Confesso a vocês que sempre fui um botequeiro inveterado. Aliás, difícil um jornalista ou radialista de verdade, não gostar de uma cervejinha, uma cachacinha ou outra bebedinha de dose. É no boteco que se sabe das coisas, da política, do esporte, quem está ganhando dinheiro, quem “ta dando”, ou quem está na “pior”. No boteco a gente ouve as piadas mais novas (alô Toinzinho !), conquista-se grandes amizades, inicia-se bons negócios e por que não, amplia seus conhecimentos em todos os sentidos. Gente de comunicação que não freqüenta boteco pelo menos uma vez por semana, ou só dá noticias “oficiais”, ou tem bons informantes que frequentam os botequins da fofoca… Fora disso, não há salvação. O “Bar da Viuva”, faz falta? Faz. O Bar do Antero” que foi para os ares na mais horrível tragédia já acontecida em Uberaba, faz falta ? E como… Verdade que o “Bar do Geraldão”, apesar do esforço do Mura, tentou manter a tradição. Infelizmente… Sinto saudade do “Bar Guarani”, dos irmãos Camanho, encravado ali entre o “Bar Marabá” e o Metrópole. Cerveja prá lá de gelada…
Quem não se sentou nas cadeiras do “Tip-Top”, no térreo do prédio da ACIU. Lembram-se dos famosos aperitivos do “Buraco da Onça”, anexo ao cinema ? A fidalguia do Romeu e a alegria do “Cebolinha”? Diga-me: quem não “aperitivou” no “Bar do Ézio”, grudado no cine “Vera Cruz”, engraxou sapatos com o Jairão e fofocou derrotas do Uberaba e vitórias do Nacional? Quem não jogou sinuca no “Bar Garimpense”, na esquina da praça Jorge Frange com rua São Benedito? Lembram-0se do arrozinho de fogão de lenha e bife mal passado do “Bar do Sarí”, colado no posto de gasolina do Geraldo Salge… E a galinhada do “Bar do Dica”, ponto de encontro dos veados, putas, boêmios e notívagos? E o torresmo do “Geraldo Pé de Porco”, no Parque das Américas? Quem não deu uma parada, madrugadão afora, no “Bar Nakamura”, rival do “Dica” em matéria de boemia… Aliás, boêmio nenhum deixou de “devorar” o sanduíche de pernil, do “Bar Tabú”, esquina da praça Frei Eugênio com a famosa rua São Miguel, o mais tradicional ponto do puteiro do Brasil Central.. Que saudade eu tenho do pastel do “Bar do Yassú”, na Tristão de Castro.. Fico, até hoje, com água na boca… No bairro dos Estados Unidos, o “Bar Chaparral”, marcou época. No Fabricio, a saudade é do chopinho amigo do “Bar do Arquimedes”. No “Badião”, o “Bar do Omar”, bem na esquininha da praça com a rua Conde de Prado, virou o “Zero Gráu”, recentemente “falecido”… Ainda no São Benedito, o “Skinão”, o “Estrela Dalva”, o “Costelão do Alexandre”. Paixão não, mas, êta saudade ! Nas Mercês, dois bares deixaram ternas lembranças : a do “Stival”, na praça D.Eduardo e do “Zé do Kelé”, inicio da avenida da Saudade. Na Boa Vista, o “Bar do Waltinho”. Esquina da João Pinheiro com Elias Cruvinel, resiste ao tempo.
Agora, para os sessentões e um pouco mais, o “Bar do Mosquito”, encravado na Manoel Borges, entre a praça Rui Barbosa e rua Major Eustáquio, foi o grande ícone da boemia do século passado. O bar não tinha portas, aberto 24 horas, recebia pretos, brancos, mulatos, homens, mulheres, jogador de cartas, de futebol, rico , pobre, bem vestido, maltrapilho. Puta ou madame, os donos Mosquito e Marinho, recebia todos. Sem distinção. Se para um cafezinho, refeição, lanche ou um simples bate-papo. O bar marcou também por uma frase estampada bem à frente do balcão :”É melhor ter um cachorro amigo, que um amigo cachorro”. Alguém duvida da frase? Viajo neste final de semana. Darei “folga” a vocês.
Luiz Gonzaga de Oliveira