segunda-feira, 23 de julho de 2018

AFASTAMENTO IMPIEDOSO

Recordo-me do ano de 1966 quando em sala de aula pisou um jovem professor de história e também de francês, cuja postura nos impressionou devido à sua pouca idade e o estilo discreto para ensinar. Era do tipo que não chamava a atenção da sala de aula porque sabia polarizar as atenções. Estávamos no governo militar instalado há menos de dois anos e não víamos naquele professor a mínima tendência ideológica que nos influenciasse para a direita ou esquerda. Ele sabia ser ele. Seu nome: Danival Roberto Alves. 

O diretor era o padrão de promotor de justiça Dr. Ângelo Manzan. 

Não citarei outros ícones daquele tempo pelo receio de cometer injustiças. 

Vou me ater ao professor Danival: se existir uma pessoa cuja vida dedicou integralmente ao ensino em Uberaba e fez sua escola virar referência nacional, essa pessoa chama-se Danival Roberto Alves. 

Atravessou os tempos conduzindo a Casa de Ensino, então com pisos em concreto ciclópico, denominada Campanha Nacional de Educandários Gratuitos -CNEG, até chegar aos nossos dias à majestosa Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. 

Professor e diretor Danival Roberto Alves

De uma escola com horizonte limitado a somente Uberaba, transformou-a em educandário sem fronteiras. Seus alunos passaram ser aprovados, não só em Uberaba, como também nos vestibulares das faculdades mais disputadas do país e daí para outras no exterior. Hoje são respeitados profissionais nas suas respectivas profissões. E a modéstia do professor Danival continuou a mesma sem deixar que a vaidade e a soberba lhe subissem à mente. Não só a profissão, mas a missão de educar sempre falou mais alto em seu coração. Nesses 52 anos que assisti passar, jamais vi o Colégio Dr. José Ferreira retroagir e sim avançar, tendo Danival próximo às sábias decisões de ex-diretores até que passou a capitaneá-la integralmente com dedicação, desprendimento, amor, comprometimento, paternalismo e transparência. Crescer por dentro para crescer por fora, essa foi a grande meta em que se pautou o Colégio Dr. José Ferreira, nome que homenageia um dos grandes ícones e benfeitores da Medicina em Uberaba. É difícil pontuar um item alcançado pela escola de Danival, que foram tantos, cada um mais importante do que o outro. Que o diga toda a sociedade Uberabense, da região e porque não dizer também do Brasil.

"Zé Ferreira" atravessou fronteiras, graças a Danival Roberto Alves e equipe, justiça seja feita. Onde está a orquestra da escola que não vemos ou ouvimos mais? Oxalá não tenha se calado para sempre com o afastamento de Danival e de sua esposa Mariluce Cardoso Alves da nossa melhor escola. Digo assim porque sou egresso de lá e no ano de 1971 fui o 

gerente fundador da sua gráfica hoje uma das melhores do país. Ali Zulmira e Eu nos conhecemos e depois educamos nossos filhos.

Diante do impacto geral que emudece a todos direta e indiretamente com a malfadada notícia, posso resumir numa só expressão: UBERABA ESTÁ DE LUTO. 

É como se dentro de cada um de nós tivéssemos a bandeira da escola hasteada a meio mastro. O Colégio Dr. José Ferreira morre um pouco dentro dos nossos corações. Jamais será o mesmo com a partida de Danival e de outros valiosos que compuseram com tanto amor a equipe desmantelada. Vai ser difícil justificar na história essa derrocada impiedosa. Aqui um voto de louvor pelo trabalho social desenvolvido por Danival na Casa do Caminho. 

Obrigado por tudo querido professor Danival, sua esposa Mariluce e demais colaboradores.

Prossiga Danival! A história é o seu berço!

Tenho dito.

João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG.



sábado, 21 de julho de 2018

Obras-Primas do Cinema Europeu


L’AGE D’OR

Choque de Imagens

Guido Bilharinho

Obras-Primas do Cinema Europeu

         Luís Buñuel (1900-1983) inicia sua carreira cinematográfica realizando, de plano, dois filmes básicos do cinema, ambos de vanguarda, ambos surrealistas, além de excelentes.

         A Idade do Ouro (L’Age d’Or, França, 1930) revela diretor forrado de ampla cultura humanística e artística e com perfeito domínio da linguagem cinematográfica.

         Tais atributos, à evidência, não são congênitos, mas, adquiridos com estudo, esforço e observação. Música, artes plásticas e imagens ligam-se na composição de obra cinematográfica elaborada com rigor, liberdade, ousadia e criatividade.

         Ao espetáculo opõe-se a arte; ao convencional, o insólito; ao compreensível, a alusão; ao contextual, o fragmentário; ao previsível, a surpresa; à restrição, a liberdade; ao explícito, o subtendido.

         A beleza das imagens e a perfeição pictórica dos enquadramentos respaldam temática trabalhada ao nível do significante (forma) e não apenas do significado (conceito). Este restringe-se a sentido único, atribuído e  perfilhado pelo autor, enquanto aquele permite várias leituras e direções. Se este não passa de revólver de um tiro só, aquele é verdadeira metralhadora giratória, espalhando petardos para todos os lados, excetuado, compreensivelmente, o do atirador. Buñuel é alusivo e não explicativo, fazendo com que o choque das imagens - mais do que sua simples sucessão - ao invés de desencadear fatos e acontecimentos, revele o imponderável das coisas tornadas ininteligíveis à mera abordagem convencional.

         Se não há liame perceptível entre a circunstância de uma vaca estar sobre uma cama e a face da personagem enamorada apresentar-se coberta de sangue e nem ao menos dê-se explicação para tais ocorrências, a questão é que esses  e outros fatos dimensionam a liberdade, quebrando drasticamente os limites estabelecidos  pela realidade da matéria, compondo um mundo surreal, indefinível e incontrolável como os sonhos.

         Esse inconformismo explícito contra restrições, impossibilidades e incapacidade física do indivíduo para atender a anseios e volições corresponde à liberdade imaginativa, intelectual e artística.

         Se há balizas - e estritas - à atividade humana, sejam as físicas, sejam as convencionadas e impostas pela estrutura social, que impedem a aventura e a livre locomoção, resta, como viabilidade - raramente aproveitada e, quando o seja, apenas por poucos artistas - a deflagração do pensamento, da imaginação e da criação artística, irrestritos por natureza e só passíveis de estreiteza e amesquinhamento pela deficiência particular do indivíduo, não da espécie.

         Se o ser humano normalmente é coarctado em concepções e realizações, o artista não o é, já que se utiliza da liberdade, faculdades e possibilidades que também lhe concede a condição humana. Um deles é Buñuel. Um de seus exemplos, L’Age d’Or.

______________
Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional.



sexta-feira, 20 de julho de 2018

A história de Sacramento no Triângulo Mineiro

De acordo com o historiador, Amir Salomão, a cidade foi fundada no dia 24 de agosto de 1820 pelo vigário do desemboque, Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswik, após receber terras dos pais dele. Na Ata de Fundação consta que o desejo dele é que Sacramento tivesse a finalidade específica de ser um lugar de espiritualidade e fosse um “pasto espiritual” do antigo Sertão. Por isso, ele nomeou-a de Santíssimo Sacramento. 

Amir contou que em 1848, quando Sacramento ainda era um pequeno arraial, o Papa Pio IX concedeu à Capela do Santíssimo Sacramento a indulgência especial que, na época, era concedida somente às grandes basílicas da Europa e da Terra Santa. Foi assim que firmou o desejo de Cônego, de que o lugar fosse um lugar especial de espiritualidade. 

Vila do Santíssimo Sacramento

Segundo o historiador, a Vila do Santíssimo Sacramento foi instalada no dia 6 de novembro de 1871 e o lugar se tornou cidade com o nome de Cidade Do Santíssimo Sacramento, em 1876, mantendo esse nome até a reforma federativa de 1911. 

Amir explicou que hoje a população de Sacramento é de 26 mil habitantes, sendo 19 mil eleitores. A cidade conta com infraestrutura básica como água, luz, esgoto e pavimentação. 

Como pontos turísticos, Sacramento oferece a Gruta dos Palhares, o Parque Nacional da Serra da Canastra, o povoado de Desemboque, o Colégio Allan Kardec, a Matriz do Santíssimo Sacramento, Museu Histórico e Usina Cajuru. 

Vídeo: Produzido pela Prefeitura Municipal de Sacramento e divulgado em evento em São Paulo, na Casa Mineira.

Postado por: Ercílio Ramos Cavallaro

Publicado em 23 de nov de 2011


Cidade de Uberaba

quinta-feira, 19 de julho de 2018

O retrato do padrinho

Na Prefeitura, antes do gabinete do Sr. Prefeito, há uma espécie de galeria com os retratos de todos os ex-prefeitos de Uberaba. Entre eles, o retrato de meu padrinho de Crisma – o Bem Prata. Tive saudades dele. Quando me crismou, eu tinha apenas sete anos. Não sei por que privilégio, a cerimônia foi na residência de Dom Luiz Santana, bispo de Uberaba. Naquele dia, meu padrinho prometeu-me um carrinho puxado por dois cabritos. Como eu morava na fazenda, achei aquela promessa um presente de Deus. Os cabritos nunca chegaram nem tampouco o “carrinho do Siqueira”, como ele o chamava. Como criança, ingênuo, esperei o presente durante cinco anos. Aquele “Siqueira” era um malvado “se queira”, só então entendi a trapaça. Foi assim, penso, que chegou a prefeito. Governou apenas cinco meses, com direito a retrato emoldurado naquela galeria. Fez várias coisas “importantes”. Uma delas foi nomear professora minha irmã com apenas 15 anos e sem o Curso Normal completo. Ainda bem que valeu, minha irmã que morreu aos 92 aos, foi professora de três prefeitos, Arnaldo Rosa Prata, Hugo Rodrigues da Cunha e Wagner do Nascimento.

Bem, nada disso vem ao caso do Bem que se chamava João Euzébio de Oliveira e não assinava Prata e do qual eu, encantado, pedia “a bença”. Tinha um modo de falar diferente dos outros. Palavras que me eram estranhas e frases empoladas. Na época eu não entendia, mas guardei muitas delas na memória. Algumas: “Uberaba está invadida por forasteiros”; “Aquele fulano é um gangolino de marca maior”; “Naquele baile de traição havia moçoilas avassaladoras”; 
“Olhe, criatura, nosso rincão necessita de homens de têmpera de aço”.

Bem Prata não se casou. Era um solteirão juramentado. Perguntaram-lhe um dia: “Bem, por que mesmo você não se casou?” Meu padrinho encostou um sorriso descansado no portal da boca e respondeu: “Olhe, criatura, o conúbio conjugal sempre foi travessia perigosa. Prefiro ficar arribado na margem da corredeira.” Diziam que tinha um filho lá pelos lados de Barretos. Respondia deixando dúvidas: “É verdade que aventurei muito por aquelas plagas. Era um frangote desajuizado, mofino, amante de turbulências amorosas. Mas de tudo que aprontei, não sei se ficou algum resultado de dar na vista. Não sei não. Nunca reclamaram herança nem ajuizaram nada. Desimportamento. Nenhuma certeza”.

Esse foi o padrinho escolhido para me dar “formação religiosa”! Eu o vejo como se fosse ontem. Sempre de paletó, colete, gravata borboleta e cravo na lapela. Botim de pelica e cabelo escovinha. Eu olho o retrato dele na parede. Tenho saudades. Era um bom coração. Deve ter ido pro céu no carrinho do Siqueira, puxado por dois cabritinhos. “Bença, padrim!”19/02/2017


(*) Padre Prata

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro 

De Uberaba para o mundo!

No início deste ano, a Família Dominicana viveu a culminância da celebração dos 800 anos da Ordem, em Roma, na presença do Papa Francisco. Todos os segmentos dominicanos do mundo inteiro reuniram-se para partilhar a caminhada e renovar o compromisso com a missão: “Enviados a pregar o Evangelho!” Muitos são os ecos deste momento histórico e profético. Percebe-se no olhar e gesto de quem esteve presente a cumplicidade com o ardor da Ordem: a evangelização pelo testemunho da Verdade. Algo que contagia e nos impulsiona a buscar a diferença diante de tantos desafios em nossa sociedade excludente. São diversos os movimentos dominicanos que estão entrelaçados pelos pilares instituídos por São Domingos: oração, estudo, vida fraterna e vida apostólica, que é a pregação, o anúncio da Palavra de Deus. Uma pregação contemplativa, profética, doutrinal, itinerante, esperançosa e libertadora. Nesse sentido, volto o olhar aos tantos educadores dominicanos que trilharam o caminho da semeadura: preparam o terreno e deixaram sementes de sabedoria para que pudéssemos colher os frutos. Foram ousados para suas épocas, porém, não deixaram de anunciar. Enfrentaram a sociedade conservadora e acreditaram no saber como forma de libertação. A cada estudo feito, deparo-me com nomes e ações inéditas de Ir. Loreto Gerbrim, Padre Prata, Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, Ir. Virginita, Madre Maria Georgina, Ir. Glícia Barbosa, Ir. Nadir Rodrigues, Frei Henrique, Ir. Teresa de Liseaux, Monsenhor Juvenal Arduini, Ir. Elcias, Ir. Ângela e tantos outros e outras que marcaram e marcam vidas. Os dominicanos construíram um legado intelectual em Uberaba; daqui semearam para outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins, Pará e outros espaços internacionais como Haiti e República Dominicana. Enfrentando desafios e barreiras, entretanto, firmes no propósito de construir saberes a partir da prática social, do testemunho e coerência com a Verdade. Os espaços dominicanos foram construídos com este diferencial que permearam a vida de muitos intelectuais, educadores, artistas, músicos, escritores... uberabenses que hoje atuam em diferentes segmentos. Em muitos relatos autobiográficos revelam o valor do compromisso com a Verdade, “o sair do ninho” e trilhar novos rumos. Hoje, neste mundo conturbado e repleto de contradições, jovens se encantam com a filosofia dominicana, apaixonam-se por Jesus Cristo e iniciam um caminho de discernimento e compromisso com a fé cristã. Muitos deles são frutos das pastorais, do Movimento Juvenil Dominicano ou da referência de um(a) dominicano(a). Bons ventos assopram em Uberaba, no Convento de São Domingos, com a presença de 13 noviços dominicanos: jovens, alegres, confiantes, firmes no estudo e na missão; sensibilizam pelo testemunho, pela presença amorosa junto a Família Dominicana. Estes noviços nos anunciam: outro mundo é possível, pois os jovens têm sede e fome de Deus! 16/04/2017

(*) Doutoranda em Educação pela USP

Ainda somos um tanto escravagistas

Com espanto, perguntaram a um amigo do cronista Carlos Heitor Cony (Folha de S.Paulo): “É verdade que você se casou com uma negra?”. A idiotice da pergunta provocou uma resposta de alta sabedoria: “Casei-me com uma mulher”.

Quando Wagner foi eleito, uma senhora da sociedade conversando comigo, saiu-se com esta: “O que irão pensar da gente quando souberem, lá fora, que o prefeito de Uberaba é um preto?”.

Era amigo meu, de infância, o Benedito de Melo, filho mais novo de minha vizinha Dona Candoca. Tínhamos mais ou menos a mesma idade. Por causa de um problema de saúde e como vivia sozinho, contratou uma enfermeira para tomar conta dele. Era uma negra que lhe foi de uma dedicação exemplar. Com a proximidade, nasceu um grande amor que os levou ao casamento. Eu os vi muitas vezes, de mãos dadas, andando pela Major Eustáquio. Bem, não faltou um idiota para comentar comigo: “Você viu seu amigo, o Benedito, ‘ajuntou’ com uma negra. O que ela quer é o dinheiro dele”. Não é preciso dizer que o Benedito era pobre, não tinha nada. Eles se amavam.

Poderia dar mais alguns exemplos, mas estes três são o suficiente para deixar claro que todos nós somos racistas. Ainda há muita gente que considera o negro como inferior. Penso que já é tempo de superar esse ranço de mentalidade escravagista. Por que a cor da pele cria esse tipo de hierarquia social? Quanto mais branco mais inteligente? A verdade é que os negros não tiveram as oportunidades que tiveram e ainda têm os brancos. Só isso. Nosso modo de pensar é fruto de uma mentalidade de escravidão que ainda não conseguimos superar. Nossos bisavós legaram a seus descendentes esse padrão discriminatório. Lembro-me muito bem de como meus avós, refletindo a mentalidade da época, tratavam os negros: “Negro quando não suja na entrada suja na saída”; “essa porcaria que você fez é serviço de negro”; “ele é um negro com alma de branco”... e assim por diante.

Não me agradam muito os argentinos. São descendentes de italianos e pensam, em sua empáfia, que são ingleses. Chamam nossa seleção de futebol de macacos: “Que vienen los macaquitos”.

De repente surge um milagre. Um argentino é eleito Papa. Nosso susto é grande. Pensamos no pior. Como nos enganamos! Caiu-nos do céu um exemplo de humildade, de misericórdia, o Papa Francisco. Lava os pés dos mendigos. Beija os negrinhos lá na África. Abraça os pobrezinhos pelas ruas. Veste-se com simplicidade. Jogou fora a coroa da pompa. Agradecemos a Deus o presente. 17/09/2017


(*) Padre Prata

A bomba está próxima

Nunca vi um ogro. Nem sequer sei como é. Disseram-me que é um monstro. Tenho muitas saudades de um velho amigo meu. Uma vez, pescando com ele, me contou que tinha visto dois. Estavam sentadinhos num galho de laranjeira, dando risadas. Rindo de nós. Aquele amigo meu não mentia. Se disse que viu é porque viu. Talvez estivesse me contando um sonho. Quem sabe estava brincando?

Quando criança, sentia muito medo desse monstro. Diziam-me que era o bicho mais sanguinário que existia sobre a face da terra. Matava só pelo gosto de matar. De uns dias para cá passei a acreditar que eles existem. São dois. Um em cada país. Um deles dizendo que vai destruir o outro e vice-versa. São os salvadores do mundo. Os ogros civilizados. Um deles está por toda parte. Até na floresta amazônica você o encontra vestido de cientista e distribuindo Bíblias, demarcando áreas onde se encontram plantas medicinais. De GPS na mão, envia para seu país os mapas do que lhe interessa. Lá, não mata ninguém. Só rouba nossas riquezas em nome do Senhor. Acredita piamente que tem a missão sagrada de salvar o mundo. Acredita piamente ser o defensor da democracia, da liberdade, dos direitos humanos. Disse Umberto Eco que há cheiro dele em todos os aeroportos do mundo. Está tudo sob controle. Outro está na Ásia. É baixinho, gordinho e ameaça meio mundo. É muito valente.

Há poucos dias queimaram o Alcorão em praça pública. Esse livro é o Livro Sagrado dos muçulmanos. É o livro ditado pelo Anjo Gabriel ao Profeta Muhammad. Já refletiram no que iria acontecer se queimassem a Bíblia em frente à Casa Branca? 

A conclusão de tudo isso é que a violência cresce cada vez mais. Já pensaram se aquele gordinho lá da Coreia do Norte conseguir criar a bomba atômica? Disse agora, em 2018, que tem um botão não sei onde e que é só apertar, jogará uma bomba em qualquer lugar dos Estados Unidos. O outro ogro disse que também ele tem um botão e vai retaliar. Será o fim. Estou quase acreditando na profecia dos Maias. Não chegaremos ao ano três mil. Tenho medo desses dois ogros. Nesses dois malucos, eu acredito. 

(*) PADRE PRATA

Respeitando as Diferenças

Li e reli os artigos escritos por Padre Prata e Marcia Moreno publicados no JORNAL DA MANHÃ ontem, 24 de junho.

Cada parágrafo lido me fazia ver a realidade triste que estamos vivenciando nos tempos atuais, me inspirando a escrever um artigo sobre respeito, entendimento e renúncia do nosso egocentrismo.

Após um tempo de meditação e reflexão sobre o comportamento dos “menudos” citados pelo Mestre Padre Prata, cheguei à conclusão que a falta de respeito é a principal causa determinante, até mesmo às simples discórdias domésticas, chegando a ser razão que influi no desencadeamento violento de conflitos e perturbações.

Indivíduos de todas as classes sociais e políticas, que não respeitam ou não fazem nada para serem respeitados, demonstram ser sem compromisso com ninguém, passam pela vida sem consolo, sem a tranquilidade necessária para darem um sorriso de alegria ou felicidade diante de momentos de confraternização e até mesmo quando estão com seus entes queridos.

Li certa vez, na Revista Logosofia, tomo 1, p. 175, que “o homem, desde que nasce, como tudo o que se manifesta à vida no seio da Criação, deve inspirar respeito. Nada melhor se poderia fazer, portanto, para edificar a paz futura, do que conseguir que o respeito presida todas as suas determinações, erigindo-o como algo inseparável de sua responsabilidade”. “Que em todos os tempos, o respeito constituiu o meio imprescindível que fez realizável a convivência entre os seres humanos”.

A verdade, é que todo e qualquer ser humano, gosta e precisa ser respeitado. O respeito, além de ser considerado uma valiosa virtude, é essencial para a convivência entre nós, mas, infelizmente, vivemos num mundo que não sabe conviver com as diferenças e, boa parte da humanidade, escreve sua história através de combate aos grupos que possuem diferenças étnicas, religiosas, culturais, ideológicas e políticas, plantando sempre o vírus da discórdia. 

Quem não sabe respeitar, também não sabe que pode haver paz e respeito mútuo entre seres de diferentes ideologias. 

Já dizia o apóstolo Paulo, há dois mil anos atrás, que “cada qual com seus dons e talentos, que devem ser respeitados e colocados a serviço da comunidade... que todos nós formamos um só corpo em Cristo”.

É repugnante perceber, que praticamente não há mais respeito entre seres humanos, principalmente nos que lideram e passam por cima do seu semelhante para mostrar que tem o poder. 

Para concluir, duas frases me veio à mente sobre respeito, sendo uma de Suely Buriasco, que diz: “É tão mais fácil quando se compreende que não é necessário concordar, basta aceitar pontos de vista diferentes.” A outra é de Karen Berg, que diz: “A paz surge ao respeitarmos as diferenças uns dos outros e ao celebrarmos os talentos de cada um.”

Marco Antônio de Figueiredo - 25/06/2018

Lanche Acadêmico

“O tempo é o limite de cada coisa na vida da gente. É ele que mostra as asperezas que nos atropelam em cada dia, horas e instantes. O tempo é precioso demais para quem sabe desfrutar dele.” Palavras de Vanda Monteiro, em seu texto “O tempo”. Ela é solidária cuidadora do amigo Padre Prata. E continua Vanda em “Amigo”: “Jamais pensamos um dia envelhecer, que os tempos de vigor ficaram para trás”. Haja Filosofia!

Os dois textos de Vanda Monteiro caíram como uma luva quando na tarde da última quarta-feira, atendendo sugestão da Acadêmica Lídia Prata, diretora do Jornal da Manhã, reunimo-nos com o confrade Padre Prata e inauguramos o Lanche Acadêmico. Ali vimos o enlace perfeito entre “O tempo” e o “Amigo”.

“Nos 55 anos da Academia, esta foi a primeira vez que recebi dela uma visita tão significativa para minha vida”, resumiu Padre Prata ao ver em sua casa Acadêmicos que ali foram abraçá-lo e pedir que, apesar dos seus 96 anos, não deixe de frequentar a Academia. No sábado, 12/05/2018, ele lá esteve e assistiu conosco à excelente palestra do Promotor de Justiça Dr. Laércio Conceição Lima e a magistral apresentação de peças clássicas pela cantora Marcela Manutti e do tecladista Lucas Dutra.

É impressionante o vigor de Thomaz de Aquino Prata, o mais longevo da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. Sabe que “O tempo é o limite...” e “quando a idade chega, só nos restam as recordações dos tempos vividos que se vão tão longe...” Eis o contraponto nas palavras da cuidadora Vanda, com as quais ele acena sempre para a realidade.

Fotos e vídeos fizemos, que ficarão gravados nos anais da Academia. Estas palavras, tenho certeza, se alojarão nos arcanos do coração de Padre Prata, cujo exemplo de amor, presença, participação, compromisso e vinculação nunca deixou “esfriar” pela ALTM que ajudou a instituir. “Se o Acadêmico não exercer um desses postulados, não devia ter entrado”, sentencia o nosso decano.

Luiz Manoel da Costa Filho, João Gilberto Rodrigues da Cunha, Sebastião Teotônio Rezende, Pedro Lima e outros acadêmicos residentes em Uberaba não compareceram por justificados motivos. Residentes distantes se manifestaram felizes com o Lanche Acadêmico. “Nunca se esquecer de que um membro da Academia deve estar para todos, assim como todos devem estar para ele”. Ouvi tal frase de Padre Prata e como presidente tenho lutado para vê-la materializada na Academia.

João Eurípedes Sabino - 18/05/2018

Teste para implantação do estacionamento rotativo é aprovado

Foi aprovado pelos engenheiros técnicos da Secretaria de Defesa Social, Trânsito e Transporte (Sedest), o teste de eficiência dos equipamentos para a implantação, operação, gestão, controle e manutenção de sistema eletrônico informatizado e automatizado que controlará o uso remunerado das vagas de estacionamentos rotativo para veículos automotores e similares em Uberaba.

Segundo o secretário da pasta, Wellington Cardoso Ramos, o cronograma inicial prevê o funcionamento do estacionamento rotativo nas áreas de maior concentração comercial da cidade.

“O estacionamento será separado por área azul e área vermelha, conforme a necessidade de uma rotatividade maior. O teste do equipamento permitiu uma maior segurança das obrigatoriedades a serem cumpridas pela empresa vencedora do processo de licitação, entre essas a cobrança para o controle do uso remunerado das vagas de estacionamentos rotativo”, diz.

Com a aprovação do teste, o próximo passo é a lavratura do contrato que será encaminhado, ainda esta semana, para a Procuradoria Geral do Município, sob a responsabilidade do procurador municipal, Paulo Salge. Quem afirma é o presidente da Comissão Permanente de Licitação, Guilherme Amad.

“A fase de teste foi realizado pela Sedest e agora a documentação foi encaminhada para a CPL para ser feito a lavratura do termo de contrato. Após a análise do instrumento contratual, por parte da procuradoria, será encaminhado o contrato para assinatura da empresa licitante juntamente com o senhor prefeito. A partir desse processo, será dado andamento na execução do projeto”, reforça Amad.

A empresa vencedora do certame foi a Explora Participações e Sistema da Informação S/A, que apresentou a melhor oferta de pagamento da outorga no valor de R$ 4.651.142,31 (quatro milhões, seiscentos e cinquenta e um mil, cento e quarenta e dois reais e trinta e um centavos).19/07/2018

Sabrina Alves – Jornalista

Secom/PMU

Praça Rui Barbosa será interditada neste domingo

Neste domingo (22) o Codau irá complementar as obras de melhorias na rede de esgoto do calçadão. Ação consiste em retirar a rede que desce da praça Rui Barbosa, atravessa o trecho e segue até o interceptor de esgoto da avenida Leopoldino de Oliveira. A partir de domingo, essa rede será desviada para a rua Manoel Borges, retirando, assim, toda a carga que atravessa o calçadão.

A interdição da Praça Rui Barbosa será entre 7h e 18h deste domingo (22). A obra e a recomposição serão executadas ainda no mesmo dia.

O presidente do Codau, Luiz Guaritá Neto, explica que o objetivo é evitar futuras manutenções mais complexas no calçadão, que receberá novo piso com a obra de revitalização. Em paralelo, o Codau já concluiu hoje (19) a nova rede e derivações que atendem somente às lojas do calçadão.

Com a obra programada para este domingo na Rui Barbosa, o trânsito será alterado e impedido em dois pontos da Praça. Por isso, os motoristas devem ficar atentos aos desvios.

Quem estiver na rua Manoel Borges não poderá seguir em frente pela rua Vigário Silva, mas poderá subir à direita da Praça Rui Barbosa. Dali poderá acessar a rua Tristão de Castro ou Santo Antônio, já que a pista estará livre para esses dois movimentos.

Quem estiver descendo a rua Olegário Maciel terá a opção de convergir à direita e passar em frente à Igreja Catedral e dali optar pelas ruas Santo Antônio ou Tristão de Castro ou mesmo descer a Praça e fazer o retorno por dentro dela.

Se o motorista que chegar à Praça pela rua Manoel Borges e precisar alcançar a Vigário Silva, a opção será entrar na rua Major Eustáquio, descer até a Leopoldino de Oliveira, pegar a avenida até o cruzamento com a Segismundo Mendes, virar à direita na própria Segismundo Mendes e entrar novamente à esquerda na rua Vigário Silva.19/07/2018

Jornal da Manhã

MARINGÁ com JOSÉ TOBIAS, edição MOACIR SILVEIRAS


A história da música Maringá tem início na década de 1920, na cidade de Pombal, interior da Paraíba. Consta que uma família de retirantes, fugindo da seca do sertão do nordeste, resolve migrar rumo ao sul do país. Reunidos os poucos pertences, sobem em um caminhão pau de arara, enquanto o jovem casal de namorados se despede. Para Maria, filha do casal, outra alternativa não restava senão tentar a sorte da grande cidade de São Paulo. Para o caboclo que fica só resta a dor da saudade, pois de parcos recursos e sem dinheiro não tinha como embarcar no caminhão. Com os olhos rasos d'água, embaçados pela poeira da estrada, corre atrás do velho caminhão, tentando guardar a imagem do último adeus. Nada se sabe sobre o caboclo que ficou, era mais um pobre coitado como tantos, largado a própria sorte. Em vão alguns amigos condoídos reúnem alguns trocados para ajudá-lo a também embarcar, mas não o suficiente para custear a viagem. Separados pela miséria e pelo destino. Esta é a comovente história de Maria, moradora do Ingá, nas beiras do rio Piranhas, do sertão da Paraíba. Menina prendada, que deste os 12 anos já preparava pratos típicos do nordeste e a quem o jovem caboclo entregou seu coração.

MARINGÁ com JOSÉ TOBIAS

 É Ruy Carneiro, amigo comum dos jovens e filho ilustre da cidade de Pombal, quem narrou o ocorrido ao compositor Joubert de Carvalho, durante uma conversa de bar em época que os dois viviam no Rio de Janeiro, então capital federal. O compositor chegou mesmo a duvidar da história, mas Ruy confirmou que fora testemunha ocular do fato, por estar no interior do bar, quando da partida dos retirantes. A história se deu durante a seca de 1877, a mesma que obrigou o futuro senador Ruy Carneiro a abandonar a região. Emocionado com a tragédia que acabara de ouvir e comovido com o desespero do caboclo que ficou, veio-lhe então a inspiração para a música. Nascia assim "Maringá", uma das mais sensíveis e criativas composições da lavra de Joubert de Carvalho, mineiro da cidade de Uberaba, onde nasceu em 05 de março de 1900. A música foi composta em 1932, na cidade do Rio de Janeiro onde ele estudou e se formou em medicina. A composição virou hino oficial da cidade de Pombal e deu também origem ao nome da cidade de mesmo nome no Paraná, donde veio a expressão "Maringá, cidade canção". Confira a beleza da música e da letra, aqui na magistral interpretação de José Tobias.


MARINGÁ De: Joubert de Carvalho Foi numa leva 


Que a cabocla Maringá

Ficou sendo a retirante 

Que mais dava o que falar.

E junto dela 

Veio alguém que suplicou 

Pra que nunca se esquecesse

De um caboclo que ficou

Antigamente

Uma alegria sem igual

Dominava aquela gente

Da cidade de Pombal.

Mas veio a seca

Toda chuva foi-se embora

Só restando então as água

Dos meus óio quando chora.

Estribilho

Maringá, Maringá,

Depois que tu partiste,

Tudo aqui ficou tão triste,

Que eu garrei a imaginar:

Maringá, Maringá,

Para haver felicidade,

É preciso que a saudade 

Vá batê noutro lugá.

Maringá, Maringá,

Volta aqui pro meu sertão 

Pra de novo o coração 

De um caboclo assossegá.



Igreja de Santa Rita


Hélio Ademir Siqueira* 

Os historiadores são unânimes em dizer que o período de maior prosperidade de Uberaba no século XIX, se deu em 1820 a 1859. Foi nessa época que a localidade, vencendo as etapas de dificuldades de sua fundação, alcançou as prerrogativas de vila e cidade. 

Neste ambiente de comércio intenso e desenvolvimento constante, sob a proteção de seus padroeiros São Sebastião e Santo Antônio, a fé do povo se expandiu e mais uma capela foi erigida, dedicada a Santa Rita das Causas Impossíveis. 

Cândido Justiniano da Lira Gama, devoto que era de Santa Rita, e em cumprimento de uma promessa para se livrar do vício da bebida, mandou construir em 1854 a pequena capelinha em louvor a Santa. 

Em 1877, o tempo implacável com essa construção singela, solicita reparos urgentes que são providenciados pelo negociante Major Joaquim Rodrigues de Barcelos, também atendido por Santa Rita em seu pedido de se tornar pai. Em 1881, os padres dominicanos se estabeleceram em Uberaba realizando sua catequese na igreja de Santa Rita que se tornou pequena para tantos fiéis.

Igreja de Santa Rita -Ano 1969, Foto do acervo dos Irmãos Dominicanos. 

Os ritos sagrados são transferidos para a imponente Igreja de São Domingos inaugurada em 1904 e a igrejinha de Santa Rita permaneceu fechada ao culto religioso durante muitos anos, sofrendo com o desuso, mais uma vez, as consequências do tempo. 


Enquanto outras igrejas mais imponentes eram construídas na cidade, Santa Rita se achava em ruínas, foi quando por volta de 1939, Gabriel Totti requisitou e icanosconseguiu do recém criado Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional "IPHAN" o título de Monumento Histórico para a graciosa construção. 

A Igreja de Santa Rita, pela sua singela beleza, tornou-se ponto obrigatório de visitas e ao longo de sua história, motivo de inspiração de pintores, poetas e fotógrafos - Anatólio Magalhães, José Maria dos Reis Júnior, Almeida Carvalho, Genesco Murta, Ovídio Fernandes e Hélio Siqueira pintaram muitas vezes e em muitos estilos o monumento aninhado na impotente colina, e tendo como pano de fundo um rico paredão verde. Em ruínas ou restaurado, fotógrafos, tais como o imigrante Ângelo Prieto e tantos outros, exploraram a sensibilidade para registrá-la e guardá-la como documentos para a prosperidade. 

Igreja de Santa Rita - Foto: Antonio Carlos Prata

Com a criação da Fundação Cultural de Uberaba, seu primeiro Diretor, o poeta Jorge Alberto Nabut, com empenho do Arcebispo Dom Benedito de Ulhôa Vieira da Cúria Metropolitana, inauguraram o Museu de Arte Sacra no dia 11 de maio de 1987. 

Hoje, a Igreja de Santa Rita é um espaço respeitado por todos nós, onde religiosidade, beleza e cultura se mesclam, enchendo de orgulho e fé a alma do povo Uberabense.



Museu de Arte Sacra (MAS)

Exposição do acervo

Administrado pela Fundação Cultural 

Horário de visitação: Terça a sexta das 12h às 18h e sábado e domingo das 8h às 12h – Igreja Santa Rita – Praça Manoel Terra, snº – Centro

Telefone: 3316-9886 

Coordenador: Hélio Siqueira

masmuseusdeartedeuberaba@yahoo.com.br
*Visitas guiadas deverão ser agendadas com antecedência através do telefone do museu.

_____________

*Hélio Ademir Siqueira - Agente de Projetos Culturais da Fundação Cultural de Uberaba.







terça-feira, 17 de julho de 2018

Lídia Varanda Lopes, 60 anos dedicados ao rádio



Matéria de domingo, 15 de julho, homenageou um ícone do rádio em Uberaba:

Com 86 anos e 60 atuando no rádio através da antiga PRE-5, hoje Rádio Sociedade, a baluarte Lídia Varanda Lopes, natural de Prata-MG, contribuiu com o sistema radiofônico de Uberaba.

Lídia casou-se com Edson Lúcio Lopes, operador técnico que também trabalhava na Rádio local onde se conheceram. A radialista afirma com orgulho que a PRE-5 foi a sexta do país, por ela passaram Altiva Noronha, em seguida Iara Lina, Dulce Mendes e a quarta Lídia Varanda.

Lídia lembra que na PRE-5 também passaram Fernando Vanucci e Celso Portiolli, nomes conhecidos da mídia nacional. Lídia tornou-se uma das radialistas mais antigas do país. Ele lembra que começou apresentando o programa infantil, também comandou programas de auditório, sociais e participou de diversas novelas. “Em 1952 tornei radialista comandando um programa infantil a convite de Raul Jardim e Dulce Mendes. Com 25 anos vim para Uberaba jogar vôlei e dançar tango na inauguração do Instituto dos Cegos do Brasil Central (ICBC), mais tarde passou a ser jogadora do Uberaba Tênis Clube (UTC) e em seguida do Jockey Clube”, recorda.

Varanda conta que pelo salão do PRE-5 passaram cantores como Dalva de Oliveira, Francisco Alves, Vicente Celestino, Gregório Barrios, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, grupos como Os Cariocas, Demônios da Garoa. “Apesar do advento da televisão como um dos mais privilegiados veículos de comunicação, o rádio não perdeu força, pedreiro, carpinteiro, gari, guarda-noite, empregadas domésticas, em geral, essas pessoas não podem ligar a televisão, mas o radinho está de lado. O motorista sai de carro, imediatamente liga o rádio, então é o maior meio de comunicação para o povão”, avalia.

 Lídia Varanda Lopes.

Lídia conta que mesmo trabalhando na emissora foi manicure e comerciante, mas que sempre teve o carinho e a dedicação dos ouvintes e principalmente das escolas de samba. “Diariamente acordava às 5h e fazia participações na rádio por telefone às 6h30 e 7h30. Durante todas as noites das 22h às 24h apresentava o programa ‘A Noite é Melhor com Música’ e nos sábados no período de 11h às 12h ‘Sociedade em Notícia’, além de gravar comerciais”, ressalta.

Saúde – Conforme a enfermeira Dayse de Cássia Amaral, a radialista Lídia Varanda está em repouso num Hotel Geriático, localizado na rua Cândida Mendonça Bilharinho, nº 454, no bairro Mercês. “A Lídia está com Alzheimer, mas continua com toda alegria, divertindo a todos aqui na clínica. Aqui no Recanto ela vive o rádio, ela interpreta como se fosse o cenário próprio do estúdio. “Ela está sempre nos ensinando sobre a história do rádio e lembrando de fatos que marcaram toda a sua história com a PRE-5, Rádio Sociedade”, enfatiza.

Conforme Lilia Sivieri Varanda, sobrinha da Lídia Varanda, a decisão de levar Lídia para um hotel geriátrico foi para garantir segurança e um tratamento com qualidade. “Na onde ela morava, ela estava sozinha e ficamos preocupados na clínica tem uma tensão maior dos especialistas. O marido da Lídia faleceu em 2011, os aparelhos de som, o seu estúdio que tinha em casa vamos levar para a Fundação Cultural para ser catalogado no acervo”, acrescenta.


Sandro Neves



==========================



Fanpage: https://www.facebook.com/UberabaemFotos/

Instagram: instagram.com/uberaba_em_fotos


Cidade de Uberaba

NUNCA SOUBESTES AMAR com JOSÉ TOBIAS, edição MOACIR SILVEIRA

Composição original de Joubert de Carvalho


“Nunca Soubestes Amar”, composição original de Joubert de Carvalho, é aqui apresentada na magistral interpretação de José Tobias. Joubert de Carvalho (Uberaba, 6 de março de 1900 – Rio de Janeiro, 20 de setembro de 1977 foi um médico e compositor brasileiro, autor de inúmeras canções de sucesso, tais como “Maringá” e “Ta-hi”, que foram gravadas pelos grandes nomes de nossa música popular. Já o cantor José Tobias iniciou a carreira artística no Recife onde nasceu, em 6 de março de 1928. Em 1950 começou a trabalhar na Rádio Jornal do Comércio na capital pernambucana. Pouco depois transferiu-se para o Rio de Janeiro, sendo levado para a Rádio Tupi por João Calmon. Da Tupi do Rio de Janeiro foi para a Rádio Record de São Paulo e passou a realizar dois programas semanais nas duas emissoras. Ao produzir um dos melhores álbuns de sua carreira, "Rapsódia Brasileira" (1984), acompanhado por Radamés Gnattali, Camerata Carioca e Octeto Brasilis, Hermínio Bello de Carvalho escalou José Tobias e o definiu como "um cantor de mil cantorias".



NUNCA SOUBESTES AMAR


De: Joubert de Carvalho 


Não vejo a minha luz o meu luar amigo de sempre

Não queria ver na vida um céu sem estrelas

Meu amor não me compreende

Porque as noites que se escoam são longas,

São noites de pranto Ah! Eu lamento tanto...

Na tristeza dos céus carregados de nuvens,

Que são um presságio erguidas

Na imensidão sem destino

Mas oh! Meu grande amor eu preciso,

Entretanto, dizer-te:

Nunca soubeste amar um beijo

Iluminar que me mostrasse um céu eterno

Nunca soubeste amar

Sem nuvens pelo azul vivo

A esperar a noite de luar.


=========================================

Clique aqui, https://www.facebook.com/UberabaemFotos/ visite e curta nossa FanPage no Facebook e receba atualizações dos nossos trabalhos, HISTÓRIA - DOCUMENTOS - LITERATURA - PERSONALIDADES - CAUSOS - CURIOSIDADES - MEMÓRIA...



Campus Aeroporto/Campus II

A história da hoje Universidade de Uberaba (Uniube), instituição sem fins lucrativos, começa no ano de 1940, quando Mário Palmério funda o Lyceu do Triângulo Mineiro, com sede, inicialmente, na Rua Manoel Borges. Posteriormente, Mario Palmério transfere a sede do Lyceu, mais tarde chamado de Colégio Triângulo Mineiro, para um conjunto de edifícios onde, hoje, funciona o Campus Centro. Com a necessidade de expansão da estrutura física começa, em 1976, a funcionar o Campus Aeroporto, localizado na Avenida Nenê Sabino.

Campus Aeroporto/Campus II
Onde existem 22 blocos, reservados ao funcionamento de salas de aula e laboratórios, além do prédio ocupado pela Biblioteca Central. Na unidade estão instaladas também a Reitoria, Vice-Reitoria, Pró-Reitorias, diretorias de institutos, áreas estratégicas, cursos e a Divisão de Serviços Acadêmicos. Fazem parte ainda do complexo o núcleo de informática, a editora e gráfica universitária, livraria, agências bancárias e praça de alimentação. 

Foto: Autoria desconhecida 

Fonte:Universidade de Uberaba

Cidade de Uberaba

sábado, 14 de julho de 2018

Piau assina convênio entre Arquivo Público e Catedral Metropolitana de Uberaba

Livros da Catedral serão digitalizados e disponibilizados on-line preservando a história de Uberaba e seus cidadãos

Prefeito Paulo Piau assinou nesta quinta-feira (15) convênio para a digitalização dos livros de Batismo, Tombo, Óbito e Casamento da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e de Santo Antônio e São Sebastião – Catedral Metropolitana, no período de 1831 a 1950, acervo que contém a história de Uberaba, genealogia das famílias pioneiras e a história da instituição religiosa em Uberaba. O convênio de um ano é entre a Secretária de Governo / Superintendência do Arquivo Público de Uberaba e a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus e de Santo Antônio e São Sebastião – Catedral Metropolitana.

O prefeito Paulo Piau destacou a importância da parceria, pois o município dá um passo importante na preservação da sua memória. “Este convênio garantirá a preservação deste acervo, a acesso das pessoas a estes documentos ricos em conteúdo e história. O município tem o papel de garantir que estas informações sejam preservadas e também disponibilizadas para a comunidade e historiadores”, destacou ele, solicitando também que a UFTM, por meio do seu curso de História seja envolvida no trabalho.

Participaram da assinatura com o prefeito, Marta Zednik, superintendente do Arquivo Público, pároco Monsenhor Valmir Aparecido Ribeiro e o secretário de Governo, Antônio Sebastião Oliveira.

Marta explica que o acervo é uma fonte preciosa de pesquisa de genealogia, por registrar os acontecimentos da época. “Passava tudo pela Catedral. E eles têm esse acervo que é maravilhoso. Muitos pesquisadores procuram o Arquivo Público para obter essas informações e nem sempre a Catedral está aberta para pesquisa, por terem outros compromissos. Então é uma parceria muito importante”, conta a superintendente.

Monsenhor Valmir conta que no período havia uma vinculação entre a Igreja e o Estado, com as paróquias e suas secretarias funcionando como cartório da época. “A Igreja Católica era chamada de religião oficial do Estado, porque ela oficializava atos que hoje são próprios do poder civil. Então, a Igreja sempre fez com muita preocupação e exatidão os assentamentos dos batizados, que acabaram se tornando como a certidão de nascimento, dos casamentos e dos óbitos. E esses documentos, que eram documentos religiosos, se tornavam documentos civis, cabendo grandes preocupações por questão de herança, quem é filho de quem, casou com quem e quem fica com os bens do falecido”, relata o pároco. Ele destaca que a compreensão dessa preocupação é que motivava para que houvesse a exatidão desses documentos, que a Igreja sempre manteve sob sua responsabilidade, e por isso, esses documentos contam a história do lugar.

De acordo com Marta, após a digitalização dos livros, eles serão transformados em e-books e disponibilizados via internet, para mais rapidez e facilidade na consulta do acervo. “Temos uma demanda muito grande de alunos e professores, para o estudo da genealogia de famílias, história do próprio município, porque tudo era registrado nos livros de Tombo, as histórias dos acontecimentos da cidade, que é um prato cheio para a pesquisa”, esclarece.

Monsenhor Valmir ainda destaca que a digitalização irá facilitar a pesquisa de muitas pessoas que têm interesse, pois o manuseio dos livros nem sempre é possível, devido à situação física preocupante de alguns exemplares. “Não é uma preocupação somente religiosa, é uma preocupação civil, porque ela diz respeito à sociedade local como um todo, ao povo de Uberaba. Como a Igreja era o grande cartório do império, a documentação tida como religiosa é reconhecida pelo civil e ainda hoje em muitos casos”, relata o pároco.

Ele ainda usa o exemplo de uma pessoa ou uma família que está buscando a obtenção de uma dupla cidadania: “Vamos falar da cidadania italiana, e chega num momento em que os documentos civis não são suficientes para que ele obtenha a cidadania. O governo italiano reconhece isso e o governo brasileiro também: os documentos obtidos nas paróquias, portanto casamentos, batizados, onde se provam a filiação e a descendência, eles são aceitos como provas finais para obtenção da cidadania”. 

16/02/2018

Clarice Sousa
Secom/PMU



Cidade de Uberaba

Fundação Cultural recebe gravações de documentário do Iepha-MG

A Fundação Cultural de Uberaba abriu as portas ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), que chegou na cidade segunda-feira (9) e permanece até esta quinta (12). O Instituto está captando dados para a pesquisa “Violas: o fazer e o tocar em Minas”. Sua finalidade é pesquisar, proteger e promover os patrimônios culturais históricos, naturais e científicos, materiais ou imateriais, do Estado, entre eles a viola.

Ana Paula Lessa Beloni, analista de patrimônio, formada em ciências sociais, explica que o objetivo principal é mapear os fazedores e tocadores de viola pelo estado de Minas Gerais. O cadastro é, principalmente, feito online na plataforma do site do Iepha.

De acordo com a historiada do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), Cida Manzan, foram filmadas, nos espaços da Fundação Cultural, duas catiras, que são movidas a base da viola. Também foram captadas imagens dos violeiros, que são luthiers, nome dado aos construtores de instrumentos de cordas. 

A pesquisa busca levantar as características e diversidades regionais relacionadas, tanto à produção, quanto à atividade de tocar a viola. Além de compreender as relações que esse instrumento estabelece, tanto com os indivíduos, quanto com os grupos sociais onde está inserido. A viola está presente em todo estado e está ligada a práticas religiosas como folia, congada e catira. “Esse instrumento é um dos elementos estruturantes da cultura mineira e um dos principais porta-vozes do mundo rural, caipira e sertanejo”, pontua Ana Paula.

Uberaba é reconhecida historicamente por ser o município com maior número de Folias de Reis e é o ponto forte do nascimento da catira, descendente de Manuel Rodrigues. O amor pela viola é passado de geração para geração e no geral os conhecimentos são transmitidos de maneira oral. O Iepha já passou por municípios do norte de Minas Gerais, pela região metropolitana e agora Triângulo Mineiro. A pesquisa deverá ser finalizada em maio, para que a viola possa ser tombada como patrimônio histórico imaterial do estado.12/04/2018

Comunicação PMU/FCU

FCU reinaugura bustos da Mãe Preta e Princesa Isabel durante os festejos do 13 de Maio

A ação busca preservar a memória e divulgar a importância dos monumentos, que receberam restauração 

A Fundação Cultural de Uberaba (FCU) promove neste domingo a reinauguração do Busto da Mãe Preta e da Princesa Isabel, que receberam revitalização e melhorias para a preservação. Os eventos serão realizados no domingo (13) durante as celebrações do 13 de Maio, data da abolição da escravatura. A entrega do Busto da Mãe Preta, na Praça Comendador Quintino, em frente ao Grupo Brasil, será às 10h. Já o busto da Princesa Isabel será às 11h30, na praça Santa Terezinha.

A reinauguração na praça Comendador Quintino terá várias atrações para o público geral. O Coletivo Axé apresentará “Revolução Preta”!, uma performance poética e musical que retrata a história do homem negro em sua trajetória dolorosa da África ao Brasil. Autores irão declamar poemas autorais e poemas de autores consagrados, dentre eles Conceição Evaristo, Elisa Lucinda e Carlos Drummond de Andrade. A solenidade também terá a participação da professora Inês Fernandes do Coral Afro, além de uma apresentação da Lions Big Band.

A FCU, através do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), realizou no bem a troca dos suportes de madeira e restauro, realocação da placa, reforma das pedras locais que estavam danificadas, bem como retirada de emendas em concreto. O monumento é inventariado pelo Conselho do Patrimônio Histórico e artístico de Uberaba (Conphau) e tem forte significado para as tradicionais festividades culturais afros da cidade.

De acordo com a historiadora Cida Manzan, a ilustração da negra dando de mamar ao bebê é uma homenagem à mulher negra escravizada, que amamentava os filhos dos senhores e criava essas crianças. “Ele representa a mulher dando de mamar e ainda transmitindo carinho. Manter viva a memória e o respeito por essas mulheres é importante, pois aqui tivemos muitas amas de leite, que eram escravas e cuidaram de várias crianças uberabenses”. O busto da Mãe Preta é obra do artista Hélio Ademir Siqueira e foi inaugurado na Praça Comendador Quintino no dia 13 de maio de 1978.

Princesa Isabel – O monumento da Princesa Isabel na praça Santa Terezinha, também inventariado, passou por uma série de procedimentos visando melhorias e sua preservação. Foram desenvolvidos serviços como remoção de pichações, repintura, restauração e proteção de vidro. Ele será entregue durante a programação, às 11h30, quando os grupos de Congada chegam à praça para participar em seguida da tradicional missa afro.

O monumento da Princesa Isabel faz reverência à personalidade que assinou a Lei Áurea que aboliu juridicamente a escravidão no Brasil. O busto foi inaugurado no dia 13 de maio de 1961 e o local se tornou um referencial dos grupos que sempre estiveram envolvidos nas comemorações do dia “13 de maio” na cidade de Uberaba.

Importante destacar que as melhorias nos bens históricos foram custeadas pelo Fundo Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Fumphau), que provém de arrecadações do ICMS Cultural.12/05/2018

Luiza Carvalho – Jornalista

Raiane Duarte – estagiária de Jornalismo
Comunicação PMU/FCU

Fundação Cultural está registrando casas de Candomblé e Umbanda de Uberaba


Por meio da equipe técnica do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), a Fundação Cultural de Uberaba desenvolve projeto para inventariar casas de religiões com matrizes afro-brasileiras. As atividades de reconhecimento de campo incluem entrevistas com os anfitriões dos terreiros e tendas, filmagens e fotografias. 

O trabalho envolve duas práticas de conservação de patrimônio, seja ele material ou imaterial. A primeira é o inventário e depois há o nível máximo de conservação, que é o tombamento, feito através de um dossiê. O professor de história do setor de Patrimônio, Gustavo Vaz Silva, explica que todo ano as informações levantadas são remetidas ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), para depois virarem pontuação no ICMS Cultural, que é o recurso que o município recebe para fazer esse tipo de projeto. 

“Dentro disso trabalhamos com o imaterial, como neste caso mais específico. Já fizemos as Folia de Reis, que em Uberaba existem mais de 100, e com as Congadas e Moçambiques. Havia uma demanda em 2016 de fazer as casas de matrizes africanas, tanto o Candomblé quanto a Umbanda. No primeiro momento foram feitos cinco casas; a Tenda de Umbanda Pena Verde do Dárcio Gomes, a Tenda de Umbanda Nossa senhora do Rosário da Tia Luzia, Asé Opó Barú do Babá Carlos, Ilê de Ogum Já da Mãe Marlene e Asé Ode Omilodé do Pai Renato. Porém há muitas outras casas em Uberaba, então, terminamos o processo com as Folias, e esse ano o Conselho aprovou o trabalho com essas cinco casas e com mais algumas”. 

Até o momento a iniciativa engloba 12 casas de religiões de matrizes afro, sendo três tendas de Umbanda e nove terreiros de Candomblé. Dentre as cinco que já participavam, foram incluídas, por enquanto, Asé Toby Odé Kolê do Pai Vitor Oxossi, Asé Olorokê Ti Efon ÁÁfin Omo Ayra do Pai Rogério, Afim Osumare da Mãe Bia Ty Oxumare, Asé Ayra Intilé do Pai Gabriel Ty Ayra, Inzo Ione Ria Inkosi do Babá Sirley Moura, Ilê Alaketu Oluwa Bi Orun do Babá Rafael Cherin e Tenda de Umbanda Tupi Tupiara da Gina. 

O intuito geral desse registro é catalogar e ter uma estimativa da quantidade de lugares em Uberaba voltados para o Candomblé e Umbanda. A historiadora do setor de Patrimônio, Maria Aparecida Manzan, esclarece que em Uberaba há muitas casas, mas que não se sabe ao certo qual a totalidade real. Para dar início a esse projeto foram selecionadas as mais antigas, pois delas nascem as novas. 

Essas religiões, segundo a historiadora, preservam a cultura afro-brasileira, a cultura dos orixás, das tradições vindas da África. “O candomblé se adaptou as condições brasileiras, mas mantendo a integridade africana. Já a Umbanda nasceu no Brasil, com os escravos nos terreiros das casas grandes e nos cultos das senzalas. Nas fazendas quando se cantava para outros santos católicos os escravos cantavam também, mas seus cantos eram direcionados aos orixás e aos deuses africanos. Como os senhores não conheciam a língua que estava sendo cantada eles achavam que os escravos estavam cantando normalmente para os santos católicos. Assim foi perdurada essa tradição, mantendo essa religiosidade africana, porém Umbanda é afro-brasileira, totalmente criada no Brasil, pode até ter uma origem longínqua, porque os escravos vieram da África”. 

Manzan destaca, além disso, que a Umbanda é oficializada na própria constituição brasileira como uma religião do país e do povo negro. “Já o Candomblé veio da África e se manteve no brasil. Porém o Candomblé africano é muito diferente, no sentido de pompa, de apresentações e nas formas como cultuam os deuses. Lá o trabalhador sai da lavoura e vai para o terreiro de casa, onde ele canta e dança para seus orixás. Aqui não, aqui há os dias de festa, cada terreiro tem seu calendário, onde festejam, se enfeitam e se arrumam da melhor forma para agradar os orixás”. 

A relevância desse trabalho se dá porque em Uberaba, “cerca de 60% da população é de origem negra e aqui é uma cidade que teve muitos escravos e que tem muitos negros”, enfatiza Manzan. Essa valorização é um patrimônio imaterial porque trata de cantos, danças, costumes e tradições de um povo. É válido ressaltar que o processo de Inventário se dá de casa por casa e não todas de uma única vez, já que cada uma delas tem particularidades específicas. 07/07/2018

Raian Duarte – estagiária de Jornalismo
Comunicação PMU/FCU


quarta-feira, 11 de julho de 2018

Chamando os edifícios pelos nomes

Essa foto aérea do centro de Uberaba,visto a partir da Avenida Fidélis Reis, foi feita na primeira metade da década de 1970, provavelmente entre 1972 e 74. A curiosidade é que, salvo algum esquecimento, aparecem nela todos os "arranha-céus" que então havia na cidade – considerados assim os edifícios com mais de 5 pavimentos. 

Vista aérea do centro de Uberaba na primeira metade dos anos 1970.

Além de caberem numa única foto, a curiosidade é que, nessa época, não apenas os moradores mas todo mundo na cidade se referia a eles pelos nomes: eram tão poucos que sabíamos como se chamava cada um.

Vista aérea do centro de Uberaba na primeira metade dos anos 1970.

Facilitava essa tarefa o fato de que os nomes eram todos em português e muito mais sóbrios que os atuais. Nada desses nomes supostamente sofisticados em inglês, francês e italiano que dominam os lançamentos imobiliários de hoje. 

Na segunda imagem, numerei os prédios para facilitar a localização. 

1. Anexo do Grande Hotel, inaugurado no final dos anos 1950.

2. Grande Hotel de Uberaba, o primeiro arranha-céu da cidade, inaugurado em 1941 na Av. Leopoldino de Oliveira.

3. Edifício Rio Negro, comercial, defronte ao Grande Hotel, onde há uma galeria comercial que liga a Av. Leopoldino com R. Alaor Prata.

4. Edifício Drogasil, comercial, no primeiro quarteirão da Rua Artur Machado.

5. Edifício Pascoal Toti, residencial, na Av. Fidélis Reis.

6. Obras do edifício residencial “Delta” da Seguradora Equitativa. Esse deveria ter sido o segundo arranha-céu da cidade. Mas as obras, iniciadas no começo dos anos 1950, ficaram paralisadas por décadas e só foram retomadas em 1977, já com o nome atual: Everest.

7. Edifício do Banco do Brasil.

8. Edifício Abadia Salomão, residencial com lojas no térreo, na esquina da Rua Major Eustáquio.

9. Edificio Amazonas, residencial e ainda em obras, na Rua Governador Valadares.

10. Edifício Rio Branco, residencial com lojas no térreo.

11. Edifício Pedro Salomão, na Travessa Sátyro Oliveira, residencial com lojas no térreo, voltadas para a Rua Manoel Borges.

12. Edifício Rio das Pedras, residencial, na época o mais alto da cidade.

13. Edifício Rio Grande, residencial com lojas no térreo.

14. Edifício Rio Verde, residencial, na Rua Senador Pena, esquina com Av. Leopoldino. 

Quem souber a data da inauguração de algum desses edifícios, por favor coloque nos comentários para completarmos as informações. Correções de enganos também são bem vindas. 


(André Borges Lopes) 

O famoso palhaço Piolin teve seu circo armado em Uberaba

Num velho álbum de retratos do meu bisavô Carlos Augusto Machado (popularmente conhecido como "Carrinho Dentista") encontro, muito maltratadas pelo tempo, essas fotos da montagem do famoso Circo Piolin em Uberaba.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934
Infelizmente, as fotos não têm nenhuma anotação de local ou de data. Mas sabemos que esse circo foi uma das grandes atrações da Exposição Agropecuária e Industrial de 1934, que funcionou durante os meses de maio a julho no terreno dos fundos da antiga Santa Casa, onde hoje está o Hospital-Escola da UFTM. Visitantes ilutres, entre eles o interventor em Minas Gerais Benedito Valadares prestigiaram as apresentações do circo na cidade.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
O famoso palhaço Piolin nasceu Abelardo Pinto em 27 de março de 1897 em Ribeirão Preto, num circo que pertencia a seus pais, o empresário Galdino Pinto e a artista circense Clotilde Farnesi. Abelardo foi contorcionista, acrobata, ciclista, músico (tocava violino e bandolim) e, por volta de 1917, passou a fazer o palhaço Careca. Mas logo mudou para Piolin, “barbante” em espanhol, nome surgido numa brincadeira com suas pernas finas; em 1929 Abelardo incorporou-o a seu nome de batismo, tornando-se Abelardo Pinto Piolin.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
Em 1925, associou-se a Alcebíades Pereira e viveu sua fase de glória, com um circo montado no Largo do Paissandu, na capital paulista. O presidente Washington Luiz era seu fã e tinha cadeira cativa todas as quintas-feiras no seu circo, e os intelectuais modernistas, seus fãs assíduos, escreviam frequentemente sobre ele em jornais e revistas.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.
Durante mais de 30 anos, Piolin teve seu circo armado em São Paulo, no Paissandu e depois nos bairros do Brás, Paraíso e Marechal Deodoro e, por fim, num terreno público na Avenida General Osório da Silveira onde permaneceu por 18 anos, até ser despejado, no final de 1961. O despejo de Piolin tornou-se, assim, símbolo do descaso dos poderes públicos para com o circo.

Montagem do Circo Piolin em Uberaba, junho/julho de 1934.

Anúncio da Exposição no jornal Lavoura e Comércio, junho de 1934.

Anúncio da Exposição no jornal Lavoura e Comércio, junho de 1934.

Em 1972, numa iniciativa de Pietro e Lina Bo Bardi, organizadores da exposição do cinquentenário da Semana de Arte Moderna, o Circo Piolin foi armado no Belvedere do MASP. Nesse mesmo ano, 27 de março, data do aniversário de Piolin, foi declarado oficialmente como o Dia do Circo. Abelardo faleceu em setembro de 1973.

(André Borges Lopes)