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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O tradicionalismo das famílias em Uberaba

(Nada de novo surgirá na política se escolhermos sempre os mesmos...)

SÁBIO CONSELHO


O tradicionalismo das famílias em Uberaba, merece elogios. Estamos acostumados a reverenciar tradições. Respeitar dogmas, costumes, tudo que não fira ou atropele as famílias que tem na tradição, o seu maior tesouro. Uberaba, conhecem, é modelo nesse quesito. A ser apresentado a um respeitado “figurão” da terrinha, o jovem recebe, de cara, a indefectível pergunta:- “ Você é filho de quem ? A que família pertence ?”. Se o garoto tem raízes tradicionais, desfila o seu “ rosário” familiar . Se não pertencer a um dos clãs da cidade...

Estou a recordar uma família libanesa que chegou a Uberaba na metade dos anos 40, do século passado. A família Zaidan, ”seo” Habib, dona Salma e os filhos, Salim, João, Elias, Ramza, Jorge e Farah. Uma pequena estada em São Benedito da Cachoeirinha, se estabeleceu na doce e simpática Ituverava, paixão, até hoje, da exemplar família. O “velho” Habib, sabedoria árabe , notável experiência de vida, escolheu, com a aquiescência da família, transferir domicilio. A cidade escolhida, Uberaba, totalmente desconhecida dos filhos.

O natural desejo de crescimento, educação para os filhos , oportunidade de trabalho e estabilidade financeira, foram determinantes à mudança de vida, amigos e parentes que lá deixaram. Rua Vigário Silva, primeira morada . “Seo” Habib, experiente, pesquisou, sondou, maneiras, modo de vida e conduta dos uberabenses. Queria conhecer o comportamento, a tradição tão comentada dos uberabenses.

Certa tarde, reuniu os filhos na enorme sala de jantar. Com gestos, palavras e conselhos da milenar sabedoria árabe, foi falando:- “Filhos meus, estamos em terra estranha. Gente boa , mas, todo cuidado é pouco. Não quero ver e nem ouvir dizer, envolvido em nenhum tipo de briga. Uberaba, tem muita tradição familiar . É preciso ter muito cuidado com o que escreve, fala, discute, negocia. Afaste de qualquer desavença. Uberaba que escolhemos para morar, é´muito acolhedora. As famílias são muito ligadas”. Jorge, o filho do meio, quis saber mais detalhes. “Seo” Habib, continuou:

-“Filho meu, toma nota. Rodrigues da Cunha, é primo dos Borges. Borges, é cunhado dos Prata .Prata é casado com Oliveira, descendente dos Pena, aparentados dos Oliveira. Oliveira, casado com Marinho, aparentado dos Sabino, primo-irmão dos Freitas. Freitas é afilhado dos Adriano. Adriano é da família dos Machado.  tem filhos casados com os Rodrigues da Cunha e laços de parentesco com os Soares Azevedo, muito ligados aos Pontes...

Os ensinamentos e conselhos , dizia sempre o Elias Zaidan, “solteirão” da família, calhou de muita utilidade à família. Jamais um Zaidan, teve problema. Exceto João e Ramza, os outros casaram-se na terrinha e aqui fincaram raízes. Perpetuaram suas vidas incorporadas à santa terra . Os irmãos Zaidan, me adotaram como “irmão” que muito me honra e orgulha . Eles deixaram um legado de trabalho, seriedade e honradez.


(Luiz Gonzaga de Oliveira)


Cidade de Uberaba

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

FAMÍLIA ZAIDAN

Elias Zaidan, era uma doce criatura. Dessas que não se esquece jamais. Corpo delgado e um gordo coração.Topete escuro na mocidade, viu chegar ao passar dos anos, rarear a cabeleira e a calvície, herança de família.Elias, nunca abdicou do vasto bigode que vivia a cofiar. Notívago no mais alto teor, amava a noite, a lua, as estrelas, a madrugada. Fosse feminino, Elias adorava. “Neca” do masculino, sol, mormaço, calor, detestava. Solteirão convicto. Apesar das escapadelas ) e que escapadelas!), nunca se comprometeu, seriamente, com “elas”. Fumante inveterado, alérgico ao álcool, o “dia” era para dormir. A noite para passear, andar, conversar, namorar, jogar cartas. Só fazia coisas que gostava.
A família Zaidan veio para Uberaba em 1944, atraída pela “onda” do zebu. Antes, uma pequena passagem por São Benedito da Cachoeirinha e, depois, para a inesquecível Ituverava, até hoje, a”!menina dos olhos “ de toda a família. Em Uberaba, morando na rua Vigário Silva,o casal Habib e Salma, reuniu os filhos, Salim, João, Elias, Jorge,Farah e Ramza, a única mulher. Na sala de jantar fez a advertência que os “meninos” nunca esqueceram:
-“Filhos meus”, disse em ar solene, gestos, palavras e a milenar sabedoria árabe, “estamos chegando em terra estranha, todo cuidado é pouco. Não quero vocês envolvidos em discussões estéreis. Uberaba é uma cidade de muita tradição, onde todas as famílias são parentes. Rodrigues da Cunha é primo de Borges. Borges é cunhado de Prata.Prata é casado com Cruvinel. Cruvinel é concunhado de Sabino. Sabino é primo-irmão de Freitas. Freitas é afilhado dos Cunha. Cunha faz parte dos Machado.Machado é primo dos Bento. Bento tem filho casado com Rodrigues da Cunha e com os Borges.Filhas dos Borges são casadas com os Castro. Castro é aparentado dos Domingos. Domingos que tem cunhado nos Rezende.Rezende, é sogro dos Assunçao que vieram do Prata, juntamente com os Andrade e os Melo, que tem filhos casados com os Caetano. Caetano que “entrou” nos Rodrigues da Cunha e aumentou a família…
A recomendação do árabe Habib Zaidan, valeu. Nunca um Zaidan brigou com ninguém.P.S.Se algum “forasteiro furou a rede familiar”, parabéns e felicidades eternas….

Luiz Gonzaga de Oliveira