quarta-feira, 11 de julho de 2018

Obras-Primas do Cinema Europeu

BERLIM, SINFONIA DA METRÓPOLE
O Ritmo do Século

Guido Bilharinho
O Ritmo do Século

Se o cinema nas duas primeiras décadas do século XX tateava à procura de uma linguagem própria com base na paulatina descoberta, utilização e domínio dos recursos da câmera, das possibilidades da imagem em movimento e dos primeiros (e fundamentais) passos para o conhecimento e conscientização dos efeitos da montagem, os anos 20 desse século assistem a eclosão de uns e outros.

         Nessa década dão-se realizações artísticas experimentais e de vanguarda como nunca antes e nem depois o cinema teria iguais, em qualidade e intensidade, bastando lembrar, entre outras, as obras de Marcel L’Herbier, Fernand Léger, Walter Ruttmann, Marcel Duchamp, Germaine Dulac, René Clair, Man Ray, Dimitri Kursanoff, Alberto Cavalcanti, Buñuel, Viking Eggeling e Hans Richter.

         Um desses filmes é Berlim, Sinfonia da Metrópole (Berlin, die Symphonie der Grosstadt, Alemanha, 1927), de Walter Ruttmann (1887-1941), que viera da realização da série abstrata Opus (1922/1925).

         Antes, pois, do célebre filme Um Homem Com Uma Câmera (Cheloveks Kinoapparatom, U.R.S.S., 1929), de Dziga Vertov, mas já influenciado pelas ideias desse realizador soviético, Ruttmann dá à luz sua obra fundamental, que se torna também, automaticamente, um dos filmes capitais do cinema.

         O que prenuncia o título materializa-se em imagem de grande esplendor, em construção de extrema perspicácia cerebral, alta acuidade visual e apropriada montagem de movimentos de tão vibrante constância e sucessividade que captam e fixam o ritmo do século, que só o cinema possibi­lita em toda sua concreticidade e grandeza.

         O filme visualiza o pulsar da atividade humana na era 01 (zero um) da máquina, já que a era 0 (zero) deu-se no século XIX, numa demarragem que não tem nem terá fim, prefigurando ininterruptas continuidade, aperfeiçoamento e desenvolvimento, como o transicional século XX demonstrou.  Dificilmente será encontrável obra que traduza e transfigure em arte o cerne de seu tempo em sequência poética de figurações instantâneas do habitat construído até então pelo ser humano e de sua ativa inserção nesse contexto.

         A velocidade dessa sucessão em cortes rápidos e montagem célere aliada à articulada visão do artista resultam em primorosa súmula desse universo humano numa das grandes metrópoles do planeta.

         No filme ressaltam-se em iguais importância e intensidade a realidade material urbana e a ação e movimentação nela do ser humano, sem esquecer os instantâneos, com toda sua construção imagética, de alguns animais, inclusive em montagem contrastante com atos humanos.

         No primeiro caso, avultam as imagens do outrora mais veloz meio de locomoção terrestre, o trem, em perspectivas impressionantes, resultantes de enquadramentos de grande eficácia estética. Daí em diante sucede-se a exposição da metrópole que desperta suas forças vivas, abrangendo sem-número de situações e aspectos urbanos mostrados em tomadas adequadamente anguladas, por força do inteligente e artístico olhar do cineasta, construtor de uma poética não só da imagem, tão forte como a da palavra, mas de verdadeira poética da matéria.

         Só olhar desse quilate teria condições de empalmar, utilizar e direcionar os recursos da câmera e da montagem para configurar obra desse vigor e proporções, em que cada instantâneo e sua reunião e montagem atingem força estética proveniente de um poder e sofisticação raramente encontráveis.

         Enfim, em questão de imagem e montagem não há nada que já não esteja nesse filme ou que nele não se embase e inspire, e que não é apenas efeito da vanguarda, mas, a própria vanguarda. O filme não constitui, obviamente, ficção. Nem documentário. É imagem em movimento. Cinema, enfim.
*
         Além e independentemente de seu valor artístico, revela uma cidade diferente do estereótipo utilizado para explicar e justificar o progresso do país sob a posterior administração nazista. Numa pujança como aquela não há nada extraordinário nesse êxito, visto que representou o desenvolvimento natural que empolgação do poder e inteligente manipulação cristalizaram. Milagre mesmo seria esse grupo ter os resultados alcançados em países subdesenvolvidos. Na Alemanha que o filme mostra não é vantagem. Malgrado a derrota na Primeira Grande Guerra e o processo inflacionário dos anos de 1920, o país era, ao findar a década, o mais desenvolvido do mundo.

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema, estudos brasileiros, história do Brasil e regional.


terça-feira, 3 de julho de 2018

Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel sendo calçada com paralelepípedos em 1938

Na primeira foto, publicada na revista "O Cruzeiro" em 1938, vemos a Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel sendo calçada com paralelepípedos. Ao fundo os terrenos ainda baldios adiante da ponte da Rua Segismundo Mendes, na direção do Mercado Municipal e da antiga Penitenciária (atual Faculdade de Medicina da UFTM).

 Avenida Leopoldino de Oliveira na altura do Grande Hotel 

Na segunda imagem, um anúncio do lançamento do loteamento "Vila Jardim" no jornal Lavoura e Comércio de janeiro de 1944, entre a praça do Mercado e a Av. Guilherme Ferreira – quando foi aberta a Rua Cunha Campos

Anúncio do lançamento do loteamento "Vila Jardim" no jornal Lavoura e Comércio de janeiro de 1944

Na terceira foto, a mesma região por volta de 1950, onde já vemos as primeiras casas construídas no novo loteamento.

No início de 1944 a Avenida Leopoldino de Oliveira já chegava até a praça do Mercado e Guilherme Ferreira também tinha sido aberta e urbanizada. O Sr. Joviano Jardim, proprietário do terreno, abriu a Rua Cunha Campos e loteou os dois quarteirões. Nota-se que, em especial defronte às avenidas, foram feitas casas casas maiores, que ocupam dois ou três dos lotes originais.

Primeiras casas construídas no novo loteamento

Década de 1950. No primeiro plano à direita, o prédio do Grande Hotel na Avenida Leopoldino de Oliveira. Ao centro o Mercado Municipal, o prédio da antiga Penitenciária (sendo reformado para receber a Faculdade de Medicina) e, logo atrás, o Colégio Nossa Senhora das Dores. Ao fundo, á direita, a torre da Igreja da Abadia.

A última imagem mostra uma vista aérea (do Google Maps) da mesma região em 2018.

Vista aérea (do Google Maps)



1921_O "Campo do RED" na Revista Brasil Ilustrado

No início da década de 1920 houve uma breve mas intensa rivalidade entre o Uberaba Sport Club (fundado em 1917) e uma agremiação dissidente, o RED – que nasceu RED AND WHITE, em homenagem ao clube que inicialmente o hospedou. Pouco tempo depois, renegando suas origens, adotou um novo nome – Associação Athletica do Triângulo – e novas cores, preto e branco. O USC teria se tornado o time favorito da classe média baixa e dos pobres, enquanto o RED caiu nas graças da elite endinheirada.

Associação Athletica do Triângulo

Corre na cidade uma antiga lenda de que os dois times teriam marcado, em 1921, um “Jogo do Século”, que deveria resultar no fim das atividades do time que fosse derrotado. O USC teria derrotado o RED por 1 X 0, mas perdeu os pontos da partida em função da escalação irregular do atleta Hildebrando de Moraes.

Verdade ou não, o fato é que a Associação Athlética sobreviveu por mais algum tempo. Em 1922, venceu o primeiro campeonato de futebol do Triângulo Mineiro, onde se enfrentaram equipes de Uberaba e Araguari.

O "campo do Red" funcionava na avenida Triângulo Mineiro (hoje, Av. Alberto Martins Fontoura Borges), do lado contrário da antiga fábrica de tecidos, entre o inicio da Av. Rio Branco e a Rua Jockey Club (hoje, Rua Rodolfo Machado Borges). Uma área grande, que chegava aos fundos da Rua José de Alencar.

Campo do Uberaba Sport Clube

Aparentemente, é esse campo que aparece nessa foto de 1921 da revista "Brasil Ilustrado". A arquibancada tem um desenho semelhante, mas é menor e mais simples que a do campo do USC, inaugurado em novembro de 1922, que aparece na segunda foto (do acervo do Arquivo Público de Uberaba).

MOVIMENTOS POÉTICOS DO INTERIOR DE MINAS GERAIS (EM TRÊS VOLUMES) VOL. II DESDE

Movimentos Poéticos de Minas Gerais.


DESDE 04 DE JUNHO NO BLOG



GRUPOS DE

                  DIVINÓPOLIS                                                                                   UBERABA

                  SABARÁ                                                                                            GUAXUPÉ

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Igreja São Domingos

Igreja São Domingos
Primeiro templo dominicano construído no Brasil, a Igreja São Domingos foi erguida em terreno doado pelo Comendador José Bento do Vale e projetada pelos engenheiros Egídio Betti Monsagratti, Dr. Florent e construída pelo José Cotani. Com estilo neogótico, sua forma em cruz assemelha-se às igrejas bizantinas. Sua inauguração só ocorreu em 1904, ainda sem as torres, as quais foram terminadas em 1914. Por esse motivo ficaram com estilo diferente da construção original, que é toda construída em tapiocanga de cor avermelhada, deixadas aparentes, naturais da região de Uberaba. (Foto: Cobertura Aérea Show Drone - Adriano Silva)

CURVAS DA VIDA

O dinheiro não aceita desaforo
Disse um pensador certo dia
Só não falou no desdouro
Que o ex rico enfrentaria


Enquanto se tem o bendito dinheiro
Tudo é bonito e cheio de graça
Ao se perdê-lo por inteiro
Experimenta-se o sabor da desgraça


O grande só quer a grandeza
Não se contenta em ser o que é
Quando perde a realeza
É como se fosse da ralé


Vi serem feitas fortunas
Que surgiram quase do nada
Chegadas as horas oportunas
Foram-se com a força da enxurrada


Refleti e não acreditei
Diante de um suntuoso prédio
De seu próspero dono me lembrei
Hoje longe do dinheiro seu amigo é o tédio


Sob a marquise dormia
Um andarilho vigilante sem teto
Por ali passou garboso um dia
O ex dono daquela lage de concreto


Veja as coisas como são:
Ontem um patrimônio crescia, crescia...
Enquanto seu dono se distraía
Tudo acabou indo ao chão.


João Eurípedes Sabino       27/06/18

terça-feira, 26 de junho de 2018

Uberaba Minas Gerais - MG Histórico


Segundo alguns autores, o topônimo Uberaba origina-se do tupi "Y-beraba", que quer dizer "água clara". Os primeiros conquistadores que perlustraram terras do Triângulo Mineiro pertenciam à bandeira de Sebastião Marinho, que, no século XVI, atravessou a região, rumo a Goiás. Seguiram-se outros movimentos de penetração, como os de Afonso Sardinho, João do Prado, João Pereira de Souza Botafogo e Nicolau Barreto. Depois dessas primeiras entradas, o território do atual Município de Uberaba foi passagem forçada de todos os exploradores que se encaminhavam aos sertões goianos. A rota de Bartolomeu Bueno da Silva, o "Anhangüera", transformou-se, depois de 1722, em estrada, conhecida inicialmente por Estrada do Anhangüera, depois Estrada de Goiás e, mais tarde, Estrada Real. O primeiro núcleo branco do Triângulo Mineiro foi Tabuleiro, à margem do rio das Velhas, onde, aos poucos, se iam fixando aventureiros que se destinavam a Goiás ou dali regressavam desiludidos. Mas, tendo sido o povoado atacado pelos índios caiapós e reduzido a cinzas, parte de seus habitantes fugiu desordenadamente e alcançou Perdizes, em Araxá, enquanto outra parte, maior e mais disciplinada, se afastou três ou quatro léguas de Tabuleiro e fundou o arraial do Desemboque. Em data não determinada com precisão, partiram do Desemboque alguns aventureiros, não mais dominados pela idéia do ouro, mas em busca de terras próprias à agricultura e à criação de gado. Em 1809, segundo uns, ou 1812, segundo outros, ergueram um povoado na cabeceira do ribeirão Lajeado, construíram uma capela tosca e colocaram o povoado sob a proteção de Santo Antônio e São Sebastião. Seu nome primitivo era Arraial da Capela do Lajeado. O novo núcleo, todavia, não encontrou elementos propícios ao desenvolvimento. A falta de terras férteis e à escassez de água, juntava-se o temor constante dos caiapós, sempre dispostos a repelir com violência os povoadores brancos. Alguns componentes da expedição colonizadora regressaram ao Desemboque e relataram ao juiz-comissário, Sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira as dificuldades dos habitantes do Arraial. Comandando um grupo de mais de trinta homens, Eustáquio dirigiu-se ao povoado e, não lhe agradando o local escolhido, nas cabeceiras do córrego Lajeado, avançou para o oeste em busca de melhores terras, mais bem servidas de aguadas. Escolheu um sítio à margem esquerda do córrego das Lajes, na confluência deste com o rio Uberaba. Aí se fundou a futura Capital do Triângulo Mineiro, a mais ou menos 15 quilômetros do primitivo Arraial da Capelinha. Este entrou em decadência, à medida que seus habitantes se transferiam para as imediações da casa construída por Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira. Erguida uma capela sob a mesma invocação de Santo Antônio e São Sebastião, o novo povoado entrou em fase de progresso e prosperidade. Gentílico: uberabense Formação Administrativa: Distrito criado com a denominação de Santo Antônio de Uberaba, pelo decreto de 2, de março de 1820, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, subordinado ao município de Araxá. Elevado à categoria de vila com a denominação de Santo Antônio de Uberaba, pela lei provincial nº 28, de 22-02-1836, desmembrado de Araxá. Sede na antiga povoação de Santo Antônio de Uberaba. Instalado em 07-01-1837. Pela lei provincial nº 288, de 12-03-1846, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso e anexada a vila de Santo Antônio de Uberaba. Elevado á condição de cidade com a denominação de Uberaba, pela lei provincial n° 759, de 02-05-1856. Pela lei provincial nº 831, de 11-07-1857, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de São Pedro de Uberabinha e anexado ao município de Uberaba. Pela lei provincial nº 2464, de 21-10-1878, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Conceição das Alagoas e anexado ao município de Uberaba. Pela lei provincial nº 3643, de 31-08-1888, desmembra do município de Uberaba o distrito de São Pedro de Uberabinha. Elevado á categoria de vila. Pelo decreto estadual nº 322, de 15-01-1891, e lei estadual nº 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de São Miguel do Veríssimo e anexado ao município de Uberaba. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído de 4 distritos: Uberaba, Conceição das Alagoas, Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso e São Miguel do Veríssimo. Assim permanecendo nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920. Pela lei estadual nº 843, de 07-09-1923, o distrito de Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso tomou o nome de Campo Formoso. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 4 distritos: Uberaba, Conceição das Alagoas, Campo Formoso (ex-Nossa Senhora das Dores do Campo Formoso) e São Miguel do Veríssimo. Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937. Pelo decreto-lei estadual n.° 148, de 17-12-1938, desmembra do município de Uberaba os distritos de São Miguel do Veríssimo com a denominação de Veríssimo, Conceição das Alagoas e Campo Formoso elevando-os á categoria de município. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído do distrito sede. Pela lei nº 336, de 27-12-1948, é criado o distrito de Água Comprida e anexado ao município de Uberaba. Pela lei estadual nº 1039, de 12-12-1953, desmembra do município de Uberaba o distrito de Água Comprida. Elevado á categoria de município. Ainda, pela mesma lei acima citado é criado o distrito de Baixa e anexado ao município de Uberaba. Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2 distritos: Uberaba e Baixa. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 31-XII-1971. Pela lei estadual nº 6769, 13-05-1976, é criado o distrito de Ponte Alta e anexado ao município de Uberaba. Em divisão territorial datada de 1-I-1979, o município é constituído de 3 distritos: Uberaba, Baixa e Ponte Alta. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007. Alteração toponímica municipal Santo Antônio de Uberaba para Uberaba, alterado pela lei provincial n° 759, de 02-05-1856.     

segunda-feira, 25 de junho de 2018

RÁDIO

O rádio é o mais tradicional veículo de comunicação, mesmo com o advento de outros poderosos meios de visualização dos fatos “ in tempore”, realmente espantoso. O mundo, segundo Mc Luhan, se tornou uma “ aldeia global”. Um chute mal dado num campo de terra na Cracóvia, se noticia, é visto no mundo inteiro. Um afogamento no Afeganistão, é mostrado, rapidamente, em todo o mundo. Uma geleira que despenca o bloco , em Bariloche, em segundos, é vista no universo. E por aí, vai...

Só que o rádio não morreu. É o nosso eterno companheiro de todas as horas. No quarto, no banheiro, no carro, é imprescindível. Dia e noite. Pela manhã, ou fim de tarde. No ar, na terra, no mar. Ouvindo música, noticia, no imediatismo da imagem, principalmente em Copa do Mundo, ouvindo as “ baboseiras” dos Galvão Bueno da vida, confesso, tenho imensa saudade das narrações vibrantes de Jorge Curi, Antônio Cordeiro, Waldir Amaral , Oduvaldo Cozzi, Pedro Luiz, Edson Leite, Fiori Giglioti, Luciano do Vale, Jairo Anatólio, apenas à citar os “ grandes” do nosso rádio esportivo. Na santa terrinha, os exemplos são muitos: Ataliba Guaritá Neto ( Netinho), Leite Neto, Farah Zaidan, Nilton Foresti, João Cid e ainda em ação, David Augusto e o ótimo Moura Miranda. A obviedade dos “narradores de TV”, é “dose”...

O rádio, hoje, é comercial-musical .Deixou de ser artístico-critico-opinativo. Virou “ vitrolão”... O sertanejo tomou conta, sem contar com os grandes apresentadores de ontem e que fizeram história nas emissoras da terrinha. Toninho e Marieta, Edinho Quirino, Nhô Bernardino, Jesus Manzano, Edson Luis, deixaram gravados, indelevelmente, na memória de todos nós, suas vozes saudosas, suas histórias, seus cantores, músicas e duplas prediletas. O rádio sertanejo da época, era o único meio de comunicação entre o campo e a cidade. O serviço de utilidade pública proporcionado é sempre lembrado. Até hoje...( sua bênção, Nhô Bernardino...)

Um animador sertanejo marcou época na terrinha: Orlando Nascimento, na falecida P.R.E.- 5, usava o pseudônimo “Terenço” .Foi o primeiro apresentador de programa” caipira” aqui nas nossas bandas. “Tipão” roceiro, linguajar idem , era também um excelente e divertido humorista. Lembro-me de uma “historinha” que gostava de contar, de manhãzinha ,na rádio:

-“Rico fazendeiro em Jataí (GO), grande produtor leiteiro, o seu rebanho “pegou” uma doença que ninguém descobria o que era. Soube ,através de um amigo que, em Rio Verde (GO), ali pertinho, tinha um “ benzedor” que curava toda e qualquer doença em animais. Mais que depressa, mandou buscar o “benzedor”. Na fazenda “ 3 Potes”, ao ver o gado morrendo, fez uma única exigência. Só iria “benzer” e “ curar” o gado, se a esposa do fazendeiro ficasse “pelada” com ele, sozinhos, num quarto. Pensando mais no gado, que na mulher, o fazendo concordou. Mas, desconfiado, ficou com o ouvido colado à porta. No quarto escuro, começou a ouvir :

-“Passo a mão no seu pé e curo o boi café”..

-“Aliso sua canela e saro a vaca amarela “

-“Esfrego a mão no seu joelho e curo bezerro coelho “...

-“Passo a mão nas suas coxas , logo fica boa a vaca roxa”...

-“Massageio a sua virilha e levanto a bezerra “maravilha”...

Mal o “benzedor” acabou de falar, o fazendeiro, vermelho de raiva, abriu a porta e deu o seu recado:

-“Moço, já tá muito bão .Pode deixar morrer o boi zebu e a vaquinha “borboleta”...

“Terenço”, contava a “estória” e dava sonoras gargalhadas no microfone ... 


“ Marquez do Cassú’

A VASP (Viação Aérea São Paulo) foi fundada em 4 de novembro de 1933

A VASP (Viação Aérea São Paulo) foi fundada em 4 de novembro de 1933, pouco mais de um ano após a derrota dos paulistas no levante de 32, um conflito onde a falta de aviões foi um dos fatores decisivos para a derrota de São Paulo. Surgiu inicialmente como uma empresa privada, organizada por um grupo que reunia 72 empresários do estado.

Inauguração dos voos da VASP para Uberaba,
 em matéria publicada na edição de junho de 1934 da revista Fru-Fru.

Seus primeiros aviões eram dois General Aircraft Monospar ST-4/Mk.II fabricados na Inglaterra. Bimotores monoplanos de asa baixa e trem de pouso fixo, tinham um desenho bastante inovador para a época. Os motores radiais Pobjoy R, de 7 cilindros, moviam hélices bipás de passo fixo e desenvolviam 85 HP cada um. Além do piloto, os Monospar levavam até três passageiros e suas bagagens. 

Um dos aviões Monospar da VASP em manutenção nos hangares da empresa no Campo de Marte, em São Paulo, de onde partiam inicialmente os voos para Uberaba.

Os aviões da nova empresa receberam as matrículas PP-SPA (VASP 1/Bartholomeu de Gusmão) e PP-SPB (VASP 2/Edu Chaves). No dia 12 de novembro um dos Monospar decolou do aeródromo Campo de Marte, na capital paulista, com destino a Ribeirão Preto e Uberaba, e outro decolou para o Rio de Janeiro. Foram os primeiros voos da empresa. 

Anúncio do início dos voos comerciais da VASP publicado em um jornal da capital paulista no dia 16/04/1934.

No início de 1934 os aviões da Vasp fizeram mais algumas visitas experimentais a Uberaba, mas a linha aérea só foi implantada em definitivo após a empresa receber autorização federal, em 30 de março de 1934. As primeiras linhas da companhia, inauguradas em 16 de abril, eram: "São Paulo-Ribeirão Preto-Uberaba" e "São Paulo-São Carlos-São José do Rio Preto". 

João Baugartner, piloto da VASP defronte ao Monospar VASP I "Bartholomeu de Gusmão" (PP-SPA), ao lado do hangar da empresa no Campo de Marte, de onde partiam os primeiros voos para Uberaba.

As primeiras instalações do Campo de Aviação de Uberaba, em 1934, recebendo o Monospar VASP-2 "Edu Chaves" (PP-SPB).



Nas fotos anexas, além dos aviões e da elegância dos seus tripulantes, dá para perceber a precariedade das operações na cidade. Em 1933, o “Campo de Aviação de Uberaba” se resumia a uma pista de terra batida, um pequeno casebre, uma biruta e uma escadinha de madeira para os passageiros. 

(André Borges Lopes)

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Água de pedra

“Nós, professores da educação, merecemos respeito e valorização! Só a educação pode transformar o mundo!” O que acrescentar na frase dos professores? Confesso que me falta inspiração para fazê-lo. 

A frase que destaquei, li numa faixa exposta na capital mineira por cerca de 500 professores da rede estadual, que protestaram diante do Palácio da Liberdade, estando o presente o Governador Fernando Pimentel. Por quê? Eles cobraram e ainda cobram seus salários atrasados, além do fim dos parcelamentos. Não há tortura pior do que sermos transformados em maus pagadores, porque o dinheiro ganho com o suor da face não vem. Essa é a situação que honrados professores mineiros estão experimentando! Não sou hoje, mas já fui professor e sei o quanto é suado o ganho dos docentes. Governos faliram os cofres do Estado, eis a questão! 

Acompanho de perto o drama de algumas escolas estaduais e, preservando-as de represálias, não citarei seus nomes. Falarei como se elas estivessem alhures. É inadmissível ver derrames de dinheiro “pelaí”, com remanejamentos de verbas para outras áreas e a educação, base de toda a sociedade, ser relegada a terceiro plano. Professores (e suas escolas) são tratados como se fossem súditos de um reinado onde as vantagens são abertas aos intocáveis donos do poder. Ser professor é dar de si muitas vezes o que não tem. O estímulo para que a juventude possa forjar o caráter, é ofertado pelo professor mesmo estando ele coberto de desânimo. Esperar o quê das gerações futuras, se os educadores de hoje são “pagos” com o salário humilhação? Enquanto isso as mordomias e negociatas correm soltas! 

Recebi mensagem eletrônica recente de uma professora da cidade de São Caetano do Sul/SP, que diz em síntese: “Reforma já na escola Helena Musumeci! Meu filho e todas as crianças de lá precisam de boa estrutura!”. O descaso é geral, segundo ela, incluindo as condições laborais dos educadores e outros funcionários. Aqui não é diferente, com professores do Estado tirando água de pedra para ajudar suas escolas. Onde chegamos! 

Haverá o dia em que todos serão iguais perante a lei. Que a categoria “A” não receba antes da “B”. Nem a “C” antes da “D” e assim por diante. Que o aposentado não receba míseros R$500,00, valor esse insuficiente na maioria das vezes, para cobrir os custos com remédios. Sem essa de salários repicados! Finalmente; que priorizem hoje a educação para não vermos os dirigentes de amanhã cometer os mesmos erros ora testemunhados.


João Eurípedes Sabino - Uberaba/MG. Jornal da Manhã/Rádio Sete Colinas.

Dom Benedito dirigiu a Arquidiocese por 18 anos

Benedicto Ulhôa Vieira – nome cujo significado é “abençoado por Deus” – nasceu em 09 de outubro de 1920 em Mococa/SP, local onde iniciou o Curso Fundamental, completado no Seminário de Pirapora/SP. Com o tempo, passou a adotar a grafia “Benedito” por ser mais moderna. 

Estudou Filosofia e Teologia no Seminário Central do Ipiranga, São Paulo/SP, ordenando-se padre em 08/12/1948, pelo Cardeal D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Costa. Em 1953, conquistou o doutorado em Teologia. 

Assumiu relevantes cargos em São Paulo: Professor e Capelão da PUC; Reitor do Seminário Central do Ipiranga; Vice Reitor da PUC e Pároco dos Universitários. A restauração administrativa da Arquidiocese de São Paulo, à época, foi orientada por D. Benedito. Era Vigário Geral quando em 1972 foi ordenado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, onde permaneceu até 1978 quando foi nomeado Arcebispo de Uberaba com posse a 15 de setembro de 1978. A frente da diocese uberabense permaneceu até maio de 1996, quando foi substituído por dom Roque Oppermann. 

Quinto bispo e segundo arcebispo na história da Igreja em Uberaba, neste tempo também dom Benedito foi eleito vice Presidente da CNBB de 1983 a 1987. 

Dom Benedito elevou a igreja da Abadia a Santuário de N. S. da Abadia, por ser a principal igreja de devoção popular a N. Senhora, em Uberaba. Em seu tempo, conforme determinação superior, instituiu na Arquidiocese o Curso “Propedêutico” na Paróquia Santa Teresinha, como preparação imediata ao Curso de Filosofia dos seminaristas. Em 1980, na sua primeira visita de entrega de relatórios eclesiásticos “ad limina”, em Roma, foi recebido pelo Papa João Paulo II, ocasião em que o Papa recomendou a assídua visita de Nossa Senhora às famílias, para a preservação da fé católica. 

Seu mandato em nossa Arquidiocese se destacou por duas características principais: firme liderança em necessárias realizações e zelo pastoral. 

Deve-se à liderança pastoral de Dom Benedito a reabertura do Seminário São José na construção do novo prédio no Jardim Induberaba. 

A frente da Arquidiocese de Uberaba dom Benedito fez cerca de 150 visitas pastorais, criou 11 paróquias, ordenou 30 padres e realizou a reforma da catedral, elevando o piso do presbitério, trazendo o altar um pouco mais para frente, além de dotá-la de jazigo destinado aos bispos, inaugurado com a transladação dos ossos de D. Eduardo, primeiro Bispo de Uberaba. 

Foi responsável também pela criação da Comissão de Direitos Humanos da Arquidiocese, com relevante contribuição à sociedade à sua época. 

Realizou a dedicação da Catedral, da “Adoração”, da matriz de Pedrinópolis e da Igreja Abacial das Monjas Beneditinas. 

Arcebispo Emérito de Uberaba, desde 28 de fevereiro de 1996, D. Benedito exerceu uma série de funções como: professor do Seminário São José, capelão do Santuário da Medalha Milagrosa e diretor da Escola Diaconal. 

Escritor, por décadas escreveu artigo semanal para o Jornal da Manhã. Lançou uma dezena de livros e foi membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro. 


Rubério Santos

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Solenidade de Reabertura com melhoramentos das partes sociais e esportivas do Uberaba Tênis Clube em 1965


Solenidade de Reabertura  do Uberaba Tênis Clube em 1965


Assentados (esquerda para direita)


Ângelo Zicardi

Aleixo Vasques Molinar (Presidente da secretaria do SESC -  Uberaba )

Valdir Rodrigues Vilela (Presidente do clube UTC)


Em pé

Repórter Jesus Manzano fazendo saudações ao Deputado Estadual José Marcus Cherem.



Foto: Schroden Jr.


(Foto do acervo pessoal de Valdir Rodrigues Vilela).

Superintendência do Arquivo Público de Uberaba publica oito obras raras - Almanach Uberabense, em formato digital "e-books".

A Superintendência do Arquivo Público de Uberaba resguarda importante acervo documental, intitulado Almanach Uberabense. Com o objetivo de preservar os originais foi executada sua digitalização e, posteriormente, foi transformado em oito e-books para divulgá-los, viabilizando, assim, a compreensão da história de Uberaba.

O Almach Uberabense constitui uma extensa publicação anual, de interesse coletivo, em prol do engrandecimento intelectual, social, comercial, econômico e material de Uberaba. A primeira edição aconteceu em 1º de janeiro de 1895, por Deoclesiano Veira e Arthur Costa. Consta de uma brochura de 240 páginas, medindo 12,5cm x 9,0cm. Foi impressa no Rio de Janeiro, na Rua Quitanda, 79 b, pelos senhores Alexandre Ribeiro & Companhia.

A publicação do Almanach Uberabense foi interrompida após a primeira edição, em 1895, e continuou em 1903, pelo diretor proprietário, D. Vieira e Aredio de Souza. Seu formato era igual ao da primeira edição de 1895, e maior número de páginas, impresso nas oficinas tipográficas da livraria Século XX. A partir de 1903, o Almanach Uberabense publicou sempre um grande número de ilustrações em clichês - gravuras, sobre assuntos diversos.

As publicações do Almanach após 1904 reduziram-se à dimensão de 12,5cm x 8,0cm.

O Almanach reportava temas diferenciados, entre eles;

- exaltou Uberaba naquela época, como uma das primeiras cidades brasileiras em desenvolvimento, e a terceira ou quinta do Estado;

- noticiou a questão da imigração estrangeira para Uberaba, que muito contribuiu para o desenvolvimento da lavoura e da indústria pastoril;

- reportou a construção de muitos traçados de linhas férreas, entre outros, a estrada de ferro que se dirigia a Frutal, o ramal de Uberabinha a Catalão, que mais tarde viriam a estreitar os vínculos de Mato Grosso e Goiás;

- noticiou a relação das principais casas comerciais e industriais, do pessoal dos artistas, dos funcionários públicos etc;

- veiculou a história de Uberaba, reportada pelo advogado, coronel Antonio Borges Sampaio;

- reportou algumas peças literárias e composições poéticas.

A circulação do Almanach Uberabense encerrou definitivamente, com a publicação de 1911.

Os e-books estão disponíveis no site da Prefeitura:


(Secretaria de Governo – Superintendência do Arquivo Público de Uberaba) e no Blog:



(Superintendência do Arquivo Público de Uberaba)








"Anais dos Livros de Atas da Câmara Municipal de Uberaba - 1857-1900 - Século XIX - Vol.1"

Historiador e coordenador do curso de história da UFU, Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior.
A Superintendente do Arquivo Público de Uberaba, Marta Zednik de Casanova, juntamente com o Diretor do Departamento de Pesquisa Histórica, João Eurípedes de Araújo, fizeram a entrega de uma mídia (DVD) contendo o livro/e-book "Anais dos Livros de Atas da Câmara Municipal de Uberaba - 1857-1900 - Século XIX - Vol.1", à biblioteca do curso de história da Universidade Federal de Uberlândia, representada pelo historiador e coordenador do curso de história da UFU, Florisvaldo Paulo Ribeiro Júnior. O material em questão contém a Edição Inédita da série documental mais importante deste Arquivo, registrando a história do Município desde os primórdios de sua fundação.

(Secretaria de Governo – Superintendência do Arquivo Público de Uberaba) e no Blog:



(Superintendência do Arquivo Público de Uberaba)

terça-feira, 19 de junho de 2018

MEUS CABELOS COR DE PRATA

Abro a “ caixa dos Correios” e deparo com uma mensagem a mim dirigida. Aliás, depois que a nuvem passa, não trocaria meus amigos de fé, irmãos camaradas, minha vida maravilhosa, minha amada família, minha terrinha sagrada , por nada, nada desse mundo, imundo ... Muito menos por uma vasta cabeleira loira, uma barriga de “ tanquinho”, saliente e lisa...Enquanto envelheço, torno-me mais amável comigo mesmo, menos crítico de mim mesmo...

Acabei tornando-me meu melhor amigo. Não avexo-me de comer biscoito de polvilho na padaria do Xisto Arduini, de bebericar minha saborosa cachacinha no bar do Filó, a cervejinha gelada do “bar cotovelo” do Luizinho, na agradável companhia do Zé Roberto. Não dispenso de ir prá chácara , com o Juca Tomé e o Sabino, degustar a costelinha de porco, caprichada, feita pelo Arnaldo. 
Acostumei-me a arrumar a minha cama, comprar “boboseiras” quando vou ao centro da cidade. Sei que apesar das broncas da Wania, ao meu lado, vigiando o tempo todo, quase há 60 anos, continuo roncando em sono profundo, meio “ lambão”, confesso. Extravagante ? sei lá... Assistí, com lágrimas nos olhos, a “partida” cedo demais, de amigos fraternos, antes que conhecessem o que é uma boa velhice...

Ninguém à censurar,depois de velho, ficar “ grudado” no computador, horas e horas, querendo saber coisas que não sabia e só ouvia dizer...Lembrar dos idos tempos que dancei ao som das lembradas orquestras da terrinha e muitas outras famosas de todo o Brasil e, digo-lhes, sem ter chorado nenhum amor perdido...Se nas férias, ia à praia , calção comprido, esticado sobre um corpo quase decadente, “ furando ondas de araque”, sob olhares complacentes de jovens de corpos sarados, “ vocês vão também envelhecer, seus putos! “... conversava eu com meus botões...

A memória ainda é boa; a vista? Nem tanto. Sou péssimo fisionomista, confundo ”Zé” com “Mané”. Recordo coisas importantes e as” desinportantes” também. O coração enternece quando lembro-me dos “ meus” que já se foram. Coração que nunca sofreu, não conhece a alegria de ser imperfeito. Sou abençoado por isso. Vivo o suficiente por meus cabelos brancos e o riso da juventude que, nas rugas, navegam nas avenidas do meu rosto...

Quanto mais se envelhece, mais fácil é ser autêntico. Nem para peidar, peço licença. Preocupo-me pouco com que os outros (adversários, sempre inimigos, nunca) pensam a meu respeito . Enquanto viver, não vou perder tempo, lamentar o que poderia ter mais feito . Aos jovens, que tem a paciência e a delicadeza de lerem os meus humildes textos, histórias e pensamentos, deixo um recado que aprendi com o excepcional Nelson Rodrigues:

Quando um grupo de universitários cariocas, ao visitá-lo para uma longa entrevista sobre a sua atividade na crônica brasileira, abordando os mais variados temas,o inquiriram que mensagem deixava aos estudantes brasileiros, Nelson, era míope, fumante inveterado, ajeitou-se na poltrona, olhos esbugalhados, cigarro no canto da boca, óculos com lentes parecendo vidro, na ponta do nariz, respirou fundo e soltando uma enorme baforada, disse apenas :- “ Jovens ! Sabeis envelhecer !


Luiz Gonzaga Oliveira

POUCO INTERESSE

Estamos na semana do inicio de mais uma Copa do Mundo. Ao lembrar do que aconteceu há 4 anos, o vexame do “Mineirão”, os 7x1 continuam entalados na goela dos brasileiros. Só que esse ano, o nosso povo, pelo menos por enquanto, não está nem aí para fazer festa, pintar calçadas, esticar bandeirinhas verde-amarelas e muito menos, soltar foguetes e rojões. Tantas coisas ruins nos foram mostradas, de ontem até hoje, que dificilmente assistiremos com o espírito vencedor (?) que tivemos em 2014. A vergonha nacional não foi apenas nos placares dos últimos jogos ( 7x1 e 3x0), estendeu-se além.

O “ festival de bandalheiras, roubalheiras” que atingiu o País, com a construção, desnecessária, diga-se, de verdadeiros “ elefantes brancos” e uma corrupção desenfreada e ilimitada, envergonhou o Brasil sério. O dinheiro embolsado pelas empreiteiras e políticos, “arrasaram quarteirão” e não demoraram vir à tona. Aquele “slogan” de o “ brasileiro nunca desiste”, foi o maior engodo que presenciamos desde a chegada de Cabral ( o descobridor, não esse ladrão do Rio de Janeiro...).Dói no bolso e no coração da nossa gente, a “ farra financeira” e que “ limparam” os cofres públicos do nosso amado Brasil.

Enquanto os dirigentes nacionais e empreiteiras, se saciavam, enchiam as “ burras ” de dinheiro, faltavam e continuam faltando, escolas, saúde, hospitais, estradas, ferrovias, segurança, moradia para o sofrido povo brasileiro. O desemprego, alcançou números estratosféricos, o vergonhoso “ Petrolão”, a crise dos combustíveis, o crime organizado tomando conta, não só nas capitais, com também no interior, como vimos recentemente aqui na sagrada terrinha. A Justiça, “ cuspindo na nossa cara”! Juizes , ministros, sem o menor pudor, censo de austeridade , “sobrando otoridade”, formando uma “ nova gangue” na elite jurídica do Brasil. Presidente, Governadores e ex, senadores, deputados, presos por cometerem roubos e rombos no erário público, já fragilizado do Brasil !.

“Minas não é abissal”, dizia Drummond. Pois sim. Ex-governador preso; o atual na mira do ‘Lava Jato”, funcionalismo insatisfeito e tristes problemas de honestidade administrativa, senador indiciado no “Lava Jato”... Pobre Mina s Gerais , longe dos tempos de Milton Campos, Bilac Pinto, José Maria de Alkimin, Aureliano Chaves, políticos “ficha limpa” e sem nódoas...

O tempo só nos permite torcer para que a seleção faça bom papel e que não se repita o vexame de 2014. Em razão da Copa, vou deixar de lado, momentamente, essa política nojenta e seus intérpretes. Lembrarei “causos” ligados ao esporte, imprensa local e quetais. Conto-lhes, amanhã, sobre a instalação da primeira emissora de televisão de Uberaba, que, dia 9 últimos, se viva fosse, estaria completando 46 anos... Infelizmente...


Luiz Gonzaga Oliveira

TELEVISÃO

Em meados da década de 60, a Escola de Engenharia e Eletrônica de Itajubá (MG) , desenvolveu um projeto e construiu equipamentos para instalar emissoras de televisão , sem incluir, inicialmente, o transmissor. Uberaba, foi escolhida para o grande teste. Durante 30 dias, os poucos televisores da cidade puderam captar imagens locais, do Jockey, UTC e Sirio Libanesa e “ shows” com artistas locais. Raul Jardim, Netinho, Xuxu, o lançamento de uma menina que, mais tarde, tornou-se famosa, Vanusa Flores e o “palhaço” Xuxu, além de desfiles das moças bonitas da terrinha, ao som do piano de Rosseti, fizeram a festa na cidade.

A família Jardim, dona do “Lavoura” e da PRE-5, escolhida para adquirir o equipamento e “montar” a TV. Raul, topou! Os irmãos, demais sócios, “afinaram”. Edson Garcia Nunes, que tinha sido meu colega na Faculdade de Direito, empresário de sucesso em Uberlândia, estava, por acaso, na cidade. Viu e gostou da “ novidade”. Levou a idéia e os equipamentos para a sua cidade. Surgiu então a TV-Triângulo, tendo como sócio, um uberabense, Luiz Humberto Dorça. Um dia, talvez quem sabe, possa contar um pouco dessa história....

Anos depois, final da mesma década (60), um grupo de uberabenses fundou a rádio “7 Colinas”, a terceira da terrinha. O projeto era audacioso : além da rádio, desejava instalar uma TV local. A esse período, a Embratel inaugurava o seu arrojado prédio na Fidélis Reis, com Quintiliano Jardim , à sediar a regional da estatal para a região setentrional do Brasil. À comandá-la,depois de um breve período em que esteve à frente, um engenheiro uberabense da família Guaritá , para sucedê-lo um carioca, engenheiro Arolde de Oliveira, especialista em telecomunicações.

Era o que o “ grupo 7 Colinas” procurava. Realizados os estudos técnicos exigidos pelo Ministério das Comunicações, foi dada a entrada do “ pedido de abertura para licitação de uma transmissora de televisão na cidade Uberaba (MG)”. Registre-se: o trabalho de Arolde de Oiveira ( hoje deputado federal (PSD-RJ) e dono no Rio de Janeiro, de uma emissora de rádio, gospel, foi irretocável ! Nada faltou no estudo da viabilidade técnica para que a licitação fosse aberta, pois que, inicialmente, não havia mais interessados no projeto.

Ledo (Ivo) engano. Passados alguns meses, eis a decepção ! Aproveitando todo o trabalho técnico proposto pelo grupo uberabense, com “olheiros” em todos os Ministérios em Brasilia, a turma das “Associadas”, de B,H., é declarada vencedora da concorrência ... Com a solerte “inteligência” mineira, o grupo belorizontino, rapidamente, registra a firma “ Rádio e Televisão Uberaba Ltda”, tendo como componentes, os uberabenses Ranulfo Borges do Nascimento, João Laterza, João Henrique Sampaio Vieira da Silva, Álvaro Barra Pontes, todos falecidos e um remanescente vivo, o professor José Thomaz da Silva Sobrinho...

Era a turma do “PSD véio de guerra”, aliada às “Associadas” de BH, tendo à frente, Camilo Teixeira da Costa, Hélios, Adami e Amoni e supervisão de José de Oliveira Vaz...Arnaldo Rosa Prata, entusiasmado com a construção do “Uberabão”, canalização do córrego das Lages e o novo terminal rodoviário, com o beneplácito dos vereadores, desapropria um bom pedaço da fazenda do “Rezendão”, no bairro EE,UU, e doa aos “Associados” para a construção da sede da TV-Uberaba. Ação, diga-se, muito rápida. Ações da TV-Uberaba ,foram colocadas à venda na cidade. E como o uberabense aderiu!... Um senão: até hoje, as “cautelas” das ações não foram entregues aos seus legítimos donos...A turma de BH, escolheu o presidente da nova empresa : o saudoso e memorável médico e homem de negócios, dr.Renê Barsam. 

Quando percebeu “ outras intenções” dos comandantes, entregou o cargo. Dia 9 de junho passado, a TV-Uberaba, “completaria” 46 anos... Hoje, nem “arquivo” tem mais. Infelizmente! 
A memória de Uberaba se esvai, sem que ninguém tome um “ tiquinho” de providência ...

Luiz Gonzaga Oliveira

DEDÃO

Era um negrinho ( ops! afrodescendente. Senão...) esperto, criado na fazenda do Rodolfinho Cunha Castro, no Jubaí. Depois do leite no curral e as lidas caseiras, ia jogar sua bolinha na área verde, em frente à sede, com o resto da peonada. Era beque e dos bons. Semi-analfabeto, não tinha registro de nascimento. O patrão, apaixonado pelo Uberaba Sport, trouxe o jovem para treinar no seu time de coração. Agradou em cheio. Quando foi registrar o atleta na Federação Mineira, cadê os documentos ? Ilton dos Santos, (assim mesmo, sem H) não sabia nem o dia, mês e ano que nascera.. Rodolfinho, encarregou-se de tudo e ajeitou a vida de “Dedão”, apelido que ganhou na roça, pelo tamanho dos dedos dos pés, pois só andava descalço, até que ganhou a sua primeira botina “ mateira”...

Era um beque raçudo, diziam. Logo, logo, estava no time principal, fazendo zaga com o famoso Herminio Pongeluppi. Seu outro “predicado”: exímio bebedor de cachaça... Conhecia no estalar da língua com o “ céu da boca”, qual a procedência da “caninha”. Distinguia, desde as famosas marcas de Salinas (MG), capital mundial da cachaça, até as de alambiques artesanais da região. Sabia o sabor da cachaça do Amerquinho Cardoso, de Sacramento, passando pela PO, de Guaxima, dos Crema, do “Geromim Ribeiro”, de Ituiutaba, da “ Montanhesa”, de Araguari, as nossas “Chora Rita” e do “ Barbudo”, incluindo as conhecidas “51” e “Tatuzinho”, “ Nabunda” e “ Nabundinha”, além da do “ Branco”, de Veríssimo, até chegar a dos Colmaneti, de Aramina. Só não bebeu a “Lenda do Chapadão”, do Carlos Assis e a “ Zebu”, do Moura Miranda, porque ainda não eram fabricadas, bem como a “ Segredo Real”, do Rogério ... 
“Zé Kelé”, tinha uma “venda” defronte ao saudoso estádio “Boulanger Pucci”, onde treinavam e moravam os jogadores. Fim de tarde, treino terminado, banho tomado, chinelo de dedo, lá ia “Dedão”, abrir o apetite, costumava dizer. “Zé Kelé”, impressionado com os “conhecimentos “ do freguês. – “Vou pegar ele, qualquer hora”, matutava. Não demorou muito tempo e colocou em prática seu plano: escolheu um litro branco, lavou bastante com detergente e, nos fundos do Colégio Polivalente, tinha uma mina d’água, que jorrava um líquido, límpido e cristalino. Caprichou na embalagem. Ansioso, aguardou o fim da tarde e a chegada de “Dedão”. 

Leve e faceiro, surge o nosso personagem. “Zé Kelé”, foi logo dizendo: - “ Dedão, tenho uma surpresa prá você. Se descobrir, vai ganhar os “goles” até o fim do mês. Topa ?” Mais que depressa e curioso, “de cara”, respondeu: - “Se for cachaça, Zé, é mole. Conheço todas. De Salinas até o Capão da Onça, é comigo mesmo ! Vamos lá !” e fez o sinal de positivo. “Kelé” , mais que depressa, pegou o copo mais limpo da “ venda”, virou as costas para “Dedão”, encheu até a metade. – “Quero ver se é bom nisso. Toma “! 

“Dedão” ,saboreou o primeiro “trago”; insistiu no segundo, quando deu a famosa “bochechada”. No terceiro gole balançou a cabeça, num gesto negativo. –“Zé, essa eu não conheço. Perdí”. “Zé Kelé”, soltou uma sonora gargalhada. Ria de orelha a orelha e “ gosou “ o bebedor:- “Dedão ! cê bebeu água de mina, seu bobão !” Surpreso, olhos arregalados , o becão do Uberaba, mais decepcionado que espantado, em tom muxoxo, respondeu :- “Num brinca, Kelé.. isso é que é água ?”. 


Luiz Gonzaga Oliveira

















Nilton Santos, a “ enciclopédia do futebol”

É o conjunto de conhecimentos humanos. Dominio deles. Arte, desenvoltura, técnica, cultura.
Pele´, o “ rei do futebol”. Garrincha, o “gênio”. Nilton Santos, a “ enciclopédia do futebol”. Sabia tudo, os mínimos detalhes esquadrinhados nos gramados do mundo por onde exibiu a sua primorosa técnica. Chamava a bola de “ meu amor”, tamanha a intimidade que tinha com ela. No longínquo ano de 1962, Brasil, bi-campeão do mundo, no Chile, Nilton Santos, pela primeira vez chorou. Convulsivamente. Mais que todos os outros bi-campões. Sabia ter alcançado quase o impossível: eleito, mais uma vez, “ o melhor lateral esquerdo do mundo !”, aos 37 anos ! Era o fim de uma carreira vitoriosa daquele excepcional craque ! Conhecendo todos os segredos da bola, nada mais à desvendá-la, tornou-se bi-campeão do mundo !...

Questionados por muitos jornalistas radicais ,principalmente de São Paulo, Nilton Santos, encarou o desafio com unhas e dentes. Não podia falhar ! E não falhou...Daí o seu choro de criança. Sem se envergonhar. Bi-campeão ! Nilton, vestiu apenas dois mantos sagrados, o do seu amado Botafogo (RJ) e o da seleção brasileira. Ganhou quase todos os títulos que disputou. Mas, dizia “ o bi do Chile, foi o mais difícil. Todos queriam ganhar do Brasil. A seleção correu perigo. Pelé, contundiu-se. Amarildo, entrou e soube bem substituí-lo. Era um grupo idoso. 4 anos mais velho da conquista na Suécia”...

O Brasil não podia perder. Os “ velhos” (Nilton,Djalma,Didi e Zito) comandavam. Numa Copa, o principal é a vontade de vencer. Jogar bonito ? Lembram-se de 82 e 86 ? O importante é a tranquilidade, aliada a garra. Coração à prova, determinação. O velho coração do experiente Nilton Santos, superou a técnica, a classe e a intuição malabarista do jogador brasileiro . Sangue frio na decisão, aliado a fatores à superar o adversário. Coragem e entusiasmo, são preponderantes às vitórias. O Brasil, anda precisando aumentar sua auto estima, tão em frangalhos nos últimos tempos...
Nilton Santos, chorou. Era sua última partida com a camisa “6” da seleção. Depois, só a saudade recolhida. A idade, para determinas profissões, é cruel. Não quis ser treinador. Dizia “ o futebol profissionalizou muito. Acabou o amor a camisa. Não suporto. Foge do meu estilo “. Lidou o resto da vida, ensinando os segredos da bola, aos meninos Principalmente os carentes. Em Uberaba, criou o projeto “Bola de meia”, na periferia da cidade. Depois de 5 anos na terrinha, transferiu-se para Brasilia, onde instalou o mesmo projeto. Só que lá, tem continuação... Aqui, infelizmente...
Tornei-me seu “amigo-irmão”, conforme relata no seu livro de memórias. Confidentes, até. No fim da vida, retornou ao seu inesquecível Rio de Janeiro. Célia, a eterna companheira, sempre ao seu lado. A casa de praia, o uisquinho no fim de tarde, a brisa do mar que tanto amava, o “papo” de futebol com os antigos. Tive esse privilégio. 

Nilton Santos, cumpriu sua meta: teve filhos, plantou árvores e escreveu um livro. Até que o “alemão” (Alzheimer) chegou. Não teve jeito. Botafogo pagou tudo. A “ enciclopédia” não morreu ! Está perpetuada no estádio que leva o seu nome : NILTON SANTOS !

Luiz Gonzaga Oliveira

VAQUINHA

Em 1976, no auge do “ Uberabão”, o Uberaba foi convidado à participar do campeonato brasileiro. Houve uma mistura de política com o futebol. O partido do governo, a ARENA perdera em vários Estados e o futebol era a válvula de escape da “situação”. Com o lema “onde a Arena vai mal, um clube no campeonato nacional”...Whady Lacerda, presidente do USC,tinha um irmão, advogado, Rubens, que trabalhava com Agartino Gomes, presidente do Vasco da Gama (RJ), amigo do Cel. Heleno Nunes, presidente da CBF., também vascaíno. O “caminho “ esta aberto...

O time do Uberaba que disputava o estadual era fraco. Lacerda, foi buscar reforços no Paraná. José Maria Pizzarro, meu amigo, diretor de futebol do Pinheiros, um dos “ 3 grandes” do futebol paranaense naquele tempo, era diretor de futebol do Pinheiros. Foi fácil. Vieram os zagueiros Faeco e Edvaldo, o meia Sérgio Zaia, o ponta esquerda Zé Roberto e o artilheiro do campeonato paranaense, apelido incomum: Vaquinha !

Vaquinha, era centro-avante, tipo “rompedor”, valente, com “faro” de gol. Logo, caiu nas graças da torcida. Alegre e brincalhão, num jogo contra o Cruzeiro, no “ Mineirão”, falta conta o Uberaba; Nelinho, o melhor batedor de falta do Brasil, na época, preparou-se para cobrá-la. Vaquinha, ao lado de Edvaldo, Marquinhos e Miranda, formariam a “barreira” .De repente, Vaquinha, dirige-se à Nelinho e grita:-“Olha aqui, Manoel. Se você conseguir acertar a minha “perereca” (dentura), será o maior cobrador de falta do mundo, viu ?”. O riso foi geral. Nelinho, então.. .chutou a bola longe do gol de Diron...Ainda assim, o Cruzeiro goleou: 5x0....

Vaquinha, tinha raiva do nome de batismo: Joaquim Pedro. “Gosto que me chamem de Vaquinha e pronto !”. Certa ocasião, logo após treino em ‘ Boulanger Pucci”, foi entrevistado pelo repórter da “7 Colinas”, o saudoso Marco Antônio Nogueira.O jovem perguntou-lhe o que achava das moças que iam assistir futebol e assediar os jogadores. Mais que depressa, respondeu: -“Adoro as “Marias Chuteiras”. Elas não são “ largas” e nem muito “apertadas”... Moura Miranda, chefe da equipe de esportes da emissora, não deixou ir ao ar, a entrevista...

Em outra ocasião, Vaquinha saia rápido do estádio, após um treinamento puxado, quando foi abordado por torcedor fanático. O “bafo” do cidadão, era insuportável. Rescendia cachaça, cebola e um tremendo mau hálito. Vaquinha, não suportou, passou de entrevistado à entrevistador. Levando a mão à tapar o nariz, perguntou: -“ meu filho, que é que você tem na boca ?”. De pronto, o fã torcedor respondeu: -“ uma “ponte” caprichada que paguei caro por ela , sabia ? “. Vaquinha, não se conteve:- “ Meu, dá uma olhadinha nela. Tá toda cagada! ..

Depois de duas temporadas fazendo gols e alegrando a torcida colorada, Vaquinha, retornou ao Paraná. Nunca mais soube noticias dele.

Luiz Gonzaga Oliveira

Maurílio Moura Miranda

Estava há tempo ensaiando uma oportunidade para escrever sobre um dos mais ativos profissionais da classe jornalística da terrinha: Maurílio Moura Miranda, nome de batismo. Incrível a persistência, o zelo, o trabalho que ele desenvolve na cidade. São 45 anos atuando, ininterruptamente, num só prefixo de rádio, a “ 7 Colinas”. Narrador esportivo impecável, o seu trabalho é reconhecido além fronteiras. Empolgado, apaixonado por aquilo que faz, não mede esforços, nem sacrifícios para informar e opinar, com exatidão, isenção , os fatos que seus olhos vêem , o coração sente e a voz não cala. Profissional de méritos reconhecido.

Quando deixei a direção da “Sete”, Moura , chegava de Tupaciguara, a “ terra da mãe de Deus”, no idioma indígena. Veio de “ mala e cuia”, ao lado da sua Neuza, fiel e eterna companheira. Chegou liderando audiência, fazendo amigos, ganhando o respeito dos companheiros de profissão. Não tive o prazer de trabalhar com ele, o que não invalidou o inicio de uma sincera e respeitosa amizade, que perdura e o tempo não apaga.

Moura, seguindo outros exemplos, viu o “cavalo passar arreado”. Foi prá BH., rádio Guarani. Ganhar o Brasil, pois, talento tem de sobra . Provou e aprovou. Sentiu e não gostou. A saudade apertou. Voltou .Para o mesmo “ ninho” e alegria dos amigos e ouvintes fiéis. Sua obsessão em fazer as coisas bem feitas , é digna de elogios. Transmite ao apaixonado pelo futebol, a emoção do lance do gol ( explode,coração ! ), xinga, elogia, critica. Analisa, com extrema facilidade e precisão. Há que se registrar a sua ética, linguagem , sem usar o rasteirismo chulo.

Moura Miranda, é eclético. Formado em jornalismo, professor, funcionário público municipal, publicitário; hoje, é próspero produtor rural. Mas, o que gosta mesmo é ter a “latinha” nas mãos. Microfone, é hábito, paixão, desejo “grudado” na vida. Torcedores apaixonados, de vez em quando, o xingam. Os do Nacional ,o “acusam” de “colorado”. Os do Uberaba, apregoam ser ele, nacionalista. Quer prova maior da sua imparcialidade na narração esportiva ?

Por mim, lhe teria dado menção no “Guinness book”, o livro dos recordes. Acompanhar um time de futebol, há mais de 45 anos, não tenho lembrança que exista outro no rádio brasileiro. Desde as capitais, no auge do nosso futebol, às “ bibocas’ dos grotões mineiros, lá está a voz marcante de Moura Miranda, como se narrasse um final de Copa do Mundo ...Aliás, se quisesse, estaria nas “Oropa”, transmitindo o torneio mundial.Tem” cacife” profissional ... Preferiu as campinas verdejantes das suas terras na “Santa Rosa”...

A propósito, Moura , nunca gostou do tal de “of tube”, a narração de estúdio, fofas poltronas, “telão” de cinema e água gelada. Sempre enfrentou o campo do jogo. Alí, pertinho, sentindo a emoção do espetáculo,vendo as “ feras” de perto, fosse ruim ou muito bom e nem sempre em cabines confortáveis . Já tomou muito soco nas costas, cusparadas no rosto.. .Esse , é o Moura Miranda que conheço .
Família criada, netos crescendo, Moura, ainda encontra espaço na sua agenda às atividades sociais, no Rotary e maçonaria. No rádio, “anda meio mudo”. O Nacional, adormecido. O Uberaba, sem decolar, ele vai levando a vida no rádio, comentando apenas o óbvio. Ele e outros profissionais da terrinha, cansados em “dar murros em ponta de faca”. Tivessem todos os que escolheram Uberaba para morar, a mesma têmpera, o mesmo arrojo e vontade de servir como Moura Miranda, não tenho receio em afirmar, Uberaba seria outra !

Luiz Gonzaga Oliveira

Álvaro Lopes Cançado, “Nariz”

NARIZ


Em tempos de Copa do Mundo, é bom lembrar que Uberaba teve um dos seus ilustres filhos como participante emérito do maior torneio de futebol do planeta. Nascido em Dores do Campo Formoso ( hoje, Campo Florido ), antigo distrito de Uberaba, Álvaro Lopes Cançado, “Nariz”, foi “dublê” de médico e jogador da seleção nacional, que disputou a competição em 1938, na Italia, caso único e inédito no cenário mundial do esporte. O Brasil, não tinha a menor estrutura e recursos na área médica desportiva. O pouco que existia ,deveu-se mais a curiosidade e a força de vontade de alguns dirigentes e a abnegação ímpar do jovem médico, Álvaro Lopes Cançado, “Nariz”, jogador do glorioso Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio de Janeiro , que, pela dupla missão, tornou-se mundialmente conhecido.

O garoto Álvaro, não queria ficar apenas na fazenda do pai, Afábio. Conhecer terras distantes , aumentar conhecimentos, aprender e estudar, ensinar os que precisavam de sua ajuda. Fisico privilegiado, atleta por natureza, o nariz ponteagudo, originou o apelido. “Beque dos bons, hoje, zagueiro, foi estudar no” Granbery”, de Juiz de Fora (MG) e jogar no Tupy, da cidade. Seu sonho era ser médico. Sonho concretizado quando ingressou na Medicina de B.H. e jogava pelo Atlético Mineiro, onde se destacou. Daí para o Botafogo, foi um “ pulo”. Era o que mais desejava. Jogar no clube do seu coração. 

No Rio, destacou-se e foi convocado para a seleção de 38. Exercendo a ortopedia, por razões pessoais ( a filha primogênita, Wanya, com necessidades especiais) , despertou-lhe o desejo de maior especialização. Responsabilizou-se pelo departamento médico da seleção, cabendo a “ Nariz”, ser o introdutor do primeiro departamento médico instalado no Brasil, no “ seu” Botafogo. O primeiro “ forno Bier” ( compressa de gelo e toalhas superquentes para apressar recuperação de contusões de atletas ) foi trazido por ele.

Sobre a copa de 38, uma curiosidade que poucos brasileiros jovens conhecem. Sua esposa, dona Olinda Magon Lopes Cançado, enfermeira formada, foi a sua grande parceira na seleção nacional. Tratou e curou inclusive, doenças venéreas ( gonorréia, cancro, etc.) de vários jogadores que viajaram com outras doenças e precárias situações de saúde. Da. Olinda, teve papel destacado ao lado do esposo, médico e jogador. Mulher de imenso valor.

Famoso e conhecido no mundo inteiro, convidado, proferiu palestras e conferências em várias universidade da Europa e Américas. No auge da carreira da medicina ortopédica, encerrado seu ciclo de jogador de futebol, preferiu retornar a Uberaba. Na terrinha, exerceu o melhor do seu profissionalismo, cumulando como Diretor da Faculdade Federal de Medicina do Triângulo Mineiro, hoje, Universidade Federal. 

Sua morte, até hoje, é lamentada. Seu tresloucado gesto, há mais de 30 anos, respeitado. Uberaba, precisa resgatar a memória de seus filhos ilustres. Infelizmente, não vi e nem tenho noticia, se lhe deram nome de rua, praça ou avenida na cidade que tanto amou. Desconheço se há registro em departamento da Federal de Medicina, homenageando o seu ex-Diretor... Nossos dirigentes atuais, tem memória muito curta ou são ignorantes em não conhecer o passado de homens que marcaram, com orgulho, a terra em que nasceram.

Luiz Gonzaga Oliveira

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Ramon Franco Rodrigues

Lembrando nomes que fizeram história na crônica esportiva da terrinha, trago hoje, a figura emblemática, simpática e folclórica do inesquecível Ramon Franco Rodrigues. Pelas mãos do não menos famoso, Raul Jardim e o incomparável Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, Ramon começou a escrever no falecido ‘ Lavoura e Comércio”, em 1952, ao tempo em que colaborava com o semanário esportivo “ A Bola”, dirigido pelo grande Raimundo Sarkis. Se o saudoso Sebastião Braz, depois o correto Rui Miranda, mais tarde a pena brilhante de netinho, foram os primeiros responsáveis pela página de esportes do jornal, a chegada de Ramon Rodrigues, o “Lavoura “ ganhou um novo colorido noticioso opinativo.
Ramon, tinha “ tiradas” que só pertenciam a ele. “Adiós mariquita linda”, referindo-se a derrota , ou do Uberaba ou Nacional, além de outras frases espirituosas, fizeram dele, o mais lido jornalista da cidade. Ao sentir a versatilidade do companheiro, Netinho, titular dos esportes da saudosa P.R.E.-5, viu nele o parceiro ideal. Inteligente,versátil, atualizado, palavra fácil, suas intervenções ficaram além , com frases inteligentes e bem humoradas. Em determinada transmissão, jogo dos rivais, USC e Uberlândia, num ataque do time visitante, a defesa colorada ficou em polvorosa. O sempre lembrado, Leite Neto, o “ locutor metralha”, quis saber a opinião de Ramon. Sem maldade, nenhum resquiscio de obscenidade, “ soltou”, sem cerimônia, a resposta:-“Leite, ainda bem que o Uberaba safou-se daquele cu de boi na área”...

O cronista esportivo Ramon Franco Rodrigues, o jornalista Luiz Gonzaga de Oliveira e o colunista Ataliba Guaritá Neto

Foto:Autoria desconhecida - Década de 60.


Ramon tinha três paixões esportivas: Fabricio, Uberaba e Botafogo (RJ) .No “morto” estádio “Boulanger Pucci”, qualquer jogo, o árbitro marcasse falta contra o Uberaba, microfone na mão, o estádio inteiro ouvia:-“ Juiz Ladrão ! Sem vergonha ! Pega esse soprador de apito” , ”Safado”... tá roubando contra o Uberaba! “... Xingatório que não acabava...

Com o advento da TV-Uberaba ( também virou cinzas...), Ramon, era um dos comentaristas, ao lado de Netinho, Farah e Jorge Zaidan, equipe que tive a honra de dirigir. O programa “ Papo de Bola”, era a coqueluche dos telespectadores. O Papo” ir ao ar, ao vivo, (não tinha chegado a época do “vídeo-tape”), após o grande sucesso de audiência que era “ Nico Trovador” ,de saudosa memória...

Certa vez, começamos o programa. Sem Ramon. Apenas Farah Zaidan e eu. De repente, passos apressados, entra Ramon, esbaforido, quase ofegante e senta-se ao nosso lado. Perguntei-lhe:- “Tudo bem, mestre ?”

-“Bem nada!”, respondeu nervoso, semblante carregado. “Desculpe o atraso. Alí na general Osório, um caminhão bateu num carro e embucetou todo o trânsito e eu atrasei”, desculpou.

Farah Zaidan, ao ouvir a “ explicação”, escorregou da cadeira, foi para debaixo da mesa e saiu de “fininho”, rindo escancaradamente. Fiquei “firme”, “segurando” o programa. Quando olhei, ”Zé do Socorro”, cenógrafo,” Alemão”, o câmera e o Wanderley Alves, que dirigia o programa do “switch”, sumiram dos seus postos.... Ramon , quando percebeu a balbúrdia no estúdio, tentou “ consertar”:- “Calma pessoal, quando eu falei embocetar, foi no bom sentido!”....

A TV ficou quase 5 minutos com o “slide” e a equipe em gargalhadas homéricas ...
Ramon Franco Rodrigues, descansa no céu, à direita de Deus Pai Todo Poderoso .


Luiz Gonzaga Oliveira

Diretoria do Uberaba Tênis Clube

Diretoria do Uberaba Tênis Clube



Mandato de 1964 a 1968



Presidente: Valdir Rodrigues Vilela

            Diretores 


Em pé (esquerda para direita)

Mauricio de Oliveira

Ari Rossi

João Hercos Filho

Antonio Fontes Júnior (Tonico)

Luiz Guimarães

Reynildo Chaves Mendes



Assentados (esquerda para direita)


Enio Bruno

José Ferreira Bruno

Valdir Rodrigues Vilela (Presidente)

Fernandino Rodrigues Vilela

Afrânio Machado Borges



Foto: Schroden Jr.

(Foto do acervo pessoal de Valdir Rodrigues Vilela).