O rádio é o mais tradicional veículo de comunicação, mesmo com o advento de outros poderosos meios de visualização dos fatos “ in tempore”, realmente espantoso. O mundo, segundo Mc Luhan, se tornou uma “ aldeia global”. Um chute mal dado num campo de terra na Cracóvia, se noticia, é visto no mundo inteiro. Um afogamento no Afeganistão, é mostrado, rapidamente, em todo o mundo. Uma geleira que despenca o bloco , em Bariloche, em segundos, é vista no universo. E por aí, vai...
Só que o rádio não morreu. É o nosso eterno companheiro de todas as horas. No quarto, no banheiro, no carro, é imprescindível. Dia e noite. Pela manhã, ou fim de tarde. No ar, na terra, no mar. Ouvindo música, noticia, no imediatismo da imagem, principalmente em Copa do Mundo, ouvindo as “ baboseiras” dos Galvão Bueno da vida, confesso, tenho imensa saudade das narrações vibrantes de Jorge Curi, Antônio Cordeiro, Waldir Amaral , Oduvaldo Cozzi, Pedro Luiz, Edson Leite, Fiori Giglioti, Luciano do Vale, Jairo Anatólio, apenas à citar os “ grandes” do nosso rádio esportivo. Na santa terrinha, os exemplos são muitos: Ataliba Guaritá Neto ( Netinho), Leite Neto, Farah Zaidan, Nilton Foresti, João Cid e ainda em ação, David Augusto e o ótimo Moura Miranda. A obviedade dos “narradores de TV”, é “dose”...
O rádio, hoje, é comercial-musical .Deixou de ser artístico-critico-opinativo. Virou “ vitrolão”... O sertanejo tomou conta, sem contar com os grandes apresentadores de ontem e que fizeram história nas emissoras da terrinha. Toninho e Marieta, Edinho Quirino, Nhô Bernardino, Jesus Manzano, Edson Luis, deixaram gravados, indelevelmente, na memória de todos nós, suas vozes saudosas, suas histórias, seus cantores, músicas e duplas prediletas. O rádio sertanejo da época, era o único meio de comunicação entre o campo e a cidade. O serviço de utilidade pública proporcionado é sempre lembrado. Até hoje...( sua bênção, Nhô Bernardino...)
Um animador sertanejo marcou época na terrinha: Orlando Nascimento, na falecida P.R.E.- 5, usava o pseudônimo “Terenço” .Foi o primeiro apresentador de programa” caipira” aqui nas nossas bandas. “Tipão” roceiro, linguajar idem , era também um excelente e divertido humorista. Lembro-me de uma “historinha” que gostava de contar, de manhãzinha ,na rádio:
-“Rico fazendeiro em Jataí (GO), grande produtor leiteiro, o seu rebanho “pegou” uma doença que ninguém descobria o que era. Soube ,através de um amigo que, em Rio Verde (GO), ali pertinho, tinha um “ benzedor” que curava toda e qualquer doença em animais. Mais que depressa, mandou buscar o “benzedor”. Na fazenda “ 3 Potes”, ao ver o gado morrendo, fez uma única exigência. Só iria “benzer” e “ curar” o gado, se a esposa do fazendeiro ficasse “pelada” com ele, sozinhos, num quarto. Pensando mais no gado, que na mulher, o fazendo concordou. Mas, desconfiado, ficou com o ouvido colado à porta. No quarto escuro, começou a ouvir :
-“Passo a mão no seu pé e curo o boi café”..
-“Aliso sua canela e saro a vaca amarela “
-“Esfrego a mão no seu joelho e curo bezerro coelho “...
-“Passo a mão nas suas coxas , logo fica boa a vaca roxa”...
-“Massageio a sua virilha e levanto a bezerra “maravilha”...
Mal o “benzedor” acabou de falar, o fazendeiro, vermelho de raiva, abriu a porta e deu o seu recado:
-“Moço, já tá muito bão .Pode deixar morrer o boi zebu e a vaquinha “borboleta”...
“Terenço”, contava a “estória” e dava sonoras gargalhadas no microfone ...
“ Marquez do Cassú’