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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

“DOCA”... SEMPRE ELE...

(O rabo não pode balançar o cachorro. Os homens de bem estão desaparecendo...)

Algumas pinceladas sobre o livro proscrito, “Terra Madrasta”, escrito por Orlando Ferreira, o temível “Doca”, excomungado pela Igreja Católica, na metade do século passado. Abordando assuntos até então não publicados pela imprensa local, “Doca, deixou boa parte dos políticos locais de “cabelos em pé”. Um trecho do livro que aborda a política que aqui se praticava , escreve:-“A política de Uberaba é um acervo de misérias, futricas, futilidades, desonestidade. Tudo que é de mal e prejudicial aqui se pratica”. Prossegue:- “A política local é um contato impuro e imoral que prostituiu também a Justiça. Aqui não se deseja independência de caráter; educa mal o homem “.

Ao comentar sobre eleições, “Doca’, é contundente:- “Não são livres . Sempre campeou a imoralidade, a mais pérfida corrupção. Os chefes políticos são todos cretinos e idiotas. A única aptidão é que são mandões, usam a violência , o suborno, a compra de votos, a covarde traição. Funcionários públicos, partidários deles, não vacilam em prostituir , se no cargo que ocupa, seja para agradar o “ chefe”.
Sobre os partidos políticos, “Doca”, foi claro , direto e taxativo:- “ Sempre foram compostos por indivíduos sem honra, sem patriotismo, sem cidadania, sem instrução e de uma ignorância apavorante, autênticos boçais”. “Doca”, além de irreverente, era também bastante cáustico . Está lá no “Terra Madrasta”:- Uberaba não deve à chefe político nenhum favor; só tem a lamentar as desgraças por eles ocasionadas “.

Esses pequenos trechos do livro, comentários e opiniões, “Doca” escreveu há 90 ( noventa) anos. A sua antevisão e ou qualquer premonição , semelhança com os dias atuais, não é mera coincidência...

(Luiz Gonzaga de Oliveira)

Cidade de Uberaba

domingo, 1 de janeiro de 2017

QUEM ADMITE E CORRIGE ERROS INSPIRA CONFIANÇA


Uberaba sempre foi uma cidade boêmia. Bem ou mal o fato que arrebanhou essa fama e quem tem fama dorme na cama… Orlando Ferreira (Doca), no seu livro “Terra Madrasta”, registrou o alto número de raparigas que circulava pela rua S.Miguel, bem como os passeios que faziam pelas ruas da cidade a fim de se mostrarem aos ricos e poderosos da santa terrinha. Cassinos proliferam em todos os cantos da cidade. Homens abastados , fazendeiros endinheirados e jovens filhos dos ricaços da terra, endoidavam com tantas a apetitosas mulheres…O cabaré “Brasil”, do casal Paulo e Negrinha, era o ponto de encontro da rua S.Miguel. Jovens vindas do Rio de Janeiro, S.Paulo, Goiânia, Rio Verde, Jataí, Ribeirão Preto, S.José do Rio Preto e alhures, para Uberaba “fazer a vida”. Inquilinas bem vestidas, borrocadas de batom, perfume que exalava à distancia, as pensões da Isolina,Negrinha, Sudária, Nena, tia Moça, Tubertina e outras menos votadas, tão logo ouviam os acordes da orquestra do Aresky Cordeiro, no “Brasil”, atravessavam a rua à mostrarem-se para a homaiada que lotava a casa de diversão.Belas pernas torneadas, sapato alto, vestidos que não cobriam os joelhos, decotes generosos e seios que quase saltavam dos sutiãs, cabelos loiros ou morenos nos ombros caídos, desfilavam pelo salão à procura da “caça” preferida. No palco, rebolando a não mais poder, os primeiros travestis conhecidos( veados mesmo)que trabalhavam na zona: o crioulo Birinha e Diquinha , peruca loira, a cantar “Babalú….Babalú..aiê…Festa que varava madrugada.
Dentre os frequentadores, Cecilio Varela (nome fictício…),fazia sucesso. Altão, bem apessoado, brilhantina nos cabelos, camisa de seda pura, calça de linho, sapato engraxado, era o chamado “bom partido”.”Bom de bolso”, fartava-se de bebidas finas e sempre acompanhado das mulheres mais bonitas do pedaço…Porém (tem sempre um porém nas nossas vidas…), tinha um costume estranho. Naquela época (anos 50), pouco se falava em sexo oral. O Cecílio era adepto da prática. Adorava comida baiana, super apimentada. Seu costume maior quando se dirigia ao quarto da companheira, mastigava, com gosto,2 a 3 pimentas “malagueta”, sem que a parceira percebesse o gesto.À hora do “vamos ver”, a moça não se continha e começava a gritar, freneticamente, “ai, ai, ai”, um “ai” sofrido de dor, desespero, nunca prazer! Cecílio, se extasiava, ria de orelha a orelha, do sofrimento da pobre coitada.
A fama do rapaz extrapolou da zona para a cidade. Aquelas vitimas da tara do Cecílio, não contavam para as colegas e assim, ele fez a festa por muito tempo. Na rua S.Miguel. ganhou o “honroso” apelido de “língua de fogo”, pois, o que mais se ouvia delas, era o clamor:
-“Como tá de ardume a minha perereca”…

Luiz Gonzaga de Oliveira