domingo, 30 de dezembro de 2018

A ROTA DO CALVÁRIO DA TV – UBERABA

“Fechando o caixão”... Ney Junqueira, chegou com disposição em continuar o trabalho iniciado com Rene Barsam, passou por Paulo Cabral, Wagner Nascimento, Bitencourt Bertulucci, Geraldo Barbosa e este dinossauro. A Globo, via TV- Triângulo, monopolizava os anunciantes e o governo municipais. Contudo, quem “não tem cão, caça com gato”, na programação local, levávamos nítida vantagem. Entrevistas, reportagens, acontecimentos, opinião, presença da TV onde o uberabense solicitava, eram nossas indeléveis “ marcas “ . Sem depender de “verbas chapa branca”, um dos pedidos que fiz ao “patrão” Ney, era a independência editorial do jornalismo. Enfrentamos jornadas memoráveis e saldo positivo !
                                                                 
TV – UBERABA – ÚLTIMOS SUSPIROS - Ney Junqueira Rene Barsam,Paulo Cabral, Wagner Nascimento, Bitencourt Bertulucci, Geraldo Barbosa. (Foto Acervo da Associação Cultural Casa do Folclore)
         Transferido o controle acionário, a TV pode “respirar” mais aliviada. Geraldo Barbosa e Hélio Tarquinio, controlavam com “mãos de ferro”, as finanças da Casa. Prestigio em alta nas esferas políticas, estadual e federal, Ney Junqueira, conseguiu “compor” dívidas com a “Minascaixa” , “Bemge” e “Banco Itaú”. Ao mesmo tempo, parcelou débitos com o INSS, Receita Federal e Embratel. Disputávamos, “ palmo a palmo””, audiência com a Globo, na santa terrinha . Essa emulação despertou o interesse da “Veja”, que estampou matéria de página, sobre a TV- Uberaba, afiliada a outra recém criada rede, o SBT (sistema Brasileiro de Televisão ) .Destaque para “Nico Trovador”, “ganhando de goleada” da concorrente. Entretenimento, programas locais, ”ao vivo”, esporte e noticia, a “ grade” de programação vitoriosa.

Nisso, Adolfo Bloch, dono do grupo “Manchete”, ganha a concessão do restante das “Emissoras Associadas” e funda a TV-Manchete, com uma imagem colorida linda, linda ! O governador Brizola, inaugura o sambódromo e dá exclusividade do carnaval carioca, à nova emissora. Foi um “ banho” de audiência. A Globo, ficou a ver navios! Programação qualificada, nomes famosos da TV brasileira, despertou o interesse de afiliação de novas emissoras. Uberaba, não foi diferente. Ney Junqueira e eu, partimos à busca de novas conquistas. Ao conhecermos as instalações, equipes técnica e de artistas, ficamos maravilhados ! Extâse? Sim. Negociações avançadas , Ney, dono, eu, superintendente, avalizamos o contrato assinado . O Wanderlei, companheiro de primeira hora, ligado ao SBT (Marcondes Piza, já comentado ), sentiu-se incomodado, deixou a emissora para inaugurar a Rádio Universitária, da FUREU, onde realizou excelente trabalho. Até hoje, a “espinha”da programação, lembra o “Wandeco”.

A afiliação à “Manchete” gerou lucros extraordinários. O nome “TV-Uberaba”, no entender de Ney Junqueira, era pequeno. Precisava alçar vôos mais altos, expandir-se. Regionalizar- se. Com pesar, “morreu” a TV-Uberaba...”nasceu” a”TV- Regional”. Parenteses: sua existência foi curta. Não “emplacou” e nem deixou saudade... Voltemos à “Manchete”. Os Bloch, “entram” na teledramaturgia. Novelas que “ bombam” no Brasil inteiro; ”Dona Beja”, “Pantanal”, “ Ana Raio e Zé Trovão”, “Corpo Santo”, “Kananga do Japão”, dão “banho” de audiência na concorrência. A TV Uberaba, na “maré”, adquire novos equipamentos. Josafá e eu, fomos buscá-los em Florianópolis; ampliamos as instalações da emissora, contratamos José Pedro de Freitas , nome importante da televisão brasileira, faturamento em alta...Mas, nem tudo “ que reluz é ouro”...

Ney Junqueira ,desfaz-se de seu casamento e foi morar no Novotel. Não durou muito, estava com nova companheira. Levou-a para administrar a TV. Geraldo Barbosa, Freitas e este dinossauro, não estávamos nos planos da “primeira dama”. Fim de 1994, corações “sangrando”, fomos exonerados. A “madame” reinou absoluta. O declínio da emissora, se fez sentir. Todo aquele cabedal de experiência, exauriu. Ney Junqueira, sem forças para tocar o empreendimento. Morreu, subitamente. Com ele, a “TV-Uberaba” e depois, ‘TV-Regional”. Hoje, resta o prédio de onde saíram grandes conquistas para a amada Uberaba. A cidade deixou de ter um “ porta voz” autêntico. O prefixo atual é TV- Bandeirantes, cuja administração está centralizada em Uberlândia. A comunicação na terra de “Doca’, levou um tiro pelas costas, chamado incompetência !...Tchau Uberaba ! Abraço do “Marquez do Cassú”.

Cidade de Uberaba

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

A história do Grupo Uberabense ChoroCultura


ChoroCultura de Uberaba. 


UM BRINDE AO CHORO - seis homens e um ritmo. A história do Grupo Uberabense que promove o som brasileiro do chorinho

O ChoroCultura é formado por Reinaldo de Vitto (violão de 7 Cordas); Fausto Reis (cavaquinho & direção musical); Irene D’Aprile (voz); Osmar Baroni (pandeiro); José Gilberto Silva “Gibinha” (Bandolim); Álvaro Walter (saxofone) e como convidado especial Carlos Humberto “Boi” (surdo). Há mais de 20 anos o grupo encanta aos palcos por onde passa, interpretando o melhor dos chorinhos, sambas, boleros, serestas e MPB, atraindo fãs que gostam de ouvir, dançar e curtir a boa música.
Gravado em 2006. 

(Vídeo pessoal do grupo ChoroCultura)

Cidade de Uberaba

Boulanger dos Santos Figueira, GeGê

Boulanger dos Santos Figueira, GeGê

Morreu em Uberaba aos 74 anos, um dos ícones da moda brasileira, o estilista Boulanger dos Santos Figueira, GeGê. O corpo está sendo velado na capela do cemitério São João Batista. O sepultamento será hoje (04), às 15h00.

Uberaba em Fotos presta suas condolências à família e amigos.


Cidade de Uberaba

Cemitério São Miguel

Cemitério São Miguel
À frente - Cemitério e ao fundo Capela de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba em1889. Núcleo de fundação de Uberaba - atual Praça Freio Eugênio - Escola Estadual Minas Gerais e Centro de Cultura José Maria Barra - FIEMG

Foto: Autoria desconhecida

Acervo: Arquivo Público de Uberaba


Cidade de Uberaba

ANATÓLIO MAGALHÃES, IMPORTANTE ARTISTA PLÁSTICO DE UBERABA, ENTRE 1920 E 1960

Tela em bico de pena de autoria de Ovídio Fernandes

Ovídio foi amigo do meu pai, e tive certa convivência com ele. Um cara "bon vivant e humoradíssimo. Tenho quadro de bico de pena de meu avô paterno, de autoria dele. 

Fiz uma pesquisa, no ano passado, sobre as celebridades culturais de Uberaba. Esse é o perfil dele:

Ovídio Fernandes {Uberlândia, distrito de Sobradinho, 14 de fevereiro de 1925-Uberaba, 10 de agosto de 1998}. Em 1949, executou a cenografia do recém-fundado Teatro Estudantil, ligado à UEU (União Estudantil Uberabense).

Foi um artista profissional por toda a vida. Graças à cessão – a título de uso e fruto - de um conjunto de imóveis, entorno do Hotel Modelo, localizado entre as ruas Artur Machado, João Caetano e a av.Dr. Fidélis Reis, Centro, se mantinha com a renda obtida por meio de aluguéis. Por volta de 1970, manteve a boate Barroco, com decoração produzida por ele alusiva ao nome do local. 

Grafite e nanquim predominam em seus trabalhos. Mas há também pinturas e murais em parede, como a “Parábola do Rei Salomão” executado no Salão do Júri, do Fórum Melo Viana, na r. Lauro Borges, Centro. 

Outros painéis de autoria dele foram realizados nas paredes do hall de entrada da ex-sede social do Jockey Club, na pç. Rui Barbosa, Centro. Retratou, por meio de finos traços pretos, negros tocando instrumentos musicais em alusão ao Carnaval. Essa pintura exemplifica sua irreverência e crítica social presente em algumas de suas obras. 

O Jockey havia sido condenado, judicialmente, por ter impedido o acesso ao salão de festas do clube do famoso jogador de basquete Rosa Branca [Carmo de Sousa – 1940-2008], que foi campeão mundial com a seleção brasileira em 1959 e 1963. O fato ocorreu entre 1956 e 1958, quando o vice-campeão paulista São Carlos Clube, pelo qual jogava, enfrentou a equipe do Jockey. 

Após a partida, realizava-se um baile e o time visitante foi convidado a participar do evento. Entretanto, Asa Branca foi barrado na portaria por sua condição de negro. Seus companheiros de equipe, em protesto, abandonaram o local em solidariedade ao colega. A pena judicial determinou a suspensão do funcionamento da sede, que, assim, passou por “reforma”. Contratado pelo clube para participar da nova decoração do local, o irônico Ovídio fez pinturas em alusão à festa carnavalesca e “vingou” por Asa Brancas e sua raça menosprezada. 

Ovídio é autor – anônimo - da ilustração da capa do livro “O Pântano Sagrado” (1948), do jornalista Orlando Ferreira, o polêmico e destemido “Doca”. A imagem apresenta um homem moribundo, aparentando ser um religioso devoto, observado por urubus que, por terem penas pretas, induzem à lembrança de batina usada por membros da igreja católica. Entre as 365 páginas da publicação estão 15 charges do artista, ironizando situações envolvendo o clero de Uberaba. A obra foi proibida pelo Judiciário e 900 cópias das mil produzidas foram incineradas. 

A grade que circunda o Parque Fernando Costa, da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu), instalada em meados de 1970, com contornos de exemplares da raça zebuína, é projeto de Ovídio. Ele também decorava vitrines de lojas e criava logomarcas. Uma delas foi para o jornal “Lavoura e Comércio”, na década de 1970, na qual as letras iniciais l e c se fundem. Há uma praça, no final da r. Quinze de Novembro, no bairro Estados Unidos, que leva seu nome.

(Luiz Alberto Molinar)


Cidade de Uberaba


CARTA ABERTA - ELEIÇÕES DE 2018

Aos Srs. Procuradores Eleitorais Federais e Estaduais, quais sejam, ilustres Membros do Ministério Público e Advogados de boa têmpera. 

Motivos mais do que justificáveis ocorreram Brasil afora na Eleição Presidencial de 07/10/2018 que embasam o pedido de impugnação da referida eleição, ou de que a mesma possa até ser anulada. Que V.Exas., no estrito cumprimento do dever, sejam os portadores de requerimentos perante ao TSE-Tribunal Superior Eleitoral. 

As nulidades no processo eleitoral surgiram principalmente das falhas gritantes do sistema eletrônico. A enxurrada de incidentes inadmissíveis registrados, se levada a sério, embasam o pedido de impugnação ou anulação do pleito eleitoral para Presidente da República. A rigor, o sofisticado e caríssimo sistema não poderia apresentar nenhuma falha, posto que; se passou por alardeada auditoria com antecedência, cabe a pergunta: por que não detectaram os problemas e os sanaram em tempo? Os casos concretos (e outros que saberemos doravante) são e serão por demais sobejos para respaldar a presente CARTA ABERTA.


João Eurípedes Sabino-Uberaba/MG/Brasil. 

Eng. Civil e de Segurança-Perito Judicial. 

Articulista, cronista e escritor. 



Cidade de Uberaba

Desafios na educação dos filhos (*).


Não há dúvidas de que a educação dos filhos, hoje mais do que nunca, atravessa fase delicada com mudanças que se operam em ritmo e velocidade espantosos. É realmente um desafio às pessoas de boa índole e possuidoras de bons princípios, se proporem a educar os filhos de forma coerente com o que as boas normas, na concepção do termo, recomendam. No decorrer de cada dia, hora e minuto que deveriam ser dedicados pelos pais na educação dos filhos, o que se constata? Nada mais do que a terceirização desse mister às escolas, cuja missão de informar passa a ser, inversamente, a de formar. Ou seja, a educação dos filhos, perde sua essência quando o indivíduo parece, mas não é literalmente o objetivo principal. 

A pedagogia logosófica, ou seja; a “pedagogia do bem dizer...” , proporciona ao próprio educando os meios para se adentrar em si mesmo. Assim, permite que seus pais e educadores encarem o desafio da educação com serenidade e a determinação de vencer. Nos educandários logosóficos estão a prova eloquente de que os ensinamentos neles contidos, entremeados às matérias curriculares, pode plenamente ser cumprida a missão transcendente de ilustrar a consciência dos filhos. O conhecimento de Deus e suas Leis, isento de inculcações, constitui-se em fator proeminente nas lições que as crianças recebem. Detalhe: alunos e professores estudam juntos a Logosofia. 

Um grande desafio exposto à educação dos filhos é o de vencer a psiquiálise (paralização da nobre função de pensar), imposta pela introdução de pensamentos, ideias e preconceitos que levam o ser incipiente à sutil inércia mental. Os sinais imperceptíveis de “prostração” infiltrados no aprendizado que recebem já se fazem notar. Sintomas de medo, por exemplo, sem a menor razão de ser ocorrem na criança, colocando pais em polvorosa porque não sabem como resolver a questão. Uma das técnicas prescritas pela Logosofia é a de ensinar à criança fazer uso de seus próprios pensamentos que lhe ajudem a substituir o temor pelo valor. Eis aí uma verdade palpável. 

“Venci um pensamento!”, brada a criança vencedora. 

É obrigação, muito mais do que um simples dever dos pais direcionarem os filhos para uma boa educação diferenciada em seu cerne. O método único e original preconizado pela pedagogia logosófica permite o encaminhamento do processo individual consciente da criança e assim, ela fará dias melhores por si mesma! Não há recompensa maior. 

(*) - João Eurípedes Sabino. Uberaba/MG/Brasil.



Cidade de Uberaba

O poder da flor (*)

Quando ceifo do jardim uma flor 

Vem-me profunda reflexão 

Como acertou em cheio o Criador 

Fazendo algo que fala ao coração 



As flores no silêncio da brisa 

Ditado pelo farfalhar das folhas 

A natureza de todo se harmoniza 

Desperta, irmana e une amores 



Se o diálogo conciliador não resolve 

E as partes se confrontam sem solução 

Uma flor oferecida sempre dissolve 

Ressentimentos guardados no coração 


(*) - João Eurípedes Sabino-Uberaba/MG/Brasil. 





Cidade de Uberaba

MÉDICOS ITINERANTES E CONVIDADOS EM UBERABA

“BIBLIOGRAFIA SOBRE UBERABA”


MÉDICOS ITINERANTES E CONVIDADOS EM UBERABA


Capítulo inédito da enciclopédica História da Medicina em Uberaba de JOSÉ SOARES BILHARINHO







Cidade de Uberaba

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Obras-Primas do Cinema Europeu


A FONTE DA DONZELA
A Lancinante Beleza

Guido Bilharinho


A FONTE DA DONZELA


Se poesia é beleza e tragédia é dor e se beleza não combina com sofrimento, e se não lhe for antípoda é pelo menos incompatível, como se elaborar obra em que esses dois elementos tão díspares se unam simbioticamente, concorrendo de iguais modo e conformidade para sua formação?
         Se uma é beleza, pureza, alegria, vida e outra é sua negação?
         É possível?
         É possível.
         É exatamente isso que Ingmar Bergman faz em A Fonte da Donzela (Jungfrukällan, Suécia, 1959), um dos mais belos e ao mesmo tempo mais trágicos filmes já realizados.
         Inserido nos limites da narrativa, excede-a em perfeição. Confinado na necessidade de estabelecer a sucessão de atos, atitudes e acontecimentos que a compõem, infunde-lhe precisão, conexão e intrínseca dinâmica, emanada da articulação de seus diversos elementos. Obrigado a organizar e distender o fio narrativo, o faz com vigor, segurança e determinação. Tangido a lidar com anjo, demônios e seres humanos, os reúne no mesmo espaço e em idêntico tempo, confrontando-os. Compelido a destilar todo o horror desse encontro e embate, exercita-o, no entanto, humana e poeticamente.
         Assim, se se tem de um lado a inocência, a pureza, a beleza, a poesia enfim encarnada, e, de outro, a impulsividade e a bestialidade em seu mais alto grau, logra-se, como resultado desse heterogêneo amálgama, filme em que a dignidade humana é contemplada tanto quanto sua face oposta nos exatos termos em que se manifestam, constituindo monumento desse compósito extravagante.
         Toda essa confluência, que se transforma em conjunto trágico, violento e mortal, expõe-se em ambientes construídos em consonância com a vinculação do tempo e do espaço em minudências físicas e gestos pessoais compatíveis e exatos. Se neles e nisso ressumbra a realidade, nos exteriores explode e vigora a poesia da imagem na paisagem vista (e sentida) em sua harmônica beleza, onde se cruzam a mocidade que a tonifica e os cérberos abjetos que a poluem e conspurcam.
                Nessa dimensão neutra, mas, generosa e propiciatória, a maldade impõe-se à bondade, destruindo-a dupla e sucessivamente, antes, ao conspurcá-la, depois, ao eliminá-la, em sequência de beleza imagética, que mais ainda exacerba a inaudita brutalidade com que se manifesta e se materializa.

(dos livros eletrônicos O Cinema de Bergman e Fellini -
Se poesia é beleza e tragédia é dor e se beleza não combina com sofrimento, e se não lhe for antípoda é pelo menos incompatível, como se elaborar obra em que esses dois elementos tão díspares se unam simbioticamente, concorrendo de iguais modo e conformidade para sua formação?
         Se uma é beleza, pureza, alegria, vida e outra é sua negação?
         É possível?
         É possível.
         É exatamente isso que Ingmar Bergman faz em A Fonte da Donzela (Jungfrukällan, Suécia, 1959), um dos mais belos e ao mesmo tempo mais trágicos filmes já realizados.
         Inserido nos limites da narrativa, excede-a em perfeição. Confinado na necessidade de estabelecer a sucessão de atos, atitudes e acontecimentos que a compõem, infunde-lhe precisão, conexão e intrínseca dinâmica, emanada da articulação de seus diversos elementos. Obrigado a organizar e distender o fio narrativo, o faz com vigor, segurança e determinação. Tangido a lidar com anjo, demônios e seres humanos, os reúne no mesmo espaço e em idêntico tempo, confrontando-os. Compelido a destilar todo o horror desse encontro e embate, exercita-o, no entanto, humana e poeticamente.
         Assim, se se tem de um lado a inocência, a pureza, a beleza, a poesia enfim encarnada, e, de outro, a impulsividade e a bestialidade em seu mais alto grau, logra-se, como resultado desse heterogêneo amálgama, filme em que a dignidade humana é contemplada tanto quanto sua face oposta nos exatos termos em que se manifestam, constituindo monumento desse compósito extravagante.
         Toda essa confluência, que se transforma em conjunto trágico, violento e mortal, expõe-se em ambientes construídos em consonância com a vinculação do tempo e do espaço em minudências físicas e gestos pessoais compatíveis e exatos. Se neles e nisso ressumbra a realidade, nos exteriores explode e vigora a poesia da imagem na paisagem vista (e sentida) em sua harmônica beleza, onde se cruzam a mocidade que a tonifica e os cérberos abjetos que a poluem e conspurcam.
                Nessa dimensão neutra, mas, generosa e propiciatória, a maldade impõe-se à bondade, destruindo-a dupla e sucessivamente, antes, ao conspurcá-la, depois, ao eliminá-la, em sequência de beleza imagética, que mais ainda exacerba a inaudita brutalidade com que se manifesta e se materializa.

(do livro eletrônico O Cinema de Bergman e Fellini -


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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional. -
Obras-Primas do Cinema Europeu -
https://www.facebook.com/opcineuropeu/)

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional.


Cidade de Uberaba

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Aeroporto de Uberaba

Aeroporto de Uberaba - Década: 1960


O Aeroporto de Uberaba teve sua inauguração na década de 1930. Em 23 de maio de 1935, através do Decreto Nº 660, passou a denominar-se Aeroporto Santos Dumont. A inauguração do aeródromo, hangar e bar, se deu em 16 de junho de 1935; contando com a presença do Frei Dom Luís Maria Santana, que procedeu a benção oficial do local e demais dependências. José Coelho, proprietário da carpintaria central, foi o construtor do hangar e do bar do Aeroporto Santos Dumont.

Em 29 de janeiro de 1937, o hangar foi reformado, em virtude do mesmo ter sido danificado por um forte tufão que passou pela cidade de Uberaba.

Por determinação do Decreto de Lei, Nº 3006, em 13 de junho de 1980, o Aeroporto Santos Dumont passou a denominar-se Aeroporto Mário de Almeida Franco.
A coordenação dos serviços de infraestrutura do aeroporto local ficam a cargo da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO).”

Nota: “Embora o aeroporto tenha recebido os nomes de Aeroporto ‘Santos Dumont’ e ‘Mário de Almeida Franco’; a INFRAERO, a quem pertence, o chama de ‘Aeroporto de Uberaba


Foto: Postal Colombo


Fonte: Arquivo Público de Uberaba



Fanpage: https://www.facebook.com/UberabaemFotos/

Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos



Cidade de Uberaba


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Viajar é preciso...

O deslocamento humano, de um lugar a outro, por terra, se faz desde sempre. 

No início, a pé, abrindo “picadas”,que se tornaram caminhos.Estradas a ligar lugares que despertavam o interesse dos homens. 

Com o tempo apareceram os meios de transportes. 

O homem conseguiu fazer uso de animais e... carroças. 

Essas carroças (carruagens) evoluíram ao longo do tempo, assim como as estradas de rodagem. 

Uma grande transformação no transporte coletivo aconteceu com a invenção do trem-de-ferro.Longas distâncias passaram a ser vencidas com rapidez,segurança e “conforto”.A Estações fizeram surgir povoados,que ofereciam infra-estrutura de apoio ao viajantes:hotéis,restaurantes,salas de espera,sanitários,”vendas”,etc..Estes pequenos povoados também dispunham de estábulos para animais,carros de aluguel,para viajantes. 

O próprio trem-de-ferro oferecia viagem confortáveis, em vagões espaçosos, com toiletes à bordo,restaurantes,serviçais,carros-leito. 

Como as estradas era sobre trilhos, os solavancos tão desconfortáveis das “diligências”, não existiam. 

O problema que persistia era o descolamento do próprio domicílio até a Estação mais próxima. O trem não ia todo lugar. Era bitolado nos seus trilhos. 

As linhas do trem-de-ferro faziam muitas curvas. Para alguns técnicos,o problema estava nos aclives e declives acentuados que inviabilizavam o seu deslocamento.Era necessário contornar os “morros”e”vales”;outros alegavam que as empresas construtoras cobravam por metro linear,e assim faziam de tudo para “esticar”a linha e aumentar o faturamento;uns terceiro falavam da função social do trem,que tinha em seus projetos alcançar o maior número possível de povoados,em busca de cargas e passageiros.

Mapa

O que sabemos é que o transporte de cargas e passageiros sofreu grande desenvolvimento após a invenção do trem-de-ferro,a partir de meados do século XIX,porém,trouxe novidades revolucionárias para o transporte:o motor de combustão interna,que proporcionou a invenção do automóvel.A partir daí o transporte coletivo superou a única limitação maior do trem-de-ferro: o bitolamento.Por volta de 1930,já se expandia o uso do ônibus,”instrumento de transporte de flexibilidade total”Em 50 anos,no caso brasileiro,o trem perdeu completamente sua função,no quesito-transporte de passageiros,embora,os últimos anos assistiam sua ressurreição,a nível urbano,através das redes de metrôs. 

Uberaba ocupa espaço privilegiado no interior do Brasil. Constitui-se, durante muito tempo, no maior entreposto do Sertão. Mais de 2500 carros-de-bois ligavam Uberaba com as diversas regiões do Triângulo Mineiro,Goiás e Mato Grosso. 

Da Província de Minas, após a Guerra dos Emboabas, os mineradores começaram a entender as suas pesquisas para a região Noroeste, vindo fundar uma povoação na mina do Tamanduá. Daí dobraram para o lado do Sertão, transpondo a Serra da Canastra, povoando o Desemboque,já na região do Triângulo.Uma estrada unia Tamanduá ao Desemboque,de onde bandeirantes,em busca de outros espaços,vieram fundar Uberaba.A Estrada de Minas veio a cruzar a Estrada do Anhanguera em Uberaba.”Assim,nas primeiras décadas do século XIX,o Chapadão do Azagaia se constituído estrada geral de Tamanduá para o Desemboque,e dali para Uberaba. 

Mais tarde, uma estrada foi aberta para o Porto de Ponte Alta, fazendo a distância entre Uberaba e Franca ficar mais curta.Depois surgiu a ideia de uma estrada mais curta também para Goiás,e uniu Uberaba a Morrinhos. 

Aos poucos, novos entrantes foram formando sítios e fazendas, por todos os cantos do Sertão da Farinha Podre, gerando uma malha enorme de caminhos. 

De estradas, porém, só tinham o nome. Eram simples veredas, sem alinhamento, nivelamento e leito cômodo. Até a que conduzia a Santos conheci eriçada de pedras soltas e zigue-zagues, onde não faltavam atoleiros. 

O tráfico fazia por terra; viajava-se em caravanas, com o intuito de proteção mútua; parava-se nos lugares onde se encontravam alimentos e água; nos pontos mais importantes dessas paradas, erguiam-se povoados. 

“O comércio se fazia pelo muar, o cavalo e o boi”. 

As viagens eram demoradas, sacrificantes. Parecia que a estrada não acabava mais. 

Até que chegou o trem-de-ferro,em 1889,possibilitando que de Uberaba se chegasse,em três dias, à Capital do Império,Rio de Janeiro.As viagens passaram a serem prazeirosas,principalmente,quando se ia para o litoral.Para o Sertão as viagens continuaram a ser feitas à moda antiga,muito embora o próprio trem tenha estimulado a migração para o interior.A população cresceu rapidamente.Alguns anos depois,o trem-de-ferro avançou até Uberlândia,Araguari,Catalão. 

Ele vinha do litoral, sobretudo São Paulo e Santos, trazendo cargas e passageiros. Daqui para o Sertão,o transporte era feito em carros-de-bois e cavalos.Os fazendeiros próximos faziam uso das charretes e carroças.Carruagens faziam os trajetos mais longos.No tempo das chuvas era impossível transitar pelas péssimas estradas do sertão. 

Com o advento do automóvel, os ônibus foram substituindo, pouco a pouco, os carros de tração animal, no transporte de passageiros. 

Empresários pioneiros foram introduzindo as “linhas de jardineiras”, em trajetos inicialmente curtos, depois mais longos, unindo Uberaba aos seus Distritos e às cidades vizinhas.Eram de iniciativas privadas.Os ônibus tinham seus pontos ou garagens, à revelia de seus proprietários/condutores,nos lugares que melhor lhes conviessem. 

Aos poucos, com o aumento com o número de ônibus e outros veículos, a cidade começou a sentir os problemas inerentes à falta de organização e controle do trânsito. 

O governo municipal logo percebeu a necessidade de intervir, regulamentando os serviços e se preocupando com os trajetos e locais de uso das “jardineiras”,além dos valores das passagens. 

Em 1943,referido governo começou a pensar em solução para a qualidade do trânsito.Foi então que teve a ideia de construir uma Estação Rodoviária, à semelhança das Estações de trem-de-ferro que,ao mesmo tempo que disciplinasse o conturbado fluxo de ônibus da cidade,fosse capaz de dar conforto aos usuários do serviço,pois essa Estação teria abrigos decentes,sala de espera,guichês,a informações e passagens,banheiro,restaurante,pontos de carros de praça,entre outros. 

(Após os estudos necessários foi construída a primeira Estação Rodoviária de Uberaba, na Praça das Bandeiras (atual) praça Dr.Jorge Frange), obra entregue à população em 1945. 

O local foi escolhido por ser, na opinião das autoridades, o lugar que melhor servia para o acesso à cidade. A circulação dos ônibus começava ser regulamentada. A Estação Oeste de Minas também ficava naquela região. Quem chegava de trem, de lugares mais distantes,prosseguia de ônibus,até mais perto de seus domicílios.

Guilherme de Oliveira Ferreira, à direita – 1932

Posteriormente, todas as vias de entrada da cidade foram projetadas e construídas em relação aquele referencial. Uberaba cresceu, para aquele lado!A circulação de ônibus no perímetro urbano foi regulamentada.Toda a população saiu melhor servida. 

Em poucos anos,porém,suas dimensões ficaram insuficientes.Já na década de 1960 algumas empresas tinham “pontos”fora da Rodoviária,fazendo com que a administração municipal projetasse e construísse algo mais amplo e funcional.A praça Jorge Frange era pequena para o novo projeto,que foi executado na área onde existira a Estação Ferroviária Oeste de Minas,desativada há alguns anos. 

A nova Estação Rodoviária, inaugurada em 1972, atendeu muito mais com qualidade e espaço,a população usuária do Transporte de Ônibus,que substituiu quase por completo o serviço dos trens,de passageiros,por serem mais rápidos e flexíveis do que aqueles. 

O inexorável crescimento econômico de Uberaba e região fizeram, porém, crescer em ritmo muito acelerado para a população e,consequentemente,a demanda pela Rodoviária.Há vários anos a Administração Municipal vem buscando meios para superar o problema,através da ampliação e melhoria das instalações da Rodoviária. 

Em 1999, utilizando-se do sistema de Concessão a Terceiros, a empresa “UBERCOM”obteve o direito de prestar este serviço ao município,desde que construísse o no Terminal Rodoviário,adequado às necessidades da população. 




(1)-SAMPAIO, Antonio Borges – 23/04/1889 – Revista de Uberaba nº8, p.p.186/189 – 1904.Edição:Tipografia da Livraria Século XX. 



Trecho da Estrada Uberaba Delta – Guilherme de Oliveira Ferreira, à direita – 1932 




Foto: J Schroden Jr 



Relatório das Repartições, julho/1932. Guilherme de Oliveira Ferreira – Prefeito Municipal.


Cidade de Uberaba

O PESO DOS ANOS(*)

O que pesa sobre o idoso


Não são os anos em suas costas


São as condições de um viver impiedoso


Que certamente a ele são impostas


Quem vivia liderando


Perde o trono de excelência


Não está mais no comando


Passa a dever obediência


Ocupa o posto de ocioso


Se não lutar para se independer


Acabará num mundo doloroso


Onde só espera o dia de morrer


Agora é visto como ultrapassado


Sua herança vira cobiça


Tendo recursos e saúde é aturado


Não tendo morre; eis a premissa


Mas antes da morte há opções


De encerrar a jornada dignamente


Ou vai para o asilo curtir emoções 


Ou em casa declina lentamente.


Feliz do idoso que não envelhece


Que acumula histórias para contar


Ao saber que sua obra não fenece


Sua missão sem ser estorvo poderá encerrar


(*)-João Eurípedes Sabino


Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.



Cidade de Uberaba

LIVROS DE GUIDO BILHARINHO DISPONÍVEIS NA LIVRARIA LEMOS E CRUZ


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Colégio Marista Diocesano

Colégio Marista Diocesano



Época da imagem:1930

Foto: Autoria desconhecida

Em 10 de agosto de 1896 chegou a Uberaba, Dom Eduardo Duarte da Silva, Bispo de Goiás, “que para aqui transferia a sede de sua diocese, trazendo todos os Seminaristas e o corpo docente do Seminário Episcopal Santa Cruz, da Cidade Goiás. O único edifício em condições de alojar o Seminário era o do Colégio Uberabense”,(COUTINHO, 2000, p.51) que ficava no Alto das Mercês.

Em 1899, Dom Eduardo, preocupado com a falta de instrução para a população de Uberaba e região, transformou o Seminário no Colégio Diocesano do Sagrado Coração de Jesus, que foi entregue aos padres recém chegados, sob a direção do Frei Caledônio de São Mateus.

Esses mantiveram o colégio em atividade até o final de 1902, ano em que os Irmãos Maristas tomaram a direção, conforme era a vontade do Bispo.

O prédio foi construído em 1893, com recursos obtidos através de uma Sociedade de Ações, liderada pelo farmacêutico Francisco Sebastião da Costa.

Já no início de 1905, diante da crescente procura por vagas, o estabelecimento estava insuficiente para conter os alunos. A partir deste ano os Irmãos começaram a ampliação do prédio:

- 1905 – Construção de barracão coberto de zinco.
- 1908 – Aquisição de um terreno de 10 hectares.
- 27/12/1910 – Inauguração da construção de um bloco de edifício complementar – Pavilhão Frumentius.

- 02/02/1921 – Inauguração de um bloco em forma de L.
- 1923 – Construção de passarelas e varandas, unindo os diversos blocos de edifícios.

- 1925 – Construção de um galpão para depósito, no fundo da propriedade.
- 15/08/1944 – Inauguração da Capela.
- 26/08/1944 – Inauguração do bloco onde hoje é a entrada do Colégio.

- 1957 – Demolição do Pavilhão Frumentius.
- 19/03/1958 – Inauguração do galpão e sala de estudos menores.
- 10/08/1958 – Inauguração de mais um pavilhão onde hoje, estão o Salão de Atos e o Maristinha.

- 13/08/1959 – Inauguração do último bloco.
- 1961 – Demolição do prédio construído em 1893. em seu local foi construído o jardim e o estacionamento para automóveis.,

- 1969 – O terreno adquirido em 1908 foi vendido. Hoje é o Condomínio Morada das Fontes.

- 1977 – Inauguração de uma Capelinha.
- 10/05/1988 – Inauguração do Ginásio Poliesportivo.

Durante a década de 1990 o prédio sofreu reformas e adaptações, sem modificar sua estrutura.

(Arquivo Público de Uberaba)

Cidade de Uberaba

Café marcará inicio de parceria entre ALTM e CDL

Sede -  Academia de Letras do Triângulo Mineiro
No próximo dia 29 às 9:h00 a Academia de Letras do Triângulo Mineiro a será recebida na CDL para um café de confraternização com a diretoria. Será um encontro salutar que marcará o início de uma parceria sonhada há algum tempo pelas duas entidades. Na primeira parte do café os Acadêmicos conhecerão o Memorial Histórico da CDL e o seu Armazém de Reminiscências onde estão depositados valiosas peças, fotos, máquinas, alimentos, ferramentas, utensílios, etc, que retratam épocas do comércio que não voltam mais. A história estará presente com toda intensidade com destaque para a galeria dos ex-presidentes. 

Na segunda parte da visita, às 10:00h, Acadêmicos apresentarão suas obras publicadas ao público presente, que será composto por associados e outras pessoas que honrarem com as suas presenças. 

A biblioteca da CDL receberá livros dos autores presentes que serão inseridos no seu acervo literário. 

A imprensa está convidada a participar desse importante acontecimento cultural. Autoridades do mundo cultural marcarão presença.


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Obras-Primas do Cinema Europeu


UM DIA NO CAMPO

Percepção e Sensibilidade



Guido Bilharinho

Um Dia no Campo (Partie de Campagne, 1936)


A filmografia de Jean Renoir (1894-1979), conquanto extensa, variada e procedida em vários países e diversas circunstâncias, possui pelo menos três obras-primas: Um Dia no Campo (Partie de Campagne, 1936), A Grande Ilusão (La Grande Illusion, 1937) e, finalmente, o primus inter pares, o filme A Regra do Jogo (La Règle du Jeu, 1939), todos realizados, como seus títulos originais estão a indicar, na França.

Um Dia No Campo restou interminado. Contudo, não se ressente disso. Pelo contrário. Poderia mesmo ter sido planejado até onde foi, porque daí para frente - como demonstram as cenas finais, a título de epílogo de um dos encontros amorosos - corria o risco, como correram tais cenas, de descambar para o drama comum ou mesmo (quem sabe?) o dramalhão.

Aliás, esse desfecho até parece ter sido inserido por outrem para tentar dar acabamento à obra.

O fato é que esse pequeno filme alcança padrão que só encontra rival em sua filmografia nas duas outras obras citadas. E encontra, porque nelas Renoir atinge as culminâncias da arte.

Em Um Dia No Campo, excetuada a sequência final, tudo é adequado e poético.

A perspicácia autoral inicia-se pela biotipologia da família parisiense que protagoniza os acontecimentos, simples passeio dominical ao campo por meio de uma charrete, transformado numa das mais belas obras de arte já concebidas e realizadas, encravada no cerne da natureza humana poeticamente exposta.

Se essas personagens são esplendidamente plasmadas, não menor é o atilamento da escolha dos atores destinados a representá-las, corporificando-as e dando-lhes vida, movimento, gostos e aspirações.

Se isso não bastasse, a essa galeria acrescentam-se os moradores e hóspedes da estalagem campestre, desde os mais discretos aos dois dons juans.

A localização das filmagens, à beira de um rio que, àquela época, ainda conservava seus atributos naturais valorizados pela moldura de campos, bosques e matas, também constitui elemento básico da composição pictórica do filme, no qual, como se sabe, Jean reproduz alguns dos quadros pintados por seu pai Auguste.

Reunidos tais elementos, que só desenvolvida percepção do fenômeno humano e afiada sensibilidade poderiam proporcionar, Renoir infunde-lhes vida e beleza, emoção e atração, simpatia e amor, numa simbiose do ser humano com a natureza, em que tais fatores encontram livre expansão.

Cada gesto, tomada, palavra, diálogo, olhar e atitude das personagens, notadamente das protagonistas femininas (mãe e filha), deriva diretamente da conjunção das referidas percepção e sensibilidade para compor painel de vida formado por série de quadros consistentes das cenas cinematográficas que os animam, agitam e movimentam.

A troca de pares, o modo como se processa e, ainda, a movimentação que a determina vêm demonstrar, se tudo antes e o mais já não fossem suficientes para revelá-la e proclamá-la, a consciência de Renoir ao elaborar o filme e o domínio dos meios necessários e indispensáveis para concretizá-lo em cenas memoráveis de leveza e poeticidade.

Tudo num filme em que se concentra o aparato cultural milenar europeu, herdeiro das civilizações que o antecederam, burilaram e sedimentaram, com particular evocação do lirismo clássico grego, simultaneamente em igual dosagem, poética e realista, pela impregnação de forte conteúdo humanista, em que emoção e encantamento fundem-se numa só e mesma criação imagética para transmitir o fluxo da vida, de seres humanos vivendo e se relacionando amorosa e espontaneamente.

Um Dia No Campo é completo em sua incompletude, porque nele forma e desenvolve o ciclo vital da atração e satisfação emocional e física dos sexos com intensidade relacional e requinte poético, associando o ser humano e a natureza de modo preciso, e que, depois de feito (e necessariamente, como outras grandes obras de arte, teria de sê-lo), tornou-se indispensável à humanidade como criação de si mesma.

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional.


AS ELEIÇÕES EM UBERABA NOVEMBRO DE 1966 Um clássico dos ensaios políticos brasileiros

Um clássico dos ensaios políticos brasileiros

Eleições em Uberaba



Ronaldo Cunha Campos


CARTA ABERTA MOTIVADA PELO INCÊNDIO NO MUSEU. NACIONAL

"Academia de Letras é confraria de elite". Infelizmente tal frase é das muitas que, quando não são ditas, são ao menos pensadas por quem desconhece o valor dessas instituições. Tanto é assim que os ditadores ao tomar seus governos impigem suas tiranias sobre os escritores e sacrificam as academias de letras, bibliotecas, museus e instituições congêneres. Muitas das vezes essas hostilidades são dissimuladas pelo desleixo que atravessa os tempos até que muitas dessas Casas de Cultura acabam morrendo por si mesmas. 

O que ocorreu com o imóvel do Museu Nacional/RJ que dia 02/09/2018 ardeu em chamas? Nada mais do que a resposta ao desprezo crônico do qual é vítima de longa data. Salas fechadas há anos por falta de ações preventivas nos da uma ideia conclusiva de como nossas autoridades responsáveis pela cultura, ciência e sabedoria se "lixam" pelos órgãos encarregados de preservarem o passado, o presente e o futuro. 

Museu Histórico Nacional


Especificamente quanto às Academias de Letras, não é raro, aliás, é regra geral vê-las de pires na mão a implorar medidas e recursos de órgãos públicos que postergam ao extremo em atende-las quando nem isso fazem. 

O que há dentro de uma Academia de Letras? Ali está o que de melhor as pessoas fizeram, diga-se, os escritores, pois usaram a essência do bem que possuem e a transcreveram em páginas. Assim, o bem passa à humanidade em escala ascendente e inimaginável. Muitas pessoas não conseguem entender esse processo e relegam as Casas de Letras a planos terciários ou mais. 

Não por acaso nas Academias estão os imortais. Ali são admitidos e, mesmo partindo desse mundo, seus nomes e obras ficam para a posteridade. Só esse simples fato, a meu modesto juízo, é o bastante para que o celeiro templário de livros seja visto com os olhos da sensibilidade por quem ainda não o fez ou demora em fazê-lo. É o escritor quem deixa traçado os rumos por onde a humanidade passou e a orienta por onde deverá passar. Sem esse referencial a sociedade perde o foco e se desorienta. 

Já é tempo das nossas autoridades, incluindo os políticos, criarem dispositivos que valorizem as Academias de Letras. Elas diretamente dão poucos votos, mas seus integrantes formam opiniões e os escritos deles, por ser perenes e uma vez publicados, só Deus sabe aonde irão chegar. 

Sem a pretensão de ditar normas, espero que esta Carta Aberta seja pelo menos um objeto de reflexão. 

Outros museus estão na fila para ser incendiados. E inclusas na lista estão as Academias. Infelizmente... 

João Eurípedes Sabino/Uberaba/MG.
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


Cidade de Uberaba

domingo, 19 de agosto de 2018

A Engenharia perde um ícone

Hoje a Engenharia brasileira perde um de seus mais ilustres membros. Refiro-me ao querido mestre Vicente Marino Júnior, uberabense nato, com uma gama de trabalhos realizados em todos os quadrantes do país.

A foto mostra cena da prova do primeiro vestibular da E.E.T.M com presença do presidente da Sociedade Educacional Uberabense Mario Palmério. Vicente Marino Júnior é o quarto da esquerda para a direita.

Na saudosa Escola de Engenharia do Triângulo Mineiro Vicente Marino Júnior deu a aula inaugural aos alunos iniciantes na década de 50, apesar de não ser ele o diretor. 
Foi autor de diversos projetos de grandes obras e calculista de estruturas imensas com vãos desafiadores. 

Pautou a vida como servidor da Engenharia Civil e teve a honra de formar inúmeros alunos que se tornaram renomados profissionais mundo afora.

Não por acaso Mestre Marino foi um colecionador de homenagens como paraninfo, patrono e nome de turma enquanto foi professor universitário. 

Marino se fez respeitar como extremado pai, avô, dedicado esposo de Lurdes Marino, amigo de seus amigos e, apesar da altura de sua competência, sempre teve a humildade acima de si mesmo. 
Nós Engenheiros podemos dizer, sem receio de errar: perdemos uma grande referência: nosso ícone engenheiro Vicente Marino Júnior. 


João Eurípedes Sabino.
Uberaba - MG.

19/08/2018


Cidade de Uberaba

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Luiz Ricardo Rodrigues, o "Branco" da Banca Dr. Jorge Frange

Luiz Ricardo Rodrigues, o "Branco" da Banca Dr. Jorge Frange, faleceu hoje. Sem dúvida, ele era um benfeitor. Com seus próprios recursos plantou e sempre cuidou da praça e das árvores situadas diante da sua banca de jornais e revistas.

Luiz Ricardo Rodrigues, o "Branco" - Foto: Antônio Carlos Prata.

Era conselheiro dos desvalidos que moram dentro da praça. Muitas vezes mediava questões entre eles e certa vez foi severamente agredido por um deles.

Andarilho São Bento. Merece respeito, é um ser humano... do livro. ”O Andarilho; Quem é ele?” Autor: João Eurípedes Sabino -  Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil. Foto: Antônio Carlos Prata.



Andarilho São Bento.

Merece respeito, é um ser humano... do livro. ”O Andarilho; Quem é ele?” Autor: João Eurípedes Sabino. Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil Foto: Antônio Carlos Prata.


Era cuidador voluntário da estátua do Andarilho São Bento. Regava os pingos de ouro em volta daquele monumento e conclamava as pessoas para conservarem a obra de arte feita por Zelito.

Branco era referência na cidade e sua banca era ponto marcante para muitas pessoas. Ao passarem, brados eram trocados numa saudação amistosa de verdadeiros amigos. Resumindo: Branco vai deixar muita saudade... Quanto vai ser triste não ver mais o querido amigo Branco...


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG. 16/08/2018.
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro-Uberaba/MG/Brasil




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Cidade de Uberaba