Recordo-me do ano de 1966 quando em sala de aula pisou um jovem professor de história e também de francês, cuja postura nos impressionou devido à sua pouca idade e o estilo discreto para ensinar. Era do tipo que não chamava a atenção da sala de aula porque sabia polarizar as atenções. Estávamos no governo militar instalado há menos de dois anos e não víamos naquele professor a mínima tendência ideológica que nos influenciasse para a direita ou esquerda. Ele sabia ser ele. Seu nome: Danival Roberto Alves.
O diretor era o padrão de promotor de justiça Dr. Ângelo Manzan.
Não citarei outros ícones daquele tempo pelo receio de cometer injustiças.
Vou me ater ao professor Danival: se existir uma pessoa cuja vida dedicou integralmente ao ensino em Uberaba e fez sua escola virar referência nacional, essa pessoa chama-se Danival Roberto Alves.
Atravessou os tempos conduzindo a Casa de Ensino, então com pisos em concreto ciclópico, denominada Campanha Nacional de Educandários Gratuitos -CNEG, até chegar aos nossos dias à majestosa Campanha Nacional de Escolas da Comunidade.
Professor e diretor Danival Roberto Alves
De uma escola com horizonte limitado a somente Uberaba, transformou-a em educandário sem fronteiras. Seus alunos passaram ser aprovados, não só em Uberaba, como também nos vestibulares das faculdades mais disputadas do país e daí para outras no exterior. Hoje são respeitados profissionais nas suas respectivas profissões. E a modéstia do professor Danival continuou a mesma sem deixar que a vaidade e a soberba lhe subissem à mente. Não só a profissão, mas a missão de educar sempre falou mais alto em seu coração. Nesses 52 anos que assisti passar, jamais vi o Colégio Dr. José Ferreira retroagir e sim avançar, tendo Danival próximo às sábias decisões de ex-diretores até que passou a capitaneá-la integralmente com dedicação, desprendimento, amor, comprometimento, paternalismo e transparência. Crescer por dentro para crescer por fora, essa foi a grande meta em que se pautou o Colégio Dr. José Ferreira, nome que homenageia um dos grandes ícones e benfeitores da Medicina em Uberaba. É difícil pontuar um item alcançado pela escola de Danival, que foram tantos, cada um mais importante do que o outro. Que o diga toda a sociedade Uberabense, da região e porque não dizer também do Brasil.
"Zé Ferreira" atravessou fronteiras, graças a Danival Roberto Alves e equipe, justiça seja feita. Onde está a orquestra da escola que não vemos ou ouvimos mais? Oxalá não tenha se calado para sempre com o afastamento de Danival e de sua esposa Mariluce Cardoso Alves da nossa melhor escola. Digo assim porque sou egresso de lá e no ano de 1971 fui o
gerente fundador da sua gráfica hoje uma das melhores do país. Ali Zulmira e Eu nos conhecemos e depois educamos nossos filhos.
Diante do impacto geral que emudece a todos direta e indiretamente com a malfadada notícia, posso resumir numa só expressão: UBERABA ESTÁ DE LUTO.
É como se dentro de cada um de nós tivéssemos a bandeira da escola hasteada a meio mastro. O Colégio Dr. José Ferreira morre um pouco dentro dos nossos corações. Jamais será o mesmo com a partida de Danival e de outros valiosos que compuseram com tanto amor a equipe desmantelada. Vai ser difícil justificar na história essa derrocada impiedosa. Aqui um voto de louvor pelo trabalho social desenvolvido por Danival na Casa do Caminho.
Obrigado por tudo querido professor Danival, sua esposa Mariluce e demais colaboradores.
Prossiga Danival! A história é o seu berço!
Tenho dito.
João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG.