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terça-feira, 20 de agosto de 2019

A IMPONENTE ESTAÇÃO DE JAGUARA

Em março de 1888 a locomotiva a vapor "Minas Gerais" da Companhia Mogiana cruzou o Rio Grande e chegou ao Triângulo Mineiro. Menos de um quilômetro depois da ponte, ainda próximo às barrancas do rio, havia sido erguida a estação de Jaguara. Era a segunda estação da empresa a ser aberta na província de Minas Gerais: a pioneira havia sido Caldas (mais tarde renomeada Poços de Caldas), inaugurada em outubro de 1886. Formalmente, a estação Jaguara marcava o final da “linha do Rio Grande” da companhia. Dali em diante, os trilhos pertenciam à “linha do Catalão”. A Mogiana tinha a concessão do governo para estender sua ferrovia até essa cidade no sul de Goiás, mas acabou encerrando sua linha em Araguari, onde chegou em 1896.

     A estação de Jaguara em registro sem data, já no período final das operações, início da década de 1970. Foto de coleção particular.


A estação de Jaguara em registro sem data, já no período final das operações, início da década
de 1970. Foto de coleção particular.


Reprodução de trechos do jornal"Gazeta de Uberaba" do dia 10 de março de 1888.


Reprodução de trecho do jornal "A Província de São Paulo"

Reprodução de trecho da "Revista Ferroviária" de abril de 1888.


  Foto recente de satélite do Google Earth, vendo-se à esquerda a ponte de Jaguara sobre o Rio Grande e à direita as construções remanescentes da estação de mesmo nome.

Localizada em um local deserto, sem nenhum povoado ou cidade por perto, as instalações da estação de Jaguara impressionam pela seu tamanho e imponência. O prédio principal é mais amplo e mais bonito do que o da estação que foi erguida no ano seguinte em Uberaba (que, na época, era maior cidade de toda a região). Os terrenos para construção dos pátios de manobra, armazéns e uma vila ferroviária foram cedidos pelo Coronel Manoel Pereira Cassiano, residente em Uberaba. Apesar do estado precário de conservação, alguns desses prédios resistem até hoje ao abandono.

Há uma explicação para esse aparente exagero. Jaguara não era somente uma estação de trem. A Cia. Mogiana havia conseguido do governo também a concessão para explorar a navegação no Rio Grande. A 300 metros do prédio da estação, já abaixo das pedras e corredeiras da região da ponte, a empresa construiu um atracadouro de barcos. De lá, descendo o rio, era possível navegar até os portos fluviais de Boca Grande, Santa Rita do Paraíso (Igarapava), Ponte Alta (nas proximidades de Delta) e Espinha (um pouco abaixo do atual Distrito Industrial 3 de Uberaba). A Mogiana pretendia utilizar esse trecho do rio para recolher e distribuir as mercadorias transportadas pelos seus trens em Jaguara. Entre elas, sacas de sal grosso para os criadores de gado da região.

Segundo documentos da época, foram trazidos para o Rio Grande ao menos dois pequenos barcos e vapor e batelões para realizar esse trabalho. Mas a iniciativa não deu resultado. Antes da construção das represas, o Rio Grande tinha diversas corredeiras e águas bastante agitadas, em especial nas épocas de cheia. Um dos barcos naufragou poucos meses depois do início das operações e a Mogiana desistiu do projeto. Uma curiosidade é que, por algumas décadas, a estação teria se tornado um ponto de embarque para peixes pescados no Rio Grande.

A interrupção da ferrovia da Mogiana no início de 1970 pelo lago da represa de Jaguara selou o destino da estação. Transformado em um ramal da linha que alcançava Uberaba por Igarapava, o trecho entrou em rápida decadência. Um acidente ferroviário com dezenas de vítimas ocorrido no final do mesmo ano pôs fim ao tráfego de passageiros. O transporte de cargas encerrou-se por volta de 1975, e a linha foi desativada.

(André Borges Lopes)


Há mais informações sobre a estação no site Estações Ferroviárias do Brasil

Os créditos das imagens estão nas legendas.


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Em 1971, a antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada à empresa estatal paulista Fepasa. Na década de 1990, todas as linhas de longo curso remanescentes da Fepasa foram transferidas para a Rede Ferroviária Federal e, em seguida, divididas em lotes e privatizadas. O Arquivo Público do Estado de São Paulo, conseguiu que os acervos históricos das antigas empresas ferroviárias paulistas ficassem sob sua guarda. Nesse acervo, encontrei algumas fotos originais das linhas de trem da Cia Mogiana no Triângulo Mineiro.



História, causos e memória: acesse www.uberabaemfotos.com.br

Cidade de Uberaba

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A PONTE DE JAGUARA SOBRE O RIO GRANDE, EM 1913, NA DIVISA SÃO PAULO/MINAS GERAIS

 A ponte de Jaguara sobre o rio Grande
   
A ponte de Jaguara sobre o rio Grande, em 1913, na divisa São Paulo/Minas Gerais Foto: Autoria desconhecida.
HISTORICO DA LINHA: A linha do Catalão foi construída entre 1888 e 1889 até Uberaba, tendo chegado em 1895 a Uberabinha (Uberlândia) e 1896 a Araguari. Continuação da linha do Rio Grande a partir da estação de Jaguara, às margens do rio Grande e já em território mineiro, a ideia da Mogiana era alcançar Catalão, em Goiás (daí o nome) e dali seguir para Belém do Pará, coisa que nunca aconteceu. Na verdade, a E. F. de Goiás acabou por construir esse trecho, chegando até Goiânia e Brasília. Em 1915, o ramal de Igarapava foi prolongado para além de Igarapava de forma a alcançar a linha do Catalão um pouco antes de Uberaba, em Rodolfo Paixão. A nova linha provou ser mais econômica do que o trecho da linha do Catalão entre o rio Grande e Uberaba, trecho este que foi abandonado definitivamente em 1976, depois de ser separado da linha do Rio Grande em 1970 por causa da construção da represa de Jaguara. O trecho a partir de Uberaba foi, então, incorporado ao ramal de Igarapava e, em 1979, totalmente retificado a partir de Ribeirão Preto até Araguari. Trens de passageiros percorreram o trecho até 1979 e depois o trecho retificado até 1997, quando foram suprimidos, já pela Fepasa.
A ESTAÇÃO: A estação de Uberaba foi aberta em 1889 pela Mogiana. Por algum tempo estava essa estação designada para ser a saída da estrada de ferro que a ligaria a Cuiabá, no Mato Grosso. Com a inauguração da E. F. Noroeste do Brasil, em 1906, a partir de Bauru, o projeto foi cancelado. Em 1948, a estação foi transferida de local, quando se construiu uma segunda estação, na linha nova, abandonando-se a original, demolida mais tarde. “É entregue ao tráfego na linha tronco a retificação do traçado compreendendo Rodolfo Paixão a Mangabeira, retirando da região central de Uberaba os trilhos da estrada de ferro” (relatório da Mogiana, 1948). “No entanto, ainda restou o prédio referente ao depósito de mercadorias da referida estação. Hoje, nesse prédio, funciona uma empresa credenciada pela CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais S. A.). Infelizmente, não tive acesso ao interior do prédio. Nota-se a descaracterização de sua bela arquitetura original, muito provavelmente como conseqüência do descaso atual em relação à cultura e à história como um todo. Uma pena! O prédio se localiza na Rua Menelick de Carvalho, no Bairro Boa Vista, a algumas quadras ao Sul da terceira e atual estação de trens de Uberaba” (Flávio de Faria Careta, 04/2008). A segunda estação permaneceu ativa apenas por 14 anos, e em 1962 foi outra vez mudada de lugar, transformando-se em depósito, mas permanecendo junto à linha. Uma terceira estação foi construída, que é a que funciona até hoje.
Ralph Mennucci Giesbrecht.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

NO BRASIL AS LOCOMOTIVAS A VAPOR RECEBERAM O APELIDO DE “MARIA-FUMAÇA” EM VIRTUDE DA DENSA NUVEM DE VAPOR E FULIGEM EXPELIDA POR SUA CHAMINÉ - UBERABA

“Maria-Fumaça” Ano 1915


No Brasil as locomotivas a vapor receberam o apelido de “Maria-Fumaça” em virtude da densa nuvem de vapor e fuligem expelida por sua chaminé

Esta é a Mogiana, uma”Maria-Fumaça” que passava pela linha do Catalão, construída entre 1888 e 1889. Essa foto foi tirada em 1915 e registra o momento de sua passagem por Uberaba. A linha percorria boa parte do estado mineiro até Goiânia.


Arquivo Público de Uberaba