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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Viajar é preciso...

O deslocamento humano, de um lugar a outro, por terra, se faz desde sempre. 

No início, a pé, abrindo “picadas”,que se tornaram caminhos.Estradas a ligar lugares que despertavam o interesse dos homens. 

Com o tempo apareceram os meios de transportes. 

O homem conseguiu fazer uso de animais e... carroças. 

Essas carroças (carruagens) evoluíram ao longo do tempo, assim como as estradas de rodagem. 

Uma grande transformação no transporte coletivo aconteceu com a invenção do trem-de-ferro.Longas distâncias passaram a ser vencidas com rapidez,segurança e “conforto”.A Estações fizeram surgir povoados,que ofereciam infra-estrutura de apoio ao viajantes:hotéis,restaurantes,salas de espera,sanitários,”vendas”,etc..Estes pequenos povoados também dispunham de estábulos para animais,carros de aluguel,para viajantes. 

O próprio trem-de-ferro oferecia viagem confortáveis, em vagões espaçosos, com toiletes à bordo,restaurantes,serviçais,carros-leito. 

Como as estradas era sobre trilhos, os solavancos tão desconfortáveis das “diligências”, não existiam. 

O problema que persistia era o descolamento do próprio domicílio até a Estação mais próxima. O trem não ia todo lugar. Era bitolado nos seus trilhos. 

As linhas do trem-de-ferro faziam muitas curvas. Para alguns técnicos,o problema estava nos aclives e declives acentuados que inviabilizavam o seu deslocamento.Era necessário contornar os “morros”e”vales”;outros alegavam que as empresas construtoras cobravam por metro linear,e assim faziam de tudo para “esticar”a linha e aumentar o faturamento;uns terceiro falavam da função social do trem,que tinha em seus projetos alcançar o maior número possível de povoados,em busca de cargas e passageiros.

Mapa

O que sabemos é que o transporte de cargas e passageiros sofreu grande desenvolvimento após a invenção do trem-de-ferro,a partir de meados do século XIX,porém,trouxe novidades revolucionárias para o transporte:o motor de combustão interna,que proporcionou a invenção do automóvel.A partir daí o transporte coletivo superou a única limitação maior do trem-de-ferro: o bitolamento.Por volta de 1930,já se expandia o uso do ônibus,”instrumento de transporte de flexibilidade total”Em 50 anos,no caso brasileiro,o trem perdeu completamente sua função,no quesito-transporte de passageiros,embora,os últimos anos assistiam sua ressurreição,a nível urbano,através das redes de metrôs. 

Uberaba ocupa espaço privilegiado no interior do Brasil. Constitui-se, durante muito tempo, no maior entreposto do Sertão. Mais de 2500 carros-de-bois ligavam Uberaba com as diversas regiões do Triângulo Mineiro,Goiás e Mato Grosso. 

Da Província de Minas, após a Guerra dos Emboabas, os mineradores começaram a entender as suas pesquisas para a região Noroeste, vindo fundar uma povoação na mina do Tamanduá. Daí dobraram para o lado do Sertão, transpondo a Serra da Canastra, povoando o Desemboque,já na região do Triângulo.Uma estrada unia Tamanduá ao Desemboque,de onde bandeirantes,em busca de outros espaços,vieram fundar Uberaba.A Estrada de Minas veio a cruzar a Estrada do Anhanguera em Uberaba.”Assim,nas primeiras décadas do século XIX,o Chapadão do Azagaia se constituído estrada geral de Tamanduá para o Desemboque,e dali para Uberaba. 

Mais tarde, uma estrada foi aberta para o Porto de Ponte Alta, fazendo a distância entre Uberaba e Franca ficar mais curta.Depois surgiu a ideia de uma estrada mais curta também para Goiás,e uniu Uberaba a Morrinhos. 

Aos poucos, novos entrantes foram formando sítios e fazendas, por todos os cantos do Sertão da Farinha Podre, gerando uma malha enorme de caminhos. 

De estradas, porém, só tinham o nome. Eram simples veredas, sem alinhamento, nivelamento e leito cômodo. Até a que conduzia a Santos conheci eriçada de pedras soltas e zigue-zagues, onde não faltavam atoleiros. 

O tráfico fazia por terra; viajava-se em caravanas, com o intuito de proteção mútua; parava-se nos lugares onde se encontravam alimentos e água; nos pontos mais importantes dessas paradas, erguiam-se povoados. 

“O comércio se fazia pelo muar, o cavalo e o boi”. 

As viagens eram demoradas, sacrificantes. Parecia que a estrada não acabava mais. 

Até que chegou o trem-de-ferro,em 1889,possibilitando que de Uberaba se chegasse,em três dias, à Capital do Império,Rio de Janeiro.As viagens passaram a serem prazeirosas,principalmente,quando se ia para o litoral.Para o Sertão as viagens continuaram a ser feitas à moda antiga,muito embora o próprio trem tenha estimulado a migração para o interior.A população cresceu rapidamente.Alguns anos depois,o trem-de-ferro avançou até Uberlândia,Araguari,Catalão. 

Ele vinha do litoral, sobretudo São Paulo e Santos, trazendo cargas e passageiros. Daqui para o Sertão,o transporte era feito em carros-de-bois e cavalos.Os fazendeiros próximos faziam uso das charretes e carroças.Carruagens faziam os trajetos mais longos.No tempo das chuvas era impossível transitar pelas péssimas estradas do sertão. 

Com o advento do automóvel, os ônibus foram substituindo, pouco a pouco, os carros de tração animal, no transporte de passageiros. 

Empresários pioneiros foram introduzindo as “linhas de jardineiras”, em trajetos inicialmente curtos, depois mais longos, unindo Uberaba aos seus Distritos e às cidades vizinhas.Eram de iniciativas privadas.Os ônibus tinham seus pontos ou garagens, à revelia de seus proprietários/condutores,nos lugares que melhor lhes conviessem. 

Aos poucos, com o aumento com o número de ônibus e outros veículos, a cidade começou a sentir os problemas inerentes à falta de organização e controle do trânsito. 

O governo municipal logo percebeu a necessidade de intervir, regulamentando os serviços e se preocupando com os trajetos e locais de uso das “jardineiras”,além dos valores das passagens. 

Em 1943,referido governo começou a pensar em solução para a qualidade do trânsito.Foi então que teve a ideia de construir uma Estação Rodoviária, à semelhança das Estações de trem-de-ferro que,ao mesmo tempo que disciplinasse o conturbado fluxo de ônibus da cidade,fosse capaz de dar conforto aos usuários do serviço,pois essa Estação teria abrigos decentes,sala de espera,guichês,a informações e passagens,banheiro,restaurante,pontos de carros de praça,entre outros. 

(Após os estudos necessários foi construída a primeira Estação Rodoviária de Uberaba, na Praça das Bandeiras (atual) praça Dr.Jorge Frange), obra entregue à população em 1945. 

O local foi escolhido por ser, na opinião das autoridades, o lugar que melhor servia para o acesso à cidade. A circulação dos ônibus começava ser regulamentada. A Estação Oeste de Minas também ficava naquela região. Quem chegava de trem, de lugares mais distantes,prosseguia de ônibus,até mais perto de seus domicílios.

Guilherme de Oliveira Ferreira, à direita – 1932

Posteriormente, todas as vias de entrada da cidade foram projetadas e construídas em relação aquele referencial. Uberaba cresceu, para aquele lado!A circulação de ônibus no perímetro urbano foi regulamentada.Toda a população saiu melhor servida. 

Em poucos anos,porém,suas dimensões ficaram insuficientes.Já na década de 1960 algumas empresas tinham “pontos”fora da Rodoviária,fazendo com que a administração municipal projetasse e construísse algo mais amplo e funcional.A praça Jorge Frange era pequena para o novo projeto,que foi executado na área onde existira a Estação Ferroviária Oeste de Minas,desativada há alguns anos. 

A nova Estação Rodoviária, inaugurada em 1972, atendeu muito mais com qualidade e espaço,a população usuária do Transporte de Ônibus,que substituiu quase por completo o serviço dos trens,de passageiros,por serem mais rápidos e flexíveis do que aqueles. 

O inexorável crescimento econômico de Uberaba e região fizeram, porém, crescer em ritmo muito acelerado para a população e,consequentemente,a demanda pela Rodoviária.Há vários anos a Administração Municipal vem buscando meios para superar o problema,através da ampliação e melhoria das instalações da Rodoviária. 

Em 1999, utilizando-se do sistema de Concessão a Terceiros, a empresa “UBERCOM”obteve o direito de prestar este serviço ao município,desde que construísse o no Terminal Rodoviário,adequado às necessidades da população. 




(1)-SAMPAIO, Antonio Borges – 23/04/1889 – Revista de Uberaba nº8, p.p.186/189 – 1904.Edição:Tipografia da Livraria Século XX. 



Trecho da Estrada Uberaba Delta – Guilherme de Oliveira Ferreira, à direita – 1932 




Foto: J Schroden Jr 



Relatório das Repartições, julho/1932. Guilherme de Oliveira Ferreira – Prefeito Municipal.


Cidade de Uberaba