sábado, 8 de junho de 2019

Wilson Pinheiro


UM ASSOCIATIVISTA NATO


NÃO TINHA COMO ESCAPAR. UM SORRISO ABERTO ALIADO A UMA VOZ CATIVANTE DERRUBAVAM AS MURALHAS LEVANTADAS


Não tinha como escapar. Um sorriso aberto aliado a uma voz cativante derrubavam as muralhas levantadas pelos que o procuravam para ver, sem compromissos, um veículo. Sempre terminava em mais um negócio fechado. Mais um carro emplacado. Mais um amigo conquistado. 

Assim era a rotina de Wilson Pinheiro, das décadas de 1960 a 1980, enquanto diretor de vendas da empresa Distrive, maior concessionária de veículos desta região, sob a administração do grande empresário Joaquim dos Santos Martins.

Pragmático, Pinheiro criou o Consórcio Triângulo, que deu à empresa a condição de líder de vendas do setor de veículos e que o alçou, em 1979, à condição de presidente da Uniminas - Associação dos Revendedores de Volkswagen nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. 

Wilson Pinheiro. Foto: Acervo da família.

Nascido em 07/07/1941, em Uberaba, Pinheiro, que na juventude trabalhava na Brasil Companhia de Seguros, conseguiu, através de seus próprios méritos, galgar relevantes posições nas administrações pública e privada. 

Recebeu em 1966 o diploma de Bacharel em Direito através da Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro, hoje Uniube, e 1974, o diploma de Economista, através da FCETM – Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Segundo a viúva de Wilson, Bernadete Pinheiro, ele ainda cursou outras duas graduações, também pela FCETM: Contabilidade e Administração.

Em 1984, a convite do juiz federal Ari Rocha, Pinheiro assumiu o cargo de juiz classista dos empregadores/ empresas na Junta de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho de Uberaba, oportunidade que seu espírito conciliador e com o dom de conversar e resolver na paz, contribuiu para solução amigável de centenas de processos reclamatórios.

Era filho de Orlando e Maria de Souza Pinheiro e irmão de Pedro Júlio, ex-gerente do Banco do Brasil e comerciante em Suzano (SP), Célia, viúva de Juarez Fortes e Aparecida Maria Pinheiro, hoje viúva de Aráudio Pereira Melo, ex-vereador em Uberaba.

Wilson Pinheiro era casado com Bernadete de Lourdes Prata Rocha Pinheiro, com quem teve três filhos: Adriana Maria Rocha Pinheiro, atualmente administradora de empresa e publicitária, casada com Marcello Frossard Duarte, advogado, pais de Marcella; Andréa Maria Rocha Pinheiro, advogada e corretora de imóveis, casada com Antônio Carlos Guimarães Júnior, promotor de Justiça em Rio Claro (SP), pais do casal Maria Luiza e Mateus; Christiano Rocha Pinheiro, engenheiro, advogado e auditor da Receita Federal em Belo Horizonte, casado com Sandra Mara Adjafre Sindeux, advogada, pais de Camila e Arthur.

Wilson Pinheiro é um dos mais belos e ilustres exemplos do associativismo. Grande parte de sua vida foi dedicada aos interesses comunitários, sempre participando dos movimentos sociais, artísticos e culturais. Entre as entidades que contaram com sua participação ativa e afetiva, podem ser destacadas: a presidência do Rotary Club Uberaba – Sul, em 1978/1979 e sua participação na fundação do Rotary Uberaba – Norte; a presidência da Feti – Fundação de Ensino Técnico Intensivo -, em 1976, onde teve destacada atuação no governo Hugo Rodrigues da Cunha; a presidência da Associação dos Surdos e Mudos; a participação como primeiro secretário e presidente do Sindicato Rural de Uberaba.

Idealizou e cofundou o Sinhores – Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes e Similares de Uberaba -, do qual assumiu a presidência por três gestões. Em sua administração, se criou o fundo para aquisição da sede própria bem como o Seguro de Vida dos Associados e Funcionários das Empresas vinculadas; a vice-presidência da Facemg – Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais -, em 1977.

Participou em diversas diretorias da Aciu, da qual assumiu a presidência nas gestões de 1976/1977; foi nesse período que Wilson Pinheiro e sua diretoria se destacaram pelas suas atividades, entre elas a realização do IV Encontro Regional da Indústria com repercussão nacional; a transferência da FCETM do prédio da Aciu para o Colégio Nossa Senhora das Dores; a ampliação do SPC - Serviço de Proteção ao Crédito - e reforma geral da sede da Aciu; a participação ativa em 1976 na campanha para ampliação do Colégio Eleitoral de Uberaba. 

Foi também em sua gestão que a Aciu, após muitas lutas de gestões anteriores, conseguiu ser reconhecida através da Lei Estadual 7045 de 01/08/1977, governo Aureliano Chaves, o título de “Entidade de Utilidade Pública”. 

Tivemos o prazer de conhecer o Wilson Pinheiro na década de 1960 e estar ao seu lado na Aciu como conselheiro fiscal em sua gestão e conselheiro consultivo nos anos subsequentes bem como seu parceiro na criação e direção do Sinhores.

Foi na área empresarial que Wilson Pinheiro se revelou como um grande administrador, revolucionando o conceito de serviços em restaurantes através da empresa Solar 17 implantada no bonito e imponente casarão da rua São Sebastião, onde permaneceu à frente da administração até o seu falecimento.

Por muitos anos, só se conseguia reserva de mesas com bastante antecipação pela grande demanda da sociedade. Em respeito à arte e à cultura, Pinheiro contratou a renomada pianista Nininha Rocha para abrilhantar com seu piano as animadas noites no American Bar do Solar 17.

Nas palavras de Bernadete Pinheiro, “Wilson Pinheiro foi o melhor parceiro, marido e pai. Trabalhava incansavelmente sempre querendo ajudar os outros. Pessoa extremamente querida e solicitada perante a categoria e sociedade, isso devido ao seu espírito de paz e harmonia”.

A história do empreendimento é também contada por Bernadete: “A ideia da criação do Solar 17 surgiu durante um bate-papo entre amigos, entre eles Luís Carlos Souza Campos, que viria a ser o decorador e primeiro sócio, ficou no futuro com o comando do Wilson, pois ele gostava de festas, reuniões, pessoas felizes e amigos, era como ele mesmo, sempre comunicativo e entusiasmado. Durante 35 anos trabalhou como proprietário do restaurante, buffet e American Bar Solar 17 onde, com carinho, realizava jantares, reuniões, festas de casamento, aniversário, bodas e formaturas. Foi um dos pontos de reunião e jantares das famílias uberabenses. 

Por todos os caminhos percorridos por Wilson, sempre encontramos seriedade, companheirismo, transparência e paz”.

Wilson Pinheiro faleceu em 09 de fevereiro de 2012. É hoje nome de rua localizada no conjunto habitacional Rio de Janeiro. É também saudade eterna junto a seus familiares, amigos e parceiros que estiveram a seu lado na luta pelo desenvolvimento de Uberaba. 


Fontes: Aciu, Bernadete e Adriana Pinheiro 

Gilberto Andrade Rezende.
(*) Membro da Academia de Letras – Ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra.



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Cidade de Uberaba

Morre o ex-vereador Itamar Ribeiro de Rezende

O ex-vereador de Uberaba Itamar Ribeiro, 67 anos, morreu na noite desta sexta-feira (07/06/2019), no Hospital São Domingos, onde estava internado. O falecimento foi em decorrência de complicações cardíacas. Itamar foi vereador por quatro mandatos e, atuante também no futebol amador como Presidente do Clube Atlético da Abadia. Recentemente, integrava o governo do Prefeito Paulo Piau como superintendente da Fundação Municipal de Esportes e Lazer; posteriormente, Itamar passou a ocupar também cargo na Secretaria de Saúde.

Itamar Ribeiro de Rezende ✪ 17/01/51- 07/06/2019 ✞

O corpo de Itamar está sendo velado na Câmara Municipal de Uberaba, na Praça Rui Barbosa, Centro. O sepultamento está marcado para as 14h30 no Cemitério São João Batista.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

RELEASE

Escritores lançam livros e são homenageados.

Alessandra Pontes Roscoe e Hildebrando Pontes Neto,escritores, lançam nesta sexta-feira em Uberaba os livros “A árvore voadora” e “O velho carrossel” para o público infanto-juvenil, às 19h30 no Centro Cultural Cecília Palmério. A Escola Estadual Hildebrando Pontes às 9:00h prestará homenagem aos dois escritores e familiares, uma vez que ele é neto e ela bisneta do nosso grande historiador e patrono Hildebrando Pontes (1878-1940).


A Acadêmica Arahilda Gomes Alves, autora do Hino da escola, regerá o Coral que irá interpreta-lo. 

Às 14:00h o Arquivo Público também recepcionará os dois visitantes com a presença do prefeito Paulo Piau e representantes do Poder Legislativo e outros convidados. No lançamento à noite, a Academia de Letras do Triângulo homenageará a ambos admitindo-os na condição de Associados Correspondentes. O ator Milo Sabino fará uma performance teatral enfocando as duas obras lançadas. 


Hildebrando Pontes é o patrono da cadeira número 2 da ALTM, fundada em 1962.


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Cidade de Uberaba


PERDA IRREPARÁVEL

Uberaba perde um dos seus mais ilustres filhos: DORIVAL LUIZ CICCI. Por quê Dorival merece esse honroso título? Posso dizer convicto que nenhum dos nossos conterrâneos amou mais Uberaba do que ele. 

Todas as suas gestões revestidas de grande desprendimento tinham sua querida terra como prioridade principal. Dorival não tinha arestas, não sabia dizer a palavra não e sempre estava disposto a servir . 
Esposo devotado, pai extremado, avô dedicado, irmão amoroso, parente afetivo, amigo de seus amigos; isso e muito mais era Dorival Cicci. Seu querido time Uberaba Sport Club perde um dos seus mais ardorosos torcedores.
Dorival Luiz Cicci
Silenciou o pesquisador dos patronos de ruas da cidade de Uberaba. Calou-se o uberabense que resgatou o busto de Juscelino Kubitshek, nosso maior estadista, num depósito da prefeitura de Uberaba e o colocou diante da nossa Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Cerrou os olhos o homem que levou ao Memorial JK em Brasília um grande quadro com fotos de JK em Uberaba. 
Descanse em paz meu querido amigo. Em meu coração haverá o lugar que sempre foi, é e será seu. Você fará muita falta sobretudo pelo seu exemplo de amor pela terra de Major Eustáquio. Uberaba fica lhe devendo a publicação do seu tão sonhado livro. 

João Eurípedes Sabino-Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Uberaba/MG/Brasil.


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Cidade de Uberaba


sexta-feira, 24 de maio de 2019

Igreja de Santa Rita de Cássia Uberaba


Cândido Justiniano da Lira Gama, devoto de Santa Rita, e em cumprimento de uma promessa, em 1854 mandou construir a capela, que mais tarde, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1939.  

Igreja de Santa Rita e Praça Manoel Terra. Foto: Década 1960 - Foto: Autoria desconhecida.

Nela está instalado o Museu de Arte Sacra (MAS), inaugurado em maio de 1987. O acervo, rico em peças barrocas dos séculos XVIII e XIX, conta a história da Igreja Católica na região. Muitas peças são provenientes de doações da Cúria Metropolitana, sobressaindo-se as seções de vestes sacras, estandartes de procissões, paramentos, alfaias, imagens e mobiliário. 

A Renovação Carismática Católica (RCC) da Arquidiocese de Uberaba inicia neste dia 24 de maio de 2019, a Novena de Pentecostes para a preparação desta importante Solenidade da Igreja, Pentecostes. A Novena será realizada até o dia 1º de junho, todos os dias, às 15h30, na Rádio Metropolitana. 

http://bit.ly/2QnJSIh ⬅ Participe da Novena de Pentecostes! (Arquidiocese de Uberaba) 






Cidade de Uberaba

Elite Clube Uberaba

O lastimável estado de abandono dos nossos tradicionais clubes sociais, é de corar o frade de pedra ! A situação é constrangedora ! Comentei o atual estado do Clube Sírio Libanês e o Clube- centro. Mato grassando, animais peçonhentos, água parada clamando pelo mosquito da dengue, drogados em seu interior; outro, servindo de “igrejas evangélicas” , salões vazios, fantasmas vagando pelo outrora grande salão de festas, placas de “aluga-se”, mostram o aspecto decrépito dessas duas sempre lembradas áreas de lazer e entretenimento.

A tradicional “família jockeana”, virou as costas para a sua “segunda casa”. Abandonou quem lhe deu eterna guarida. Sons, clarins e grandes festas, faleceram ao sabor do tempo. Pena ... O “Sirio”, orgulho de uma grande colônia, é, hoje, “ um filho sem pai e mãe”, como se tivesse cometido um crime inafiançável ! Foram em vão os sacrificios daqueles abnegados “ patrícios” que tanto lutaram para construir tão majestoso patrimônio ?Sei lá...

Hoje, com o coração sangrando, comento o fim do mais respeitado clube afrodescendente de Uberaba e um dos mais conceituados do Brasil: O Elite ! A negritude sadia de Uberaba, desde a década de 40 do século passado, dos cordões carnavalescos que animavam o nosso carnaval, do “Sindicato” da praça Santa Teresinha, ao “Grêmio Recreativo”, da rua Capitão Manoel Prata, “Submarino”, Olívio Nascimento, Osvaldo Leal, Geraldo “Miquete”, Jairo e Yone Santana, entre outros que a minha frágil memória, não divisa, já alegravam as ruas da terrinha, mostrando a arte, o gingado, a dança que fervilha no coração dos brasileiros.

Com esforço e sacrifício, juntaram ao mestre de obras, Oliveiro J. da Silva e ao mecânico, Elpenor Marquez (“Lico”)e o “Elite Clube”, ganhou sede e organização jurídica, à rua Tristão de Castro. A “ raça” se fortaleceu. Grandes festas eram realizadas. Bailes que marcaram época ! Eleição da “Miss de Cor” e “Bonequinha do Café”, ganharam manchetes nos jornais!

Ingentes esforços, sem verbas públicas, terreno doado atrás do Terminal Rodoviário e para alegria geral, o “Elite Clube”, inaugurava sua sonhada sede. Salão de festas, piscina, quadras de vôlei e basquete, peteca, sonho dourado dos associados. De repente, chega um tal de CENEG (Centro de Valorização da Raça Negra)e com ele, o deputado federal Nárcio Rodrigues, depois Secretário de Estado e preso, por falcatruas com o dinheiro público, até recentemente.

Convencendo os negros que o CENEG os levaria â redenção, o Elite deixou de existir e que viria muito dinheiro público à nova instituição. O projeto fez água. Não vingou. Contas fantasmas , apareceram. “Neguinhos ”compraram carros importados e desfilavam pela terrinha e outras diligências de praxe, foram aviadas. Mascaram-se os rombos ( ou roubos?) efetuados. Hoje, ninguém mais fala no CENEG. Uma fruta podre, contaminou toda a caixa.

Está difícil retornar o sonho de volta do Elite Clube. O sentimento de perda foi muito grande. Aquele criminoso, horrível, nefasto, abominável e despropositado preconceito racista que , felizmente, está no fim, manchou o desejo que o afrodescendente de brio e talento, mostra na sua capacidade de trabalho. Um projeto maravilhoso que não se concretizou pela política desonesta, safada, de um ex-deputado e seus asseclas uberabenses. Uma pena!

Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

quinta-feira, 23 de maio de 2019

LEMBRANDO AINDA...

Homenagear, figuras marcantes da vida social, classista e assistencial da nossa tão querida terrinha. Aqueles que despertaram com inefável amor, doar a Uberaba seu magnífico quinhão
Depois de lembrar empresas e instituições, não é justo deixar de registrar e comentar, além de de cidade culta, civilizada, ordeira e progressista. Não é saudosismo piegas, mas, sim, um preito de gratidão e reverência àqueles que enalteceram, com galhardia, a nossa terra. 

Mário Palmério e Fidélis Reis, figuram na “galeria de honra” pelo que representaram na política. Hildebrando Pontes e José Mendonça, cultores maiores da nossa história. Jose´Humberto e João Gilberto Rodrigues da Cunha, Henrique Kruger, Humberto Ferreira, Hélio Angotti e José Soares Bilharinho, na avançada medicina de Uberaba. Louvores à Pelegrino Esselin, Eliseu Batista, Hitler Pimenta, Edmundo R. Cunha Filho, expoentes máximos da nossa Odontologia. Junto a eles, Secundino Lóes e Ferreira Tuka.

Registre-se a têmpera empresarial de Pedro Salomão e Toniquinho Martins, precursores do nosso empreendedorismo na construção civil. Como não homenagear professores do gabarito de um George Calapodopulus, Pepão, Pepinho, José Geraldo Guimarães, no ensino médio. E lembrar de donas Hilda Martins, Esmeralda Bunazar, Adilia França e Gláucia, no ensino primário... Nas artes plásticas, não se pode olvidar de Antenógenes Magalhães e Ovidio Fernandes. Na música, as figuras exponenciais de Joubert de Carvalho e Antenógenes Silva.

Não dá para esquecer o talento de Augusto César Vanucci na TV brasileira . Na Assistência Social, rendemos homenagens à Aparecida Conceição Ferreira e Aspásia Cunha Campos. No futebol, a saga do médico e jogador da seleção brasileira de 38, Álvaro Lopes Cançado, o Nariz e Gilberto Perez, o único uberabense campeão sulamericano com a camisa da seleção “canarinho”. O mundo conheceu a mediunidade de Chico Xavier, mais de 400 livros escritos. Chico imortal !

Engenheiros do porte de Carlos Simoneck e Wilson Nassif, engrandeceram a profissão na santa terrinha. Na comunicação, jamais serão esquecidas as figuras maiúsculas de Ataliba Guaritá Neto (Netinho), pai e filho, Quintiliano e Raul Jardim, os irmãos Jorge e Farah Zaidan, os três Ruis famosos, Mesquita, Miranda e Novaes, Ramon Rodrigues, Joel Lóes, Toninho e o filho, Edinho Quirino, marcaram época.

No catolicismo, Juvenal Arduini, D.Alexandre Amaral e Padre Thomaz Prata, o Pratinha, são inesquecíveis, assim como, no espiritismo, dr. Inácio Ferreira, Celso Afonso, José Ribeiro, Antusa Martins e Maria Modesto. Uberaba, árvore frondosa que sempre produziu bons frutos. À sua sombra, abrigam figuras maravilhosas. Por mais que tentem prostituí-la, ela mantém-se altiva, impune às impurezas, aos ataques que lhes são dirigidos.

Uberaba, forte,altaneira, imbatível, resistente; não se abate por mais que insistam em derrubá-la. A era dos “ postiços”, está chegando ao fim. O tempo é inexorável...


Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

O QUE ACONTECEU ?

Começo, hoje, a comentar, aliás com enorme tristeza, o estado de abandono em que se encontram as sedes sociais dos nossos tradicionais clubes recreativos. Sei que não tenho dia para encerrar esse assunto. As reações dos meus prezados leitores, serão inevitáveis. Com razão. Uma cidade do porte de Uberaba, sempre se jactou em ser uma as mais alegres e hospitaleiras do Brasil, tinha nos seus clubes sociais, um belo cartão de visitas a todos quantos aportavam na santa terrinha.

Sempre tivemos incontido orgulho em levar ao Jockey Club, Uberaba Tênis clube, Sírio Libanês, Elite Clube , Uberaba Country, Associação Esportiva e Cultural e Atlética do Baco do Brasil, os nossos ilustres visitantes. Eles ficavam encantados não só com a delicadeza da recepção, mas, principalmente com a beleza das festas realizadas, a jovialidade dos associados, bem com o bom gosto da decoração dos nossos salões sociais. Tudo era muito requintado.

Por eles passaram, em espetáculos memoráveis, os maiores nomes da arte popular e erudita ; orquestras famosas, apresentações teatrais só vistas nos grandes centros. Uberaba, na região, sempre teve a primazia de apresentar ao público do interior, os grandes “shows”, privilégio que pertencia apenas, até então, às capitais. Éramos sempre pioneiros na empreitada.

Francisco Canaro, Miguel Caló, as maiores orquestras portenhas da época, aqui se apresentaram, sem falar na noite inesquecível da orquestra de Ray Conniff...Orquestras Tabajara, de Severino Araújo, Simonetti, Valdir Calmon, Erlon Chaves, entre outras famosas, brindaram os dançarinos uberabenses em noites que serão lembradas. Profissionais do teatro brasileiro, Paulo Autran, Chico Anysio,Os Jograis, Eval Wilma, Carlos Zara, Procópio e Bibi Ferreira, Rodolfo Mayer, ZÉ Vasconcelos, Cacilda Becker, Fernanda Montegro, Tônia Carrero, Plinio Marcos, emolduraram nossos palcos com apresentações maravilhosas !

Uberaba, irradiava e transpirava cultura. Canores (as) famosos(as), abrilhantaram essa lista. Nomes nacionais e internacionais como Bienvenido Grande, Oscar Martinez, Yedo Yanes, Chico Buarque, Elza Soares,Moacyr Franco, Inezita Barroso,Antônio Marcos,Nelson Ned, no auge de suas carreiras, receberam os aplausos da seleta platéia uberabense. Uberaba, liderava , comandava e divulgava a cultura regional.

O lendário e consagrado “Desfile Bangu”, irradiado para todo o Brasil, saiu do chique Copacabana Palace e fez morada nos luxuosos salões do Jockey Club de Uberaba ! As principais fantasias do “Teatro Municipal”, do Rio de Janeiro, desfilou nos salões jockeanos . Até a sempre lembrada “Banda do Canecão”, famosa no Brasil inteiro, fez vibrar o uberabense numa noite memorável ! Sem contar os desfiles de moda de Denner e Clodovil...

Uberaba, sempre foi uma cidade afinada com a cultura, progresso, alegria e modernidade . Os nossos clubes eram tão importantes que um deles, o Sírio Libanês, no calor das promoções, realizava a ‘ Noite Árabe”,com bailarinas vindas de São Paulo , música árabe autêntica, comida, idem. O mundo árabe vivia uma noite de sonhos de Bagdad...Era uma apoteose !

Amanhã, começo a perguntar o que foi feito do clube da rua Major Eustáquio; o Sírio Libanês de tantas tradições. A imprensa está calada. A “colônia”, muda . O que aconteceu ?



Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

O LENDÁRIO JOCKEY CLUBE DE UBERABA

O Jockey Clube, foi fundado por uma elite classe social, rica e abastada da cidade, pudesse conviver, ser relacionada e receber a”alta” da sociedade brasileira, incluindo outros fazendeiros e políticos. Desde o Presidente da República, Governadores de Estado e grandes empresários. O meio ruralista, atravessando bom momento, ergueu num pasto, fundos do parque de Exposições, uma área para corrida de cavalos e construiu uma arquibancada de madeira, que deu o nome de “ Prado”, onde as provas eram realizadas. A “febre” não durou muito. A morte, por envenenamento, de um cavalo vitorioso nas corridas, foi o estopim. 

Sede do Jockey Club de Uberaba - Praça Rui Barbosa. Foto: Acervo do Clube.

O auge da saga do zebu, tornou Uberaba conhecida nacionalmente. Movidos por interesses comuns, os ricos da terrinha, marcando presença, construíram, em pouco tempo, um majestoso prédio na praça Rui Barbosa e ali, edificou o Jockey Clube de Uberaba, hoje, quase centenário. Ao correr dos anos, o prédio sofreu modificações para melhor. Alí, aconteceram as grandes festas de Uberaba. Evidentemente para as classes financeiras majoritárias...

Lembro-me que, em 1962, ao lado da “rainha do clube”, Marina Marquez, transmiti pela falecida Rádio Difusora, com assistência do Paulo Nogueira, a reinauguração do clube então presidido pelo saudoso Giordano Bruno. Festa inesquecível. Aliás, as festas do Jockey, eram sempre noticias nas colunas de Netinho, no “Lavoura” e Joel Lóes, no “Correio Católico”. Ambos, “jockeanos de quatro costados”...

Uma firma paulista e arquiteto idem, deram o tom austero, chique,na reforma do clube. Cadeiras almofadadas ,novidade naquele tempo, lustres art-decó, móveis entalhados, mesa de bilhar, piano de cauda, estantes requintadas para a biblioteca, sala de jogos, consoles, restaurante, boate, compunham o mais elegante clube regional, que ensejou inclusive o colunista sempre lembrado Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, a defini-lo como o “Palácio Encantado” da cidade.

A parte social sempre embelezou o Jockey. Festas inesquecíveis! Promoções mirabolantes ! A juventude fazia “ ponto” nas dependências do Jockey. Quantos namoros e casamentos, começaram lá dentro... No esporte, o Jockey também pontificava-se. Na piscina descoberta, a exibição do medalhista olímpico Tetsuo Okamoto; no basquete, o Jockey, campeão mineiro com o “ rolo compressor” (alô, Dorival Cicci...), no vôlei, campeão regional. Na quadra, ainda descoberta, a exibição do Palmeiras, campeão brasileiro e dos “Globetrotters’, continuam na lembrança dos antigos jockeanos... Ah ! saudade dos carnavais, que o Netinho chamava de “Municipal uberabense” ...E a banda do Rosseti ? E o bar do Paulo Botta? O caldo de galinha da Venturosa, de saudosa memória ?...

Infelizmente, o verdadeiro Jockey Club, da praça Rui Barbosa, de fama e gloriosas tradições, “agora é cinzas”...Móveis e utensílios, cortinas, cadeiras, aquele bonito piano de cauda, estão jogados num canto do Jockey Park, sendo corroídos pelo tempo, como traste, tomando lugar. Não servem para mais nada .A história está sendo contada pelos cupins, seus habitantes...

E assim caminha a nossa tradição, lembranças e costumes. O tempo é implacável, mormente quando ignorantes em história, desprezam aquilo que eles não construíram. O vetusto Jockey Club, outrora tão cioso na seleção dos seus associados, hoje, não passa de um prédio de aluguel.....Desta forma, vão destruindo e deteriorando a bonita história da nossa Uberaba !...


Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Clube Sírio Libanês de Uberaba

Uberaba, é uma cidade privilegiada. O volume de famílias estrangeiras que escolheram a santa terrinha para criar seus filhos, netos e descendentes, atraídos desde os primórdios da nossa civilização, pelos campos verdejantes, as riquezas minerais e vegetais, seu solo pródigo e dadivoso, clima ameno, hospitalidade e amizade do seu povo, aqui fincaram suas raízes e nos associaram a construir o vertiginoso progresso da nossa terra. Não quero, não posso, não devo, apesar da fragilidade da memória, cometer erros ou omissões.

Henrique Desgenetes, um francês de cepa, médico e biólogo, primeiro a descobrir e estudar os valores medicinais da flora da cidade e região, marcou sua presença entre nós. Em seguida, dominicanos, dominicanas e maristas, ergueram na santa terrinha, os primeiros colégios, a religião católica, berço da família, em plena época da “boca do sertão”. Com os franceses não se pode negar, vieram as valiosas contribuições de outras colônias à procura de novos rumos, desbravar terras desconhecidas e conquistar novos horizontes.

Destaco a saga dos sírios libaneses e as primeiras famílias de Pedro Salomão, Paulo Cauhy, Alexandre Jorge, Namem Skaff, Miziara, Frange, Amui, Hallal, Miguel, Cecilio, Hueb, Abdanur, Cecim, Nabut, Cussi, Abud, Árabe, Mauad, Curi, Fackuri, formavam uma plêiade de tradição, honradez, trabalho e progresso. Uberaba, é uma eterna devedora dessa colônia. Muito orgulha do seu crescimento , as famílias que aqui estabeleceram sua morada.               
                                                                 
Clube fundado em 1925 sofria autuações desde 2012 (Foto: Jairo Chagas /Jornal da Manhã)
A colônia ,desde o século passado, deu-se ao luxo de construir, na rua Major Eustáquio, um dos clubes sociais mais bonitos e suntuosos do Brasil ! Linhas arquitetônicas modernas, projeto arrojado, salão de festas com confortáveis camarotes, palco conversível, iluminação adequada a cada evento, um sub-solo construído com capricho e bom gosto e, nos fundos do terreno, uma excelente quadra esportiva, coberta, nos padrões oficias e de multiuso.

Em anexo, uma moderna sauna, orgulho dos associados, tendo ao lado, uma piscina semi –olímpica, com moderno trampolim para saltos ornamentais. Ao lado, até então, um bem cuidado campo, gramado, para a prática do “futebol-society”. Finais de semana, era aquela apoteose ! As dependências do clube, apinhada de alegres associados. Tudo era festa !

Abrahão Árabe, Bachur Hallal, Jayme Moisés, Nadim Aschcar, Nadim Daher, Salim Abud, Michel Abud, Mauro Abud, Fued Hueb, João Miguel Hueb, Aniz Abdala, Faker Azor Fackouri, Abadio Miguel Júnior, entre outros baluartes da colônia, promoviam “ festas de arromba”. Sucesso ! Democraticamente, os dirigentes abriram o clube para toda a sociedade uberabense, descendentes ou não, ampliando assim, o grande número de associados.

O clube, era uma festa permanente. Quem não tinha piscina, sauna, não morava em condomínio e não tinha campinho de futebol, o”Sírio”, era a extensão da sua casa. Festas, bailes, recepções, carnavais, “soarêes” dançantes, apresentação de cantores, peças teatrais, o espetáculo tinha endereço : Clube Sírio Libanês. As colunas sociais davam destaque a intensa movimentação social do clube.

De repente, tudo acabou. Toque de mágica. O associado, fugiu. As festas, sumiram. As portas, fecharam. A piscina, vazia. A sauna ,fechou. O campinho, desgramou. Bem que o “Babula”(Paulo de Tarso Mauad ) tentou ! Em vão ! Ficou só! Solitariamente só ! A colônia, virou as costas para o “seu” clube! Que “doença grave” teria acometido o clube? Porquê renegar tão valioso patrimônio? 

Hoje, é um amontoado de lixo e de drogados. Vão deixar morrer à míngua, sangrando, tão tradicional clube, representante de uma espetacular e laboriosa colônia ? Pergunta que, por ora, está sem resposta.


Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

terça-feira, 21 de maio de 2019

Defesa Civil interdita ponte de ferro em Delta

Buraco na histórica ponte de ferro surgiu no domingo (19). Defesa Civil de Delta interditou o local para o tráfego de veículos na tarde desta terça-feira (21) Maio, 2019

Prefeitos de Delta e Igarapava avalia atual situação da ponte.
Uma equipe técnica vai ao local nesta semana para avaliar a ponte. Assim, poderá definir as medidas para solucionar o problema. 

Buraco fica bem na divisa da ponte e o asfalto também está cedendo.

Foto: Prefeitura Municipal de Delta
Já a concessionária Entrevias apenas forneceu alguns itens de sinalização para que a Prefeitura de Delta fizesse o bloqueio do tráfego na ponte até que o buraco existente na estrutura seja fechado. A empresa esclareceu que a travessia não está sob sua concessão.

Foto: reprodução

"A SP- 328 (Rodovia Alexandre Balbo) é administrada pela Entrevias até o quilômetro 475,740, e termina na cabeceira da ponte.
 A interdição não afetará o fluxo de veículos na rota sob concessão Entrevias, uma vez que há a opção de tráfego pela ponte localizada no km 450 da Rodovia Anhanguera (SP-330), que também faz a ligação dos dois Estados", diz trecho da nota da concessionária.

                                             
Ponte de ferro na divisa de Minas Gerais com São Paulo, sobre o Rio Grande - Foto: reprodução.

A ponte metálica sobre o Rio Grande foi construída originalmente para servir ao novo ramal da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro (CMEF), que encurtava o trajeto passando por Igaravapa. Anteriormente, a linha seguia por Franca–Jaguara (Sacramento).                                                           

Ponte metálica de Delta - Foto: Acervo Publico de Uberaba. Década: 1960.

Com seis vãos, a ponte tinha grandes dimensões, se comparadas às outras pontes ferroviárias da época. Foi um empreendimento alemão, planejado em 1910 e que se encontrava adiantado em 1913, previsto para ser inaugurado no ano seguinte.
Na Revolução Constitucionalista de 1930, a ponte serviu de cenário para batalhas entre paulistas e mineiros.

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"A velha ponte da Cia Mogiana sobre o Rio Grande, ligando Delta a Igarapava, ainda em construção, na primeira metade dos anos 1910. Antes da abertura da variante de Igarapava da Mogiana, em 1915, os trens só chegavam a Uberaba pela ferrovia que vinha de Franca, por Jaguara, Conquista e Peirópolis, inaugurada em 1889. Os trens de ferro dividiram a ponte metálica com a rodovia até 1979: eu me lembro das cancelas que fechavam o tráfego de veículos para esperar o trem passar, e também da diversão infantil que era ficar lá no Country Clube esperando para ver ao longe a travessia dos trens. Em 79 foi aberta uma ferrovia nova, que cruza o rio ao lado do DI-3, e os trens sumiram para sempre. Carros, ônibus e caminhões continuaram passando pela velha ponte por mais duas décadas. Em maio de 2001 foi finalmente inaugurada a ponte dupla da Anhanguera/BR-050 e a velha ponte de metal entrou nessa semi-aposentadoria em que se encontra hoje, Há três curiosidades sobre essa ponte: 1) Ela tem quatro vãos maiores e um menor, o último do lado de Igarapava. Reza a lenda que esse vão menor não pode ser completado na época da inauguração porque a estrutura de aço viria da Alemanha (ou da Inglaterra, segundo outras fontes) e a entrega foi cancelada em virtude do início da 1ª Guerra Mundial. Na época, teria sido construído um vão improvisado em madeira, que foi anos mais tarde substituído por esse metálico que até hoje está lá, mas que tem uma estrutura ligeiramente diferente dos demais – o que é um fato. Nessa foto histórica, não se vê o quinto vão sendo erguido. 2) A ponte teria sido palco de violentos confrontos armados entre mineiros e paulistas em 1930 e 1932. A lenda – que ouvíamos no tempo de menino – dizia que ainda podiam ser vistas várias perfurações de bala na estrutura. Na época, nunca me deixaram ir lá comprovar: a ponte é estreita e nunca teve passagem para pedestres. Caminhar por ela era terrivelmente arriscado no tempo em que todo o tráfego da BR passava por ali. Recentemente, atravessei a ponte a pé, mas não encontrei as perfurações. E tenho sérias dúvidas se os tiros daqueles velhos fuzis usados na década de 30 teriam capacidade de furar as grossas chapas de aço da sua estrutura. 3) Nos início dos anos 1980, alguns paulistas metidos a besta que estudavam em Uberaba faziam uma provocação com os mineiros, chamando a ponte de “túnel do tempo”. O que era apenas um claro sinal de que eles não conheciam a “progressista” Igarapava. De qualquer modo, a bela “ponte do Delta” é parte da história da nossa cidade, e é uma pena que esteja em estado de semi-abandono. Como muitos caminhões e carretas pesadas desviam da BR por ela (talvez para fugir das balanças e da fiscalização na divisa) temo que em breve ela acabe cedendo ou desabando, o que seria uma pena. Torço para que, antes que isso ocorra, alguém tenha coragem de propor alguma manutenção preventiva. Ou para, pelo menos, proibir o tráfego de caminhões sobre ela. Uma coragem que – que se vê nessa foto – não faltava a seus valentes construtores." Historiador/André Borges Lopes.

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Cidade de Uberaba

domingo, 19 de maio de 2019

A primeira Escola Normal (1881-1928)

A Escola Normal Oficial de Uberaba, como foi chamada inicialmente a Escola Castelo Branco, foi criada pela lei mineira nº 2.783, de 22 de setembro de 1881, e instalada em 12 de julho de 1882. Na época, era dirigida pelo Major Joaquim de Oliveira Pena (o Senador Pena).

A Escola resistiu à transição entre o Regime Monárquico e a República no Brasil, mas foi fechada no ano de 1905.

A segunda escola normal passou a funcionar no prédio do Lyceu de Artes e Ofícios, durante o ano de 1928. A escola cresceu, mas foi suprimida em 1938 “por motivos de economia”, durante o governo do Sr. Benedito Valadares, quando já contava com centenas de alunos.

Os esforços pela volta da única instituição normalista da cidade resultaram dez anos mais tarde, em 1948, nas gestões do governador Milton Campos, e do prefeito de Uberaba Boulanger Pucci, quando, finalmente, em 31 de agosto, é reinaugurada a Escola Normal e Ginásio Estadual de Uberaba. A partir daí, a Escola segue uma trajetória de sucessos que se segue até os dias atuais.

Inaugura-se a nova sede da Escola, à rua Coronel Manoel Borges, 35 (Centro). Sua inauguração foi marcada pela presença do Secretário de Educação, Dr. Abgar Renaut. Nesta época, a escola foi dirigida pelo Professor Leôncio Ferreira do Amaral, um conceituado e exemplar técnico em educação do estado de Minas Gerais.

1952-1959: Os problemas estruturais, a nova sede e o atraso nas construções

Até o final da década de 40, a escola crescia e o prédio em que estava instalada já não mais comportava a grande quantidade de alunos.

No início da década de 50, a Escola sofreu risco de ser fechada devido à superlotação. O então governador Juscelino Kubitschek, em visita a cidade de Uberaba, conhece a Escola Normal e face à situação que presenciou naquele local e perante à solicitações do diretor e um grupo de alunas, determinou que fosse arrendado um terreno para a construção da nova sede.

Os moradores do bairro Estados Unidos manifestaram-se publicamente várias vezes (inclusive criando abaixo-assinados) pela construção da nova sede na confluência entre as ruas Padre Leandro, Padre Zeferino e XV de Novembro. Esta área arborizada de 6.800 m² foi comprada pelo governo estadual para a construção da sede. Ficou encarregado o arquiteto Oscar Niemeyer do projeto arquitetônico do prédio. A obra iniciava-se em 1952, mas acabara paralisada no ano seguinte, por falta de recursos. A planta seguia o projeto de várias outras escolas que haviam sido instaladas no país anteriormente.

Enquanto isto, os discentes e docentes da Escola continuavam a ter aulas no prédio antigo, que estava condenado, cientes do início iminente da obra. No ano de 1958, o telhado de algumas salas instaladas no fundo daquele prédio cedeu, quase atingindo um professor que por lá passava. A situação alarmante em que se encontrava a sede antiga exigiu medidas rápidas: o governador Bias Fortes ordenou a continuação imediata da construção poucos dias depois.

Houve, no entanto, uma fuga do projeto original. Dado o reinício das obras, a perda de contato com Niemeyer, engajado na obra de construção da cidade de Brasília, a necessidade de se terminar rapidamente as obras e o aumento rápido de alunos na Escola contribuíram para a decisão de não seguir o projeto original. Espaços do projeto original (anfiteatros e laboratórios) foram convertidos em salas de aula. Posteriormente, foram repartidos para outros usos. O segundo bloco do projeto, um grande auditório, foi deixado para trás. No seu lugar foi construído outro bloco de salas de aula e outras dependências. Os demais espaços da Escola foram posteriormente repartidos ou passaram a ter outras finalidades. O segundo pavilhão só seria realmente edificado e entregue na década de 70.

Finalmente, em 12 de março de 1959, a Escola se transferia para o novo prédio (ainda inacabado), situado à Rua Padre Leandro, nº 121, Bairro Estados Unidos, onde está instalada até os dias atuais. O significado final do projeto, da forma com a qual ficou reconhecido baseia-se na ideia de que a estrutura do primeiro pavilhão simboliza um quadro-negro; a rampa que dá acesso ao segundo pavimento, representando um apagador. A cobertura de carros, na entrada da escola, um mata-borrão; e a caixa d'água, aos fundos da escola, um giz (apesar de ela ter sido construída décadas depois).

 Formatura da 4º ano, na Escola Normal em 1958, com o professor Leôncio, diretor. Foto do acervo pessoal de Rose Mesquita.

O Professor Leôncio fora destacado, em 1958, à dirigir o Instituto de Educação de Minas Gerais, sediado em Belo Horizonte. Em seu lugar assume o Dr. Paulo Pontes. Em 1 de maio de 1959, a população uberabense quis homenagear o ex-diretor pela expansão da instituição e seu método de educação, acrescendo ao nome da escola, o seu nome: Escola Normal Oficial Professor Leôncio Ferreira do Amaral. No ano seguinte e a seu pedido, a Secretaria de Educação a exoneração do cargo de diretor do IEMG, voltando a fazer suas funções antigas como diretor da Escola Normal.

Foto da Escola Normal - Rampa do prédio novo, década de 1950. Foto do acervo pessoal de Rose Mesquita.

O significado do projeto, que ficou marcado na história da escola, foi como o primeiro pavilhão original, representando o quadro negro; a rampa, que dá acesso ao segundo andar, representa o apagador; O arco na portaria da escola, o mata-borrão; e a caixa d’água, nos fundos da escola, o giz (apesar de ela ter sido construída décadas depois).

1968-1973: Crise na Administração

O Professor Leôncio teve sua identidade abalada nesta década. Ele fora acusado de envolvimento na falsificação de diplomas, adulteração de notas, desvio de verbas da instituição e atentados ao pudor. A Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais afastou-o do seu cargo, o que o fez, além de perder o emprego e remuneração, também recebesse a humilhação da população uberabense. Alguns alunos e comunidade continuaram a visitá-lo e apoiá-lo no processo contra o estado. Delegados, juízes, padres e membros do exército saíram em sua defesa. 

Nesta época ocorre mais uma alteração no nome da Escola: A portaria nº 340, de 10 de outubro de 1968, eleva a instituição à Colégio Estadual Professor Leôncio Ferreira do Amaral.

Em 12 de maio de 1970, o Professor Leôncio era demitido do cargo na direção da Escola, mesmo recorrendo de tal. No dia seguinte, nomeado no Diário Oficial de Minas Gerais, assumia a direção da escola o Professor José Thomaz da Silva Sobrinho. Somente em 1973, a justiça determinou que a acusação contra o diretor era falsa. O professor Leôncio fora ressarcido por danos morais, reintegrado nas suas funções e imediatamente aposentado por idade.

1970: O novo nome e a nova gestão

Conjuntamente à mudança definitiva no Corpo Dirigente da Escola, seu nome também foi mudado: O decreto estadual nº 12.866 mudava, em 31 de julho de 1970, o nome da instituição, de Colégio Estadual Professor Leôncio Ferreira do Amaral, para “Colégio Estadual Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco” , em homenagem ao presidente da República. Logo depois, 1974, em virtude da abolição dos colégios no estado de Minas Gerais, o nome é alterado para Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, vigente até os dias atuais.

Ainda no início da administração do Professor José Thomaz, foi desapropriada uma área de 1707 m², situado à Rua Padre Zeferino, s/nº, para futuras ampliações da escola. A área hoje compreende um grande ginásio, quadras esportivas, vestiários e local de armazenamento de itens para Educação Física.

Dias atuais: Uma trilha contínua de sucessos

Nos dias atuais, a Escola Castelo Branco posiciona-se entre as mais conceituadas e qualitativas escolas públicas de Uberaba. Apesar de dificuldades sofridas, a escola mantém uma categoria de destaque.

Em 1992 foi desenhado o primeiro molde do logotipo da Escola, no formato de triângulo de Penrose.

Em 1998, a Escola Castelo Branco completava 50 anos de vida, com uma homenagem muito especial de alunos e professores.

No ano de 2005, era lançado o Tecendo a Palavra: o Tecendo desta vez era anual, diferentemente do antigo O Estadual, é feito em colaboração com professores de Português, professores do Uso da Biblioteca e outros docentes das demais áreas, incluindo a Equipe Dirigente da escola. O jornal tem como intenção mostrar todas as atividades e projetos desenvolvidos pelos professores e alunos durante o ano letivo.

Em 2013, os alunos Nícolas de Oliveira e Julia Campos são reconhecidos internacionalmente com o prêmio NASA/Cassini Cientista por um dia(Scientist for a day)

Nosso compromisso com o futuro nos torna gigantes para dar cada vez mais passos adiante, procurando uma educação inovadora e qualitativa, para formar adultos civilizados, inteligentes e preparados.



Hino da Escola


Hino da Escola Castelo Branco

Caminheiros da nobre jornada
Das conquistas em prol do saber,
Pouco importam espinhos na estrada
Se sabemos cumprir o dever.

Contra o erro que a treva acorberta
Se levante o farol da instrução.
Numa esteira de luz sempre aberta
Aos que cegos, sem rumo, se vão.

Seja, assim, nesta casa querida
Que se forme nossa alma inda em flor,
Pra batalha incessante, renhida,
Na missão de ensinar com amor.

Combatentes do santo combate,
Sempre viva tenhamos a fé
Do heroísmo que nunca se abate,
Pela Pátria lutando, de pé!


Música: Maestro Renato Frateschi
Letra: Prof. Santino Gomes de Mattos




Endereço: R. Padre Leandro, 121 - Estados Unidos, Uberaba - MG, 38015-340

Fundação: 7 de setembro de 1992

Diretor(a): José Augusto da Silva Queiroz

Vice-diretor(a): Marcia (matutino) Maria de Lourdes Leandro Rocha (vespertino)

Lema: Educar é um ato de coragem, esperança e amor



Fonte: Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco


Cidade de Uberaba

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Resenha esportiva no Restaurante Bons Tempos

 Restaurante Bons Tempos. Foto: Waldir Kikuichi.

Nesta segunda-feira (13) de maio de 2019. Sob o comando de Manuel Zaidan O Audaz. Os craques de futebol do passado se reúnem para falarem do atual... que tristeza. Carlinhos Babão, Tinoco, Saraiva, Luiz Cecilio, João Carlos Sapucaia e Normandes Lima sob a análise de Claudio Zaidan, Carlos Ticha e David Augusto.

(Waldir Kikuichi)


Diversos pratos caseiros, além de cervejas e música, em casinha com varanda e decoração que remete ao passado.

Telefone: (34) 3316-1513


Cardápio: restaurantebonstempos.com.br

Pedido: ifood.com.br

Endereço: Av. Alberto Martins Fontoura Borges, 164 - São Benedito, Uberaba - MG, 38022-070



Cidade de Uberaba


PRIMEIROS PROFESSORES DO GRUPO ESCOLAR DE UBERABA 1909 – 1918

Francisco de Mello Franco, diretor, casado com dona Marcilieta Campos,também
 professora no GEU – Grupo Estadual de Uberaba, Maria Julieta, Maria Carmilieta.
São meus tios-avós. As professoras eram irmãs de minha avó, Marieta Campos Bicalho, mãe de minha mãe, Adalgisa Bicalho de Abreu Chagas.

 (Foto do acervo pessoal de Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas)


Hoje, Escola Estadual Brasil, na Praça. Comendador Quintino. Foto/reprodução.



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Cidade de Uberaba





RELEASE - LANÇAMENTO DE LIVROS.

A Academia de Letras do Triângulo Mineiro informa que no dia 07/06 - 19:30h - em Uberaba ocorrerá o lançamento simultâneo de duas obras literárias voltadas ao público infantil, escritas pelos autores: Hildebrando Pontes Neto. Título: "O velho carrossel" e Alessandra Pontes Roscoe. Título: "A árvore voadora".

Ambos os escritores, ele advogado e ela jornalista, têm na bagagem a publicação de vários livros infantis, além de proferir palestras pelo Brasil afora.

Será um evento histórico porque, ele é neto e ela bisneta do nosso ícone historiador Hildebrando Pontes (1879-1940).

Data:07/06/2019.

Horário: 19:30h

Local: Centro Cultural Cecília Palmério - Av. Guilherme Ferreira, 217-Uberaba/MG.

OBS: entrada franca.

Hildebrando Neto e Alessandra cumprirão extensa programação em Uberaba, culminando com uma palestra no dia 08/06 - 9:30h na Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Dentre as atividades dos nobres escritores em Uberaba, constarão:

- Visita ao Arquivo Público, onde deverá ocorrer a designação do nome daquela instituição - "Arquivo Público Municipal Hildebrando Pontes"

- Visita à Escola Estadual Hildebrando Pontes.

- Visita ao Sr. Prefeito Municipal.

- Visitas a jornais, rádios e TV.


João Eurípedes Sabino
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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Cidade de Uberaba

MORTE POR ASSALTO.

Infelizmente minha querida Uberaba tem se projetado no cenário nacional e mundial devido à ausência de alguns fatores que a colocam em evidência. A falta de segurança é um deles valendo dizer que o Triângulo Mineiro não é tratado pelo poder central com a importância que merece. Estamos numa região entre São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais propriamente dita. Tudo que é escória entrante Brasil afora, primeiro passa por Uberaba e depois dissemina para as demais regiões Brasil acima. Até quando Minas Gerais? Até quando Brasil?

José Guillermo Hetnández Aponte. Foto/reprodução.
A morte por assalto do colombiano e pecuarista José Guillermo Hetnández Aponte é mais do que eloquente para exigirmos das autoridades da Segurança Pública; municipais, estatuais e federais, providências preventivas em Uberaba e região! Nos 100 anos da ABCZ ela ganha três “presentes”: ausência do Presidente da República, descaso do Governador e a morte por assalto de um ilustre visitante. Você, ABCZ e Uberaba, não mereciam um presente “melhor”? 

Envergonhado peço desculpas pela parte que me toca como uberabense. O presidente da ABCZ Arnaldo Manoel de Sousa Machado Borges, escorreito por excelência, e sua dedicada 
diretoria não merecem esse infausto acontecimento. Todavia, solidarizamos com eles nesse momento de luto. 

João Eurípedes Sabino-Uberaba/Minas Gerais/Brasil. 
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.Escritor.



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domingo, 28 de abril de 2019

INSTITUTO ZOOTÉCNICO, NOSSA PRIMEIRA FACULDADE

Em agosto de 1892, o governo de Minas Gerais aprovou na Câmara Legislativa uma ampla proposta de reforma no sistema público de ensino no estado. Nos debates desse projeto, o deputado uberabense Alexandre Barbosa e dois colegas incluíram no texto da “Lei nº 41” a sugestão de abertura de duas escolas de ensino superior no estado: um Instituto Zootécnico em Uberaba e um Instituto de Agronomia na cidade de Leopoldina.

A montagem de uma escola que formasse técnicos especialistas em atividades pastoris era um antigo anseio da população do Triângulo Mineiro, num momento em que as atividades agrícolas e a criação de gado zebu ganhava espaço. A criação desse instituto que, pela legislação da época, seria equivalente a um curso superior recebeu amplo apoio na imprensa local. Em 1892, o jornal Correio Católico explicava: “O Instituto Zootécnico viria a ser um abundante foco de luz que regenerará a industria pastoril nesta região. Nesse Instituto serão criados animais de raça, que irão melhorar a criação já existente: aí se estudarão as enfermidades do gado, o meio de curá-las. Aí se aplicarão os processos necessários para a utilização mais econômica e rendosa dos produtos da industria pastoril”.

Aprovada a Lei, era preciso que a cidade arranjasse um local para montar a escola. Decidiu-se que o Instituto Zootécnico seria montado na antiga Chácara Boa Vista, situada a pouco menos de três quilômetros do centro da cidade, próximo de onde o Córrego das Lages desagua no Rio Uberaba. Essa propriedade havia pertencido ao sargento mor (mais tarde promovido a major) Antônio Estáquio, o fundador de Uberaba, que lá morou antes de transferir-se para uma outra casa na atual praça Rui Barbosa. Tinha uma área com cerca de 100 alqueires onde, décadas mais tarde, funcionaram a Fazenda Modelo e a Epamig.

A fazenda foi desapropriada e o governo estadual indicou e contratou os professores – alguns dos quais trazidos do exterior. Um antigo casarão colonial que servia de sede (não se sabe se era a casa original do major Eustáquio) foi reformado para receber salas de aula e laboratórios. A direção ficou inicialmente a cargo do engenheiro agrônomo Ricardo Ernesto Ferreira de Carvalho, mais tarde sucedido pelo professor alemão Frederico Maurício Draenert, que fora trazido da Bahia para lecionar no Instituto.

No dia 5 de agosto de 1895, o Instituto abriu as portas para uma turma de 21 alunos. Uberaba, uma cidade que não tinha nem 10 mil habitantes na área urbana, estava orgulhosa de ter sua primeira faculdade. Por meio de provas escritas, foi feita a seleção dos candidatos às poucas vagas, entre jovens com mais de 15 anos que apresentassem “certidão de aprovação em português, francês, história e geografia geral e do Brasil, matemática elementar e noções de cosmografia”, conforme previam as regras do seu regulamento interno. O curso era ministrado em período integral: os alunos entravam às 9:00, tinham aulas teóricas de manhã e aulas práticas no turno da tarde até por volta das 16:00.

A escola era relativamente longe do centro, o que obrigava alunos e professores a longas caminhadas diárias – já que não havia muitas opções de transporte. Mas, pelo que se lê dos relatos da época, essa foi a menor das dificuldades enfrentada. Desde o início, o funcionamento da nova escola enfrentou percalços e dificuldades financeiras. Havia poucos animais disponíveis para os estudos e o governo atrasava frequentemente o pagamento dos fornecedores. Também aconteceram alguns problemas administrativos e divergências sérias entre alunos e professores.

Aos trancos e barrancos, três anos depois, o Instituto formou sua primeira – e única – turma de engenheiros agrônomos. Oito alunos concluíram o curso: os irmãos José Maria e Fidélis Gonçalves dos Reis, Militino Pinto de Carvalho, Hildebrando de Araújo Pontes, Delcides de Carvalho, Otávio Teixeira de Paiva, Luiz Ignácio de Sousa Lima e Gabriel Laurindo de Paiva. Segundo o jornal Gazeta de Uberaba, tratava-se de “uma plêiade de moços estudiosos, auxiliados por mestres dedicados da ciência agrícola”. Boa parte deles deixou seu nome imortalizado na história de Uberaba.

As dificuldades financeiras do Instituto decorriam de uma grave crise fiscal por que passava Minas Gerais. Em outubro de 1898, antes que houvesse uma segunda turma, o novo presidente do estado, Silviano Brandão, suspendeu por tempo indeterminado as atividades da escola. Que nunca mais reabriu, para o desalento dos habitantes de Uberaba.


(André Borges Lopes)


Cidade de Uberaba

O RUMOROSO CASO DE UM MÉDICO


Há quase um século, no dia 6 de junho de 1919, a cidade de Uberaba aparecia em alguns jornais do Rio de Janeiro – entre eles o prestigioso diário “A Noite” – trazendo uma notícia escabrosa: “Um médico conhecido maltrata horrivelmente uma mulher”. Segundo as publicações, um respeitado médico da cidade mineira havia cometido barbaridades contra uma mulher, com a qual teria uma relação não oficial: uma “amásia” no jargão da época. Dizia o texto que o médico “levou a amásia para o campo onde, depois de mandar espancá-la pelo seu camarada, lhe cortou os cabelos jogando-lhe piche sobre a cabeça. Abandonou-a em seguida. A vítima arrastou-se desse lugar ermo até a cidade, em mísero estado, apresentando-se às autoridades policiais, que lavraram auto de corpo de delito”.

A terrível acusação recaia sobre um cidadão respeitável e famoso: Dr. João Teixeira Álvares, natural de Goiás, formado em medicina no Rio de Janeiro em 1885 e, na época do escândalo, já por volta dos seus 60 anos de idade. Dr. João Teixeira tinha um histórico de trabalho em pediatria e puericultura na capital federal, e clinicava em Uberaba desde o final do século XIX. Em 1905, aproveitando-se da inauguração da luz elétrica na cidade, havia aberto uma avançada clínica de “Hidroterapia, Eletricidade e Massagem”. Um depoimento seu era usado para ilustrar em jornais do país anúncios publicitários do remédio “Fluxosedatina”, produzido por uma farmácia carioca, empregado no tratamento de problemas menstruais. Segundo o Almanack Laemert, residia em um palacete na rua Artur Machado nº 47 e possuía a Casa de Saúde Nossa Senhora de Lourdes, na rua João Pinheiro.

Mas o Dr. Teixeira não era apenas médico, também era escritor e jornalista. Editava, desde o início da década de 1910, a revista católica “Jesus Cristo”. Por volta de 1911, montara um jornal de nome “Aiglon” junto com Antônio Batalha. Dois anos depois, lançou uma revista semanal em grande formato – a “Brasil Central” – feita em parceria com o jornalista Moyses Santana e o monsenhor Inácio Xavier da Silva. Também escrevera livros: a tragédia “Eleusa” e o romance histórico “Montezuma”, além de dramas bíblicos e trabalhos científicos na área de medicina. Ostentando esses predicados, em janeiro de 1914, Dr. João Teixeira arriscou sem sucesso uma candidatura à Academia Brasileira de Letras – escrevendo pessoalmente uma carta aos demais imortais, onde sugeria seu próprio nome para uma vaga recém aberta.

Outra área onde o médico se destacava era a religião. Católico fervoroso e admirador de Nossa Senhora de Lourdes, tinha em seu palacete uberabense uma capela dedicada à sua santa de devoção. Proferia também palestras sobre os milagrosos poderes curativos das águas de Lourdes e era figura conhecida nos congressos eucarísticos. Em 1915, foi fundador e passou a presidir o Círculo Católico Uberabense. Montou em seu casarão um cinema particular, no qual exibia para os jovens películas sacras, como forma de livrá-los do vício e das influências perniciosas do cinema comercial.

No terreno da religião, comprou brigas com os kardecistas, acusando os médiuns de serem portadores de severos transtornos mentais, postulação que contava com o apoio do famoso psiquiatra paulista Dr. Franco da Rocha. Investiu também contra os protestantes e não poupou sequer os irmãos dominicanos franceses de Uberaba, a quem acusava de indisciplina e de ter uma influência perniciosa nos destinos da cidade. Nessa briga, teve ao seu lado o primeiro bispo uberabense, Dom Eduardo Duarte e Silva.

Não era o a primeira polêmica envolvendo o médico mas, com tanto renome, títulos, amigos influentes e aliados poderosos, não surpreende que a acusação da amásia agredida – de quem não sabemos sequer o nome – tenha sumido sem maiores repercussões ou consequências legais, além do escândalo momentâneo. Não encontramos uma única notícia de decorrências do fato na imprensa local ou em jornais de fora. Não há sinal de que o rumoroso caso tenha gerado um processo ou ido a julgamento. Dr. João Teixeira seguiu inabalável em sua carreira de sucesso e manteve-se na presidência do Círculo Católico de Uberaba. Na década de 1930, foi fundador e e presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Uberaba. 

A “amásia agredida” e suas terríveis acusações – verdadeiras ou falsas – sumiu na poeira do tempo, como era usual ocorrer naqueles tempos com mulheres que ousavam afrontar homens poderosos acima de qualquer suspeita.


(André Borges Lopes)


Cidade de Uberaba

ZEBUS NO QUINTAL DO BISPO

Dentro de um mês, Uberaba estará novamente às voltas com o seu grande evento anual. No dia 27 de abril será aberta a 85ª ExpoZebu que, este ano, tem uma atração extra: os criadores de gado indiano comemoram o centenário da fundação da “Herd Book Zebu”, a primeira associação fundada no País para apoiar o trabalho de seleção genética dos bovinos que foram buscados no outro lado do mundo para revolucionar a pecuária brasileira.

Funcionando desde 1941 no Parque Fernando Costa, pouca gente têm conhecimento de que a que os primeiras feiras de gado realizadas em Uberaba nem de longe dispunham de instalações adequadas. Em 1911, a exposição pioneira foi montada em pavilhões temporários, construídos pelo engenheiro Francisco Palmério (pai do escritor Mário Palmério) no antigo “Prado de São Benedito”, uma pista de corridas de cavalos que existiu até a década de 1950 num terreno entre a atual Estação Rodoviária e a avenida Fernando Costa.

Nas décadas seguintes, aconteceram exposições esporádicas, sem local fixo. Algumas foram feitas no Prado, outras no antigo “Largo da Misericórdia: um descampado que havia entre o Colégio N. Senhora das Dores e o antigo prédio do hospital Santa Casa de Misericórdia – onde mais tarde foi feito o Uberaba Tênis Clube. Em 1934, a grande “Exposição-Feira Agro Pecuária do Triângulo Mineiro”, realizada com apoio da prefeitura, ocupou o novo prédio (ainda em obras) da Santa Casa e seu quintal, onde hoje existe o Hospital Escola da UFTM.

Primeira sede da Sociedade Rural de Uberaba do Triângulo Mineiro. Rua: São Sebastião,259 - Década:1930. Foto/Acervo: Museu do Zebu.
Foi durante a exposição de 1934 que os pecuaristas da região decidiram montar uma nova associação para substituir a Herd Book Zebu. Sob a liderança do agrônomo Fidélis Reis, foi fundada a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro que, três décadas mais tarde, daria origem à ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu. Conhecida pela população como “a Rural”, a SRTM assumiu o compromisso de realizar todos os anos uma exposição de gado na nossa cidade. Começou aí a tradição dos certames anuais, que logo se transformaram em um dos mais importantes eventos do sector agropecuário brasileiro.

Tendo que montar uma exposição por ano, a SRTM cuidou de arranjar um local apropriado, que acomodasse as feiras de modo permanente. Como a entidade não tinha sede própria, a diretoria conseguiu um terreno na Rua São Sebastião, a menos de dois quarteirões da catedral, onde ergueu provisoriamente um galpão com uma portaria em traços “art déco”, estilo em moda na época. Esse terreno (onde hoje está o edifício São Gerônimo) tinha uma vantagem: a parte traseira se comunicava com uma chácara, que se estendia por todo o terreno entre a rua Major Eustáquio e o córrego da Manteiga, sobre o qual surgiu mais tarde a Av. Santos Dumont. Uma inusitada área rural, a poucos metros da praça da Matriz, loteada a partir dos anos 1950 para dar origem às ruas Antônio Carlos e Getúlio Guaritá.

Nessa chácara, a SRTM mandou construir dez currais cobertos, que abrigavam os animais durante as exposições. Ficavam logo atrás do grande palacete que, poucos anos antes, havia sido comprado pela Cúria Metropolitana para servir de residência ao Bispo de Uberaba. Dai surgiu a expressão de que as exposições eram realizadas “no quintal do bispo”. Há uma foto, feita dos fundos da SRTM, onde se vê os currais quadrados – feitos de madeira, cobertos com telhas francesas – e, no alto do morro do outro lado do córrego da Manteiga, os antigos prédios do Colégio Diocesano.

O local acomodou seis exposições entre 1935 e 1940 era muito limitado para as pretensões de um evento, que crescia ano após ano. Ao final de cada dia, os animais precisavam ser retirados dos currais e levados para fazendas nas imediações da cidade, retornando na manhã seguinte. Pode-se imaginar o transtorno das boiadas cruzando a área central da cidade. Além do mais, faltava espaço para os estandes comerciais e de diversões, que haviam deixado boas lembranças nas exposições de 1911 e 1934. Por isso, todos se animaram quando o Fernando Costa – então ministro da Agricultura do governo Getúlio Vargas – sugeriu que fosse construído um novo parque de exposições em Uberaba, que acabou ganhando seu nome. Essa e outras curiosidades estarão no livro “ABCZ – 100 anos de história”, de autoria de Maria Antonieta Borges Lopes e Eliane Marquez de Rezende, que será lançado no dia 25 de abril, dentro das comemorações do centenário.


(André Borges Lopes) 

Cidade de Uberaba