sexta-feira, 23 de junho de 2017

JOUBERT DE CARVALHO NASCEU EM UBERABA, MINAS GERAIS, NO DIA 06 DE MARÇO DE 1900.VOCÊ SABIA?

Joubert Carvalho

Um dos treze filhos do fazendeiro Tobias de Carvalho e de Dona Francisca Gontijo de Carvalho, Joubert de Carvalho nasceu em Uberaba, Minas Gerais, no dia 06 de março de 1900.
Tinha nove anos quando o pai comprou um piano, onde Joubert passou a tocar, de ouvido, os dobrados que ouvia na banda local.

Aos doze anos, tendo terminado o curso primário em Uberaba, Joubert mudou-se com a família para São Paulo, motivados pela preocupação do pai com a educação e formação dos filhos, que foram estudar no Ginásio São Bento.

A primeira composição de Joubert, a valsa Cruz Vermelha, foi inspirada no hospital infantil do mesmo nome, que havia em São Paulo, e cujas primeiras notas haviam sido tiradas no piano da infância.

O pai permitiu a Joubert que vendesse as partituras, desde que o dinheiro revertesse em benefício do Hospital Cruz Vermelha.

O relativo sucesso alcançado pela música animou Joubert a compor outras peças, que entregava à casa editora Compassi & Camin, com autorização de seu pai, desde que o pagamento se resumisse a alguns exemplares para Joubert distribuir aos amigos.

Durante o curso ginasial Joubert foi se familiarizando com os clássicos, na casa de uma tia pianista.
Em 1919 Joubert foi para o Rio de Janeiro, onde o ensino era de melhor nível e, em 1920, entrou para a Faculdade de Medicina.

Com uma mesada de 500 mil réis, Joubert continuava a compor e, durante uma de suas visitas a São Paulo, o editor fez novos pedidos, com a oferta de 600 mil réis mensais.

Como o filho havia obtido êxito nos exames, o velho Tobias não só se rendeu, como manteve a mesada, propiciando ao jovem Joubert uma vida de estudante rico, que podia até mesmo morar em hotel.

Nessa época, influenciado por ritmos estrangeiros, Joubert compôs diversos tangos, como Cinco de Janeiro,
dedicado ao sanitarista Osvaldo Cruz.

Sua primeira composição gravada foi a canção Noivos, lançada em 1921. Mas seu primeiro grande sucesso viria em 1922 com O príncipe, composta por inspiração da chuva e que seria sua primeira composição gravada no exterior, em 1931.

No ano seguinte, 1923, compôs o tango ‘argentino’ Lindos olhos.
Em 1924 Joubert compôs os sambas O jacaré e Não sou pamonha, os foxes Lira quebrada e Vieni a me, as marchas A nova Itália, Revelação e Vira a casaca, os tangos Pressentimento e Sonhos mortos e o maxixe Viva o coronel e, ainda, em parceria com Zirlá, compôs Aventureiro, Encanto de mulher e Tango venenoso e, em parceria com Zael, compôs O galo preto.

Em 1925 Joubert se formou em Medicina, com a tese intitulada “Sopros musicais do coração”, tendo sido aprovado com distinção, embora o título da tese beirasse à pilhéria. Sabendo equacionar perfeitamente as atividades de médico e de músico, Joubert continuava a compor. Desse ano são suas composições Luxo asiático e Vem meu benzinho.

Em 1926, em parceria com Sadi Fonseca, Joubert compôs o maxixe Arrepiado e o tango Canção dos mares e, com Zael, compôs o maxixe Jaquetão. Ainda desse ano são as composições Manequinho, Mãos de neve, Pobrezinho, Prisioneiro do amor e Agonia, esta gravada por Pedro Celestino, irmão de Vicente Celestino.

Em 1927 Joubert casou-se com Elza Faria, que lhe daria o filho Fernando Antonio. Desse mesmo ano são suas composições Bigodinho, Boca pintada, Canarinho, Eu gosto de você, Juriti, Mal aventurado, Nhá Maria, Rio de Janeiro, Rolinha, Sabiá mimoso, Os teus olhos, Traição, As Valentinas e Viva Jaú.
Em 1928 Joubert musicou dois poemas de Olegário Mariano, Cai, cai balão e Tutu Marambá, dando início a uma parceria de mais de vinte músicas.

Também de 1928 são as composições de Joubert de Carvalho Aquele cantinho, Caboquinha, O carinho de meu bem, A casinha do meu bem, Castelo de luar, Os dois caminhos, Os filhos da Candinha, O pardal, Saci-Pererê, Sombrinha azul e Um sorriso e um olhar, a maioria delas gravadas por Gastão Formenti.

Embora as composições de Joubert de Carvalho já viessem sendo gravadas por cantores de destaque na época, como Gastão Formenti e Francisco Alves, a novata Carmen Miranda é que foi a responsável pelo grande sucesso de Ta-hi, lançado em 1930 com o título “Prá você gostar de mim”, que alcançou uma vendagem de 35.000 discos, numa época em que os grandes cantores vendiam, no máximo, até 1.000 discos.

Ainda em 1930 Joubert compôs Dá-se um jeitinho, É com você que eu queria, Escrita errada, Esta vida é muito engraçada, Gostinho diferente, Kalatan, Neguinho, Pelo teu pecado, Saudade danada, Vai recolher, Vestidinho novo e Vou recolher e, ainda, em parceria com M. Fonseca, compôs Cadeirinha; com Ana Amélia Carneiro de Mendonça, com os Canção do estudante e Tarde dourada; com Olegário Mariano, Loiras e morenas e com Gastão Penalva, Para o amor.

Em 1931, em parceria com Pascoal Carlos Magno, Joubert compôs Pierrô, um de seus maiores êxitos e que foi interpretado por Jorge Fernandes, na peça teatral de mesmo nome, de autoria de Pascoal Carlos Magno.

Ainda, neste ano, compôs Amor, amor, Eu sou do barulho, Não me perguntes, Napoleão, Quero ficar mais um pouquinho, Quero ver você chorar, Se não me tens amor, Tem gente aí, Venenoso, História de uma flor, Monte Carlo; com Paulo Roberto, compôs a marcha Foi … foi ela; com Criso Fontes, o samba-canção Gostar de alguém; com Luiz de Góngora, a canção Por que choro; com Célia Benatti, a marcha Que m’importa; com Osvaldo Orico, a canção Se ela te oferecer um grande amor; com Luiz Gonzaga, o baião Trovas de amor; e, com Olegário Mariano, compôs Absolutamente, A carícia de um beijo, De papo pro á (em algumas fontes ‘De papo pro ar’)” e Zíngara. De papo pro á foi lançado, com sucesso, por Formenti, em 1931, e revivido por Inezita Barroso, em seu LP ‘Canto da saudade’.
Em 1932 Joubert compôs Cabecinha de vento, Coisas de amor, É de trampolim, O gatinho, A glória de São Paulo, Lenita e Lição de Cristo; e, ainda, em parceria com Osvaldo Orico, compôs Horas de amor; com Luiz Martins, O índio do Corcovado; com J. Távora, Teus olhos… o outono; com Olegário Mariano, compôs Beduíno, Caboclinho, Galanteria e Se você quer e com Cleómenes Campos, compôs Dor.

Mas o grande êxito de Joubert em 1932 foi a canção Maringá que, gravada por Gastão Formenti, fez sucesso também no exterior, rendendo direitos autorais a Joubert durante muito tempo. Como Joubert queria um lugar de médico dos Marítimos e, sendo amigo do ministro da Viação, José Américo de Almeida, fez, para agradá-lo, já que este era nordestino, a música “Maringá”, que surgiu de ‘Maria do Ingá’; Ingá era um município do nordeste, onde a seca havia sido mais rigorosa.
“Maringá” era cantada por operários que construíam uma nova cidade no norte do Paraná e que, ao ser fundada oficialmente em 1947, recebeu o nome de Maringá. A canção “Maringá” é considerada uma das mais expressivas.

Em 1933 Joubert foi nomeado médico do Instituto dos Marítimos, onde fez carreira, chegando a ser diretor do hospital. Mas não deixou de compor e, nesse mesmo ano, surgiram as músicas Coisinha boa, melhor que há no mundo, Devolve os meus beijos, Estilizada, Ficou um beijo em minha boca, Flor que ninguém colheu, Foi você mesmo, Há nos teus olhos… um luar, Lágrimas de Pierrô, Marilena, Melhor amor, Meu amor chegou, Olá, Que bom que estava, Redenção e Sossega o teu corpo, sossega e, ainda, Arlequim, em parceria com Fortes Malta; Boca bonita, com Narbal Fontes; De madrugada, com Catulo da Paixão Cearense; A doce palidez de Maria, com A. Freitas; Bom dia, meu amor, Canção do abandono, Felicidade e Moreninha brasileira, com Olegário Mariano; C’est toi, l’amour e N’aimez que moi, com Maria Eugênia Celso; Eta caboclo mau e Garota errada, com Luiz Martins; Felicidade… é quase nada e Se um dia pudesse, com Gilberto de Andrade; A lenda das rosas vermelhas e Moleque sarará, com Murilo Fontes; e Tabuada, com Adelmar Tavares.

De 1934 são as composições de Joubert de Carvalho Deixa-me beber, Eu quero te dar um beijo, Um pouquinho de amor, Sapatinho da vida, Uma vezinha só e, também, Pela primeira vez. Em 1940 Joubert compôs as valsas Ainda hei de te beijar, Maria, Maria, Por quanto tempo ainda e Rosi e o fox-canção Em pleno luar. Maria, Maria e Em pleno luar foram gravadas por Orlando Silva, com grande sucesso. No ano de 1941 traz a marcha de Joubert de Carvalho, Avante, companheiros.
De 1943 são suas valsas Ninguém esquece…, A vida é um sonho e Visão de outro amor. O ano de 1946 foi o de maior sucesso para Joubert: Gilberto Milfont lançou a canção Geremoabo e Sílvio Caldas gravou a canção Minha casa e a valsa Nunca soubeste amar. Minha casa foi um dos últimos grandes sucessos de Joubert de Carvalho.

O romântico seresteiro ainda lançaria outras composições, mas nenhum de seus trabalhos posteriores alcançou a projeção popular de Minha casa.

Em 1948 Joubert compôs a valsa Noite de estrelas; em 1949, em parceria com R. C. Lisboa, compôs a canção Reminiscência; em 1950, compôs Flor de esperança, Gostoso e Picadinho; em 1951, Baía da Guanabara, É carinho que falta, Felicidade… e nada mais, Um grande amor, Paris, Paris, Sabe lá o que é isso e Quando se vai o amor, esta última em parceria com T. Malta.

Em 1952 Joubert compôs Festa de formatura, Flamboyant, Fogueira, Mamãe Dolores, No tempo da valsa e Perto da lareira e, ainda, em parceria com David Nasser, compôs o bolero Silêncio do cantor, que era uma homenagem ao cantor Francisco Alves, morto nesse ano, em acidente automobilístico.
Em 1953, com Adelmar Tavares, Joubert compôs Olha-me bem nos olhos. Ainda nesse ano compôs Mande um beijo, Quando eu partir, Tes yeux, A vida por um beijo e Feliz aniversário, com a qual venceu um concurso, sendo gravada por Neide Fraga.

De 1954 são as composições Apresse o passo, Dia feliz, Marcha das bandeiras, Viva São Paulo e Voltei, voltei.

No período de 1955 a 1960, Joubert de Carvalho passou a dedicar-se a estudos filosóficos, não publicando nada e produzindo apenas para uso interno.

Em 1959, foi homenageado pelo povo de Maringá, que deu seu nome a uma das ruas da cidade.
Em 1961 Joubert compôs Hino ao Presidente e Marcha da vitória.

Em 1962 o cantor Carlos Galhardo lançou novas composições de Joubert de Carvalho: O amor e o sol, Florista, Mundos afora, O tempo que ficou e Desde sempre, esta em parceria com Mário Rossi.
De 1969 são suas composições Além da vida e Esta noite não e, ainda, Fragrância, em parceria com Mário Rossi e Sol na estrada, com I. Maria.

Em 1970, participou do V Festival Internacional da Canção da TV Globo, com a valsa A flor e a vida, composta em parceria com Ieda Fonseca, não conseguindo classificação.

Pouco depois, venceu, com a mesma composição, interpretada por Antonio João, o Festival Brasileiro de Seresta.

Em 1971 Joubert compôs O Rio é Carnaval; em 1972, A cidade que nasceu de uma canção e Hora de despedida; e, em 1973, A voz e o violão.

Joubert de Carvalho nunca bebeu, nunca foi boêmio; bares e botequins jamais o atraíram. Homem culto e refinado, chegou também a escrever um romance: Espírito e sexo, que se aproxima do ensaio social.

Como médico, também foi muito talentoso e um dos pioneiros no Brasil em Medicina Psicossomática.

Autor de mais de setecentas composições editadas, no final da vida Joubert se afastou do mundo musical, pois os novos estilos surgidos deixaram pouco espaço ao romantismo do seresteiro que, de certa forma, ele foi.

Joubert de Carvalho morreu no dia 20 de setembro de 1977, vítima de pneumonia, deixando importante legado para a Música Popular Brasileira.

Foto:Autoria desconhecida

Fonte – Joubert de Carvalho Letras

Primeiros Filmes de Júlio Bressane


Primeiros Filmes de Júlio Bressane


                                                                      

                                                                                       Guido Bilharinho


O Insólito e o Enigmático





LANGERTON NEVES DA CUNHA

Langerton  Neves da Cunha

ZÉ CALMON - “O BONITO”- MEU AMIGO

   Amigo, nome que se dá a um companheiro(a)com quem mantemos afeto, consideração e respeito. Para ser amigo,nem sempre é preciso conhecer , mas, é preciso possuir uma grande afeição. Para ser amigo, estar no dia a dia. Amigo, é para sempre. Tem amizades que começam repentinamente e duram eternamente. Amigo, é aquela pessoa em quem confiamos. Amigo, nem sempre tem os mesmos gostos e vontade que a gente tem. Amigo, não precisa ser idêntico a nós. Amigo, é aquele que divide conosco, momentos , sentimentos, alegrias e tristezas.

    Amigo e amizade se identificam. É um relacionamento de reciprocidade ,afeto, confiança. Na Argentina,o dia do Amigo comemora-se no dia 20 de julho, data em que o homem pisou na Lua.O grande Vinicius de Moraes, definiu bem o que é ser amigo:- “Eu talvez não tenha muitos amigos, mas, os que eu tenho são os melhores que alguém poderia ter “. Ainda que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum.Basta sentir as mesmas e gostosas recordações...

   Conhecí Zé Calmon lá pelos idos de 1952. 65anos e caquerada de pura amizade. Nós dois,jogando bola com a molecada.Um de cada lado.Ele, no Nacional do Domingão.Eu, no Ypiranga, do Jairão. De adversários em campo,surgiu uma grande amizade fora dele. Que durou até 2ª. Feira. Zé Calmon,subiu na carreira. Era bom de bola.Eu, tomei “bomba”.Era ruim demais...Calmon,seguiu carreira.Cracão! Íntimo da bola, a chamava de “meu amor”. Eu, continuei no esporte,atividade diferente:locutor esportivo, ora, vejam só...”Enchendo a bola do Zé Calmon.Nacional,Uberaba,Francana,América Mineiro e por aí. Por algum tempo, ficamos separados.Cada um na “sua”.Sem nunca perder a amizade. A cada encontro, mesmo depois de veteranos, era festa !Regada a cerveja.

    Zé Calmon, “oficial de sapatos”,nobre profissão adquirida depois que a “bola foi embora”, ficou viúvo novo. Quatro filhos que tiveram que “se virar” desde cedo e, por isso, “cair no mundo”, novinhos,seguindo o exemplo do pai.”Derem gente” e muitas alegrias ao “Bonito”, tratamento que dava aos amigos. Gesto e atitude simpática ,além de cativante, próprias de um homem “ de bem com a vida” e que nunca demonstrava tristeza.Andava impecavelmente bem vestido.Sapato”bico fino”,cromo alemão,feito à mão,pelo próprio.Camisas? Manga comprida,abotoaduras e francesas,dizia.Calças? confeccionadas na Itália...quer mais ? Relógio no pulso direito,fazia a diferença. –“Tenho uma bela coleção de “bobos”(como ele chamava os relógios...)Um dos filhos, mora na Suiça.Daí...

     Filhos educados no mundo, tornaram-se excelentes profissionais.Uns da bola, outro do Direito.Todos no afã de dar “vida boa “ ao velho Zé Calmon. De repente, outro dia mesmo, sem avisar, veio a doença.Gripe primeiro, depois a pneumonia. Doença matreira, traiçoeira....Zé Calmon, “viajou fora do combinado”, sem avisar os amigos.Amigos que ele prezava tanto...

Zé, procê deixo apenas uma sincera lembrança:- “Amigo é jóia rara,preciosa; precisa ser guardada no coração.Naquela gaveta escondidinha onde se esconde carta de namorada...”


Luiz Gonzaga de Oliveira

PRESTIGIO


É inconcebível e inexplicável o que está acontecendo em Uberaba no quesito transporte aéreo.Cidade com quase 350.000 habitantes, fervilhante metrópole do interior, centro educacional dos mais famosos,detentor do controle genealógico das raças zebuínas do Brasil,pólo químico de grandeza, possui um aeroporto de primeira qualidade, dotado de toda infra estrutura comercial,rota alternativa de toda a região central do Brasil, “viver” às moscas em quase todas as horas do dia e da noite?.

Base de apoio da meteorologia e torre de comando da Infraero,mais de 100 funcionários,pista que comporta pousos e decolagens das mais pesadas e modernas aeronaves, recebe apenas e tão somente míseros vôos diários para Campinas (SP) e Belo Horizonte (MG).Vôos que, verdade seja dita, saem e retornam a terrinha sagrada, quase sempre lotados.

É incompreensível a razão da falta de interesse das principais companhias aéreas brasileiras, desprezarem e ter tamanho descaso para com Uberaba, que, em tempos idos,abrigou rotas para todas as partes do território nacional. Confesso-lhes, fico por tentar entender...

Se não houvesse demanda ,seria justificável.Está demonstrado que tal alusão,não prospera.Fosse o aeroporto local, pouco dotado de condições seguras de vôo,seria desculpável.Não existe esse fat or negativo.Fosse Uberaba e os uberabenses não estarem acostumados com viagens aéreas,seria normal. Também não acontece.Que a cidade estivesse fora de rota alternativa de vôo, vá lá.Também não é.

Só um fator ,lamentavelmente,o uberabense tem que admitir: a fraqueza, a falta de prestigio, a preguiça, a má vontade e a falta de interesse dos nossos políticos ,além das lideranças classistas e empresariais que teimam, estupidamente, não encarar o problema. Não tiram a bunda da cadeira para correrem atrásde um melhor tratamento para a cidade.Será que essas “figurinhas carimbadas” ainda preferem andar de “carro de boi”?Tenho mais uma informação:a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC),autorizou as empresas aéreas realizar vôos internacionais,saindo de 3 cidades mineiras:Uberlândia,Montes Claros e Juiz de Fora. A LATAM e a TAP (Transportes Aéreos Portugueses),iniciarão viagens para Argentina,República Dominicana (Punta Cana) e México (Cancun),semanalmente. Uberaba, como sempre, ficou de fora.Desconhecem-se as razões da terrinha amada não figurar nesse beneficio aéreo...

Não faz muito tempo, Uberaba era o Centro Regional de Referência da aviação civil no Estado.Tivemos épocas memoráveis (já comentei sobre isso há tempos),quase uma dezena de empresas aéreas,fazendo escala na cidade e destino aos mais longínquos pontos do País.Passageiros de toda a região aportavam na cidade para deslocamento rápido para todo o Brasil.
Hoje,com imensurável tristeza, estamos limitados a esses parcos roteiros para B.H. e Campinas, Nada mais ! Agravante: preços para esses destinos pela “hora da morte”.100 kms.daqui,Uberlândia,recebe todos os vôos e o bilhete pela metade dos preços praticados em Uberaba...Vá entender...penosa realidade... Será que estamos virando “currutela”?

 E ainda falam e escrevem aos 4 cantos, que estamos reivindicando a construção de um aeroporto internacional de cargas e passageiros, no “chapadão” entre Uberaba/Uberlândia...No inferno não cabem mais babacas e mentirosos...”Marquez do Cassú”

P.S.O uberabense dá noticia do que fim levou a Integral Engenharia,responsável pelas maiores obras de saneamento e pavimentação da terrinha?

Luiz Gonzaga de Oliveira              

O sonho de Edgar Rodrigues da Cunha

Edgar Rodrigues da Cunha, com engenheiros, operários nas obras do Uberabão
na década de 1960.

Edgar Rodrigues da Cunha, pode não ter sido o melhor presidente do Uberaba Sport Club de todos os tempos. Mas, tenho certeza, foi o desportista uberabense com maior visão empresarial da santa e sagrada terrinha . Disso, não tenho a menor dúvida.Foi inigualável !


Advogado brilhante, professor emérito, pecuarista evoluído, empresário de extraordinária visão( é dele a criação dos Produtos Céres,Trilã, Fábrica de ração animal, confecções...).Nos anos 60, adquiriu uma enorme área , final da avenida Leopoldino de Oliveira,confrontando com a Fazenda “Modelo” e o Quartel da Policia Militar, no Fabrício, que a terrinha conhecia como “pasto do Pereira”.Área de vegetação baixa, cheia de “altos e baixos”, íngreme e de serventia duvidosa. Edgard, visionário, ao adquirir o pasto, era Presidente do USC. Tinha como sonho e meta principal, construir ali, o futuro estádio do “seu”Uberaba Sport Club. E os meios para construir a obra? Edgard, tinha em mente , a venda de “cadeiras cativas”, área “vip”, assim como, daria ao Uberaba, uma porcentagem sólida ao clube, na comercialização dos terrenos em derredor do futuro estádio, pois pretendia edificar no restante do terreno, uma moderna área residencial, a poucos metros do centro da cidade, além de outras fontes alternativas, que, segundo estudos, serviriam para bancar o custo das obras.

Edgard, chegou a apresentar aos uberabenses, o ousado projeto do famoso arquiteto brasileiro, Ícaro de Castro Melo, do tão sonhado estádio do Uberaba Sport Club. A renda da venda de “carnês”,serviu para a primeira arrancada: o arcabouço das arquibancadas e o leito do futuro gramado, o fosso do campo de futebol e o contorno, em elipse, do estádio. Obra inacabada. Edgard, ficou sozinho no empreendimento. Ciumeira? Sei lá... pode ser.

Setores importantes do clube e a nossa sociedade, cruzaram os braços e negaram apoio e ajuda ao magnífico empreendimento. Resultado: triste, magoado, lágrimas nos olhos tanto chorar ( meninos, eu vi!...)por não poder concluir sonho tão sonhado e acalentado, Edgard Rodrigues da Cunha, conheceu o fenecer de tão dourado desejo...

Por anos a fio, ficou aquele “buracão” no pasto do “Pereira”, tal qual filho enjeitado, aleijado e sem cuidados especiais. Edgard, chorava de tristeza, ainda que vendo prosperar as finas e ricas mansões em derredor daquela obra que, um dia, sonhou em doar ao “seu”amado Uberaba...


Luiz Gonzaga de Oliveira

OS AUTORES DO GLORIOSO HINO DO UBERABA SPORT CLUB


RIGOLETO DE MARTINO, italiano, tem lugar na história de Uberaba.Destaque maior no campo da música,”musicou” o eterno hino do Uberaba Sport.Nascido em 1881,na Via Aneli,Itália, veio para o Brasil em 1895, direto para a santa terrinha,onde já residia parte de sua família, que, por sinal, era composta por músicos.Rigoleto,tocava bombardino. Ernani, clarineta, Giocondo, pistom. Além da marcha do USC, Rigoleto compôs mais de 100 letras e músicas de shotis, mazurkas e outros gêneros musicais da época.Faleceu em 1937, deixando viúva, da.Maria Jesuina da Costa e os filhos, Fausto,Ítalo, Ézio, Yolanda e Hilda. Amou muito,a “ sua” Uberaba !


LOURIVAL BALDUINO DO CARMO, moreno,estatura mediana,humor invejável,fluente sem ser arrogante.O apelido “Barão”,foi-lhe dado pela fidalguia e educação que tratava as pessoas.Curso primário;era,no entanto,autodidata.De política,discorria com conhecimento.Culinária,era o “rei da cozinha”...se o assunto fosse economia ou pesquisa de mercado, o “Barão” de tudo conhecia.Mas, era bom mesmo, escrevendo discursos para os políticos, Convencia na retórica...Poeta ! suas poesias eram metrificadas obedecendo rimas...Ninguém melhor que “Barão” para escrever cartas de amor em nome de terceiros , ele ou ela, ao bem amado(a)...Pobre, não era soberbo. Típico professor de roça.Suas andanças não iam além de Uberaba, Veríssimo,”Capão da Onça”, Campo Florido e quetais...

                Luiz Gonzaga de Oliveira     
         

Magnabosco & Cia

                                                   Magnabosco & Cia

Magnabosco & Cia, posto de serviços e revenda de carros da Chevrolet, no seu antigo prédio da Av. Leopoldino de Oliveira com Rua Segismundo Mendes, em maio de 1948. Mais tarde, funcionou no mesmo lugar a Marzola Veículos, outra concessionária da marca.

Nos anos 1990, o prédio foi demolido para a construção de uma agência do banco Itau. Foto da revista Noite Ilustrada.


(André Borges Lopes) 

Cassino Brasil

Cassino Brasil


Até meados dos anos 1960, a Rua São Miguel – atual Rua Dr. Paulo Pontes – sediava as chamadas "casas de tolerância" da pacata Uberaba da época. Em 1948, essa zona boêmia dispunha até de uma casa de espetáculos: o Cassino Brasil, que oferecia um "grill-room", shows musicais e "alegres bailarinas" para divertir os fregueses. Tudo sob o comando do homem da noite Paulo de Carvalho. Anúncio publicado na revista "Noite Ilustrada".


(André Borges Lopes)

Conhecer para amar: Uberaba, 193 anos


Por volta de 1700, descobriu-se o ouro em Minas Gerais. A povoação do Brasil deixou de ser quase exclusiva das faixas litorâneas, estendendo-se rapidamente para a região das minas. A febre do ouro iniciava-se.

Nos seus primórdios, antes da chegada dos Bandeirantes paulistas, a antiga região do “Sertão da Farinha Podre”, atual Triângulo Mineiro, era povoado por índios e quilombolas, negros fugidos do cativeiro.

Com a descoberta de ouro na província de Goiás, e depois em Cuiabá, começaram os esforços para construir um caminho ligando São Paulo às minas goianas e matogrossenses. Foi entre 1722 e 1725 que os sertanistas paulistas, sob a liderança de Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o lendário Anhangüera, descobriram as minas de Goiás e, conseqüentemente, formaram-se arraiais e vilas naquela região. Esta estrada passava nas proximidades onde Uberaba surgiria. Com a chegada do branco, os índios da região, não pacificamente, foram sendo expatriados ou “civilizados”, como convinha aos desbravadores. Aldeias de índios amistosos aos exploradores foram sendo instaladas, nas margens da estrada Anhanguera para segurança dos viajantes.

Transformações na economia mineradora de Minas Gerais, como a descoberta de ouro e diamantes no Sertão da Farinha Podre (em um lugar conhecido como Desemboque), motivaram as imigrações para a região, principalmente daqueles que moravam nas imediações das vilas produtoras de ouro, em plena decadência.

Desemboque exerceu importante função como centro de expansão populacional. Foi dali que saíram expedições que possibilitaram o surgimento das vilas de Araxá, Uberaba, Prata e Patrocínio entre outras.

A formação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba surgiu com a expansão das fronteiras de exploração a Oeste do Desemboque. Em 1812 o sertanista José Francisco de Azevedo instalou um pequeno núcleo colonial, nas cabeceiras do Ribeirão do Lajeado (dos Ribeiros). Este núcleo era formado por algumas cabanas, habitadas por colonizadores emigrados do Julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque. Denominou-se, Arraial da Capelinha.

Praça Rui Barbosa


                Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus   

Em 1809 o Sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira, obteve o título de Regente Geral, e Curador dos índios, do Sertão da Farinha Podre. Realizou duas entradas para explorar a região: uma em 1810 e outra em 1812. Estas expedições eram realizadas juntamente com alguns dos imigrantes geralistas, os quais procuravam lugar para estabelecer fazendas, atraídos pelas notícias de alta fertilidade das terras.

Algum tempo depois, em 1816, construiu uma casa de morada, na margem do Córrego das Lages, imediações da Estrada de Anhanguera e, cerca de três quilômetros dali, córrego acima, ainda à margem esquerda, construiu um retiro para suas criações, que deu origem ao lugar conhecido por Paragem de Santo Antônio.

A partir da construção deste retiro do Major, muitos moradores do Arraial da Capelinha, e de outros lugares próximos, migraram para aquele novo sítio. Esse foi, pois, o núcleo que originou a cidade de Uberaba. O arraial cresceu rapidamente. O comércio foi se firmando, as fazendas tomando importância, a vida social e econômica foi se configurando.

Em 1820, Major Eustáquio munido de empenho, alcançou um decreto de Sua Majestade (Dom João VI), que criou a nova Freguesia de Santo Antonio e São Sebastião de Uberaba. Esta data, anos mais tarde iria se ser escolhida para ser a data de aniversário de Uberaba.

Nos anos 1990, historiadores do Arquivo Público de Uberaba, buscando atender reivindicações para mudança da data de aniversário da cidade, a qual coincidia com a realização da Exposição de Gado, em Maio - gerando transtornos ao comércio devido ao feriado – realizaram pesquisas científicas para identificar outra data de importante significação histórica. Efetivamente, até alguns anos atrás, o dia 2 de maio era a data oficial do aniversário de Uberaba, e foi escolhida reportando-se ao título de Cidade atribuído à Vila, sede do município, em 1856.

Hoje, o dia oficial é o 2 de março, data do decreto régio que estabeleceu a criação da Freguesia de Santo Antônio e São Sebastião de Uberaba, em 1820. Isto absolutamente não significa que a mudança do aniversário de Uberaba não faça sentido histórico.

Este foi um breve relato das origens de nossa cidade. Para amarmos temos que conhecer! Parabéns para os uberabenses que ao longo dos anos vem cumprido sua cidadania, preservando os valores culturais de nossa terra, lutando por uma cidade que ofereça a cada dia, melhores condições de vida aos seus habitantes.

Comemorar os 193 anos é uma forma de reafirmamos nossa memória, nossa identidade Oportunidade para congratular a todos, sem distinção, em qualquer tempo, que em seu cotidiano, muitas vezes sem perceber, tecem a trama da história. Vale a pena comemorar, não vale?


Parabéns Uberaba! Parabéns uberabenses! Parabéns por sua história, cultura e beleza.



Luciana Maluf Vilela

Historiadora



Postado por Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba às 12:05

segunda-feira, 5 de junho de 2017

UBERABA EM TODAS


A expressão “Uberaba está em todas”, foi criada pela saudosa e competente dupla de jornalistas da terrinha, Raul Jardim e Ataliba Guaritá Neto(Netinho). Foi motivada pelo sucesso de uberabenses que deixaram a cidade e foram brilhar e vencer “lá fora”. A frase tem mais de 50 anos e, até hoje, é reverenciada com respeito e admiração aos conterrâneos que elevam com o seu trabalho e profissionalismo sério, o nome da nossa amada Uberaba. Ao nominá-los,como preito de gratidão e respeito, lembro-me de alguns deles.


Sei que vai faltar muitos registros.Culpem a minha ignorância,falta de conhecimento e esquecimento. Dou a mão à palmatória e peço perdão aos que não foram citados. Ainda assim,sintam-se lembrados e homenageados. A idade, né...”Honra ao Mérito” aos uberabenses natos e os de adoção que dignificaram (mortos) e os que dignificam (os vivos), os nossos foros de civilização, cidadania e engrandeceram (e engrandecem) a “terra-mãe”:


Fidélis Reis(deputado,empreendedor,criou o ensino profissionalizante no Brasil),Mário Palmério(maior benfeitor de Uberaba em todos os tempos),geólogos Pedro Moura,Avelino Inácio de Oliveira e Glycon de Paiva(incentivo a Getúlio na criação Petrobras),Joubert de Carvalho(médico e compositor),Campos de Carvalho(escritor),Chico Xavier( o maior”médium”do mundo),Antonio Carlos de Brito(Cacaso,compositor),Alaor Prata(Prefeito do Rio de Janeiro),Eduardo Palmério,Joel Lóes,Orlando de Almeida,Ayrton Gomes,Alaor José Gomes( jornalistas de renome nacional-trabalharam nos diários mais importantes do país),Heli Mesquita (presidente do Banco do Brasil),José Sexto Batista de Andrade (Presidente a Caixa Econômica de S.Paulo),João Fonseca Perfeito(Secretário de Segurança Pública em Minas),Afrânio de Oliveira(Chefe da Casa Civil no governo Jânio Quadros),Antenógenes Silva( o maior acordeonista do Brasil),Augusto César Vannucci (responsável,junto com Boni,da produção dos maiores programas da TV brasileira e ganhador de “grammys” internacionais), na área médica,Álvaro Lopes Cançado( introdutor da medicina esportiva no Brasil),Milberto Skaff,Romeu Sérgio Meneghello, Walter Corrêa Lima,Ademar Lopes,Cláudio Corrêa Leite,Nubor Facure Jr.,Everaldo Lamounier, nomes de respeito no Brasil.Na comunicação,Fernando Vanucci,os irmãos Patricia e Jorge Zaidan,o primo Cláudio Zaidan,; no esporte,também ídolos nacionais, Juca Pato,Toinzinho Nomelini,Táti,Paulinho,Marquinhos,Vandinho, Normandes,Paulo Luciano e Gilberto Perez, atuaram, com brilho, nos principais clubes brasileiros.Na diplomacia,Carlos Alberto Leite Barbosa, embaixador em vários países ; no canto, Marta Mendonça, Paulo Marquez e a dupla Silveira e Barrinha, “enfeitaram” as páginas dos jornais,revistas,rádios e televisões do Brasil, enaltecendo o nome da sagrada terrinha. Nunca, em tempo algum, mancharam o nome de Uberaba nas páginas policiais .....De uns tempos para cá....



“Marquez o Cassú”.


Cidade de Uberaba

2º Encontro de Judô Master - Centro Educacional e Desportivo Judô Oriente Uberaba - Minas Gerais




Randori Treino -   Sensei José Carlos, Sensei Moisés



Tranquilo Baliana sendo
homenageado



Foto oficial do evento Academia de Judô Oriente - Cemea Pacaembu - Cemea Abadia, Projeto Judô Adolfo Fritz e Academia Pinti.




Sensei José dos Reis - Presidente da Liga Triangulina de Judo ( LTJ)


Judô e a Velha Guarda

Nesta foto, da esquerda para direita

Osório, Wanderley Marques, Shihan Sansão, Sensei Tranquilo



Professores, alunos e ex-alunos


Judocas do Judô Oriente

Da esquerda para direita

 Adriana  Evangélica e sua irmã Bianca, Viviane,Shihan Irineu, Ana Paula e Leilane





Esq/direita;Shihan Sérgio Leite,Cirilo Salge,

                                         Shihan Irineu, Augusto Salge, judoca do presente                                         




Esq/direita: Afraninho, filho do Sensei Afrânio fundador do Judô Oriente,
 Sr Osório  Amigo do Sensei Afrânio, Sansão e Tranquilo Baliana             







Professores Shihan Sérgio Leite responsável pelo Judô Oriente e Shihan Irineu Leite responsável de alto rendimento da Liga uberabense de Judô

Giovanny Lima e Shihan Sérgio Leite 


Shihan Irineu Leite e Giovanny Lima      



                Membros da diretoria da Liga Uberabense de Judô (LUJ)
Tesoureiro; Renato, Presidente; Sensei Aquino, Vice Presidente; Paulo Regô




Shihan Sansão com o judoca do passado, José Ferreira 

Paróquia São Benedito (1961)


PROCESSO DE CRIAÇÃO  DA PAROQUIA

Antiga Matriz de São Benedito

Capela Provisória
Construção São Benedito

Missa de Inauguração


terça-feira, 16 de maio de 2017

Primeiros Filmes de Júlio Bressane



O REI DO BARALHO
Procedimento Ficcional


Guido Bilharinho







Já se tem dito diversas vezes e em inúmeras oportunidades, que a ficção (literária, cinematográfica e teatral) não se limita a estruturar e narrar estórias. Essa é uma de suas possibilidades, por sinal, a geral e quase totalmente utilizada, porque é a que agrada e se pensa ser a finalidade única e exclusiva do gênero.
         Mais ou tão importante ainda, restringindo-se à narrativa, é a maneira de se procedê-la. Normalmente, é efetuada convencional e linearmente e arquitetada com início, meio e fim, sucedendo-se os atos, capítulos e cenas em decorrência e/ou em continuidade uns dos outros.
         Em O Rei do Baralho (1973), Júlio Bressane mais uma vez foge desse esquema tradicional e repetitivo para, subvertendo e fragmentando a usual sistemática discursiva, conceber não simplesmente uma estória, mas, elegendo dada situação, apresentá-la em quadros distintos, selecionados de conformidade com sua importância e indispensabilidade para expor sentido e não meramente atos e fatos.
         Sucedem-se, então, conquanto em linha evolutiva cronológica, cenas e sequências formadas de flagrantes isolados entre si, porém, em seu conjunto e por força da sucessão temporal, compondo o quadro diegético.
         Nem se tem possibilidade de sintetizar o eixo narrativo, visto que ele, por si próprio e por natureza, já é essencializado e sintético.
         Loira alta e esbelta (Marta Anderson) apaixona-se por negro baixo e retaco (Grande Otelo), que se proclama o Rei do Baralho.
         O mais que se segue é constituído de mosaicos aleatórios, compostos de cenas de jogos de carteado, diálogos entre o casal, alguns propositadamente inaudíveis, bem como outros ocorridos entre personagens apenas silhuetadas.
         Cenas se repetem, além de muitas delas serem fixadas demoradamente. Não havendo sequenciamento de causa e efeito, ou seja, o acontecimento contemplado na tela não produzir consequências nem ter continuidade lógico-temática, a composição da narrativa é deferida ao espectador, que é obrigado a mentalizá-la e constituí-la de conformidade com sua capacidade intelectiva de extrair das situações apresentadas o sentido que possuem e sua significação no conjunto fílmico.
         Esse procedimento elaborativo exige igual esforço e capacidade do espectador. Não se lhe dá o alimento pronto a ser digerido, mas, apenas – o que é muito – os elementos/ingredientes com que se fazem ou se podem fazê-lo.
         Há de haver, forçosamente, atividade mental do espectador, sem a qual as imagens que lhe são exibidas não se revelam em suas possibilidades, naquilo que são e significam, isto é, aproximação e representação do real sem a intermediação facilitária do cineasta, simples cozinheiro nos filmes convencionais, que só carece, ele próprio, de também ingerir os alimentos artificiosos que produz, sem transferi-los (vendê-los) a outrem. O que, aliás, poderia fazer sem prejuízo de quem quer que seja. Muito ao contrário.
         Em decorrência disso, esse filme não é suscetível, à semelhança da maioria das demais obras de Bressane, pelo menos dessa fase, de ser exibido comercialmente a plateias habituadas, condicionadas, e mesmos viciadas, com o tóxico ficcional que lhes é comumente repassado.
         É bem capaz, como já aconteceu com a obra-prima A Regra do Jogo (La Règle du Jeu, França, 1939), de Jean Renoir, de se tentar até incendiar o cinema, embora o filme francês não apresente a radicalidade conceptiva de O Rei do Baralho.
         Merece ainda referência tópica, a circunstância das cenas de interiores revelarem-se escuras e as de exteriores assaz claras, ambas quebrando, significativamente, a comportada e rotineira técnica oposta.
         Também nunca se viu Grande Otelo tão sério, compenetrado e, felizmente, coloquialmente parcimonioso como nesse filme.

(do livro Seis Cineastas Brasileiros. Uberaba,
Instituto Triangulino de Cultura, 2012)

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Guido Bilharinho é advogado atuante em Uberaba, editor da revista internacional de poesia Dimensão de 1980 a 2000 e autor de livros de Literatura (poesia, ficção e crítica literária), Cinema (história e crítica), História (do Brasil e regional).
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(Obras-Primas do Cinema Brasileiro:
toda segunda-feira novo artigo -



(Brasil: Cinco Séculos de História:
toda quarta-feira novo capítulo -


sexta-feira, 12 de maio de 2017

SAUDADE

     Ah! que saudade eu tenho (deixa prá lá o Olavo Bilac...)Ai que saudade eu tenho dos “velhos 3 de maio” de anos passados... 3 de maio da inauguração da Exposição de Zebu que acontecia em Uberaba ...ai que saudade eu tenho quando via chegar á terrinha,o Presidente da República e sua enorme comitiva de Ministros,senadores, deputados, figuras exponenciais do Brasil...ai que saudade eu tenho, quando antes da chegada da elite presidencial, o aeroporto estava apinhado de prefeitos da região,deputados estaduais,estudantes de todas as classes, à espera do Governador do Estado, outros governadores que chegavam primeiro e ali papeavam até a “descida” do avião presidencial...Autoridades de Minas,S.Paulo,Rio, Mato Grosso,Goiás...era tanta gente importante.Da grande imprensa nacional, nem se fala...

   Ai que saudade do parque “Fernando Costa”,”cheiinho de gente”.Familias e mais famílias com suas “crias”; netos, amigos, conhecidos, parentes, uma festa empolgante, sem precedentes.Ai que saudade eu tenho de ouvir as marchas marciais da banda do 4º.Batalhão, nos intervalos, as fanfarras dos colégios S.Bené,N.S.das Graças,Diocesano, enfeitando,musicalmente, aquelas manhãs e tardes inesquecíveis...Ai que saudade eu tenho emocionado, assistir os malabarismos aéreos da “Esquadrilha da Fumaça” e o roncar ensurdecedor daqueles pássaros metálicos cruzando os céus de Uberaba em arriscadas evoluções, soltando rajadas de nuvens coloridas e o delírio de um público entusiasmado com festa nos ares tão bonita !...Ai que saudade eu tenho aplaudindo o espetáculo grandioso da “Banda dos Fuzileiros Navais”, do Rio de Janeiro, desfilando, garbosamente, tanto no parque, como nas ruas da sagrada terrinha...Ai que saudade eu tenho dos discursos inflamados dos nossos oradores, enaltecendo a pujança do gado na Exposição e a liderança de Uberaba no cenário da pecuária nacional. Ai que saudade eu tenho de ver dezenas e dezenas de delegações estrangeiras, algumas com seus trajes típicos,passeando no parque...realizando negócios,fortalecendo a economia citadina...Ai que saudade eu tenho das memoráveis tardes de “rodeio”,peões de todo o Brasil , a voz marcante do animador Elias Tavares e as “tropas” dos saudosos irmãos Murilo e Pilinha Tibery...Ai que saudade eu tenho dos leilões naquele acanhado “tatersal”, ao lado do palanque oficial...Vaca valendo prata, touro valendo ouro e dinheiro saindo pelo escoadouro...Ai que saudade eu tenho dos “shows” noturnos, a céu aberto,palanque servindo de palco,gramado lotado de gente,vendo Roberto Carlos,Zeca Pagodinho,Trio Parada Dura,Daniel, Leonardo,Fábio Jr, Ivete Sangalo, Rio Negro e Solimões,Wanderley Cardoso... nossa! Só gente boa, cantores sensacionais !Ai que saudade eu tenho do “Baile do Presidente”,no Jockey da praça Rui Barbosa (Presidentes pernoitavam na terrinha e compareciam ao baile...),JK,dançando com as mocinhas da cidade..Ai que saudade eu tenho do “Baile do Governador”, no Uberaba Tênis ( era tradição o Governador dormir na terrinha) e presença certa na festa ! Ai que saudade eu tenho em ler nos grandes jornais brasileiros(Rio,SP,BH,Goiânia,Brasilia),noticias da Grande Expozebu, de Uberaba.Admirar as fotos-reportagens das revistas “O Cruzeiro”,”Manchete”,”Fatos e Fotos” daquela época; depois,”Veja”,”Época”,”Isto E”, divulgando Uberaba! Ai que saudade eu tenho em ver estampada na imprensa nacional, a foto da “Rainha da Exposição de Uberaba”. Era o máximo !Cada mulher bonita, que só vendo...Ai que saudade eu tenho, lembrando o parque “Fernando Costa”,abrigando gente de todo lado,vários idiomas, afinal, o 3 de maio, era a abertura da Exposição, orgulho maior do uberabense ! “Isso,aconteceu ontem ! Hoje? deixa prá lá...

P.S.- amanhã, volto a historiar o Uberaba Sport Club. Desculpem-me pela “quebra da sequência”.O 3 de maio do uberabense merece...ou não ?

Luiz Gonzaga de Oliveira

O SONHO DE UM ESTÁDIO


Início da construção do  estádio Uberabão - Foto:Autoria desconhecida 
Década:1960

    Foram mais de 5 anos de total abandono. Edgard, saiu. Outros entraram.Presidentes se sucederam e o “buracão”,lá.Inerte.Semi-morto. Ao seu redor, ruas e avenidas asfaltadas, eram abertas.Ricas e modernas edificações surgiam. Florescia a “Vila Olímpica”! E aquele enorme “fosso”incrustado numa área de promissor progresso.Não se ouvia mais o roncar trepidante dos tratores em serviço, o estourar das bananas de dinamite, transformando em pesadas rochas de “pedra sabão” que, só mais tarde, anos depois, soube-se tratar de valiosos fósseis da era jurássica.Não se comentava e nem se estudava ainda com a assiduidade dos dias atuais, da importância que “aquelas pedras brancas que escorregam como sabão, daí o nome”...no estudo da paleontologia...Dinamitadas,ninguém sabe o destino que a elas foram dadas...

   O“buraco”permanecia. Enquanto isso, a “oposição” com a renda da gravação do hino do clube, realizava uma tímida reforma nas dependências do lendário estádio “Boulanger Pucci”.O “esqueleto” no pasto do “Pereira”,clamava por solução.Muita obra iniciada , muito mais obras para serem realizadas. Passivamente, a sagrada terrinha, nem dava “bola”...

   Em 1967,ano do cinqüentenário do Uberaba,na festa de entrega dos troféus “melhores do ano” de Uberaba, o restaurante do “Palace Hotel”,estava literalmente tomado por convidados e homenageados, entre eles, o prefeito João Guido.Jorge Zaidan,presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Uberaba-ACEU-,uma das maiores expressões do rádio jornalismo regional, no discurso aos homenageados,ao final, lançou um patético e oportuno apelo:

-“Prefeito,por amor a cidade, pelo nosso futebol,pela grandeza do nosso esporte, conclua as obras iniciadas do estádio do USC que estão há anos paralisadas, torne o estádio municipal e a cidade lhe será eternamente grata”! Empolgado pela saudação do líder do jornalismo esportivo da cidade, João Guido não titubeou e lançou o desafio:-“Se houver a doação da área, todos nós trabalhando em conjunto e nenhum uberabense vendo apenas a “banda passar”, terminarei o estádio”! Delirio na platéia! Aplausos e vivas vindos de todos os cantos do salão.

Edgard ainda detinha a escritura do terreno,não vacilou um instante sequer.De pronto, com altruísmo,cidadania e boa vontade, doou –o com uma condição:ver o estádio concluído. Obras reiniciadas imediatamente.João Guido,elegeu-se deputado federal.Randolfo Borges Jr.continuou.Arnaldo Rosa Prata,prefeito eleito, deu dinâmica sequência à conclusão da obra, faltando apenas o fechamento da “ferradura”,voltada para o centro da cidade.

Em 10 de junho de 1972,com a seleção tri-campeã do mundo e a seleção olímpica dos novos,o estádio, com capacidade para 30.000 pessoas, quando inteiramente concluído,era inaugurado.O nome dado ao estádio foi uma homenagem àquele que reiniciou as obras,João Guido.Porém, o povo na sua eterna sabedoria , o país vivendo momentos de euforia, onde tudo era “grandão”,não fez por menos,apelidou o estádio de “Uberabão”.São passados 45 anos !

Glórias à Edgard Rodrigues da Cunha, João Guido,Randolfo Borges Jr. e Arnaldo Rosa Prata.O primeiro,presidente do Uberaba,iniciador do projeto.Os outros 3, prefeitos da terrinha.
Desde a inauguração do semi-acabado estádio, nenhum prefeito, nos últimos 45 anos, mandou assentar um só tijolo para a conclusão das obras...Triste,né?

Luiz Gonzaga de Oliveira

INAUGURAÇÃO DO “ UBERABÃO “

 
Foto: Paulo Nogueira    


Dez horas da ensolarada manhã do dia 10 de junho de 1972.O aeroporto da terrinha soltando “gente pelo ladrão”, a espera da chegada do Boeing ”737”, que trazia a seleção brasileira de futebol, tricampeã do mundo e a seleção olímpica que fizera apaga figuras nos Jogos Olímpicos daquele ano. Vinham inaugurar o “ “Uberabão”, apelido dado ,carinhosamente, ao estádio municipal “João Guido”,nome oficial daquela praça de esporte.A auto-estima do uberabense estava que era pura adrenalina. O “Uberabão”,depois do “Mineirão”, em BH., era o melhor estádio de Minas Gerais. Gente, quanta alegria coberta de satisfação! Nem imaginam !

   Foram mais de 10 anos de luta,de expectativa, de decepção,de alegrias, trabalho, trabalho árduo, diga-se, por parte do Uberaba Sport,liderado pelo seu então presidente, Edgard Rodrigues da Cunha, conhecido advogado e professor universitário, industrial de méritos e próspero fazendeiro.Edgard,sonhou alto, tentou dar ao seu clube e a cidade, um estádio monumental. Faltou-lhe, infelizmente, o apoio da cidade e seus líderes. Fazer o quê? Despreendido, doou a área, aquele enorme “buracão”, parecido com as históricas arenas romanas, ao município para que o seu sonho não fosse consumido pelas trevas...

   O “elefante branco” como certa parte da imprensa local, se referia ( na terrinha sempre existiram os do “contra”...)ao inacabado estádio, no “pasto do Pereira”, estava ganhando contornos de realidade.

João Guido, Randolfo Borges e Arnaldo Rosa Prata, “peitaram” a obra , encarregaram-se de encher de orgulho , a alma do uberabense. Ainda “em meia boca”, o estádio seria inaugurado. Belo gramado, arquibancadas (uma parte coberta) , vestiários, cabines de rádio e TV, tribuna de honra, bares, sanitários, áreas essenciais para sua pronta inauguração. Ficou faltando tão somente a conclusão da elipse (ferradura), fechando o estádio.

   No aeroporto, o governador de Minas, autoridades municipais e regionais, políticos de todas as matizes, além de jornalistas e radialistas de todo o Brasil.A ex-Rede Tupi de Televisão,à postos para documentar a chegada dos tricampeões do mundo e. à tarde, transmitir para o Brasil, o jogo de inauguração do “Uberabão”.Gerson,Brito,Piazza,Jairzinho,Rivelino( fez o primeiro gol do estádio), freneticamente aplaudidos , o mesmo acontecendo com os “olímpicos”,cuja estrela maior era Paulo Roberto Falcão.O “Uberabão”,super lotado.Ora,pois.

   Mas,a figura central,alvo de todas as atenções,era João Havelange,presidente a Confederação Brasileira de Futebol.Na cidade,receberia o título de “cidadão uberabense” pelos relevantes serviços prestados ao futebol brasileiro.Tão logo desceu do avião,atrás dos jogadores,comissão técnica,jornalistas e convidados,a emoção tomou conta do povão aglomerado no saguão e lado de fora do aeroporto.Era gente que não acabava mais.Só comparável quando das visitas de Getúlio e depois JK, na abertura das Exposições agropecuárias. Hoje...bem ... hoje... deixa prá lá...Espocar de fogos se ouvia por todos os cantos da terrinha.Escolares com bandeirinhas do Brasil,formavam extensa fila por onde,obrigatoriamente, passariam os ilustres visitantes.Fanfarras dos nossos colégios e a Banda do 4ºBatalhão , esmeravam nas marchas militares. Emoção, gritos, palmas, vivas se ouviam por todos os lados...

   Foi nada não.O último a descer foi João Havelange.Elegante,bem vestido,sorriso discreto, pose de rei, o presidente da CBF,foi cumprimentado pela famosa “fila do beija-mão”.Quando entra no saguão do aeroporto,povão espremido como “sardinha na lata”,Havelange para.Olha fixo na porta de saída do recinto.Lá estava um homem alto,meia-idade,ralos cabelos grisalhos e que não fora convidado para formar na fila de cumprimentos.Havelange,esboça um largo sorriso, levanta os braços e chama:- “Meu querido Waldomiro Campos,venha cá.Quero lhe abraçar!’Atônitas, seguranças,autoridades,jornalistas,abrem alas e aquele senhor,semi obeso,de terno surrado e gravata velha,humildemente. dirige-se a Havelange e trocam na presença de todos, um fraterno abraço com direito a beijo no rosto...

  Waldomiro Campos, “Nenê Mamá”, na sua simplicidade , era a figura mais importante para o importante futuro presidente da FIFA! 45 anos são passados! Nunca mais Uberaba “viu”, de perto, a seleção brasileira!Uberaba, conhecida,”ao vivo”,pela TV-Uberaba, em todo o Brasil, nunca mais apareceu! O nosso futebol, que foi grande, está na UTI dos eventos esportivos!Uberaba, não viu mais nem Havelange, nem “Nenê Mamá”! Uberaba, até hoje,não viu o término do “Uberabão”! Uberaba,tristemente, não viu “ a banda passar”...


Luiz Gonzaga de Oliveira 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

CAVALO TARADO...

Primeiro: Cristo crucificado
Segundo: Tiradentes enforcado
Terceiro: Brasileiro honesto, endividado...

A história é antiga. Bota antiga nisso...Rico fazendeiro (na terrinha tem muito...), além do gado de elite que criava, tinha verdadeira adoração por eqüinos. Cavalos de raça era sua verdadeira paixão.”Tropeiro”,”Pantaneiro”,”Mangalarga”,Mangalarga marchador”, enfim, onde tivesse um exemplar que o agradasse,” mandava ver”.Custasse o preço que fosse,o animal era seu.

Pastos bem cuidados,divisas com “cerca paraguaia”, postes branquinhos, alinhados simetricamente, dava gosto passear pelos campos verdejantes da bonita”Estância São Pedro”. Ao correr do tempo,o capataz começou a observar um animal trotão que viera como “carga morta” de um lote recentemente adquirido.Cavalo “inteiro”,( o que não é castrado) e apto à reprodução, o garanhão não era muito dado à “cobrir”as fêmeas da fazenda. Esquisito, né ?

O dono alertado pelo empregado,passou a observar o “crioulo”.Volta e meia,estava aos coices e barrancos com outro macho...-“Isso não é normal”,pensou. Vários dias e o fato se repetiu.
Fim de tarde de uma sexta-feira,notou a falta dos dois “garanhões” no pasto que terminava no corguinho “Piranha”. Desceu da montaria e para a sua grande surpresa e espanto, os cavalos estavam mortos à beira do riacho. O “garanhão tarado”, “coberto” num potro de sua estimação,pelo qual nutria especial cuidado. Aborrecido ao ver uma cena tão inimaginável e incomum, relatou o ocorrido ao Leopoldino, capataz da fazenda.Vendo um leve e maroto sorriso do empregado, quis saber o por que da reação tão normal do empregado. Léo, Foi curto e grosso:- “Patrão, cavalo quando acha bonito o trazeiro do outro, acontece isso...”

-“Isso o quê, Léo!”, indagou. –“Me conta”, insistiu.
-“Dotô, é o seguinte:cavalo tarado não tem noção(?) e bunda bonita, fica louco para “entrar”.Quando tá na “metade”,arrepende e quer tirar. O “outro” que não estava esperando “por isso”, leva um susto tremendo e...”tranca”. Então, vem o dilema: o que “colocou”,espera que o “outro”afrouxe para ele sair. O “outro sofredor”, pensa diferente. Se eu afrouxar ele “entala tudo”. Daí, patrão, os dois morre(...), entendeu?”

P.S.- A historinha acima, é mera fantasia. Não tem nada a ver com a planta de amônia da Petrobras e o gasoduto de Betim, tão ansiosamente esperados pelos uberabenses...


Luiz Gonzaga de Oliveira

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes

    Ouro Preto está fervilhando. Gente saindo pelo “ladrão”.21 de abril, comemora-se a data do “proto-mártir”da independência do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier. Tudo começou nas Minas Gerais onde Joaquim era popularmente conhecido como Tiradentes, pois que, através o seu padrinho Sebastião, antigo dentista prático, passou a se dedicar a profissão que lhe rendera o apelido. Nascido em 1746, em Zitápolis, perto de Vila Rica, morreu em 1792, no Rio de Janeiro. Sem dúvida, Tiradentes foi o mais famoso e importante dentista história pátria. Não foi só isso.Militar,tropeiro,comerciante,minerador e um respeitável ativista político. Filho de portugueses,donos de uma pequena propriedade rural, tinha oito irmãos. Ficou órfão de mãe,antes dos dez anos e perdeu o pai, dois anos depois. Sebastião Leitão, o padrinho, encaminhou-lhe na vida. Ao fazer parte da escola militar, “Dragões de Minas Gerais”, juntou-se a vários integrantes da aristocracia mineira, entre eles, poetas, advogados, fazendeiros, quando Joaquim envolveu-se com o movimento dos inconfidentes, que tinha como objetivo,conquistar a independência do Brasil. 

    Joaquim falava bem, comunicava-se melhor ainda, era convincente e idéias firmes.Organizado, tornou-se líder e estava à frente do movimento embrionariamente, sublevado.Quando tudo caminhava a contento, reuniões crescendo de adeptos , aconteceu a delação de Joaquim Silvério dos Reis...Movimento descoberto, inconfidentes presos e julgados em 1792.Alguns,protegidos da “aristocracia monárquica”, ganharam penas leves, confinados em masmorras ,mas,logo libertados.Outros,sem “padrinhos”, açoite em praça pública e degredo para a longínqua África.Joaquim, sem amparo econômico,frágil em amparo político, condenado à forca !

Decapitado, esquartejado , no campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro, a 21 de abril de 1792, as partes o seu corpo foram expostas em postes que ligavam o Rio de Janeiro às terras mineiras. Cúmulo da maldade, até a sua humilde casa, foi queimada por ordem do Reino e os seus poucos bens, confiscados. Joaquim, foi um herói nacional !Deu a vida pela independência do nosso país que sofria o domínio e a exploração de Portugal.O Brasil não tinha Constituição, direito a desenvolver indústrias, além do povo sofrer com os altos e escorchantes impostos cobrados pela Côrte.Nas regiões mineradoras, o “quinto”( imposto sobre o ouro extraído das nossas terras) e a “derrama”, causavam revolta na população.Tiradentes, o Joaquim, sonhava em ver um Brasil livre e independente ! E as”causas” da Inconfidência Mineira”,perguntarão ?

    - A escrava exploração colonial de Portugal ao Brasil –A cobrança do “quinto”(20%)taxa cobrada pela Coroa Portuguesa do ouro brasileiro que ia para os cofres portugueses.-----Quem não pagasse, sofria pesadas punições,incluindo o degredo (deportação)para a África---Criação da “derrama”.Cada região aurífera, tinha que pagar 100 arrobas ( 150 kilos!)de ouro, por ano, à Portugal. Se a região não conseguisse “cobrir a cota”,sol dados invadiam casas e retiravam ,à força, objetos de valor,até completar o imposto devido. A “derrama”foi o estopim da revolta !—a vontade da elite brasileira à época, em participar das decisões políticas do Brasil—a forte influência do liberalismo por parte de intelectuais brasileiros em contato com o pensamento liberal europeu, que defendia a liberdade e a democracia. Causas plenamente justificáveis !

    Joaquim, o Tiradentes,não era nenhum intelectual.Porém,interessava-se por atividades políticas e teve contatos com Alvarenga Peixoto, Tomaz Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, poetas respeitados ,seus companheiros de movimento. Presos,muitos dos inconfidentes,temendo punições severas,não confessaram seus crimes.O único a fazê-lo foi Joaquim, o Tiradentes e que, por isso, recebeu a pena capital. A imagem de Joaquim,o Tiradentes, é o ícone da Liberdade e da Independência do Brasil,o grande Herói da Nação !

    Desde 1965,lei federal instituiu o 21 e abril,como feriado nacional e, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira ! A Medalha da Inconfidência é a mais alta Comenda concedida pelo governo mineiro, atribuída a personalidades que contribuíram para o prestigio e projeção de Minas Gerais. :Criada em 1952, no governo JK, tem quatro designações : Grande Colar ( Comenda Extraordinária), Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência.


Luiz Gonzaga de Oliveira