família) Década:1960


Seleção Americana x Seleção Carioca. (Foto - Acervo da família)
 Década:1960


- Basquetebol é violento, Prata?
  
- Acredito que sim, tanto que num treino, casualmente meu companheiro Zézinho, numa disputa de bola, caiu em cima de minha perna esquerda e provocou rutura dos ligamentos. Em sequência, fiquei no “estaleiro” vários dias. E com é duro assistir do banco de reservas. 

- Você é violento?

- Dê maneira alguma. Creio, até, que sou um dos jogadores mais delicados já produzidos pelo esporte da cesta do Brasil. Vista só a bola. 

José Roberto Borges Prata - (Foto - Acervo da família). Data - 24 de julho de 1965.

Prata nos revelou que possui apenas o título de vice-campeão carioca (60) e alguns outros, porém como reserva, em sua cidade natal, quando jogou pelo Jóquei Clube de Uberaba, onde aliás iniciou sua carreira (55).

Prata termina falando de amor. E meio triste: 

- Nunca tive sorte com namorada e não sei mesmo a razão, pois não sou tão feio assim. Não acham? Tive uma decepção com uma linda garota de minha terrinha e agora não quero nem pensar em namorar. Se “Cupido” me acertar, garanto que terá que esperar muito, pois casamento só daqui há séculos. 

Fonte: REVISTA DO ESPORTE – Ano – VI – N 333 – 24 de julho de 1965 – Diretor: Anselmo Domingos – Redação: Adilson Povil , Waldemir Paiva, Nóli Coutinho, Tarlis Batista, Ademar de Almeida e Otto Correia * DEPARTAMENTO FOTOGRÁFICO – Jurandir Costa, Odete Moraes * DEPARTAMENTO ARTÍSTICO: Jorge Brandão.


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Rua Dr. José de Souza Prata


Conheça o Patrono da Sua Rua
                                                           
                           Rua Dr. José de Souza PrataNome: José de Souza Prata ★1897 †1962                            


Bairro: São Benedito CEP.: 38.045-190




Naturalidade: Ouro Preto – MG


Filiação: Carlos Simões Prata e Maria Antonieta de Souza Prata


Casado com: Nadir Cruvinel Borges Prata (3 filhos)


Profissão: Advogado


Participação da Comunidade: Formado pela Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, exerceu os cargos de Promotor de Justiça, Delegado e Juiz Municipal da Comarca de Sacramento e Uberaba. Deixando a magistratura, abriu escritório de advocacia em Uberaba, distinguindo-se logo como profissional de altas qualidades e impondo-se imediatamente ao apreço de seus colegas e clientes pela sua consciência jurídica esclarecida, sólida cultura e elevada idoneidade moral. Foi professor da Escola Normal Oficial e pertencia ao corpo docente da Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro e Faculdade de Direito de Franca – SP, sendo um dos professores fundadores, prestando a estes estabelecimentos de ensino superior até o fim de sua existência os mais apreciáveis serviços. Exerceu também cargos eletivos na vida várias instituições uberabenses, inclusive na Presidência da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, hoje ABCZ, sendo um dos fundadores. Durante a sua administração foi erguido o edifício na Rua Manoel Borges que lhe serviu de sede por longos anos. Varias vezes diretor do Jockey Club de Uberaba; Provedor da Santa Casa de Misericórdia: Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Uberaba. Militou na imprensa local durante muitos anos, como comentarista sagaz e cronista, sendo um de seus colaboradores efetivos, contribuindo para maior projeção dos nossos jornais e elevação de seu conceito cultural.


A preocupação de servir foi a tônica de sua personalidade e dinamizou diversos setores na vida de Uberaba.

”A memória é que constrói a História”

(Jacques Le Goff)

Criação e Coordenação de Dorival Luiz Cicci.

Fonte: Documentos e Certidões em poder da família e publicações no Jornal Lavoura e Comércio. Publicado em 15 de outubro de 1999.

Pesquisa: Familiares e amigos.

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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Diálogos entre o deputado uberabense Fidélis Reis e o físico Albert Einstein através de cartas

Em 14 de março de 1930, o jornal uberabense Lavoura e Comércio anunciava o aniversário do célebre físico alemão Albert Einstein. Naquela ocasião, o jornal reproduziu a íntegra de uma carta do então deputado Federal Fidélis Reis enviada a Einstein anos antes. Em seguida, traz a carta de resposta do físico alemão ao deputado de Uberaba.

O aniversário de Albert Einstein. 

O deputado Fidélis Reis foi autor da “Lei Fidélis Reis” de 1927, que dava diretrizes ao Ensino Profissional no Brasil. Por meio desta lei foi edificado em Uberaba o Liceu de Artes e Ofícios, atual sede do Centro de Cultura José Maria Barra e entorno da Escola Profissional Fidélis Reis do Senai e a Fiemg.

História, ética e nacionalidade: a trajetória política do deputado federal Fidélis Reis na Primeira República.

É farta a produção historiográfica sobre a educação profissional, bem como estudos sobre pressupostos de nacionalidade que rodas de intelectuais e projetos políticos debatiam quanto à entrada de estrangeiros em solos brasileiros. Tais matizes abordam de forma secundária a trajetória política do deputado federal por Minas Gerais Fidélis Reis. Este artigo nasceu da percepção da importância que estes debates em evidência no cenário político e intelectual brasileiro nos finais da Primeira República, não foram profundamente estudados e carece de estudos futuros centrados na biografia do deputado Fidélis Reis, agente político preponderante no cerne destes assuntos em tal período.

Fidélis Reis - Foto: Superintendência Arquivo Publico de Uberaba.

Fidélis Reis nasceu em Uberaba/MG em 4 de janeiro de 1880 e faleceu e 29 de março de 1962 na mesma cidade aos 82 anos de idade. Formou-se em Agronomia, tendo se graduado na primeira e única turma do Instituto Zootécnico de Uberaba, em 1901. Prestou serviços à Diretoria-Geral de Povoamento, ligada ao Governo Federal em 1907, investigando secretamente na Argentina o serviço de colonização e imigração do governo argentino. A partir de então, sua experiência na Argentina por seis meses o despertou profundamente para o assunto da imigração que mais tarde como deputado federal iria defender. (SOARES, s/d. p. 103). Em seguida foi inspetor do Serviço de Povoamento Federal no Estado do Espírito Santo de 1907 a 1909. Em Belo Horizonte foi inspetor agrícola federal do 7° e 18° distritos nos anos de 1910 da Secretaria de Agricultura, Indústria, Terras, Viação e Obras Públicas. Na capital mineira foi eleito presidente da Sociedade Mineira de Agricultura e foi um dos fundadores da Escola de Engenharia de Belo Horizonte, nesta entidade lecionou ao longo de cinco anos e ganhou o título de professor honorário em 1961. (REIS, 1962 p. 123). 

Em 1912, Fidélis Reis foi a Europa para fazer novos estudos. Na França fez o curso de Ciências Físicas e Naturais na Sorbonne, seguindo posteriormente para Suíça e Itália. Na Itália esteve em Roma e prestou serviços ao governo brasileiro estudando planos para emigração de italianos ao Brasil. 

Dedicou-se à vida pública como Deputado Estadual e Federal entre os anos de 1919 e 1930. Foi um dos fundadores e primeiro presidente da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro – SRTM, atual ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu, entidade que congregou particularmente os pecuaristas uberabenses que se dedicavam à criação de gado indiano, conhecido como Zebu. Foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Uberaba – ACIU, quando foi construída a sede da entidade, a Casa do Comércio e da Indústria. Participou da fundação e presidiu o Banco do Triângulo Mineiro. Também participou como co-responsável pela construção do Palácio do Departamento Regional dos Correios e Telégrafos de Uberaba. Reis escreveu os seguintes livros: País a Organizar; Política Econômica; Política da Gleba; Ensino Técnico Profissional; Homens e Problemas do Brasil e Problemas Imigratórios (REIS, 1962. p. 123). Manteve um intenso trabalho como articulista de vários jornais da época em que viveu.

Sua vida na política pública começou em 1919, sendo eleito para o cargo de Deputado Estadual do Estado de Minas Gerais e, no ano de 1921, para Deputado Federal por Minas Gerais, cargo para o qual foi reeleito até 1930 quando se deflagrou o processo da Revolução de 1930 e o seu mandato foi então extinto. Um de seus principais projetos na vida parlamentar foi a criação da lei que levou seu nome – Lei Fidélis Reis – instituindo o ensino profissionalizante de caráter obrigatório no país. Como parlamentar, esteve envolvido em projetos xenófobos e racistas na Câmara dos Deputados (FONTOURA, 2001 p. 145), contrários à imigração de japoneses e de negros afro-americanos vindos dos Estados Unidos para o Brasil. 

Segundo o historiador Manoel Jesus Araújo Soares, em 1926 vem à tona uma proposta estudada por Fernando Azevedo que previa que uma reforma educacional se fazia necessária à época no intuito de “prevenir as desordens sociais, formando nas classes dirigentes elites esclarecidas, competentes e responsáveis” (SOARES, 1995. p. 98). O propósito de tal proposta seria disciplinar uma “educação adequada as massas populares” como uma solução alternativa a uma possível ameaça que as população poderia oferecer as oligarquias dos anos de 1920. (SOARES, 1995. p. 98). Na contrapartida desta proposta, o deputado Fidélis Reis encaminhou em 1922 a Câmara Federal o projeto de lei que previa a obrigatoriedade do ensino profissional no Brasil, projeto que foi intensamente discutido entre os parlamentares e a imprensa da região do Triângulo Mineiro e nacional até sua aprovação em 1926. Na elaboração da proposta de lei, o deputado mineiro correspondeu com Albert Einstein e Henry Ford, homenageando o segundo num dos pavilhões do Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba.

Como dissemos acima, a Lei sancionada não cumprida. Sobre este aspecto o deputado fez o seguinte comentário em livros de memórias:

(...) desde a sansão da lei foi sincero o Presidente da República em declarar-me que não poderia executá-la de pronto, mesmo dentro do crédito votado, que era o primeiro a reconhecer insuficientemente para uma obra de proporções tamanhas. O Tesouro não suportaria nenhum ônus além das despesas estritamente orçamentárias. Além de que, a execução integral da lei reclamaria quantia não inferior a 400 mil contos, dizia o Presidente”. (REIS, Fidélis. 1962, p. 186).

Paralelamente, em 1926, a Lei da Consolidação das Escolas de Aprendizes Artífices, determinava o curso profissional de quatro anos para o primário e dois anos para o complementar. Foi prevista na consolidação a possibilidade de nove seções de ofícios:

- seções de trabalhos de madeira

- seções de trabalhos de metal

- seção de arte decorativa

- seção de artes gráficas

- seção de artes têxteis

- seção de trabalhos em couro

- seção de fábricas de calçados

- seção de fabrico de vestuário

- seção de atividades comerciais

Uma grandiosa obra fomentada pelo deputado Fidélis Reis, a construção dos edifícios que iriam compor o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo, contou com a contribuição financeira de inúmeros moradores do Triângulo Mineiro para sua construção, bem como recursos do governo federal e estadual, sendo inaugurado em 1928. O propósito de então deputado era que o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba servisse de modelo experimental ao seu projeto de lei aprovado recentemente. Todavia, o Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba nunca chegou a funcionar de fato, pois inúmeros obstáculos insurgiram após sua inauguração, faltava apoio e recursos para o início dos trabalhos, e assim nos anos iniciais em suas dependências instalaram-se a Escola Normal de Uberaba, entendida como prioritária pelo governo federal, posteriormente nas mesmas edificações, funcionou o 4º Batalhão de Caçadores Mineiros. Apenas em 1942 que os sonhos do deputado Fidélis Reis esboçaram a possibilidade de se concretizarem, exatamente quando se criou o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, entretanto, apenas no ano de 1948 o SENAI ocupou as dependências do idealizado Liceu de Artes e Ofícios de Uberaba com a presença na inauguração da Escola de Aprendizagem Fidélis Reis do então presidente da República, marechal Eurico Gaspar Dutra.

Um outro aspecto que Fidélis Reis discute quanto às propostas para ensino técnico-profissional no Brasil foi quanto à criação da Universidade do Trabalho. Este assunto foi pautado em intensas discussões em quase toda História da Educação no Brasil durante o século XX. De 1922 até o final do século dez iniciativas dessa natureza (PRONKO, 1997 p. 37). Contudo, o debate quanto ao assunto ganha bastante fôlego nos anos de 1940 a 1950. 

A primeira proposta sobre a Universidade do Trabalho nasce nos anos de 1920, em meio a um contexto conveniente em que pudesse contribuir para “obtenção da harmonia social, propiciar a racionalização do processo produtivo e formar mão-de-obra necessária ao crescimento industrial” (PRONKO, 1997 p. 39). Nesse sentido se questionavam o modelo de educação superior praticado no Brasil e o modelo voltado para a formação técnico-profissional. Contudo, poderíamos dizer que este assunto vai assumir a força necessária nos anos de 1930 a 1940, pois os objetos “educação e trabalho” recebem amplo apoio como política de Estado.

Dos projetos de criação de instituições desse modelo no Brasil, de 1930 a 1955, duas correntes tiveram bastante relevância no contexto, apesar da Universidade do Trabalho ter sido um projeto fracassado. A primeira proposta foi de autoria do belga Omer Buyse, de 1934, e a segunda de Humberto Grande, 20 anos depois. Omer Buyse tinha formação em engenharia na Bélgica e participou efetivamente na criação da Universidade do Trabalho de Charleroi (Bélgica) em 1902. Segundo Pronko, Fidélis Reis foi introdutor desta proposta no Brasil, e o próprio Fidélis Reis sugeriu ao governo contratar Buyse para realizar estudos sobre a possibilidade de instalação desta proposta no Brasil, com a finalidade de articular modalidades de ensino profissional. Mediante essa situação, surgiu a proposta de criação de três universidades do Trabalho no Brasil, que foi entregue ao governo brasileiro em 1934.

A proposta de Buyse em anteprojeto foi fundamentada num conjunto orgânico, cujo papel era centralizar nas instituições de ensino superior a relação com cursos das instituições de ensino técnico de nível médio. Foi previsto na estrutura acadêmica da criação destas instituições a formação em diversas áreas que abrangeria o campo do trabalho industrial e o apoio às atividades de extensão e à indústria. O projeto de Buyse foi enviado ao governo brasileiro em 1934; contudo não foi efetivado pelo então ministro da Educação Gustavo Capanema e assim, foi arquivado. Em outro momento, provavelmente nos anos de 1940, Fidélis Reis comentava sobre este assunto da seguinte maneira, 

O Brasil deve tomar a sério seu ensino, de modo geral, desde o primário-ginásio, de grau médio, universitário e técnico de grau superior. Seu futuro está intimamente ligado à eficiência desse ensino no qual já emprega enormes quantias. Impõe-se uma revisão na federalização das universidades estaduais para que sejam conservadas uma em cada Estado, dividindo à União os compromissos com eles, para que o ensino seja uma realidade e não simples ficção, distribuindo diplomas que nada significam. Há grandes necessidades de técnicos no Brasil, neles está profundamente interessada à indústria que, por iniciativa própria, nas organizações do SENAI, instrui com muito cuidado operários e mestres. Por que não conjugar esforços, de modo a levar mais alto essa colaboração como hoje se faz nos Estados Unidos e em outros países. (REIS Fidélis (In.) recortes Lavoura e Comércio Caderno do Liceu de Artes e Ofícios, sd. n/p.). 

É importante ponderar outras ações que o deputado Fidélis Reis tivera na Câmara dos Deputados, principalmente as que tolhiam a imigração de certos elementos considerados como “inferiores”. Entusiasta de ideais de branqueamento de raças em projetos xenófobos e racistas Fidélis Reis foi contrário à vinda de levas de imigrantes afro-americanos dos Estados Unidos para o Brasil, além de se colocar absolutamente contrário à imigração de japoneses para cá. Porém, era favorável a ações que estimulassem a imigração de europeus, a fim de justificar a tese de branqueamento dos brasileiros, baseado principalmente nas implicações racistas de Gobineau (FONTOURA, 2001 passim). 

Um bom exemplo da resistência que houve no Brasil contra a entrada de imigrantes entendidos como grupos de “indesejáveis” é o estudo feito por pelo historiador norte-americano Jeffrey Lesser (LESSER, 2001). No Brasil em 1891, foi proibida pelo governo a entrada de imigrantes nativos da África e da Ásia. Em 1907, foi criada uma legislação que revogou a entrada da imigração japonesa, havendo, entretanto forte resistência à entrada de árabes da África do Norte e de chineses. 

No ano de 1921, houve um vasto incentivo difundido na imprensa da época sobre a entrada de agricultores norte-americanos no Brasil, para isso foi prometido crédito de longo prazo, passagens e concessões de terras no Mato Grosso. Neste sentido foi criada a “Brasilian American Colonization Sindicate” – BACS, mas algo deu errado na negociação diplomática para vinda destes “esperados” imigrantes dos Estados Unidos da América, foi exatamente quando se descobriu que se tratava de negros norte-americanos, ou seja, mandar indesejados da América do Norte para a América do Sul que aqui também não seriam bem vindos, foi algo que criou um relativo mal estar entre as relações diplomáticas entre os dois países. A partir de então o Itamaraty negou vistos a todos os membros da Companhia, enviando mensagens confidencias a consulados dos Estados Unidos no Brasil, explanando qual era o tipo de imigrantes se pretendia introduzir no Brasil. Naquela época havia um tratado de imigração entre os dois países que foi questionado pelo governo norte-americano, haja vista que este tratado dava ao povo estadunidense o direito de se estabelecer livremente no Brasil, independente de raça, etnia ou religião. Questionado pelo governo dos EUA, sobre tal procedimento, o Itamaraty justificou que a política imigratória brasileira não poderia ser questionada sobre assuntos que envolveria a soberania nacional. Esse assunto também foi muito discutido por nossas autoridades políticas, entre estes podemos citar Fidelis Reis como um dos deputados que mais se dedicou ao assunto, sendo que este propôs em projeto no legislativo federal o impedimento da entrada dos negros norte-americanos. Em plenária em 1923 o deputado Fidélis Reis disse: 

Quando então pensamos na possibilidade próxima ou remota da imigração do preto americano para o Brasil é que chegamos a admitir a eventualidade da perturbação da paz no continente. ... O nosso preto africano, para aqui veio em condições muito diferentes, conosco pelejou os combates mais ásperos da formação da nacionalidade, trabalhou, sofreu e com sua dedicação ajudou-nos a criar o Brasil. ... O caso agora é iminentemente outro. E deve constituir para nós motivo de sérias apreensões, como um perigo iminente a pesar sobre nossos destinos. (disponível em: http://www.interney.net/blogs/lll/2008/07/16/os_defeitos_dos_negros_americanos_histor/. Acesso em 15 mar. 2008). 

Numa de suas falas na Câmara Federal o deputado discursa: “(...) Além das razões de ordem étnica, moral, política, social e talvez mesmo econômica, que nos levam a repelir in limine a entrada do povo preto e do amarelo”. Mais a frente faz referência à questão do branqueamento da seguinte maneira: “(...) que é o ponto de vista estético e a nossa concepção helênica da beleza jamais se harmonizaria com os tipos provindos de semelhante fusão racial.” (DIÁRIOS da Câmara). Num artigo do Jornal do Brasil, Fidélis Reis comenta sobre quanto considerava negativo o convívio de dois mil imigrantes japoneses à integração e desenvolvimento da comunidade de Conquista, no Triângulo Mineiro. 

Os japoneses vivem completamente separados dos brasileiros e dos demais estrangeiros que ali residem e não compra coisa alguma senão nas lojas e nas vendas de que são donos os seus patrícios. (...) A presença em conquista, portanto, de 2000 japoneses não chega a produzir um movimento comercial que produziram 100 imigrantes de qualquer outra nacionalidade. Há ainda um aspecto que não deixa de ser muito interessante e de grande valor para questão social: os japoneses, quer pelos seus nomes, muito difíceis para serem retidos pelos nossos homens, quer pela fisionomia, muitos parecidos uns como os outros, não podem ser distinguidos pelos brasileiros e pelos estrangeiros pertencentes as outras raças. Recentemente deu-se em Conquista um fato que vem em relevo os perigos resultantes desta falta de diferenciação: um japonês entrou em uma luta corporal com um caboclo e matou com uma facada. O assassinato foi testemunhado por várias pessoas que não lograram prender imediatamente o assassino ele misturado com os seus patrícios. Pois bem chegaram as autoridades policiais não pode o criminoso ser preso... Por não ser possível as testemunhas distinguir entre japoneses, qual o que tinha cometido o crime. E assim ficou impune o criminoso. (JORNAL DO BRASIL. s/d. s/p.). 

Avaliamos que estudos biográficos se tornam significativos em muitas linhas historiográficas da atualidade, esses aspectos evidenciam num plano mais amplo meios para encontrar argumentos que possam relacionar histórias de vida com a construção do cotidiano e do imaginário. Nesse sentido, é notável que muitos aspectos podem se revelar sobre o biografado. “O ser humano existe somente dentro de uma rede de relações” (BORGES, 2006 p. 222). Um estudo biográfico sobre Fidélis Reis profundo revelará avaliações sobre a história das idéias, “os condicionamentos sociais ao qual o mesmo estava submetido, grupo ou grupos em que atuava e todas as redes de relações pessoais que constituíam o seu dia-a-dia” (BORGES, 2006 p. 222). 

Bibliografia: 

BORGES, Vanvy Pacheco. Fontes biográficas: grandezas e misérias da biografia. IN: PINSKY, Carla Bassanezi. Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2006. 

CUNHA, Luiz Antônio. Ensino Industrial manufatureiro no Brasil. São Paulo: Revista brasileira de educação, mai-ago, n°14. Associação Nacional de Pós-graduação e pesquisa em Educação. 

_____. O Ensino de Ofícios Artesanais e manufatureiros no Brasil Escravocrata. Ed. UNESP, São Paulo, 2000. 

FONTOURA, Sônia Maria. A invenção do inimigo: Racismo e Xenofobia em Uberaba 1890 a 1942. 2001. Dissertação. (Mestrado em História). Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho", Franca, 2001. 

PRONKO, Marcela Alejandra. (Dissertação de mestrado). A universidade que não aconteceu: uma análise das propostas de criação da Universidade do Trabalho no Brasil, nas décadas de 30 a 50. Niterói: UFF, 1997. p. 37. 

LESSER, Jeffrey. A Negociação da Identidade Nacional. São Paulo: Unesp, 2001. 

REIS, Fidélis. Homens e Problemas do Brasil: Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1962. 

_____. A Política Econômica. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 1921. 

____. A política da Gleba: falando, escrevendo e agindo (1909-1919). Rio de Janeiro: Casa Leuzinger, 1919. 

____. Dois discursos. Belo Horizonte : Sociedade Mineira de Agricultura, 1917. 

____. O século XX, tempo das dúvidas: do declínio das utopias às globalizações. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2000. v.3 

_____. Paiz a organizar. Rio de Janeiro: A. Coelho Branco, 1931.
_____.O problema immigratório e seus aspectos éthnicos na Câmara e fora da Câmara. Rio de Janeiro,1924. SOARES, Manoel Jesus Uma Nova Ética do Trabalho nos Anos 20 – Projeto Fidélis Reis Série Documental/RelaRelatos de Pesquisa n. 33. Universidade Santa Úrsula, 1995.

SKIDMORE, Thomas. Preto no branco. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 1976.


Thiago Riccioppo, especialista em História do tempo presente pela Universidade de Franca – UNIFRAN; professor na Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC/UBERABA; historiador do Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba - CONPHAU de 2005 a 2009.



Cidade de Uberaba


Queimadas na Amazônia (*).

Um raciocínio para tentar entender as queimadas na Amazônia: antes o assunto era abordado num contexto normal como acontece nessa época do ano. Hoje só se fala em queimada, queimada, queimada! Tudo na Amazônia. Poderia ser piada se não fosse trágico.

Experimente parar na rua e fixamente olhar para o céu, de preferência apontando com o dedo indicador. Logo você será imitado por uma, mais uma...e.mais.uma.pessoa, todas.olhando.para.cima,.não...importando .qual. seja.a causa. Se alguém der um nome qualquer ao objeto que supostamente está no ar, a legião irreflexiva vai afirmar em coro: “Estou vendo o objeto”. Sem estar vendo nada. Fiz esta experiência dentro da piscina de um clube e o resultado foi.surpreendente!

     Mapa divulgado pelo Ministério da Defesa mostra alertas de focos de calor na Amazônia entre 25 e 26 de agosto de 2019 — Foto: Ministério da Defesa/Divulgação.

Assim são as queimadas na Amazônia. Atira-se no que viu para matar o que não viu. Notícias requentadas surgem a toda hora e os que as transmitem tentam a todo custo dar o tom de furo de reportagem. Aliás, toda...notícia...requentada...tem...sempre...um...destino...certo.

Minas Gerais, para não dizer de outros Estados, registra “n” focos de incêndios em áreas preservadas e não merecem citações destacadas na mídia. Por..quê? 

O foco não é o fogo, desculpando o trocadilho, e sim o que está embaixo. Enquanto debatem as queimadas na Amazônia, o subsolo nosso vai sendo destruído e as riquezas tiradas dele, a preço de banana, indo embora com o compromisso de voltarem. Voltam, mas a peso de ouro.

Não vai longe o tempo em que investido na função de perito da Justiça, inspecionei propriedades nas quais terceiros requeriam através de Plano de Pesquisa Mineral, o direito para explorar o subsolo. O dono da terra era o último a saber e não podia sustar a exploração do seu terreno. Conheci sujeito que carregava pacotes de memoriais descritivos de áreas rurais para negociá-las a terceiros sem que o dono soubesse. As áreas da Amazônia passaram por esse.processo? Não.sei.

Há dez anos ouvi de um creditado jornalista: “Temos 120 mil..ONGs..na..Amazônia”...Assustei... na... época...por não saber as causas. Hoje sabemos os porquês e interesses que envolvem o assunto. É tão delicado que a segurança nacional fica ameaçada. Que venham as chuvas para “encharcar” a Amazônia com boas notícias. E qual será o novo assunto?


(*) - João Sabino-Uberaba - MG - Brasil. 




Cidade de Uberaba