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sexta-feira, 29 de março de 2019

Histórico Patrimônio meu

Inicio o meu texto de hoje em tom melancólico apresentando o poema que um dia lavrei para datas especiais como a de ontem.

Eu sou a Memória / Hoje tão calada e esquecida / Que acaba sozinha em vida / Morre aos poucos com a história. Devagar vou sumindo / Dia a dia sendo apagada / Meu passado vai ao nada / E o presente pra lá está indo. Velhas casas e casarões demolidos / Relíquias escapam da mão / Cultura colide com a ambição / Valores de ontem agonizam feridos. Histórico Patrimônio meu / Não o protejo como deveria / Espero poder resgatá-lo um dia / E vê-lo no lugar que é todo seu. Quem não se liga ao passado / Expõe-se ao risco na certeza / De no futuro ser lembrado com frieza / Por ter sido um ser desnaturado.

Tristeza como a que ontem senti, só comparei quando uma voz ao telefone me anunciou que minha saudosa mãe havia deixado esse mundo. “Tenho uma notícia triste para lhe dar: a casa em que Zote nasceu está sendo demolida. Faça alguma coisa!”, disse-me uma voz amiga no meio da tarde. Fiquei perplexo depois de ter escrito um livro sobre a vida de José Formiga do Nascimento - o lendário Zote - e lançado a obra em 31/01/2015 no Cine Municipal Vera Cruz. Quase 1.000 pessoas estavam presentes e numa só tacada 270 livros foram vendidos, tendo em vista o interesse que o personagem despertou e continua despertando. Outras edições virão.

Fui ao local da demolição. Atônito, não tive outra alternativa senão dizer ao mundo em “NOTA HISTÓRICA LAMENTÁVEL: neste momento está sendo perpetrado um crime contra o patrimônio histórico de Uberaba: a casa onde nasceu José Formiga do Nascimento - o Zote - está sendo demolida. Não bastaram as gestões que fizemos junto ao CONPHAU e aos proprietários da casa. Ela está indo ao chão e junto vai uma parte da história. Ali nasceu o uberabense que Uberaba nunca esquecerá. Local da barbárie: rua José de Alencar, 376, antigo 68. Aos que primaram pela omissão os nossos ‘parabéns’”.

Não divulgarei aqui as manifestações da legião de amigos, residentes no Brasil e mundo afora, cujas raízes estão em Uberaba. São tantas que as guardarei como prova de que Zote habita a memória e o imaginário dos seus conterrâneos ou não. Naquela casa então de Bento Eduardo da Silva Polveiro e depois Osório Adriano da Silva, nasceu no dia 23/02/1923, há 95 anos, o menino que por ser meio parvo e genial, recebeu o apelido de Zote. Era a última casa daquele estilo no bairro São Benedito e uma das últimas de Uberaba (!!!) Para onde vamos senhoras autoridades responsáveis? A palavra não é mais minha.

Por que esse meu apego com algo material? É que a história não me perdoará, se de braços cruzados eu permanecer: “Quem não preserva o passado não terá futuro”. Eis a questão.


João Eurípedes Sabino

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Cronista do Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas.


Cidade de Uberaba

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Fundação Cultural iniciará reforma do Relógio e Obelisco da Praça Jorge Frange

Relógio e Obelisco - Foto: Antonio Carlos Prata.


A Fundação Cultural de Uberaba, por meio do Setor Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Sempac), iniciará nesta semana a reforma e manutenção do bem tombado, Relógio e Obelisco, localizado na Praça Jorge Frange. O projeto vem sendo cuidadosamente estudado e planejado desde o primeiro semestre de 2017, com pesquisas e projeto arquitetônico que visam proteger o bem e preservar suas características originais.

A reforma contará com pintura total e a troca de vidros quebrados das esquadrias, e será colocado um gradil no entorno para evitar vandalismo e pichações. Além disso, também já está em andamento o processo de manutenção do relógio.


Relógio e Obelisco - Foto: Antonio Carlos Prata.

A equipe esclarece que as melhorias no bem tombado serão custeadas pelo Fundo Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Fumphau), que provém de arrecadações do ICMS Cultural. O projeto, que contará novos pontos ao município, foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (Conphau).

O relógio que se encontra sobre o obelisco, na Praça Dr. Jorge Frange, foi doado pelas colônias japonesas de Uberaba e Igarapava à comunidade uberabense, por ocasião do centenário da elevação de Uberaba à condição de cidade, em 1956. No intuito de guardar o relógio, a torre do Obelisco foi erguida no governo Arthur de Melo Teixeira, harmonizada com o antigo edifício da Estação Rodoviária.

Mesmo com a mudança do local da rodoviária e a remodelação da praça, nos anos 1970, o obelisco comemorativo continua em seu lugar de destaque, representando a participação do imigrante na história local e evidenciando sua inserção no contexto uberabense, ao mesmo tempo em que identifica culturalmente uma cidade construída por uma população diversificada.

Luiza Carvalho – Jornalista




Cidade de Uberaba