quarta-feira, 4 de abril de 2018

Crispiniano Tavares, primeiro proprietário da famosa chácara, conhecida como Quinta da Boa Esperança

Quinta da Boa Esperança

Localizada na Rua João Modesto dos Santos – Bairro Estados Unidos.

Crispiniano Tavares, primeiro proprietário da famosa chácara, conhecida como Quinta da Boa Esperança, localizada no Bairro Estados Unidos, em Uberaba, nasceu em Ilhéus, na Bahia, em 28 de outubro de 1885. Fez seus estudos iniciais no Rio de Janeiro e diplomou-se como engenheiro pela Escola de Minas de Ouro Preto. 

     Casou-se com Antônia Paula Felicíssimo e, em viagem de núpcias ao Rio de Janeiro, visitou o Imperador D. Pedro II e o agradeceu pelo custeio de seus estudos. 

Profissionalmente redigiu relatórios técnicos sobre riquezas minerais e tipos humanos e de animais. Foi agrimensor, topógrafo, fiscal da empresa Catalão, conhecida como Estrada de Ferro Mogiana, em Uberaba. Escreveu contos e retratos do homem sertanejo. Realizou experiências no campo da fitologia e da zoologia, além de estudos de geologia e mineração no Estado de Goiás. Professor de física e química agrícola no Instituto Zootécnico, de Uberaba, primeira escola de ensino superior no Brasil Central. Combateu as queimadas dos campos. Publicou artigos na revista de Engenharia do Rio de Janeiro. Seus trabalhos serviram de modelo ao geógrafo norte-americano Orvilhe A. Derby, ao tratar dos picos mais altos do Brasil. Editou o jornal Minas Ativa. Foi poeta e primeiro contista do Brasil Central. Estudou folclore, exerceu o jornalismo e era um administrador capacitado. 


Em Uberaba, sob o auspício de amigos locais, a Livraria Século XXeditou sua obra Contos Inéditos. Seus contos abordam temas regionais, narrativas de fatos reais, autobiográficos, temáticos de nítida produção e inspiração religiosa. 

Em sua homenagem foi editado o livro Crispiniano Tavares, por Basileu Toledo França, na cidade de Goiânia. 


Em 1900, foi eleito como 2º secretário do Partido Monarquista de Uberaba. 

Crispiniano residiu muitos anos em Uberaba, exercendo o cargo de engenheiro fiscal da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro. 


Contribuiu com seus conhecimentos técnicos e atuação profissional para o progresso geral da cidade, tanto no Instituto Zootécnico de Uberaba, onde foi professor, quanto como proprietário rural da Quinta da Boa Esperança. Esta era considerada modelo em Minas Gerais, pela sistemática avançada no tempo, tanto pela criação do empreendimento quanto pela administração adotada. 


Em 1887, Crispiniano Tavares iniciou a construção da chácara Quinta da Boa Esperança, situada nas nascentes de um dos córregos que banham Uberaba e à margem do traçado da via férrea Mogiana, distante 1.500 m do centro da cidade. 


A chácara era de grandes dimensões, cujo embrião ficava no final da Rua Marquês do Paraná, descendo, contornava a pequena chácara de Carlos Carrara, atualmente Instituto de Cegos do Brasil Central, descia a rua até a Praça da Gameleira e contornava a antiga chácara do Padre Zeferino – esquina da Rua Artur Machado com Odilon Fernandes – e chegava até a Rua da Pinga – atual Rua João Pinheiro –, depois subia até a atual Mogiana, dobrava a direita, contornava a Chácara dos Eucaliptos, que também a integrava, e finalmente, em direção a Rua Professor Terra e voltava ao ponto de saída. 


O projeto da Quinta da Boa Esperança foi elaborado pelo proprietário Crispiniano Tavares, seguindo rigorosas normas técnicas conhecidas por ele. Traçou intermináveis avenidas de mangueiras, que se estendiam até a Rua Marquês do Paraná, onde se localizava a entrada social e comercial. A outra entrada da chácara era perto da Gameleira, utilizada pelos carros de bois e carroças. 


O construtor responsável pela edificação do chalé foi o italiano João Magne. 


Mais tarde, Manoel Marinho, português, artista que construiu muitos passeios e edifícios da cidade, modificou o chalé dos Tavares. 


Para combater as erosões na propriedade, Crispiniano Tavares construiu muros de arrimo de pedra tapiocanga por toda a extensão das áreas cultivadas, que iam da chácara de Miguel Laterza e Carlos Carrara até o estradão que hoje é a Rua Professor Terra. 


Em seu vasto pomar que formava um bosque, continha uma infinidade de espécies de árvores frutíferas como mangueiras, laranjeiras, jabuticabeiras, cajueiros, pessegueiros, damasqueiros, pinheiras, figueiras, abacaxizais, etc. Destacavam-se as plantações de vinheiras que permitiram a produção de grande quantidade de suco de uva; havia quarenta e quatro qualidades de parreiras, inclusive as enxertadas, como Moscatel Preta de Alexandria, a melhor de todas; a Chasselat Dorée; a Franquenthal; a Sabacknskoy, e muitas outras, excelentes para mesa. Para o vinho cultivavam as Delaware, Cynthiara, Tenerou, Olivette, Fernando Lesseps, Niágara, Colden Queen, Grass Colman e muitas outras. A qualidade da uva Isabela era a mais apreciada para a mesa, de sabor agradabilíssimo e o vinho se igualava aos melhores estrangeiros que existiam no comércio. As videiras recebiam tratamento especial. Em pequena escala fabricavam o vinho de caju, considerado delicioso. 


Além das frutas, cultivava cana-de-açúcar, arroz, algodão e café. O cafezal se destacava com muitos pés, cuja safra era muito produtiva. Produzia-se também grande variedade de horticultura. 


A pastagem abrigava muitos animais e o engenho de ferro era movido à tração animal e não utilizava a água como força motriz. Ali fabricavam pinga, rapadura e açúcar redondo. 


A Quinta da Boa Esperança faz parte dos elementos que muito têm concorrido para o progresso e desenvolvimento da Nossa Princeza do Sertaneja. (...) tem crescido e desenvolvido extraordinariamente, tanto em produção agrícola como industriais, conquistou devido aos esforços e a inteligência de seus ilustres e dignos proprietários, um logar saliente entre os estabelecimentos agrícolas do nosso Estado.[1]


Crispiniano Tavares aproveitou as três nascentes d’água e edificou a fábrica de farinha, de vinho, a sede da chácara e a casa dos funcionários. 


Havia um grande manancial de água que gerava a vida na chácara e irrigava as jabuticabeiras, as hortas e jardins. As minas de água forneciam água para moradores do Alto dos Estados Unidos. 


O jardim da frente do requintado chalé em que habitavam Crispiniano Tavares e sua família era pequeno, porém lindo, composto de variadas flores, sobressaindo as camélias, os belíssimos cravos, os ranúnculos, as anêmonas, os crisântemos, as magnólias, as tulipas e diversas espécies de rosas e palmeiras. As paineiras enfeitavam a avenida principal da chácara que era considerada uma maravilha e valorizada como um dos mais luxuosos jardins de Uberaba. 


Os leões, estátuas que guardavam a entrava da casa foram esculpidos por Crispiniano Tavares e as colunas do chalé foram feitas de ferro fundido na fábrica de Sorocaba, no Estado de São Paulo. 


Na chácara se localizava o campo de futebol dos ferroviários da Mogiana. 

A serraria denominada Santos Guido se localizava onde hoje é o Jardim Sete Colinas, isto porque, Jesuíno cedera o terreno a Santos Guido e a Gustavo Rodrigues da Cunha. 


O interior da casa era muito requintado e utilizavam porcelana francesa. 

O chalé recebeu homens ilustres da época, como: conde D’Eu, Dr. Rebouças, Afonso Rato, João Teixeira, conde Afonso Celso e outros. 


Os primeiros loteamentos em Uberaba foram feitos por Crispiniano Tavares nos terrenos da chácara, seguindo as normas técnicas exigidas. 


Na chácara havia três casas de funcionários. Uma ficava perto da porteira da atual Avenida Jesuíno Felicíssimo. A outra, um barracão que era um rancho muito grande que abrigava em torno de dez famílias, parecia uma senzala; e a outra casa ficava perto de um bosque. 



Os empregados da chácara, em sua maioria, eram imigrantes italianos, muitos baianos e poucos negros. Estes trabalhavam uma jornada em torno de onze horas por dia. 


Os trilhos da Mogiana cortavam pelo interior da chácara em longo trecho, pois saíam da atual Rua Menelick de Carvalho em direção da Estação Amoroso Costa. 


A chácara era administrada e seguia um projeto técnico, o que resultou em enorme produção e fama. A produção agrícola foi muito significativa, com hortas, pomares, enormes cafezais e vinhedos. A produção industrial era de grandes variedades de vinho e doce, pingas, rapadura e laticínios. Dessa forma, conquistaram um lugar de destaque entre os estabelecimentos agrícolas do Estado de Minas Gerais. Os vinhos produzidos na Quinta da Boa Esperança tornaram-se famosos em grandes centros, como o Rio de Janeiro, São Paulo e demais lugares. Também produziam álcool para o consumo. 


Margeando o córrego da chácara encontrava-se espesso bambuzal, contendo magníficas espécies: comuns, indiano, imperial e africano. 


Havia dois bosques de árvores de lei, como jequitibás, aroeiras, cedros, amburanas, todos formando um pequeno patrimônio ecológico. 


Após a morte de Crispiniano Tavares, em Rio Verde, Goiás, no ano de 1910, ficaram muitas dívidas em Minas Gerais e Goiás e sob a ameaça de insolvência, a chácara foi a leilão por volta de 1910. Entretanto, o cunhado Jesuíno de Paulo Felicíssimo a arrematou e permitiu que a viúva de Tavares, Antonia Paula Felicíssimo, continuasse a administrar a famosa Quinta, onde impôs um regime matriarcal continuando a funcionar como no tempo do seu marido, isto é, a mesma estrutura administrativa, as produções caseiras e industriais. 


Após a morte da viúva de Crispiniano Tavares, se extinguiu o período de esplendor de uma época com requintes, o gosto por hábitos nobres e o modismo da Corte. 


A Quinta continuou a ser administrada por seu proprietário Jesuíno de Paulo Felicíssimo, que aproveitou os recursos das fontes d’água, dinamizando o abastecimento de água na cidade, construindo tanques e caixas d’água em níveis que permitam o abastecimento em bairros distantes. Depois a Prefeitura montou seu serviço de água e não quis aproveitar a tubulação de ferro. Consequentemente, Jesuíno arrancou-a e a vendeu em São Paulo. 


Em 1936, Jesuíno faleceu na cidade de São Paulo. 



Assumiu a direção da Quinta, José Crispiniano Pupo Felicíssimo, conhecido popularmente como “Bacuri”. Este apelido ganhara quando era jogador de futebol. Fez demolir o engenho, a fábrica de vinho, a casa de farinha; perderam-se as videiras e um dos bosques naturais desapareceu. Os loteamentos idealizados por Crispiniano Tavares, no Alto da Boa Vista, se intensificaram, entre pastos, capinzal, bosque e área cultivada. 

Com o falecimento de “Bacuri” os herdeiros da chácara transfere o imóvel para dois dos dez irmãos de Felicíssimo. Um deles foi Jesuíno Felicíssimo Júnior, geólogo, ex-presidente do Instituto de Geologia de São Paulo, autor de obras importantes. 


Depois a chácara foi vendida para José Elias que faleceu no ano de 2002 e atualmente os herdeiros são os proprietários. 



OS ANTIGOS VINHEDOS DE UBERABA 



Segundo Hildebrando Pontes, Uberaba foi um centro viticultor bastante adiantado. 



Inicialmente, as vinhas foram cultivadas na antiga vila de Desemboque, onde cultivou a casta “Izabel”. 



Em 1828 ou 1830 o padre Zeferino Batista plantou em sua chácara as primeiras mudas de vinha cuja sede ficava na antiga Rua do Comércio – atual Rua Arthur Machado, João Pinheiro, Praça da República – atual Praça Afonso Pena, Estação da Mogiana e Quinta da Boa Esperança. Foram fabricados milhares de litros de vinho tinto, do qual algumas garrafas foram levadas à Corte Imperial, onde era muito apreciado. 


Posteriormente, o capitão Thomaz José de Miranda Porto e, depois, sua viúva Sebastiana Maria do Espírito Santo, cultivaram vinhedos na Rua Major Estáquio. 


Também era cultivada pelo alferes Marinho da Silva Oliveira na chácara Marinhão, depois Dore, e finalmente, Manteiga. 



Em 1877, era raro o quintal em Uberaba em que não houvesse um plantio de vinhedos. 


O major Joaquim José de Souza Maurício transferiu-se para Uberaba e iniciou o seu vinhedo na Rua Direita, hoje Rua Vigário Silva, e industrialmente iniciou a fabricação de vinho e fornecimento das frutas aos vinicultores que produziam superior vinho comparado ao nacional. 


Um fato interessante ocorreu em 1895, quando um inseto, ophilloxera vastatrix acometeu as paineiras e só foi exterminado após destruir as vinheiras de fraca resistência, só salvando as parreiras da espécie Isabel, mais resistentes a philloxera. Após isso, muitos viticultores desanimaram e abandonaram por completo esse lucrativo ramo da agricultura. 


Pesquisa e texto: 

Marta Zednik Casanova 

Superintendente do Arquivo Público de Uberaba 




BIBLIOGRAFIA 


ALMANAQUE UBERABENSE. Uberaba, 1903. Livraria século XX, Uberaba, organização: Diocléciano Vieira e Arédio de Sousa. 

ALMANAQUE UBERABENSE. Uberaba, 1904. Livraria século XX, Uberaba, organização: Diocléciano Vieira e Arédio de Sousa. 

JORNAL LAVOURA E COMÉRCIO. Uberaba, 07/03/1985, p. 5. 

JORNAL LAVOURA E COMÉRCIO. Uberaba, 08/03/1985, p. 5. 

PONTES, Hildebrando. Manuscritos. Departamento Privado. Arquivo Público de Uberaba. Pasta nº- 101. 

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1970. 


[1] Almanaque Uberabense. 1904, p.171. 



segunda-feira, 2 de abril de 2018

Em uma demonstração de Judô com Sérgio Leite Neto e Tranquilo Baliana

Sérgio Leite Neto e Tranquilo Baliana


Centro Educacional e Desportivo de Judô Oriente 

Foto do acervo pessoal de Tranquilo Baliana

Chico Xavier

Chico Xavier


Nascido em Pedro Leopoldo-MG, em 02 de abril de 1910, Chico Xavier foi batizado com o nome de Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento.

Em 1966, mudou, oficialmente, seu nome para Francisco Cândido Xavier quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos.

Escreveu mais de quatrocentos livros, mas nunca admitiu ser o autor de nenhuma obra, pois insistia reproduzir apenas o que os espíritos ditavam. Nunca aceitou o dinheiro lucrado com a venda de seus livros, doando os direitos autorais para a FEB – Federação Espírita Brasileira.

Parnaso de Além-Túmulo, o seu primeiro livro com 256 poemas atribuídos a poetas mortos, foi publicado, pela primeira vez, em 1932.

Psicografou mais de quatrocentos livros. Vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, esperanto, francês, alemão, italiano, russo, mandarim, romeno, sueco, grego, húngaro, braile, e etc..

Psicografou cerca de dez mil cartas “de mortos para suas famílias”, nunca tendo cobrado por isso. As cartas eram tidas como psicografias autênticas pelos familiares e algumas chegaram a ser aceitas como provas em casos de julgamentos jurídicos.

Sua entrevista, ao vivo, cedida ao programa Pinga-Fogo da TV Tupi, em 28 de julho de 1971, conseguiu a maior audiência da história da TV brasileira.
Ao longo de sua vida, Chico Xavier recebeu o titulo de cidadania em aproximadamente 80 cidades brasileiras;

Foi homenageado em filmes e documentários como: “Chico Xavier – O Filme”, “As Mães de Chico Xavier” e “100 Anos com Chico Xavier – Gratidão e Homenagem”;

Cantores como Roberto Carlos, Gilberto Gil, Fábio Júnior, Moacir Franco, Nando Cordel, Vanusa e Lucas e Luan, compuseram músicas em sua homenagem

Em 1981 foi indicado para o Premio Nobel da Paz;

Em 1999, o Governo de Minas Gerais instituiu a “Comenda da Paz Chico Xavier”, lei do Deputado Estadual Paulo Piau, atual prefeito de Uberaba-MG – condecoração que é outorgada anualmente a pessoas físicas ou jurídicas que trabalham pela paz e pelo bem estar social;

Em 2000, Chico Xavier foi eleito o “Mineiro do século XX”; por um concurso popular realizado pela Rede Globo de Minas Gerais, tendo vencido com 704.030 votos;

Após Chico Xavier falecer, a casa onde ele morou entre 1948 e 1959 e a casa em que ele morou entre 1959 e 2002 foram transformadas em museus sem fins lucrativos, em referência a sua vida e obra, e o interior da Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo, local onde ele trabalhou como datilógrafo entre 1930 e o final dos anos 50, também foi transformado em um memorial em sua homenagem;

Em 2006, em uma votação popular promovida pela Revista Época, Chico foi eleito o “O Maior Brasileiro da História“;

Em 2009, a Lei nº 12.065 deu o nome “Chico Xavier” ao trecho da rodovia BR 050, entre a divisa dos Estados de São Paulo e Minas Gerais e a divisa dos municípios de Uberaba e Uberlândia;

Em 2010, o Correio Brasileiro lançou o selo e o cartão postal comemorativo em homenagem ao centenário do médium. No mesmo ano, a Casa da Moeda do Brasil lançou a “Medalha Comemorativa do Centenário de Chico Xavier”;

Em 2 de abril de 2010, data em que Chico completaria 100 anos, estreou, nos cinemas, “Chico Xavier – O Filme”, baseado na biografia “As Vidas de Chico Xavier”, do jornalista Marcel Souto Maior, dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho. Nesse filme, Chico Xavier é retratado pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922 – 1931 a 1959 e 1969 a 1975. O filme alcançou a marca de mais de 3,5 milhões de espectadores nos cinemas;

Em Outubro de 2012, no programa “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”, transmitido pelo SBT, Chico foi eleito, por voto popular, como “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos“. Na semifinal do programa, disputou com Ayrton Senna, venceu com 63,8% dos votos. Na final do programa, Chico disputou com Santos Dumont e Princesa Isabel, vencendo com 71,4% dos votos. Esse programa foi ao vivo e o repórter Saulo Gomes foi quem defendeu Chico, com embaixador nomeado pelo SBT.
Em 2012, recebeu homenagem póstuma do Sport Club Corinthians Paulista – como torcedor nº 000326 – Semper Fidelis.

Chico Xavier desencarnou, em Uberaba, em 30 de junho de 2002, com 92 anos de idade.

O Memorial Chico Xavier é uma obra construída pelo Instituto Chico Xavier e a Prefeitura de Uberaba-MG, em homenagem a Chico Xavier, para que sua história seja perpetuada.

sábado, 31 de março de 2018

UBERABA DE ONTEM


João Eurípedes Sabino(*)               

Eu não sabia Uberaba

Que dentro do meu peito mora

Uma paixão por você incontida

E ao vê-la sendo ofendida

Minha alma sofre e chora

Ah! Se eu tivesse o poder

De juntar todos os filhos seus

De mãos dadas faríamos um cordão

E unidos pela mais pura emoção

Realizaríamos um dos sonhos meus

Sonho em revê-la pujante

Ouvir alto sua voz hoje calada

Vê-la como em épocas de outrora

Exercendo o que este seu filho rememora:

A sua liderança que era consagrada

De quem é a culpa pelos seus retardos?

Se todos falam que a querem bem

Certos filhos dizem que amam os pais

Mas no fundo os renegam e tudo mais

Você Uberaba, padece disso também?


(*)- Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro sediada em Uberaba-Minas Gerias–Brasil.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Nota histórica lamentável - Demolida a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote



Foto: Antonio Carlos Prata

Lá se vai mais um pedaço da história de Uberaba. Demolida a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote.
A casa estava localizada na rua José de Alencar ,376, antigo 68. Era a última casa daquele estilo no bairro São Benedito e uma das últimas de Uberaba. O presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro e do Fórum dos Articulista de Uberaba e Região, e que escreveu um livro sobre o Zote, João Eurípedes Sabino , diz que não bastaram as gestões que fizeram junto ao CONPHAU e aos proprietários da casa. "Não divulgarei aqui as manifestações da legião de amigos, residentes no Brasil e mundo afora, cujas raízes estão em Uberaba. São tantas que as guardarei como prova de que Zote habita a memória e o imaginário dos seus conterrâneos ou não. Naquela casa então de Bento Eduardo da Silva Polveiro e depois Osório Adriano da Silva, nasceu no dia 23/02/1923, há 95 anos, o menino que por ser meio parvo e genial, recebeu o apelido de Zote. Era a última casa daquele estilo no bairro São Benedito e uma das últimas de Uberaba(!!!) Para onde vamos senhoras autoridades responsáveis? A palavra não é mais minha. 

Foto:João Eurípedes Sabino

Local da barbárie: rua José de Alencar, 376, antigo 68.

Neste momento está sendo perpetrado um crime contra o patrimônio histórico de Uberaba: a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote- 
está sendo demolida. Não bastaram as gestões que fizemos junto ao CONPHAU e aos proprietários da casa. Ela está indo ao chão e junto vai uma parte da história. Ali nasceu o uberabense que Uberaba nunca esquecerá.

Eis o que sobrou da "Casa onde Zote nasceu". Foto:João Eurípedes Sabino


Aos que primaram pela omissão os nossos "parabéns".

Por que esse meu apego com algo material? É que a história não me perdoará, se de braços cruzados eu permanecer: Quem não preserva o passado não terá futuro”. Eis a questão", finalizou João Sabino.




quinta-feira, 29 de março de 2018

O GABINETE DO DR. CALIGARI

Arte Expressionista

Guido Bilharinho



Após sua invenção, em 1895, não tarda muito, no cinema, a realização de bons filmes e, ainda, o aparecimento de movimentos ou tendências coletivas, refletindo em suas produções, correspondente orientação estética.

         O primeiro a surgir com mais consistência (depois do film d’art francês e do realismo e da vanguarda italianos), é o expressionismo alemão. Tendência comum a todas as artes, tem em Schoenberg, compositor austríaco, e Kandinsky, pintor russo, alguns de seus mais relevantes representantes nessas áreas.

         A temática - fantasmagórica - centra-se em torno das manipulações procedidas pelo dr. Caligari em Cesare, misto de personagem diurno de feiras e perigoso assassino à noite. A narrativa é comandada por um louco, para quem os internos do sanatório são os seres normais, circunstância que encontra similitude, embora em contexto, fatos e situações totalmente diversos, no romance A Lua Vem da Ásia, de Válter Campos de Carvalho (Uberaba, 1916 - São Paulo, 1998). Ao final, imaginação e realidade fundem-se na mente alucinada do narrador.

         Pode-se aduzir que essa temática, sua condução e detalhes servem apenas de veículo a expressões formais, à elaboração e construção de obra de arte estetizante, que somente enfatiza as propriedades visuais da imagem.

         Se desligado o tema da perspectiva geral do filme pode-se ser levado, em análise fracionada, a considerá-lo mero exercício escapista. Contudo, não o é. Conquanto o expressionismo destaque os aspectos formais, o conjunto fílmico apresenta-se como obra abrangente visando o prazer estético, finalidade da arte.

         O décor - equivalente ao cenário no teatro - sintetiza, na prática, as teorizações expressionistas de cinema. No filme, destaca-se juntamente com a direção e interpretação dos atores, que se apresentam integrados, sendo o décor concebido objetivando a simbiose - que consegue - com o clima e a ambiência sugeridos ou exigidos pelo tema.

No cinema, esse movimento encontra campo propício para propagação na Alemanha do primeiro pós-Guerra. Emergindo derrotado de conflagração bélica de largas proporções - a maior havida até então - o país atravessa período de instabilidade e de crise econômica e social. A realidade crua, a fermentação do ódio, do revanchismo, da propaganda bélica e a censura oficial drástica e severa mergulham os intelectuais e artistas germânicos em perplexidades. Para muitos, o expressionismo não passa, então, de evasão a essa realidade perversa.

         De fato, tal tendência orienta-se no sentido de permitir ao artista as mais incontroláveis (e livres) incursões no mundo do imaginário, dos sentimentos e das emoções. É-lhe propiciada, pois, a mais ampla liberdade de expressar qualquer ideia desvinculada da realidade concreta. Nessa linha conceitual, a visão pessoal expressiva do artista sobrepõe-se a valores, juízos e verdades objetivas - ou tidas como tais - para incursionar pelo universo do arbitrário, do irreal, do abstrato e do puramente especulativo.

         Por isso, os filmes expressionistas alemães não apresentam temática emergida do contexto social, não tendo, pois, seu conteúdo significado circunstancial.

         Entre os maiores, quando não o maior e mais significativo espécime cinematográfico do gênero, está O Gabinete do Dr. Caligari (Das Gabinette des Doctor Caligari, Alemanha, 1919), de Robert Wiene (1881-1938), que é, também, uma das obras-primas do cinema.

         A única limitação do filme, que o é, de maneira geral, do cinema de então, reside na falta de mobilidade da câmera, cujas possibilidades e virtualidades ainda não estão, à época, de todo antevistas e/ou utilizadas.


(do livro Clássicos do Cinema Mudo. Uberaba,
Instituto Triangulino de Cultura, 2003)

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional.




terça-feira, 20 de março de 2018

A Bolsa da Dona Lucília

Autor: Marco Túlio Oliveira Reis 

Companheira inseparável, guardiã de tantos segredos,
Um anel antigo, uma luva, o retrato de um amigo. 
O orgulho ferido, a dor e o esquecimento.
Um recorte de jornal e uma sobra de tempo 

Um endereço escrito, um panfleto,
Se sobra dinheiro, batom e verniz para as unhas,
A cópia de um discurso, a receita de um bolo,
Tanta coisa na bolsa, tanta esperança, nenhum consolo.

O título de eleitor amarelado,
A caneta que assinou a posse,
As dores de um tempo florido.

Trocados pro ônibus, 
Uma carta, alguns rabiscos.
Tantas lembranças e o desejo de ser feliz.

quarta-feira, 14 de março de 2018

BLOG EDITORIAL - UM LIVRO POR MÊS


Guido Bilharinho 

Um livro por mês


(*) Advogado atuante em Uberaba; editor da revista internacional de poesia Dimensão, de 1980 a 2000 (revistadepoesiadimensao.blogspot.com.br), e autor de livros de literatura, cinema e história do Brasil e regional, publicando desde setembro último um livro por mês no blog:https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

terça-feira, 13 de março de 2018

A IMPRENSA DE UBERABA

O termo jornalismo é relativamente moderno. A sua história é muito antiga e confunde, invariavelmente, com a imprensa, desde quando Gutemberg aperfeiçoou a técnica de reproduzir textos escritos ao uso de tipos móveis. As publicações eram distribuídas pelos governos , dando conta de suas atividades administrativas. Quando os líderes políticos perceberam a penetração e o enorme poder que as “ folhas” impressas tinham para influenciar a população, foi aquela “ enxurrada “ de publicações por parte das facções políticas. No século passado, o jornalismo e as técnicas de comunicação e informação evoluíram de uma forma espantosa e teve efeito duradouro.

Uberaba absorveu e tem jornais, há mais de século. Orlando Ferreira,”Doca”, uma das mais expressivas figuras do jornalismo em todos os tempos na terrinha, detestava o jornal “Correio Católico “, a serviço da Igreja Católica, religião que ele abominava. Sobre o outro jornal, o “ Lavoura e Comércio “, chamava-o de “ órgão oficial do município “ ( tal e qual como hoje ? sei lá...) .Criticava a dubiedade de opinião do jornal “ do Quintiliano (Jardim) que, segundo ele, chegava às raias do absurdo. Em “ pílulas”, denunciava fatos da cidade; do outro lado, encobria- os se se referissem aos “ figurões” da terrinha... 

Os jornais, hoje, não se preocupam em escrever “ editoriais” que reflitam a opinião do veículo. Formadores de opinião, praticamente não existem a não ser alguns “ colaboradores” , que, semanal ou quinzenalmente, ocupam esse espaço. E só. Nenhum uberabense levantou a voz , lastimou e muito menos perguntou, o “ porquê” , deixaram de circular , a “Gazeta de Uberaba”, o “Lavoura e Comércio”, “ Vox “, ‘Correio Católico” e “Cidade Livre”. “Doca”, deve ter ficado triste em saber que eles não mais circulam. Pasmo ainda, se soubesse que as rádios P.R.E.- 5 , Difusora e Uberaba, deixaram de funcionar. A TV- Uberaba, a primeira e única geradora de TV, genuinamente uberabense, desapareceu. “Doca”, por certo, espumaria no canto da boca, ao saber que ninguém , políticos de proa da cidade, chorou uma única lágrima ( ainda que de crocodilo, falsa, covarde ) por perdas tão sentidas... As duas principais redes de TV do Brasil, instalada na cidade, ocupam pequenos espaços com noticias da terrinha. Nunca se aprofundam em saber dos nossos problemas, das nossas dificuldades. Querem apenas o dinheiro da publicidade dos nossos empresários..As emissoras de rádio...bem..ou “ toca” música jovem ou as tão em moda, o gênero sertanejo. Nada mais... 

A imprensa local vive de pequenos registros. É um tal de “morde e assopra” que espanta. Vivemos em tamanho servilismo nos meios de comunicação que vou te contar...Estamos vivendo a época que “ não se vende espaço, mas, opinião”. Já comentei e volto a repetir : o uberabense gosta mesmo é de ler coluna social. Os “ endinheirados”da terrinha,o pessoal da “ diretoria”, mostram-se em fotos, gozando as delicias “ lá de fora” ... A “ pobreza”, coitada, contenta-se com o reverso da medalha: manchetes com ladrões presos, seqüestros, acidentes de trânsito, bandidos drogados e assassinatos na periferia.... 
Que Nossa Senhora da Abadia, padroeira da santa terrinha, tenha pena do nosso povo “ Marquez do Cassú”.

Benedito Sebastião de Sousa Coelho, o Pelé do Mercado

Bicicleta do  Pelé do Mercado

Informação geral sem cunho político: a bicicleta da foto está exposta na entrada do Shopping Uberaba ao lado da Loja Riachuelo. 

Ela é uma das que pertenceram ao senhor Benedito Sebastião de Sousa Coelho, o Pelé do Mercado. No dia 15/04/2012 o vereador Luiz Humberto Dutra lhe fez esse presente sob aplauso geral na porta do Mercado. Em seguida pedi ao público que déssemos algo a mais ao querido Pelé depois de trabalhar ali por mais de 50 anos sem emprego fixo: A SUA APOSENTADORIA. Dois meses depois o deputado Adelmo Carneiro conseguiu lhe aposentar. Senhor Pelé ganhou para sempre algo especial: o respeito e o carinho de toda Uberaba!

João Eurípedes Sabino

UBERABA DE MINHA INFÂNCIA

Madrugada. Ao longe os grunhidos de um cão quebram o silêncio da noite enluarada. Acordo. Abro a janela e vejo, no céu de nuvens tartamudas, a lua cheia triunfante no espaço sideral que Deus lhe reservou. Os prédios e árvores mais altos quebravam os raios auríferos que banhavam nossa Uberaba no seu natalício. 

Não sei como ou siquer porquê mas, lentamente, desprende-se de meu corpo a alma, quem sabe o espírito ou apenas a mente e vai se misturando às ruas, praças, à cidade enfim. Encontro-me com o passado em épocas diferentes naquele passeio cósmico nos locais onde passei minha infância e juventude. As saudades estão guardadas silenciosamente em minha memória.

Inicio a jornada a bordo da Rede Mineira de Viação no trecho Amoroso Costa estação da Rede que ficava onde hoje se ergue a Rodoviária. Os trilhos na rua Cel Joaquim de Oliveira Prata, a fumaça estonteante, as brasas entrando pelas janelas e lá fora poucas casas, além do apito estridente e prolongado: assim era a chegada de quem vinha da capital montanhesa, após mais de 30 horas. Chego à estação e, em frente, vejo o Prado. Enorme arquibancada servia aos aficionados em corridas a cavalo. Desativado, passou a receber alunos após as aulas para um futebol animado. Me vi ali com o Erasto, o Luiz Humberto, Milberto Scaf, Antônio Franco, Hely Tarquínio, Luiz Hueb, Ildeu Bertoldi, Lester, Nilo, Adalberto, Romes Castanheira e tantos outros colegas do Colégio Triângulo.

Saindo do local dirijo-me ao mangueiral que havia na Vila Maria Helena. Quarteirões das famosas mangas Sabino entre as ruas Cruzeiro do Sul e Major Eustáquio. As mesmas mangas que se encontravam nos mangueirais da Avenida da Saudade e da antiga rua Carangola, aos milhares de pés desta fruta adorada principalmente pelas crianças e adolescentes. Desço até o local onde seria no futuro a Av Santos Dumont: mato denso, córrego límpido e aberto, pequenas lagoas na época de chuva onde nós, moleques, nadávamos , éramos felizes e não sabíamos... De lá avistávamos a Chácara da Manteiga onde hoje é a Av Pedro Salomão. Nos fundos da Chácara construíamos “entancados” no córrego, feitos com troncos de árvore, mato, argila e o que mais aparecesse. O que nos interessava era ver um “poço” para nadar. Havia muita água limpa, árvores, pássaros, liberdade para a meninada...Agostinho, Bené, Bugre, Zicada, Sapatão, Ticoco, Ely Boy, Nego Boy, Delcino, Varistim, Vicente, Pedroca, Geraldão e tantos outros “moleques” da Vila...

Continuando meu passeio espiritual vejo-me na Praça Ruy Barbosa onde, no coreto, a Banda do 4º BPM povoa os ares com acordes românticos: Aqueles Olhos Verdes, Perfídia, Tequila... No cine São Luiz enorme fila para assistir Doroty Dandridge e Harry Belafonte em Carmen Jones. Enquanto isto nas escadarias da Catedral D Alexandre profere o Sermão das 7 Palavras para centenas de fiéis atentos e cheios de fé.

Desço até a Leopoldino de Oliveira, passando pela porta do centenário Lavoura e Comércio que, em um mural na parede, anuncia a abertura da semana santa com suas comemorações religiosas. Próximo vejo o Bar do Mosquito, o salão de snooker do Sarong, a livraria ABC, a farmácia do Sr Zequinha, a escola Normal, a inesquecível Notre Dame e tantos outras saudades...

Na Leopoldino o córrego aberto e ainda límpido, coroado por árvores e ausência de poluição. Armazém Central, cine Metrópole e lá no final da Artur Machado a frondosa gameleira...

Na porta do Grupo Minas Gerais vejo centenas de colegas: Rodrigo Sarmento, Carlos, Daniel Fabre, Benedito, Agostinho, Puccega, Rosália Bunazar, Auricedes, Miriam, Maria Antonieta, Maria Auristela, e tantas mais. Também vi as mestras, lideradas por d. Esmeralda Rocha Bunazar, eterna diretora e Maria de Lourdes, Tereza de Melo, Rita, Elza e muitas outras...

Subo a Guilherme Ferreira que existia somente até a Carlos Rodrigues da Cunha. Me vejo saindo do Colégio Triângulo junto aos mestres Cavatorta, Olga Oliveira, Kalapodopulus, Nair, Terezinha Maciotti, Perez, Guimarães, Silveira, Puhler, Koshiba, Pepão, Pepinho, Marinho, Lemos, o disciplinário Manoel... Dali para frente fundos de quintais e o córrego que serpenteando era coberto por pinguelas nas ruas Constituição e Dr Ludovice. Mais à frente a frondosa “Mata das Freiras”.
No Abadia escutei o som do alto falante da igreja: “ave Maria, cheia de graças...” velas nas mãos, contritos, os fiéis acompanham a procissão mais tradicional da região; “o senhor é convosco, bendito sois vós...” – pés descalços, terços nas mãos, pedras na cabeça... tudo é fé, tudo esperança em N Senhora; “ entre as mulheres, bendito é o fruto...” – e lá se vai a procissão... Terminada a mesma o alto falante continua com músicas da época: – “alguém oferece a alguém e este alguém sabe quem”. Que beijinho doce, foi ela quem trouxe, de longe prá mim – era campeã.

Mas o sonho acordado está acabando... fecho a janela e retorno ao meu leito onde durmo, retornando de onde era muito feliz, e não sabia...

(Dedico este artigo a meu mestre de Português, saudoso prof José Guimarães e à minha querida Uberaba. Infelizmente há controvérsia sobre a data certa do aniversário. Voltarei ao assunto oferecendo uma sugestão para acabar com este infausto acontecimento!)

Cel.Hely Araújo

segunda-feira, 12 de março de 2018

O PRIMEIRO FUSCA NÃO SE ESQUECE

Volkswagem Sedan 1200 modelo 1959

Embora estejam ficando raros nas cidades, os pequenos e simpáticos Sedãs Volkswagen ainda têm lugar cativo na memória dos brasileiros. Mesmo entre os jovens, são raros os que não conviveram com pelo menos um Fusquinha na família ou entre os amigos. Se o assunto forem as Kombis, então nem se fala: fora de fabricação desde o final de 2013, há centenas de milhares delas ainda no batente, fazendo serviços pelo Brasil afora.

Do início dos anos 1960 ao final da década seguinte, Fuscas e Kombis foram os donos das ruas brasileiras. Somados, representavam cerca de um terço da frota nacional. Mas muita gente não sabe que esses robustos veículos de origem alemã – o Fusca deriva de um projeto de carro popular de antes da 2ª Guerra – enfrentaram muito preconceito quando começaram a chegar no Brasil na década de 1950. E em Uberaba não foi diferente.


Jornal Lavoura e Comércio, 27 de julho de 1958

Até 1955, praticamente todos os carros que rodavam no Brasil eram importados. No máximo, chegavam em pedaços e eram montados aqui, usando poucas peças de fabricação nacional. Eram, na maioria, modelos norte-americanos de grande porte, com quatro portas e enormes motores dianteiros para carregar o peso da lataria. Custavam caro e bebiam sem moderação uma gasolina também cara e importada. Nos anos seguintes, isso começaria a mudar com o início da indústria automobilística no Brasil.

Em Uberaba, a oficina do Sr. Sílvio Mendonça – na Av. Fernando Costa – já tinha uma boa fama no setor de reparos quando, em 1954, começou também a comprar e vender carros usados. Três anos depois, a empresa conseguiu a representação da fábrica Volkswagen para a região. Até então, havia alguns poucos carros da marca no País, importados inicialmente pela empresa Brasmotor. Em setembro de 1957, a Volkswagen do Brasil começou a produzir localmente a perua Kombi. Em fevereiro do ano seguinte, o próprio Silvio Mendonça foi a São Bernardo do Campo e voltou trazendo uma Kombi VW nacional para nossa cidade.

Jornal Lavoura e Comércio, 19 de janeiro de 1959

Com seu formato característico de “pão de forma”, lataria leve, motorista muito à frente e um pequeno motor traseiro de 1200 cc o novo veículo causou estranheza. Para seus detratores ela era frágil e insegura: “para-choque de Kombi é a canela do motorista”, diziam. Logo ganhou apelidos maldosos: “Jesus te chama, mata-família, formicida Mendonça”, nos conta Hilda, irmã de Sílvio, de prodigiosa memória. Mas sua grande capacidade de carga e passageiros, a facilidade com que enfrentava as piores estradas de terra e, sobretudo, a economia de combustível e a manutenção barata se impuseram sobre a maledicência. Em julho, quando já havia mais de 20 delas rodando pela cidade, Silvio anunciou que em breve começaria a trazer também os primeiros “carros-passeio” da VW. E abriu uma lista de espera para os interessados.

“Ainda não existiam os caminhões-cegonha”, nos conta Gilberto Salomão, funcionário e mais tarde sócio de Sílvio no negócio. “Na sexta à noite a gente saía de Uberaba numa Kombi da revenda e ia até São Paulo. No dia seguinte pela manhã, pegávamos os carros na fábrica de São Bernardo e voltávamos dirigindo. O Fusquinha 1200 era muito econômico: gastava menos de 40 litros de gasolina na viagem, uma façanha para a época”. O asfalto só chegava até Ribeirão Preto, dali em diante estradas de terra. O primeiro Fusca chegou à cidade no dia 17 de janeiro de 1959 e foi notícia no jornal Lavoura e Comércio. Dois dias depois foi entregue ao primeiro nome da lista: o engenheiro Antonio Ronaldo Rodrigues da Cunha, que já era feliz proprietário de uma Kombi.

Silvio continuou na revenda até meados de 1961, quando o controle foi vendido para a família Martins. Nos anos seguintes, assumiu a representação de fábricas de tratores e montou em sociedade alguns empreendimentos agropecuários. Mas não ficaria muito tempo longe dos carros da VW: em 1968 comprou a revenda da marca em São Joaquim da Barra, que comandou até seu falecimento, em outubro de 1988.

(André Borges Lopes é jornalista, especializado em produção gráfica, uberabense e historiador nas horas vagas. Coluna publicada originalmente no Jornal de Uberaba, em 07/01/2018)

segunda-feira, 5 de março de 2018

SAIBAM RAZÕES (?) DO ANIVERSÁRIO

Para aclarar conhecimentos gerais, principalmente dos “ manda-chuvas” da terrinha, algumas definições sobre “Freguesia”, “Prelazia “ e “Cidade “ :

FREGUESIA, é o nome de uma divisão administrativa semelhante à paróquia. São subdivisões de conselhos paroquiais. Freguesia e Paróquia, são sinônimos. Com a Proclamação da República( 1889 ), aconteceu a total separação entre Igreja Católica e Estado.

PRELAZIA, é uma circunscrição eclesiástica que atende as necessidades peculiares de um grupo de fiéis. É a prefeitura apostólica que administra o vicariato católico. As prelazias são similares às igrejas particulares . Cada uma tem seus fiéis, clero e pastor.

CIDADE, É UMA ÁREA URBANIZADA QUE SE DIFERENCIA DE VILAS, LUGAREJOS, POVOADOS , FREGUESIAS, OBEDECENDO CRITÉRIOS QUE INCLUEM POPULAÇÃO, DENSIDADE POPULACIONAL, ESTATUTO LEGAL . 

CIDADE, é utilizada para designar uma DATA POLITICO- ADMINISTRATIVA URBANIZADA. Cidade é um lugar que concentra oferta de serviços culturais, religiosos , infraestrutura, consumo e reúne os mais diversos fluxos e atividades humanas .

A importância para a região da vila de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, era próspera e mereceu o título de CIDADE em 1856, tornando-se importante centro comercial que se acentuou com a chegada da Estrada de Ferro, em 1889, o que facilitou , sobremaneira, a imigração européia para a cidade e acompanhou o desenvolvimento da pecuária zebuína . Até o advento da “Fosfértil”, chamada a “fábrica das fábricas”, Uberaba progrediu .

Bastou assumir as rédeas do município , os “ jovens políticos promissores”, para iniciar-se a degringolada do crescimento da santa terrinha. “Marketeiros e publicitários”, “enfeitaram” Uberaba daquilo que, em verdade, ela não tinha. Por se acharem ” donos da verdade e da cidade” , acobertados por uma “ midia duvidosa” e matérias em veículos nacionais , cujo valor gasto, ninguém sabe, mudaram até a data de “ nascimento “ daquele povoado fundado por major Eustáquio e já se tornara CIDADE desde 2 de maio de 1856, Decreto Provincial, número 759 .

É desalentador constatar a forma irreal, torpe e banal, como a imprensa da sagrada terrinha , aceitou tal agressão e teceu loas imerecidas , à “mudança” da data de elevação a categoria de CIDADE, A NOSSA SEMPRE QUERIDA, AMADA, SOFRIDA E MAL GERIDA UBERABA !

Até o ano passado, insistiam em anunciar o aniversário da “ currutela da Freguesia”, como se fosse o “ natalício “, desprezando a Lei 759, que consagrara Uberaba como CIDADE . Por razões “desconhecidas” ( nem tanto ...)”, aplaudiam a nefasta e covarde “transferência” de “ soprar velinhas”, falsas,diga-se, do histórico e indesmentível 2 de maio para um insosso, insípido e inodoro 2 de março, tentando impingir aos uberabenses natos, uma deslavada mentira histórica.

Ainda bem que a “midia” local, corrigiu e não escreve mais o “aniversário da CIDADE de Uberaba”. Teve o bom senso em registrar, “ 2 de março aniversário de elevação de Uberaba à FREGUESIA” ... Era o mínimo de honestidade profissional e histórico que os uberabenses esperavam. 

Falar em “aniversário da CIDADE de Uberaba” em 2 de março, é injúria, calúnia, difamação . Agride os nossos foros de civilização e cultura. É cuspir nos nossos rostos, indecência descabida e inominável. 
Quanto aos infelizes uberabenses que praticaram esse terrível estelionato histórico, que sejam esquecidos para sempre; seus nomes não merecem figurar em nenhuma galeria de honra da nossa amada e sacrossanta terrinha. Uberaba- CIDADE cristã e religiosa, lhe dará perdão.

Com sua devida vênia, ainda não esgotei esse malsinado assunto. Volto amanhã. ”Marquez do Cassú “.

HILDEBRANDO PONTES


Orlando Ferreira, “Doca”, a época em que viveu, foi feliz; não conheceu a atual e fraquíssima geração de políticos que pululam na santa terrinha. Por certo, não pouparia elogios à Mário Palmério, o “ pai da educação- maior . propulsor do ensino superior em Uberaba” , “Doca “ , elogiava, com ênfase, entre as figuras proeminentes do período ( Fidélis Reis, Leopoldino de Oliveira, João Henrique Sampaio Vieira da Silva) a de Hildebrando Pontes, que, no seu dizer, não conseguiu colocar em prática seu plano de governo na terrinha; ele, dotado de alto espírito administrativo e que mudaria a desastrada política praticada nos anos 30, na sagrada terrinha. Foi, covardamente, boicotado.

No livro “ Terra Madrasta “, página 223, “Doca”, relata o plano de governo elaborado por Hildebrando Pontes para a cidade: - “ empréstimo de 3 mil contos de reis que seria assim aplicado: compra da empresa “Força e Luz” para o município, estabelecer um amplo programa de abastecimento d’água na cidade, construir rede de esgoto em toda a parte central, pagamento de todas as dividas de administrações anteriores, calçamento de 10 kms. de ruas, fundar uma Escola Normal, ajardinamento de 5 praças, construção de 20 praças públicas, além de outros melhoramentos menores ...” Prossegue “Doca”: - Tudo bem encaminhado, governo do Estado, comprometido no empréstimo do dinheiro. A idéia de Hildebrando, era vencedora. Os uberabenses, felizes. Estava próxima a salvação de Uberaba ! Felipe Achê, renunciaria e Hildebrando Pontes, assumiria “, relatou “Doca”.

Completo eu: o pior estava por acontecer. Os “inimigos” de Pontes, Manoel Caldeira Jr., Silvério Bernardes e José Ferreira, “donos” da empresa “Força e Luz”, ao sentir seus interesses ameaçados, deram o “ canga macaco “ ( já existia naquele tempo...) no entusiasmado Pontes . Num “ golpe sujo”, a Câmara municipal , manobrada pelo “trio”, “ elegeu” Silvério Bernardes, que nem candidato era... O programa de salvação elaborado por Hildebrando Pontes, “vazou água” e tudo ficou como se “ nada tivesse acontecido “ ...

“Coisas” que aconteceram há quase 100 anos na terrinha e Hildebrando, nascido em Jubaí, distrito de Conquista, aqui pertinho de “ nóis”, aborrecido, afastou-se das lides políticas ... Professor emérito, historiador respeitabilíssimo, além de outros extraordinários predicados, escreveu a “ História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”, 570 páginas de puro saber !

No livro, verdadeira enciclopédia de fatos, o professor Hildebrando Pontes, escreve à página 84: - “Uberaba é elevada a FREGUESIA pelo decreto real de 2 de março de 1820 e à VILA pela lei provincial no.28 de 22 de fevereiro de 1836, instalada a 7 de janeiro do ano seguinte . à página 86, está escrito : - “Uberaba foi elevada a CIDADE pela Lei759, de 2 de maio de 1856! Cometendo uma verdadeira agressão à história municipal, desprezando o hercúleo trabalho de pesquisa de um dos nossos maiores e mais acreditados historiadores, o que aconteceu ?.

O prefeito ( ? ) dos anos 90, secundado por uma Câmara de vereadores subserviente e “ capachilda “, como autênticos asininos, sem consulta popular, atitude ditatorial de verdadeiros “donos da cidade”, alteraram, de forma inconseqüente, o “ registro de nascimento” de Uberaba, envelhecendo-a em 36 ( trinta e seis ! ) anos ! Aberração maior, não existe !

É de dar pena, ver tanta falta de conhecimento histórico da sagrada terrinha, dando parabéns à “ viúva Porcina “, aquela que foi sem nunca ter sido “... Que Deus tenha piedade daqueles que apunhalaram ( e continuam apunhalando ) essa tão linda Uberaba que tanto amamos!...”Marquez do Cassú”
                                                                                                                       

sábado, 3 de março de 2018

Presidente Juscelino Kubitschek chega ao Cine Metrópole e Juscelino Kubitschek

Dezembro de 1958. Convidado para ser o paraninfo da formatura da Faculdade de Direito, o presidente Juscelino Kubitschek chega ao Cine Metrópole e é saudado pela população. Bons tempos.


Juscelino Kubitschek chega ao cine Metrópole e é saudado pela população


Presidente Juscelino Kubitschek percorre até o palco e foi saudado com palmas

 Discurso de Juscelino Kubitschek

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Flores de Ipê


Autor: Marco Túlio Oliveira Reis


Poderia falar dos ipês que florescem em agosto,
Das calçadas coloridas coberta com pétalas e folhas.
Poderia lembrar a caridade de Dona Aparecida do Hospital do Pênfigo,
Ou do carisma e bondade do Dr. Humberto Ferreira,
Poderia inserir nestes versos, a Praça da Gameleira, 
O assombro que o hospital Vera Cruz causava nos meninos,
A fumaça cheirosa do Café Mauad, 
O sinal sonoro da fábrica de tecidos,
As dálias da dona Margarida e a paz beneditina do mosteiro.

Mas as flores dos ipês da minha infância,
Quimeras delicadas de esperança,
Bocados abstratos de poesia,
Ainda restariam inertes no chão...

Poderia lembrar pessoas que me fizeram rir,
Poderia brincar na rua os brinquedos que aprendi,
Poderia imaginar os vitrais da Santa Terezinha, 
A árvore “candelabro” que Silvério plantou.
As roscas frescas e macias da Dona Mariquinha, delicado sabor...
Poderia falar do circo, do parque, da roda de capoeira,
Poderia andar de bicicleta pela contramão,
Poderia balançar nos troncos das seringueiras,
Até sentir o aroma suave do jasmineiro do quintal da minha avó.

Mas as flores dos ipês da minha infância,
Quimeras delicadas de esperança,
Bocados abstratos de poesia,
Ainda restariam inertes no chão...

Poderia mudar os caminhos,
Poderia subir nos muros, nas casas, nas árvores da rua...
Poderia imitar o poeta e caminhar nas abas do viaduto...
Poderia retardar o prenúncio da primavera,
Poderia banhar-me nas águas frias do córrego da rua de baixo,
Esfolar os joelhos nas tapiocangas avermelhadas ou nas folhas do buriti
Poderia passar horas a fio, em leituras de nuvens ou prendendo sacis...
Poderia mirar indolentes instantes, as borboletas no meu jardim,
Amarrar cigarras e vê-las rodear, zunindo em volta de mim... 

Mas as flores dos ipês da minha infância,
Quimeras delicadas de esperança,
Bocados abstratos de poesia,
Ainda restariam inertes no chão...


Uberaba (MG), 30 de agosto de 2017.

Palestra com Guido Bilharinho



sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A praça de minha infância


Padre Prata - 18/02/2018 

A partir de 1935 minhas lembranças da praça Rui Barbosa são bem mais claras. Antes, as recordações se esvaem como nuvens que se esgarçam. Apenas alguns fragmentos teimaram em permanecer, tênues. Lembro-me dos carros de praça puxados por cavalos. Lá na frente, num assento mais alto, o cocheiro, todo empertigado. Alguns chamavam aquela condução de coche. Outros, mais pedantes, chamavam-na de tílburi. Lembro-me também de um cinema, no início da Rua do Comércio, o Cine Alhambra. Assisti ali ao primeiro filme de minha vida. Chamava-se “O segredo da múmia”. Cinema mudo. O filme vinha em partes que eram trocadas de quinze em quinze minutos. Nos intervalos, alguns músicos entretinham a plateia. Lembro-me do João Vilaça na flauta e do Tifu no violino. O negro Tifu vestia-se todo de branco, linho 120, cabelo bem aparado, gravata borboleta. Morreu de tanto beber. A partir de 1935, já havia na Praça vários carros a gasolina, o Ford-29, o Buick, o Chevrolet, o Studebacker, o Nash. 

Todos importados. Lembro-me dos nomes de alguns motoristas (chamados de chauffers), o Bahia, o Zucarelli, o Abner, o Bassoto, o Silveira, o Rola, o Miano. Este último tinha uma perna de pau, era mal-encarado e me fazia muito medo. Diziam que era jagunço do prefeito Guilherme Ferreira. Ao redor da Praça, havia uma fileira de palmeiras imperiais. Eram muito altas, lindas e majestosas. Cortadas por quem? Não sei. Cortadas por quê? Também não sei. Segundo o Mário Salvador, foram cortadas por causa dos mandruvás (marandovás ou mandarovás?) que assustavam as madames. O pessoal lá do Arquivo deve saber o nome desse prefeito. Um criminoso. Na praça não havia mão nem contramão. Cada carro trafegava à vontade. Havia os guardas de trânsito. Lembro-me perfeitamente do “seo” Alcides, pai do Alan Kardec, esse mesmo que trabalha na Universidade de Uberaba e se vestia de Rei Momo. Duzentos e quarenta quilos. Nas calçadas da Praça, à tardezinha, as moças circulavam numa direção e os rapazes na outra. 

Começavam aí os namoros, chamados de flertes. Tudo muito romântico e platônico. E o carnaval? Como era bonito! Carros enfeitados de cores alegres e vistosas, levando moças belamente fantasiadas atirando serpentinas e confetes fazendo o “corso”, em volta da Praça. Colombinas, arlequins, pierrôs. Muito lança-perfume comprado ali mesmo em qualquer esquina, até pelas crianças. Havia a bisnaga de vidro e a de metal que era mais cara, dois e cinco mil reis. “Rodo” era a marca. No centro da Praça um coreto. Nas tardes de domingo, a Banda de Música do Quarto Batalhão entretinha os passantes com chorinhos, valsas e marchas. O Hino do Uberaba Sport Club era quase o hino nacional da cidade. Enquanto isso a criançada corria pela Praça, tomando Zizi e se deleitando com os picolés vendidos pelo “seo” Chico, um alemão alto, de cabelos e bigode brancos. Também ele todo vestido de branco. Seus olhos eram azuis. Muito claros. Entre o início da Rua do Comércio e o início do jardim, havia um espaço bem grande. Ali se faziam comícios, comemorações e se armavam barraquinhas nas grandes festas. Naquele espaço havia um pedestal com uma pequena cobertura. Ali, postava-se um guarda de farda azul, armado de revólver, cassetete, de luvas brancas e apito na boca. Era o responsável pelo trânsito. Um luxo. Na parte de cima da Praça havia uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, padroeiro da cidade. Chegava-se a ela por uma escadaria, onde trocávamos figurinhas. 

Tinha os braços abertos num gesto de quem abençoava a cidade. Não sei qual o prefeito que a tirou de lá. Esses prefeitos gostam muito de mostrar serviço... Descendo pela direita havia o Hotel Glória, a serralheria do Vitório Varotto, a sapataria do Abílio Ferreira Lau, a Casa Caldeira e o Katalian. Do lado esquerdo o Hotel Silva, do Augusto Bernardino da Costa. Lembro-me de um casarão na esquina com a Rua Santo Antônio, residência do Sr. Cacildo Arantes, pai de muitos filhos e filhas, sogro do Mário Palmério. Hoje, a praça Rui Barbosa perdeu muito de sua poesia. Tenho saudades daquela Praça onde a gente ficava e se divertia. Hoje é um lugar estranho onde a gente passa. Sempre com pressa. A memória vai deixando uma esteira de saudades. Tudo acabou. Tudo tem que ser assim. O progresso vai pisando sobre nossos sonhos. A Praça, hoje, não é mais um local de encontro da comunidade. É apenas uma praça qualquer onde as pessoas transitam isoladas, sempre com pressa, sempre suadas, procurando o quê? Nem elas sabem. Apenas sabem andar com pressa. Quem sabe procurado um sentido para suas vidas?


Padre Prata

Lançamento do e-book "Uberaba Revisitada - 1820 a 2000"


Lançamento do e-book "Uberaba Revisitada - 1820 a 2000"



A Superintendência do Arquivo Público de Uberaba, convida para apreciarem o lançamento dos e-books referentes a história do Uberaba, em comemoração aos 198 anos de nossa cidade. Os trabalhos "1ª Edição e-book - História da Civilização no Brasil Central - Por Hildebrando Pontes - e o Álbum Fotográfico - Uberaba Revisitada - 1820 a 2000" , contam com edições e imagens inéditas de nosso município e seus acontecimentos.

Ambos trabalhos serão disponibilizados nas plataformas da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba (Facebook, blog e site), no formato e-book, facilitando o acesso à todos os consulentes e demais interessados. 


Mais um grande trabalho da Superintendência do Arquivo Público de Uberaba! 




Bibliografia sobre Uberaba

Inaugurado em 21/02/2018


Bibliografia sobre Uberaba

Acesse:https://bibliografiasobreuberaba.blogspot.com.br/

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Placa de inauguração do Jockey Club de Uberaba

Gimnasium Poly-Esportivo


“Fúlvio Márcio Fontoura”


        Esta obra, inaugurada em 11 de janeiro de 1975
           

Placa de inauguração do Jockey Club de Uberaba

                                                                Foi construída sob a gestão da seguinte    

Diretoria


Presidente----------------------------  Fúlvio Marcio Fontoura
1º Vice-Presidente----------------  Ney Martin Junqueira
2º Vice-Presidente -----------------Valdir Rodrigues Vilela
1º Secretário ------------------------ Mardônio Prata dos Santos
2º Secretário------------------------- Renato da Cunha Oliveira          
1º Tesoureiro ------------------------Salvador Cicci Neto
2º Tesoureiro-------------------------Elmo Fantato                                                                 
1º Diretor Social--------------------Jacinto Bulhões Neto
2º  Diretor Social-------------------Marco Túlio Fontoura


Dir.de Esportes:  Antônio Augusto Moura Guido
                           José Roberto Borges Prata
                           Wandir Ferreira Sousa


Diretor do Prado – Thomaz Roberto R. da Cunha


Construções de Obras e Construções


Antônio Zeferino S. Netto                               José Pinot Clavis

Heber Crema Marzola                                     Lênio de Oliveira Lima

José Cury Peres



(Foto do acervo pessoal de Valdir Rodrigues Vilela)