quinta-feira, 6 de julho de 2017

COLUNISMO SOCIAL: UM CAMPO DE POSSIBILIDADES PARA A INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA

UM CAMPO DE POSSIBILIDADES PARA A INVESTIGAÇÃO HISTÓRIC0

    Ao pensarmos a História como a narração das experiências humanas, como a dinâmica das sociedades, devemos levar em conta a importância da pesquisa histórica. Conhecer melhor o passado é o melhor caminho para a compreensão de nossa realidade, de nossa identidade, das perplexidades vividas. A compreensão do passado resulta em acréscimo ao entendimento e a análise de quem somos. E, não é exagero afirmamos que o interesse pela história é a chave para a construção de uma cidadania mais ativa e consciente.

     As formas de expressão de atividade humana e os vestígios da trajetória humana que surgem de inúmeras maneiras – tais como: escritos, fotografias, objetos, arquitetura, literatura – constitui atualmente, fontes recorrentes para a produção historiográfica. Qualquer pessoa que se disponha a recuperar o passado encontrará varias formas de vestígios e registros. Sobretudo, o historiador estimulado à pesquisa tem, na própria riqueza de nossa história local, um leque de possibilidades de investigação.

     Nessa perspectiva, o arquivo municipal de Uberaba, dispõe de um vasto conjunto documental. O acervo é amplo e inclui documentação oficial ( do Legislativo, Executivo e  Judiciário), jornais, arquivos fotográfico, livros de atas, arquivo privado e mais uma séries de documentos que permitem ao pesquisador múltiplas opções  para construir sua investigação histórica. Pude constatar, in loco – quando ao longo de 2003 e um semestre de 2004, ali realizei uma atividade de pesquisa – o amplo campo de possibilidades que o APU oferece a quem se dispõe a compulsar sua documentação. Minha investigação centrou-se no Jornal Uberabense “Lavoura e Comércio” mais precisamente na coluna “Observatório” do jornalista Ataliba Guarita Neto (1924-2000). Esta coluna foi publicada de 1955 a 2000, mas o recorte temporal da minha pesquisa estendeu- se de 1955 a 1980.

     Meu trabalho objetivava coletar dados para uma pesquisa, cujo objeto de investigação era a influência do colunismo social na formação do imaginário social. Ou seja, como a coluna social por meio de suas mensagens atua na formação de comportamentos e opiniões, cria modismo, confere ou retira status social.

     Executar este trabalho foi uma seqüência de surpresas e descobertas. O universo de variadas informações permitiu- me vislumbrar o colunismo  social como fonte de investigação da história local. Conteúdos diversos – tais como: viagens ao exterior, festas magníficas, pessoas bem sucedidas, fatos políticos e históricos, opiniões pessoais, descrição de casas como verdadeiros palácios, publicidade e filantropia – se misturam na Coluna “Observatório”. Nela, Netinho, como era conhecido o Jornalista Ataliba Guarita Neto, revela-se e, através de suas notas, desvela a sociedade em que convive, na condição de emitente de crenças e valores dessa sociedade.

     Portanto, apesar da natureza, peculiaridades e especificidades pertinentes a coluna sociale a pecha de “superficialidade” que a envolve, ela pode apresentar uma importante fonte para o historiador ao fornecer-lhe subsídios para elucidar a composição do quadro socioeconômico da cidade, indicar o perfil da sociedade local, refazer trajetórias, etc.

     Passo agora,- sem a pretensão de elaborar um texto historiográfico – a fazer um simples apanhado de algumas observações e reflexões suscitadas a partir de dados e/ou informações pinçadas ou rastreadas na coluna “Observatório”.

Em sua primeira nota no diário, o autor representa suas intenções:

Começo hoje. Esta na moda ser colunista social. Então resolvi “mudar de profissão” e não ficarei mudo (calado), esperando     ouvir muito, conversar muito, para depois escrever no seu jornal. Não tenho pretensões e não desejo imitar ninguém. Preciso ter personalidade. Estilo próprio. Assim prometo. (Jornal Lavoura e comércio, 9 / fev. / 1955, p. 3).

      Embora assumindo ser fã de Ibrahim Sued – Colunista social carioca – Netinho promete fazer uso de um estilo próprio.

     A mulher ocupava grande espaço na coluna. Era sempre prestigiada de alguma forma pelo colunista, seja por sua beleza, elegância ou dinamismo. A trajetória das lutas das mulheres por emancipação e uma participação mais ampla na sociedade, por ser acompanhada no decorrer dos anos em seu trabalho.

Conforme prometi, “Observatório” diariamente ira homenagear as comerciarias. Uma seção especialmente para falar destas jovens que trabalham confirmando a acertada definição “o trabalho enobrece”! elas trabalham nas casas comerciais, nas repartições públicas, no lar, – demonstrando enfim, que a mulher deve e pode ser independente. Aliás, comentam os homens ultimamente, que as mulheres estão tomando de assalto os cargos mais importantes, enfrentando o homem com coragem e vantagem! (…) (Jornal Lavoura e Comércio, 12/mar/1958, P. 3).

     Observa-se que, Netinho prestigiava as mulheres que trabalhavam fora. Elas eram merecedoras de homenagens, manifestadas em seu espaço através de reportagens e entrevistas.

MOTORISTAS: Motoristas atenção! Elas vão passar. Elas também sabem dirigir. Umas – com licença do dr. Rogedo, todas – com licença do marido ou papai. Sim, dirigem bem a sua casa e dirige (será bem ou mal?) o seu automóvel (…) Estão adquirindo praticas para dirigir o carro, já sabem dirigir a casa e depois… saberão governar melhor o esposo! (Jornal Lavoura e Comércio, 16/fev/1955, P.3).
     Nesta hora, Netinho faz um comentário a respeito das mulheres, da cidade, iniciantes na direção. Contrapondo-se a nota anterior quando ele estimula a independência, nesta é usada uma fina ironia na referência à permissão dos maridos ou pais para as mulheres dirigirem. A forte associação das mulheres às tarefas do lar e a insinuação de que práticas como “dirigir automóvel” resultaram na submissão dos maridos, compõe o imaginário social da década de 50. Vale lembrar que a emancipação feminina só se efetivará a partir da década de 60. Portanto, há que se considerar que, vivenciando uma época conservadora e tradicional, o autor a reproduz. Seu pensamento não deixa de ser o pensamento predominante da sociedade em que se insere.

     Os últimos lançamentos da moda e as tendências eram sempre registrados, emitindo conceitos do belo e alimentando o imaginário social de que seria o estilo ideal a ser seguido.

As nossas “giris” estão adotando o penteado da lolô. Sim, a Lolobrigida espalhou pelo mundo – as curvinhas do seu cabelo, bem perto das orelhas que não escutam apelidos. E com esse penteado, a Leonora Sabino está provocando justa sensação na cidade. Um espetáculo pros olhos da “solteirada” (Jornal Lavoura e Comércio, 11/fev/1955, P.3).

Maria Lucia Cipriano Coelho ostentava moderno vestido de noiva, confeccionado por  Clodovil, o famoso costureiro de São Paulo. Vestido em organdi suíço, com flores na barra, um longo véu formando cauda, também em organdi. O rosto bonito de Maria Lucia aparecia em grande destaque. (Jornal Lavoura e Comércio, 3/out/1963, P.3).

     Ter sua festa anunciada na coluna social era (e ainda é), sempre motivo de envaidecimento. Os ricos trajes descritos detalhadamente, as recepções suntuosas refletiam o poder de quem podia ostentar.
      Na sua coluna, Netinho preocupava-se em demonstrar o progresso de Uberaba. As conquistas locais eram todas registradas e bem consideradas.

Televisão não é mais sonho em Uberaba. TV Uberaba é uma autentica realidade. Ontem o dr. René Barsan teve uma reunião com a imprensa escrita e falada. Mais cedo do que muitos esperavam – TV – Uberaba estará no ar e funcionando em alto estilo. (Jornal Lavoura e Comércio, 26/nov/1971, P.3).

A grande notícia de ontem no meu programa de rádio: Urbano Salomão vai construir shopping center. A marca do progresso. O slogan paulista também é nosso: Uberaba não pode parar. (Jornal Lavoura e Comércio, 08/jul/1972, P. 3).

     As duas notas referem-se a figuras publicas e de destaque em Uberaba. Referencias como estas eram comuns na coluna, divulgando fatos e feitos de Uberabenses que enchiam de orgulho a cidade.
O político Mario Palmério viajou, hoje, para o Rio de Janeiro. Mario está terminando o seu próprio livro “Chapadão do Bugre”. Meu companheiro Rui Novais, que conhece a nova obra do Deputado-escritor, afirma que este livro repetirá o sucesso de “Vila dos Gonfins”, que bateu todos os recordes de “best-seller” na capital da República. (Jornal Lavoura e Comércio, 3/mar/1958, P.3)

(…) é de justiça conhecer o pioneirismo de Alexandre Campos em nossa cidade. O homem viveu 50 anos(visão) na frentes dos outros! E quase tudo nesta cidade contou com a sua participação. Banco Triangulo, Drogaria Alexandre e sua rede gigantesca, telefônica, comércio e indústria, fundador da associação Comercial, etc, etc, etc, etcetera! Os meninos de hoje não conheceram o gigante de ontem. Alexandre Campos plantou progresso. (Jornal Lavoura e Comércio, 18/mai/1971, P.3).

     A explicitação do amor do jornalista Ataliba Guarita Neto por Uberaba, era uma constante no “Observatório”. Ele manifestava seu “bairrismo” e evocava as pessoas a sentirem o mesmo que ele. Não raro o colunista utilizava seu espaço em benefício de Uberaba; vibrava e se entusiasmava por conquistas alcançadas. Usava também a coluna para críticas ferozes ao que julgava ser descaso das autoridades.
Hoje é o ultimo dia do ano. Não posso me queixar de 1962, mas, confesso que espero muito mais de 1963. Principalmente para minha Uberaba, que tem fome de progresso e está precisando apenas de apoio, entusiasmo, bairrismo e trabalho. (Jornal Lavoura e Comércio, 31/dez/1963, P.3).

     Como já afirmado, se a coluna tinha a função de ditar comportamentos, era também sabiamente usada por Netinho para incentivar a solidariedade. A questão social era uma constante em seu trabalho. Campanhas, apelos e ações beneficentes tinham passe livre em sua coluna.
Você que é feliz e nunca precisou de uma casa de caridade – lembre-se de seus irmãos menos afortunados. Inscreva-se como sócio da Santa Casa. (Jornal Lavoura e Comércio, 26/mar/1963, P.3).

     Diante do exposto enfatizamos que o colunista social na imprensa, simboliza, no imaginário de uma sociedade, status social. Oferece ainda, uma visão estimulante da maneira como viviam, pensavam e sentiam as pessoas de uma comunidade em um determinado contexto. Apesar de centrada no viver e afazeres de uma determinada camada socioeconômica privilegiada, paradoxalmente, a coluna social, não é lida somente por esta elite; atinge todas as classes da sociedade. Faz-se pertinente lembrar que, o cotidiano das classes mais favorecidas sempre exerceu fascínio sobre os que têm menor poder aquisitivo e, a coluna social através de seu conteúdo e de suas mensagens, leva o leitor, que não pertence aquele meio, a se sentir de alguma forma participante dele.

     Contudo, a coluna social não tem somente o papel de divulgar fatos ligado à elite; ela aborda uma variada gama de assuntos que retratam a sociedade. Permeando a divulgação de inauguração de clubes, prédios, estádios, visitas ilustres, acontecimentos, reivindicações, mortes, nascimentos, a coluna social conta uma história, a história da cidade, e de sua gente. Através da coluna social, podemos conhecer uma comunidade, desvendá-la, penetrar em suas nuanças.
     Foram inúmeros de benefícios adquiridos por mim por conta da realização da pesquisa. Conviver com nomes que conhecia somente através de logradouros, deparar-me a toda hora com os costumes que hoje já não vigoram, viajar por inaugurações de parques, prédios, constituíram suporte para o maior conhecimento da história da minha cidade.

     Debruçar-se num trabalho de pesquisa histórica é a todo o momento deparar-se com o desconhecido, o inesperado, pois o progresso de investigação não cabem em esquemas prévios. Idéias pré-concebidas acerca do colunismo social foram modificadas, alargando minha visão e mudando paradigmas. Pude perceber que, meu trabalho de investigar a coluna do Netinho, uma modalidade de coluna da imprensa que tematiza o cotidiano da elite, resultou numa experiência extremamente profícua. Pude constatar que no recorde de classe social que perpassa as notas do colunismo social, subjaz um campo de possibilidades de investigação. E, no caso específico do “Observatório”, cujo colunista, por quarenta e cinco anos, deteve esse espaço privilegiado, fixo e quase contínuo na imprensa local, parece-nos ainda mais relevante a investigação.

     Esta coluna representa um campo de atuação social que reflete e produz discursos contínua e concomitantemente, colaborando na construção das diversas representações de um grupo socioeconômico privilegiado Uberabense, cujas práticas visam fazer reconhecer uma identidade social, exibir uma maneira própria de estar no mundo.
     Acresce-se, ainda, que dessa modalidade de coluna evidencia as tramas das relações cotidianas de agentes sociais e representam demandas de um nicho da comunidade local. Concluir- se que, a coluna do Netinho armazena um referencial significativos de idéias e informações que sistematizadas constituem um “Campo fértil” para o trabalho do historiador.

Luciana Maluf



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Cidade de Uberaba


Nascido em 20/11/1940, Renê Pinto chegou a Uberaba em setembro de 1967. Na ocasião o “Lavoura e Comércio” cravou: “Homem Gol na cidade: Renê é bola na rede”

 Renê Pinto,Mug
Nascido em 20/11/1940, Renê Pinto chegou a Uberaba em setembro de 1967. Na ocasião o “Lavoura e Comércio” cravou: “Homem Gol na cidade: Renê é bola na rede”. E o “Mug” não decepcionou, ajudou o Uberaba a deixar a lanterna e chegar ao título de Campeão do Interior daquele ano. Voltou ao clube em 1969 e jogou até 1973. No total, vestiu o manto colorado em 161 partidas e anotou 42 gols.

Ao final de 1975 assumiu o comando técnico do clube e seguiu até o ano seguinte, levando o Uberaba à semi-final da Taça Minas Gerais.

Hoje, 01/07/2017, quase 50 anos após sua chegada em Uberaba, o “Homem Gol” saiu de cena, deixando muitas saudades e ótimas lembranças. O Uberaba Sport Club lamenta a perda de um grande nome de sua história centenária.

(Uberaba Sport Club)

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"Vai, Renê, vai, Renê!"


   Assim gritava a torcida do USC quando Renê pegava a bola próximo à linha do meio de campo, pela direita, ao lado da arquibancada no Boulanger Pucci.

Driblando, sempre cortando pra dentro, à esquerda, ele se aproximava da meia-lua da grande área adversária.

E batia com o pé esquerdo e a bola subia, subia... Caía no matagal onde hoje existem dois edifícios.

Tinha o jeito do Cafuringa, do Fluminense.

Era entre 1970 e 1972, eu assistia aos jogos do lado oposto, atrás do outro gol, debaixo de eucaliptos, com meu pai, Mário Vasques Molinar, o "Marinho".

No final dos anos 70 e 80, Renê foi gerente da loja Calçolito, na r. Artur Machado, e meu vizinho. Sempre que passava por ele, me saudava:

- Ô garotinho!  

Luiz Alberto Molinar

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Maquete do projeto original de reforma da Praça Afonso Pena (também conhecida como "Praça da Gameleira" ou "Praça da Concha Acústica") junto ao trecho final da rua Artur Machado.

  Foto do acervo do IBGE.
Maquete do projeto original de reforma da Praça Afonso Pena (também conhecida como "Praça da Gameleira" ou "Praça da Concha Acústica") junto ao trecho final da rua Artur Machado.    

     
A antiga gameleira.


 
A antiga gameleira, que deu origem ao apelido da praça, em foto de 1929 – quando a árvore já tinha mais de 100 anos.

  A praça recém-inaugurada no início da década de 1970, numa foto de cartão postal.          



Nesse local havia, na primeira metade do século passado, uma figueira centenária ("Ficus enormis", também conhecidas como "gameleiras" porque sua madeira era usada na fabricação de gamelas e utensílios domésticos). Por volta dos anos 1960 a grande árvore foi removida sem grandes debates ou explicações. Alegam que estava doente, mas há quem conteste essa informação. Encontrei essa foto sem data e sem maiores informações no site do IBGE. Mas, pelo tipo de arquitetura, esse projeto deve ser do começo dos anos 1960.

A reforma demorou a ser realizada, e a nova praça só foi inaugurada em 1971. Muito do projeto que está na maquete foi mantido, mas a concha acústica que foi construída tem um desenho redondo e tamanho menor. E, segundo alguns músicos e atores, suas características acústicas deixam muito a desejar.
Desde então a praça passou por diversas reformas, e hoje está bem diferente. Ao menos voltou a ter árvores e sombra, depois de décadas em que permaneceu árida e pouco hospitaleira. Mas deu origem à lenda de que, em Uberaba, temos uma "Praça da Gameleira" onde não existe nenhuma gameleira e sim uma Concha Acústica, que na verdade não é acústica.

(ANDRÉ BORGES LOPES)
           

RELANÇAMENTO/CONVITE

Guido Bilharinho



terça-feira, 4 de julho de 2017

O CINEMA DE HITCHCOCK E WOODY ALLEN

O CINEMA DE HITCHCOCK E WOODY ALLEN


                                                                                         NOVO LIVRO DE GUIDO BILHARINHO

O CINEMA DE HITCHCOCK E WOODY ALLEN



SUMÁRIO

Nota Preliminar

O Cinema de Hitchcock e Woody Allen .............................. 11

CRÍTICA HITCHCOCK

ANOS 30

Os 39 Degraus e A Dama Oculta – A Caracterização Tipológica ....................................................................... 15
ANOS 40

Correspondente Estrangeiro - A Trajetória de Hitchcock .... 19
Suspeita - A Imaturidade e a Irresponsabilidade ................... 23
A Sombra de Uma Dúvida - O Perigo Humano .................... 27
Um Barco e Nove Destinos - O Comportamento
Individual ....................................................................... 31
Quando Fala o Coração - A Análise Psicanalítica ............... 35
Interlúdio - Amor De Salvação ............................................. 41
Agonia de Amor - Amor de Perdição .................................... 45
Festim Diabólico - O Exercício da Inteligência.................... 49

ANOS 50

Pacto Sinistro - O Comportamento Psicótico ....................... 53
Disque “M” Para Matar - O Presente e Sua Realidade ....... 57
Janela Indiscreta - A Responsabilidade Social ..................... 61
Ladrão de Casaca - Beleza e Maniqueísmo ......................... 65
O Terceiro Tiro - O Encanto da Existência ........................... 69
O Homem Que Sabia Demais - Estudo de Comportamento .73
Um Corpo Que Cai - O Exercício da Simulação .................. 77
O Homem Errado - Questão de Identidade .......................... 81
Intriga Internacional - Sobreposição do Espetáculo ............ 83

ANOS 60 e 70

Psicose - A Patologia da Mente ............................................ 87
Os Pássaros - O Terror da Natureza ..................................... 91
Marnie, Confissões de Uma Ladra - A Terapia do Amor ..... 95
Topázio, Cortina Rasgada E Trama Macabra - Os Piores Filmes da Maturidade de Hitchcock ............................... 99
Frenesi - Filme Não Autoral ............................................... 103
WOODY ALLEN

ANOS 60

Um Assaltante Bem Trapalhão - Personagem de Si
Mesmo ......................................................................... 111

ANOS 70

Bananas - A Tragicidade do Real ........................................ 115
Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo e Tinha Medo de Perguntar - Comicidade e Inteligência .......... 117
O Dorminhoco - Comicidade Corrosiva ............................. 121
A Última Noite de Bóris Grushenko - A Morte
Surpreendida ................................................................. 125
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa - Autobiografia
Essencial ....................................................................... 129
Interiores - Microcosmo Conflitivo .................................... 133
Manhattan - As Imagens Interessadas ................................ 135

ANOS 80

Memórias - Um Allen Felliniano ........................................ 139
Sonhos Eróticos Numa Noite de Verão - Equação
Cerebral ........................................................................ 143
Zelig - Mimetismo Conformista.......................................... 145
Broadway Danny Rose - O Valor Humano ......................... 149
A Rosa Púrpura do Cairo - Realidade e Fantasia ............... 153
Hannah e Suas Irmãs - O Equilíbrio da Vida ....................... 157
A Era do Rádio - Música e Nostalgia ................................. 161
Setembro - Isolamento Perturbador ..................................... 165
A Outra - Não é o Que Parece ............................................ 167
Crimes e Pecados - O Sentido da Existência ...................... 169

ANOS 90

Simplesmente Alice - O Real e o Irreal ............................... 175
Neblina e Sombras - Ambientes e Interesses ...................... 179
Maridos e Esposas - A Imprescindível Verbalização .......... 183
Um Misterioso Assassinato em Manhattan - Tédio e
Aventura .......................................................................... 187
Tiros na Broadway - Nem Caravaggio Nem Jean Genet ..... 189
Poderosa Afrodite - Altos e Baixos ..................................... 191
Todos Dizem Eu Te Amo - Entretenimento e Inteligência ...193
Desconstruindo Harry - Vida e Trabalho ............................ 197
Celebridades - A Doce Vida Novaiorquina ......................... 201

ANOS 2000

Trapaceiros - Espetáculo Humorístico ................................ 207
O Escorpião de Jade - A Problemática Amorosa ................ 209
Dirigindo no Escuro - Entretenimento Romântico ............. 211
Igual a Tudo na Vida - A Personagem Principal ................. 213
Melinda e Melinda - Engenhosidade e Apelação ................ 217
Tudo Pode Dar Certo - Nem Tudo ....................................... 221
Filmes Recentes de Woody Allen - Convencionalismo e Irrelevância ................................................................... 223
Poucas e Boas, 223; Ponto Final, 223; O Grande Furo,224;
O Sonho de Cassandra,224; Vicky Cristina Barcelona, 225; Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos, 226; Meia- Noite em Paris, 227; Para Roma Com Amor, 227; Blue Jasmine, 228; Magia ao Luar, 229; O Homem Irracional, 230; Café Society, 231

ANEXO

Sonhos de Um Sedutor - Um Autêntico Allen .................... 237

ÍNDICES

Melhores Filmes ................................................................. 239

Ilustrações ........................................................................... 241
OBRAS DO AUTOR

Obras do Autor .................................................................... 243

SUMÁRIO


Sumário ............................................................................... 253

domingo, 2 de julho de 2017

A SIMPÁTICA E SEMPRE ACOLHEDORA ÁGUA COMPRIDA, COMPLETOU 60 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

A simpática e sempre acolhedora Água Comprida, completou 60 anos de emancipação política. Antes , pertencia a Uberaba. Às margens do rio Grande, a cidade sempre foi celeiro de bons políticos. Álvaro Barra Pontes, Clóvis Prata, Cleveland Prata e o sempre lembrado médico, dr. Cláudio Moreira de Almeida, prefeito quantas vezes quis, da gostosa cidade. Tempos depois da instalação da comarca, os políticos locais pleitearam a criação do posto policial. Foram designados, depois da força política que tinham com o governo do Estado, para a segurança do novo município, um Delegado “calça-curta” (desses nomeado sem concurso) e um escrivão. Cidade pequena, povo ordeiro. Os dois passavam dias e dias sem que houvesse uma ocorrência sequer. A ordem era pescar, caçar, pegar passarinho, dormir e, de resto, um papo sadio na única barbearia da cidade. Cidade calma, poucos carros, ruas sem calçamento, bailes só os familiares e nenhuma “bronca”. A calma era tanta que os policiais se esqueceram de como era redigir uma “ocorrência policial”. Só que no dezembro de 58, “o bicho pegou”. Numa chacrinha nos arredores da cidade, aparece morto um cabrito gordo, bem criado e de muita estimação do “seo”Zeca Jesuino. O fato causou “auê” na cidade e dado parte na Delegacia. Procura daqui, procura Dalí, pergunta um, pergunta outro e nada de aparecer o autor da façanha. Como a ocorrência teria que ser remetida para a Regional de Uberaba. O escrivão, eufórico pelo primeiro caso acontecido na cidade, relata, pormenorizadamente, o boletim , afirmando “ até agora não conseguimos descobrir o autor do cabrecidio”. O delegado que confiava muito no escrivão. Assinou a ocorrência. Desnecessário dizer que o “calça-curta” e o escrivão, ficaram um bom tempo na “geladeira”, conforme o jargão policial. O certo é que, passado tantos anos,não se conhece, até hoje, o autor do “cabrecidio”.
O delegado “calça-curta” formou-se em Direito, tornou-se Delegado de verdade e, atualmente, é um dos grandes nomes da Policia Civil do Estado…

Luiz Gonzaga de Oliveira              

Projeto Natal no Projeto Natal no Parque Parque Fernando Costa (ABCZ), inaugurado no dia 10 de dezembro de 2015

Foto: Rúbio Marra
Projeto Natal noProjeto Natal no Parque Parque Fernando Costa (ABCZ), inaugurado no dia 10 de dezembro de 2015
Neste ano, mais de 750 mil mini-lâmpadas foram utilizadas para decorar um dos principais cartões postais da cidade, com projeto do arquiteto Demilton Dib. A inauguração do “Projeto Natal no Parque” aconteceu no dia 10 às 19h30, com a presença do presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos e o prefeito Paulo Piau. As luzes de Natal ficarão acesas até o dia 1º de janeiro de 2016.

INAUGURAÇÃO DO PARQUE FERNANDO COSTA EM UBERABA

Palanque Oficial do Parque Dr, Fernando Costa                               
Presidente Getúlio Dornelles Vargas, Presidente da Sociedade Rural de Uberaba, Dr. José de Souza Prata, Ministro Fernando Sousa Costa e o Governador Benecdito Valadares.

 Autoridades recepcionando o Presidente Vargas no aeroporto de Uberaba        

Inauguração do Parque Dr. Fernando Costa

Inauguração do Parque Dr. Fernando Costa

10 de maio de 1941

Foto: Autoria desconhecida

Ministro da Agricultura Fernando Sousa Costa, Presidente Getúlio Dornelles Vargas, Presidente da Sociedade Rural de Uberaba Dr. José de Souza Prata, Governador Benecdito Valadares Ribeiro.

(Foto cedida pela família do Dr. José de Souza Prata de seu arquivo pessoal)                                    

MODERNIDADE E ELEGÂNCIA NA GALERIA COMERCIAL MAIS CHARMOSA DE UBERABA

Galeria Rio Negro
Galeria comercial mais charmosa vista da Av. Leopoldino de Oliveira,"Buraco da Onça" edifício Rio Negro, final dos anos 60 e início dos anos 70.

Foto restaurada por André Borges Lopes

(Foto cedida pela família do Dr. José de Souza Prata do arquivo pessoal)      

VISTA PARCIAL DA CIDADE DE UBERABA

 Edifício Rio Negro


GALERIA COMERCIAL MAIS CHARMOSA DE UBERABA


Galeria comercial mais charmosa vista da Rua Alaor Prata, edifício Rio Negro, final dos anos 60 e início dos anos 70.

Foto restaurada por André Borges Lopes

(Foto pessoal da família do  Dr. José de Souza Prata do arquivo pessoal)      

VISTA PARCIAL DA CIDADE DE UBERABA

Vista parcial da cidade de Uberaba

Década: 1960

Vista parcial da cidade de Uberaba

Em primeiro plano, vê-se o cruzamento das ruas Alaor Prata e Artur Machado; no canto superior esquerdo, o prédio do Fórum Mello Viana; e no canto superior direito, a Igreja São Domingos. No centro, Casa das Meias, Casa Pignataro, consultório do Dr. Boulanger Pucci, 1ª Coletoria Estadual de Pagamentos, 2ª Coletoria Estadual de Recebimentos de Impostos, defronte o Armazém Central. Acima, a residência e escritório do advogado Doutor José de Souza Prata.

Foto: Postal Colombo

 Arquivo Público de Uberaba

HISTÓRIA DA ABCZ - UBERABA

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) trabalha para ampliar a produção mundial de carne e leite. Sempre atenta às novas tecnologias e exigências do mercado, a ABCZ vem cumprindo sua missão de promover o melhoramento genético e o registro genealógico das raças zebuínas em todo o Brasil. Para isso, conta com uma rede de escritórios regionais, onde atuam técnicos altamente capacitados.

A ABCZ registra em todo o Brasil mais de 600 mil zebuínos por ano e detém o maior banco de dados do mundo sobre o zebu, com mais de 12 milhões de animais cadastrados. Através do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), acompanha o melhoramento genético de mais de 3.600 rebanhos em todo o país.

Em sua sede, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), a ABCZ promove a ExpoZebu. A feira, que é realizada desde 1935, recebe anualmente mais de 200 mil visitantes que participam de leilões, exposições, palestras, cursos, debates sobre diversos temas relacionados à atividade de pecuária e acompanham os julgamentos de animais e concursos leiteiros. Outra feira promovida pela ABCZ é a ExpoGenética, feira que reúne em exposição os principais programas de melhoramento genético do país.

A ABCZ é a primeira associação de pecuária brasileira a ser certificada pelas normas ISO 9001 e ISO 14001. Além do registro genealógico, do melhoramento genético e da promoção das raças zebuínas, a ABCZ atua também no apoio à pesquisa científica, ensino superior e inovação tecnológica; no fomento ao ambiente de negócios e à prospecção de novos mercados; na articulação da pecuária com os demais elos da cadeia produtiva da carne e do leite; no suporte técnico aos associados e na representação dos produtores rurais junto ao governo e à sociedade.

Confira abaixo um pouco mais da história da ABCZ

1919 – Início das atividades do “Herd Book da Raça Zebu”, sediado em Uberaba, no Triângulo Mineiro, que teve o objetivo de assegurar a garantia de origem dos filhos dos animais importados (dia 16/02).

1934 – Absorção do “Herd Book da Raça Zebu” pela Sociedade Rural do Triângulo Mineiro – SRTM (dia 18/06).

1935 – Oficialização da Exposição Feira Agropecuária do Triângulo Mineiro.
1938 – É firmado convênio com o Ministério da Agricultura para a execução dos Registros Genealógicos das Raças Bovinas de Origem Indiana, em regime de Livro Aberto, em todo o território nacional.

1941 – Inauguração do Parque Fernando Costa, que sedia a ABCZ.

1967 – A SRTM se transforma em ABCZ (dia 25/03).

1975 – O presidente Ernesto Geisel assina o decreto federal nº 75.921, que autoriza o funcionamento da Faculdade de Zootecnia de Uberaba (Fazu), uma das realizações da ABCZ.

1972 – Início das Provas de Ganho de Peso.

1976 – É introduzido o programa de Controle Leiteiro.

1979 – Por sugestão e empenho da ABCZ, o Ministério da Agricultura cria, por meio da Portaria nº 628, a Comissão Coordenadora do Programa Nacional de Exportação de Bovinos e Sêmen de Origem Indiana. A ABCZ apresenta ao Ministério da Agricultura proposta de criação do Conselho Nacional de Pecuária (CNP).

1983 – É criado o Museu do Zebu, no Parque Fernando Costa, por iniciativa da ABCZ.

1993 – Introdução do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ)

1994 – A ExpoZebu passa a ter dimensão internacional, com a realização da Exposição Internacional das Raças Zebuínas.

1997 – Convênio entre a Universidade de Uberaba – UNIUBE, ABCZ, FUNDAGRI e FAZU, permite a criação do curso de Medicina Veterinária.

2003 – Criado o Brazilian Cattle, projeto de divulgação internacioanl do zebu brasileiro e dos produtos pecuários desenvolvidos no Brasil.

2006 – Governo de Minas e ABCZ lançam o Pró-Genética (Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino) em Minas Gerais.

2008 – Pecuária sustentável começa a ser preconizada pela ABCZ, durante a ExpoZebu. A ABCZ realiza a 1ª edição da ExpoGenética, exposição que reúne os principais programas de melhoramento genético do Brasil. Após 15 anos de negociações, a ABCZ consegue autorização para que criadores brasileiros possam importar embriões de zebuínos da Índia.

2009 – MAPA autoriza a ABCZ a realizar o registro de animais clonados das raças zebuínas.
2011- A ABCZ recebe as certificações ISO 9001 e ISO 14001. Lançamento da sala virtual “Mário de Almeida Franco”, que integra o Museu Virtual da ABCZ.

2012 – Lançamento do software de gerenciamento Produz, em substituição ao Procan, e da nova versão do PMGZ, durante a ExpoZebu.

Lançamento do Agrocurso, projeto de Educação à Distância realizado em parceria entre a ABCZ, a FAZU e o Canal Rural.

Disponibilização de consulta pública de animais.
2013 – Início da coleta de amostras para o Banco de DNA.
Contratação de núcleo composto por cientistas e técnicos para produzir dentro da própria ABCZ  as avaliações genéticas das raças zebuínas com aptidão de corte do PMGZ.
Realização do 1º Fórum de Seleção em Gado de Corte Fundamentada em Pistas de Julgamento.

Presidentes da ABCZ ao longo da história

Fidélis Reis – 1934/35
Silvério José Bernardes 1935/36
Augusto Borges de Araújo 1936/37
Orlando Rodrigues da Cunha 1937/39
José de Souza Prata 1939/41
Licínio Cruvinel Ratto 1941/42
João Severiano Rodrigues da Cunha 1942/48
Carlos Smith 1948/52
Adalberto Rodrigues da Cunha 1952/62
Antônio José Loureiro Borges 1962/64
Arnaldo Rosa Prata 1964/66 e 1974/78
Edilson Lamartine Mendes 1966/68
Hildo Toti 1970/71
Adherbal Castilho Coelho 1971/72
João Gilberto Rodrigues da Cunha 1972/74 e 1986/90
Manoel Carlos Barbosa 1978/82
Newton Camargo Araújo 1982/86
Heber Crema Marzola 1990/92
Rômulo Kardec de Camargos 1992/95 e 1998/2002
José Olavo Borges Mendes 1995/98, 2002/2004, 2007/2010
Orestes Prata Tibery Júnior 2004/2007
Eduardo Biagi – 2010/2013
Luiz Claudio de Souza Paranhos Ferreira – 2013/2016


Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)

Sarrafo - Pedro Ernesto Nassif de Oliveira - Festival do Chapadão/1966-Uberaba/MG

     Pedro Ernesto Nassif de Oliveira "Nenete"

Pedro Ernesto Nassif de Oliveira "Nenete", natural de Conceição das Alagoas-MG, foi o vencedor do 1° Festival do Chapadão de Música Popular Brasileira, com a música SARRAFO, de sua autoria, tendo a participação do grupo Canto e Cor na interpretação. O festival foi realizado em Uberaba-MG no dia 19 de outubro de 1966, no Clube Sírio Libanês.

(Dina Bessa)


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“FESTIVAL DO CHAPADÃO”, O SEU IDEALIZADOR E PRODUTOR, RECENTEMENTE FALECIDO EM UBERLÂNDIA, JORGE HENRIQUE PRATA SOARES, O PRATINHA

Levanto cedo. Seis da manhã, estou aceso.Roupa trocada.Rosto lavado e destes escovados. Saimos, Wania e eu, para a costumeira e saudável caminha matinal. Praça da Mojiana, o destino.Ha mais de 20 anos. Ainda encontro, quase todos os dias, bêbados que vararam a madrugada, moradores de rua dormindo na platibanda da estação e os costumeiros companheiros de caminhada. Sábado e domingo, não. Quase sempre vou prá roça ouvir o canto dos pássaros, o mugir do gado, o piar das siriemas , o cacarejar das galinhas e o sonoro cantar do único galo do terreiro. Aliado a tudo isso uma moda de viola da raiz, Tião Carrero e Pardinho, Chitãozinho e Xororó, Tonico e Tinoco, Rolando Boldrin, Sérgio Reis, Silveira e Barrinha, Lio e Léo e outros mais expoentes do gênero sertanejo.O tempo passa. Rapidinho…

Hoje,levantei com vontade de ouvir rádio. Liguei numa, evangélica. Outra, um barulhão “toc, toc, toc” e não entendia nada. Outra, o noticiário falava em acidente, roubo,morte, arrombamento, assassinatos e outras desgraças mais. Na outra, um noticiário local só de elogios à administração municipal e na última AM que tentei, só propaganda…Sintonizei a FM. Outro desprazer. Músicas da pior qualidade dessas “sertacamas” modernas…Mudo o dial, a oração de S.Francisco. Insisto, aí vem uma mensagem de um locutor otimista. Quase na “ponta”, uma universitária e músicas de gosto duvidoso. Desliguei o rádio. Pesaroso..

Fiquei a pensar com meus botões:”cadê a música boa?”A verdadeira música popular brasileira?Cadê as músicas com sentido e cantores de voz afinada?Será que tudo acabou?

Lembrei-me do Pratinha (Jorge Henrique Prata Soares) e o seu “Festival do Chapadão”.Festivais memoráveis, diga-se, que não se ouve e nem vê falar mais. Começou em 1968, durou 25 anos, com pequenos intervalos, mercê a burrice de alguns prefeitos que não ajudavam o sonhador (além de competente) Pratinha, na realização do festival. Ah!foram anos inesquecíveis! Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, apresentou os três primeiros, 68,69 e 70. Depois a voz bonita, postura de grande apresentador, de Romeu Sérgio Meneghelo, médico conceituado em S.Paulo. Em seguida, a elegância de Reinaldo Rodrigues, engenheiro por esses Brasís afora… As músicas? Letras de “babar” e que marcaram época. “Sarrafo”, ganhou o Festival primeiro.Falava da morte do estudante Edson Luis, no “Calabouço”, restaurante estudantil no Rio de Janeiro. A censura “bobeou” com a letra e… pimba! Lembram-se do Pedro Ernesto, da Engenharia? Pois é, ele foi o grande vencedor.

Em anos seguintes, vieram grandes “clássicos”que só não foram tocados pelas rádios brasileiras pela incompetência, ignorância e falta de conhecimento dos discotecários e donos de emissoras… Outra notável composição vencedora: “Pirulito”, do Marival, contando e cantando a vida dos vendedores da guloseima pelas ruas da cidade… Outra, linda ! “Reencontro”, do Andrézinho Borges Novais, músico exuberante. “De Metal”, de Paulo Edson e Chico Chaves (mais de duzentas letras de músicas . gravadas pelos principais cantores brasileiros).Em 71, foi sensacional;empate de três músicas:”Mensagem”, de Miguel Carlos, “Flores”, de Elias Jabour, de Jardinópolis e “Camila”, interpretada pela Rosana Zaidan( filha do meu saudoso amigo João), de Ribeirão Preto. Até 1993, o Festival do Chapadão monopolizou as atenções do meio artístico interiorano. Infelizmente, por falta de apoio, aconteceu um enorme espaço de sua realização. Apenas mais uma vez, o Festival foi realizado,em 2006. Não mais.

O patrono, cujo nome foi dado ao troféu do vencedor, disse no primeiro ano de sua realização, ter sido a mais gostosa homenagem que poderia esperar:Joubert de Carvalho, um dos uberabenses mais ilustres que esta santa terrinha viu nascer !

Hoje, para tristeza geral, ninguém sabe ou fala o que foi, o que representou para Uberaba, o “Festival do Chapadão”, o seu idealizador e produtor, recentemente falecido em Uberlândia, Jorge Henrique Prata Soares, o Pratinha e- pasmem ! – muito menos Joubert de Carvalho…


 Luiz Gonzaga de Oliveira

CATEDRAL METROPOLITANA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (1827)

Acervo Cúria Metropolitana

Os dicionários costumam atribuir à palavra ermida como referente a uma capela rústica construída em lugar ermo, isto é, longínquo ou de difícil acesso. A primeira capelinha construída em Uberaba sob o cuidado de Santo Antônio e São Sebastião se situava próxima ao córrego Lajeado em 1812 e ali permaneceu ate 1818 quando a população decidiu transferi-la para antiga Praça Frei Eugênio por ser mais conveniente e mais próximo do núcleo de povoação daquela região nascente ainda tão desprovida de recursos no coração sertanejo do Brasil central. Antes de prosseguirmos, penso ser conivente refletirmos sobre a escolha pelas pessoas daquela época de Santo Antônio e São Sebastião como padroeiros da primeira ermida uberabense. Longe de ser uma escolha aleatória, ela reflete o projeto  civilizacional em que marcava o  espírito daquela época. Enquanto Santo Antônio, santo português e padroeiro de Lisboa, demonstrava o forte vinculo com a metrópole num período em que o Brasil ainda era colônia portuguesa, São Sebastião, Santo Romano e padroeiro dos soldados, simbolizava a força militar com a qual seria realizada a conquista do sertão Brasileiro. O sargento-mor Antônio Eustáquio que recebeu provisões para desbravar e colonizar essa região foi agente de grande etnocídio contra as populações indígenas aqui previamente estabelecidas, sobretudo da etnia caiapó, hoje com poucos membros e bem longe do Triângulo. A escolha de Santo Antônio e São Sebastião simboliza, assim, a cruz e a espada, usava na conquista e conversão do Brasil como nação católica e portuguesa. Se hoje nossos valores nos fazem enxergar isso de forma crítica, e bem o fazemos, ao ponto do Papa João Paulo ll por diversas  ocasiões pedir perdão publicamente daquilo que ele dizia serem os pecados da Igreja  ao longo dos séculos precisamos tomar o cuidado para não sermos  anacrônicos. É cômodo julgar personagens distantes de nos por mais de séculos; difícil, todavia, é compreender que provavelmente o faziam para por ignorar as modernas teorias relativismo cultural e ecumenismo e que foram motivados por uma convicção autentica de que estavam por fundar uma terra cristã e civilizada neste agreste sertão e nos mais louváveis valores cristãos.


Foto: Antônio Carlos Prata

A matriz onde hoje se localiza nossa catedral teve o inicio de sua construção  em 1827 (o Brasil já havia se tornado independente) por intermédio de Vigário Silva mas seria apenas em 1854 que seriam realizados ali os primeiros ofícios religiosos. Esses 17 anos de construção de um templo de um templo razoável modesto mostra-nos a precariedade econômica da população local nas primeiras décadas do século XIX. Enquanto a região nordeste ainda se mantinha com a produção e exportação e açúcar, a região central de Minas havia se convertido em grande polo econômico por conta do ouro e convertido a própria cidade do Rio de Janeiro em capital pela proximidade de ambas, São Paulo havia se caracterizado pelas atividades bandeirantes e a região sul pele produção de charque, Uberaba ainda de definia uma economia em parte agrícola marcada pela produção de arroz (vide os ramos de arroz ate hoje presentes em nosso brasão municipal) e em parte comercial por conta do pronto estratégico que nos situamos no Brasil Central, entre três importantes regiões: Minas, São Paulo, Goiás. Destaco também a participação do escravo afro-brasileiro Manoel Ferreira oferecido pelo sargento-mor Eustáquio para contribuir na construção da nova matriz. Não nos esqueçamos de que este país foi literalmente edificado por braços negros, aos quais somos tão devedores, e que nossa igreja matriz não foi diferente. Em 1857 graças a Frei Eugênio a igreja foi dotada de uma grande sacristia, um adro e recebeu paramentos e alfaias. Em 1868 cada uma das duas torres recebeu um sino de cerca de trinta e cinco arrobas cada que permanecem na catedral até hoje. Interessante notar que com o avançar do século e o consequente enriquecimento material da população uberabense, própria igreja se torna espelho dessa prosperidade por esta sempre em estado de reforma e sempre recebendo melhoramentos.
Foto: Antônio Carlos Prata
     No final do século XIX teremos o início de um período de grande prosperidade para as elites uberabenses com advento da criação do gado de raça zebuína buscado na Índia. No começo do século XX, já sobe o regime republicano, e inspirado pelas reformas modernizantes e arquitetônicas baseadas na Europa (o Rio de Janeiro abriu suas primeiras grande avenidas e Manaus construiu se Teatro Municipal)os uberabenses receberam sua energia elétrica em 1904 e varias reformas urbanas, como na praça Rui Barbosa. Esse rápido avanço conquistado com os capitais excedentes da pecuária zebuína e com a vinda da Companhia Ferroviária Mojiana atraiu para a cidade o bispo de Goiás, D.Eduardo Duarte Silva que acabou por se tornar o primeiro bispo da Diocese de Uberaba, criada em 1907 pela bula Goyaz Adamantina Brasiliana República pelo Papa PioX .

Por determinação desta bula o padroeiro da diocese seria o Sagrado Coração  de Jesus e  D.Eduardo inaugurou deste modo a igreja do  Sagrado Coração – atual igreja da Adoração Perpétua ao lado do Palácio Episcopal (Cúria Metropolitana ) – com a prerrogativa de catedral permanecendo a igreja da praça Rui Barbosa como matriz de Santo Antônio  e São Sebastião.

       Em 1910 a matriz passou por grande reforma em que se definiu o estilo arquitetônico  gótico manuelino  e que seria dotada de apenas uma grande torre como até hoje se encontra desde esta data.Finalmente,em1926 por determinação do bispo Luís Maria de Sant’Ana decreto da Sagrada Congregação  Consistorial a catedral   seria transladada para a matriz de Santo Antônio e São Sebastião a à Praça Rui Barbosa e os padroeiros  seriam invertidos, permanecendo assim, em definitivo, como  Catedral Metropolitana do Sagrada Coração de Jesus a partir de 20 de maio de 1926.Ainda assim, de modo a manter viva a memória de mais de cem  anos que Uberaba permaneceu sob a proteção  de Santo  Antônio e São Sebastião, decidiu-se que uma estátua de cada santo ladearia a catedral metropolitana, imagens que permanecem até hoje em local de visibilidade e veneração.

Vitor Lacerda

MUSEU DE ARTE SACRA

Igreja de Santa Rita - Foto: Antônio Carlos Prata
MUSEU DE ARTE SACRA

Inaugurado em 13 de maio de 1987, o Museu de Arte Sacra foi estabelecido mediante convênio entre a Prefeitura de Uberaba, por intermédio da Fundação Cultural de Uberaba, e a Cúria Metropolitana para ocupar a igreja de Santa Rita.

Formado por doações e por aquisições, entre aquelas salientam-se as feitas pela Arquidiocese, o acervo do museu compõe-se de diversas peças, entre elas as imagens: de São Sebastião (de 145 x 45 cm., ex-voto consistente em pintura anônima, óleo sobre tela, do século XIX); de Nosso Senhor dos Passos (176 cm. de altura, de madeira entalhada e policromada do século XIX); de São Tarcísio (67 x 42 cm., de terracota, confeccionada em madeira do século XIX); de São Joaquim (do século XVIII ou XIX, de 143 cm.); e brasão de d. Eduardo, primeiro bispo de Uberaba, em ferro fundido; além de sala de indumentária com paramentos específicos de diversas celebrações religiosas.
O espaço do Museu é também utilizado para celebrações do culto, como missas, novenas, procissões e apresentações musicais e teatrais.

(do livro Informação Sobre Uberaba, Fundo
Municipal de Cultura, recém lançado)
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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de literatura (poesia, ficção e crítica literária), cinema (história e crítica), história do Brasil e regional.

Brasão Municipal de Uberaba

Brasão Municipal

Escudo Redondo Português, encimado pela coroa mural, distintivo das cidades. Em capo vermelho (de goles), uma faixa prata ao início do escudo, simboliza o rio de água brilhante, o Y-berab, de onde procede o nome de Uberaba. Uma asna, também de prata, conjugada à faixa, deixa no campo do escudo uma área irregularmente triangular que simboliza o Triângulo Mineiro e onde estampam cinco estrelas de prata, postas em aspa, das quais a do centro, é a maior e uma coroa de príncipe alto próxima ao vértice da asna. – Simbolizam as cinco estrelas as principais cidades da região do Triângulo Mineiro, e a maior recorda a primeira de Uberaba. – Quanto à coroa de príncipe, rememora ela a antonomásia já antiga hoje secular, atribuída a Uberaba: “princesa do sertão”.

Na parte inferior do escudo um touro zebu de ouro, com patas dianteiras erguidas “possante” ou “furioso”, como se diz em tecnologia heráldica – Recorda – papel notável e a riqueza criada pela importação do gado indiano no centro principal de Uberaba, por iniciativa uberabense.

No listal, em letras de vermelho (de goles), sob fundo de prata, se inscreve a divisa escolhida para a cidade: – “indefesse pro brasilia”. – Ao listal enramam hastes de cana de arroz, ao natural, recordando as principais culturas do município.

Como “tenente” do escudo figuram, à “destra”, um oficial de milícia mineira, em princípios do século XIX, e um soldado com o uniforme dos Voluntários da Pátria, na campanha do Paraguai, equipado em ordem de marcha. – O oficial de milícias, envergando o seu uniforme característico, recorda os fundadores do “Sertão da Farinha Podre” e especialmente o sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira, o principal fundador de Uberaba.

O soldado do “17 de Voluntários Mineiros” relembra que Uberaba foi o campo de guarnição das forças que fizeram a campanha de Mato Grosso e a Retirada da Laguna, operação de guerra de que comparticipariam muitos de seus filhos e do Triângulo Mineiro com real patriotismo, nas fileiras de “17 de Voluntários” e outros corpos.

Sobre a parte central da coroa mural vê-se um escudete com as pechas simbólicas de São Sebastião e as chagas de Cristo da ordem de São Francisco a que pertenceu Santo Antônio. Relembram estes atributos os oragos da cidade e do município.

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central. Uberaba, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1970. p. 1.

Lei n. 582 de 11 de maio de 1928                                                             

“ETA FUMINHO BOM”

Mário Palmério
Hugo Prata

Mário Palmério, aos 18 anos, era um latagão meio desajeitado, muito branco, sabido, de pés e mãos enormes, com um bigodinho ralo e uma aparência de cantor de tangos. Caiu nas graças do Cel. João Prata, que sempre o levava consigo quando ia para sua fazenda. Era saber que o varapau estava disponível e lá vinha o convite: “Tranca, vamos passa uns dias na chácara”. Mário apreciava o velho e aceitava o convite. Iam num Fordinho 29. Na frente, Mário guiando, e, ao lado, o coronel que descalçava a botina e ia coçando os dedos. No banco de trás, bem espremido, ia o restante da família, Tuta, Teté e Lolô, esposa, cunhada e filho.

João Prata gostava de um bom cigarrinho de palha e dedicava bom tempo fazendo um. Aliás, o fazer um cigarro já faz parte do prazer. É como um pescador preparando sua tralha, ou uma mocinha se arrumando para o baile. O coronel picava cuidadosamente o fumo e o desfiava com volúpia, antegozando o prazer da fumacinha de daqui a pouco. A palha era alisada, bolinada com o canivete Rogers, e recebia o fumo, espalhado uniformemente com o indicador. Com ajuda dos polegares, o enrolava em um cilindro perfeito. Uma lambida na beirada, para colá-lo, e pronto. Era só acender e sorver a fumacinha cheirosa. Mas isto nem sempre tinha um bom final. Era terminar de enrolar e o Mário, que ao lado a tudo assistia, se babando em elogios, vinha com costumeira lenga-lenga. “Seu João, que coisa impressionante, é o cigarro mais bem feito que já ví. O Senhor é um artista. Dá prá mim esta obra-prima. Quero ter o prazer de fumá-la.” O velho negaceava, mas sempre cedia.

Aquilo foi cansando o coronel, que se esmerava no capricho, mas quem usufria do êxtase era o Mário. Ruminava uma vingança.

Uma tarde, quando Mário voltava de um passeio a cavalo, o veterano coronel começou a lenta operação de fazer um cigarrinho. Só que substituiu o bom fumo goiano por autêntica bosta seca de vaca. Mário chegou no justo momento do arremate e começou a ladainha: “Seu João, o rei do cigarrinho de palha, não vou permitir que fume esta jóia. Ela foi feita para seu amigo aqui que não tem sua maestria, mas tem um paladar apurado. Eu mereço”. O velho matreiro, cheio de baldas, refugou, negaceou, negou estribo, lamuriou e, protestando, cedeu a tão falada obra-prima. O latagão acendeu o cigarro, tragou lentamente, expeliu a fumaça e veio com a lenga-lenga de sempre: “Divino. Manjar dos deuses. Seu João o artista do tabaco. Eta fuminho bom.”

O coronel gozava interiormente a vingança planejada e foi com sorriso cruel que deu sua ferroada mortal: “Mário, seu tranca, você não entende de coisa nenhuma. Nem de bosta de vaca.”
Retirado do livro Causos: “a senhora dona galinha e seus amores”, de Hugo Prata.
Referência bibliográfica

PRATA, Hugo. Causos: “a senhora dona galinha e seus amores”. Uberaba: Martins, 199?. p. 19-20.