Devoção
Em 1673, Santa Margarida
Maria de Alocoque começou a ter uma série de revelações que a levaram à
santidade e ao impulso de formar uma equipe de apóstolos da devoção ao Sagrado
Coração. Jesus deixou doze grandes promessas às pessoas que, aproveitando-se da
Sua Divina Misericórdia, participassem das comunhões reparadoras das primeiras
sextas-feiras. Disse Ele, numa dessas ocasiões a Santa Margarida Maria:
“Prometo-te, pela Minha excessiva misericórdia e pelo amor todo-poderoso do meu
Coração, conceder a todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove
meses consecutivos, a graça da penitência final; não morrerão em minha
inimizade, nem sem receberem os sacramentos, e Meu Divino Coração lhes será
seguro refúgio nessa última hora”.
A devoção ao Sagrado
Coração tem sua origem na Sagrada Escritura. No Brasil a devoção chegou a
partir de meados do século XVIII, trazida por diversas Congregações Religiosas
de origem europeia. A vinda do Coração de Jesus visava também a colaboração com
o Episcopado na Reforma Católica do clero e do povo cristão. Assim, a devoção
se espalhou e igrejas de todo o mundo escolheram o Sagrado Coração de Jesus
como padroeiro.
Exemplo é Uberaba, onde o
padroeiro está registrado na Bula de Criação da Diocese de Uberaba, assinada
pelo São Papa Pio X: “Erigimos a cidade principal existente nesta região,
chamada Uberaba… Constituímos ainda a Egreja, dedicada ao SS. Coração de Jesus,
Egreja Cathedral sob o mesmo titulo e invocação e nella erigimos e constituímos
a Sé e a dignidade episcopal para um Bispo que se chamará de Uberaba”.
A criação da paróquia do
Sagrado Coração de Jesus em Uberaba, está vinculada à então Diocese de Goiás,
aconteceu em 02/03/1820, por ato do rei de Portugal – e não por ato de um
Bispo, já que os padres eram “funcionários de cartório” a serviço do Império.
Quando o bispo de Goiás,
Dom Eduardo Duarte da Silva solicitou ao Vaticano, em 1890, que fosse criada uma diocese em Uberaba, e
fundou a primeira Associação do Sagrado Coração de Jesus em Uberaba em 1881. O
Vaticano aceitou, desde que se construísse uma catedral – a obra foi concluída
em 30/09/1905, e inaugurada em 27/01/1907. Assim, com a criação da Diocese de
Uberaba em 29/09/1907, o novo templo passou à condição de catedral. Tornou-se
Catedral Metropolitana com a elevação da Diocese a Arquidiocese de Uberaba em
14/04/1962.
A Arquidiocese de Uberaba
tem como padroeiro o Sagrado Coração de Jesus, enquanto os padroeiros da cidade
são Nossa Senhora da Abadia, instituída pela Lei Municipal 10.196, de 14 de
agosto de 2007, Santo Antônio e São Sebastião, padroeiros desde a fundação do
município.
Primeira Capela
A primeira capela
construída na região de Uberaba data de 1807, nas Cabeceiras do Córrego do
Lajeado, Arraial da Capelinha nas terras de propriedade de José Francisco de
Azevedo. Em 1812, as imagens de Santo
Antônio e São Sebastião, os padroeiros, foram entronizadas.
Com a mudança, em 1815,
dos moradores do Arraial da Capelinha para o novo Arraial da Farinha Podre,
Uberaba, o Sargento-Mor Antônio Eustáquio da Silva e Oliveira (Major Eustáquio)
construiu uma nova Capela, na Praça Frei Eugênio, com a mesma invocação de
Santo Antônio e São Sebastião, sendo benzida e liberada para as cerimônias
religiosas, em 1º/12/1818. Em 02/03/1820, com a instalação da Freguesia, esta
Capela foi elevada à Categoria de Paróquia, que funcionou até o ano de 1856,
tendo como vigário o padre Antônio José da Silva – Vigário Silva.
A nova (ou segunda
Igreja) foi construída a vinte metros abaixo da primeira – onde hoje está a
atual Catedral de Uberaba –, com a ajuda de cidadãos beneméritos e começou a
funcionar entre 1853/1854. Antônio Borges Sampaio, quando mudou para Uberaba
(1847), encontrou a Matriz nova inacabada, tendo apenas o telhado sobre os
esteios e baldrames de aroeira, sem paredes nem assoalhos. Em 1848, o capitão
Joaquim Antônio Rosa retomou a sua construção cujas obras prosseguiram até
1856.
Essa Igreja passou por
várias reformas e melhorias: Em 1857, Frei Eugênio construiu a Sacristia e o
Adro; em 1859, Joaquim Francisco Ananias aumentou a Igreja para a frente e
construiu as duas torres, o coro, o arco-cruzeiro e o altar-mor; entre 1867 e
1868, o Capitão Joaquim Antônio Rosa mandou revestir as torres
de tijolos, argamassa e óleo, colocando nelas mais tarde dois sinos de
cerca de trinta e cinco arrobas cada um, que ainda hoje se conservam na
Catedral; em 1874, o relojoeiro Florêncio Forneri assentou o relógio em uma das
torres – que veio do Rio de Janeiro e funcionou durante 25 anos, doação do
capitão Manoel Rodrigues da Cunha. Em 1880 foram colocados dois sinos, fundidos
em Uberaba, por José Carlos Onofre. Em 1896 as duas torres foram demolidas e
edificada uma única torre, projetada pelo engenheiro Ataliba Vale, com
características neogóticas e em 1899, com a transferência da sede do Bispado de
Goiás para Uberaba, a Igreja Matriz alcançou as prerrogativas de Catedral.
Em 1907, com a
inauguração da Igreja Sagrado Coração de Jesus (hoje Adoração Perpétua), para
ser a Catedral, e o atual templo da praça Rui Barbosa voltou a ser Matriz de
Santo Antônio e São Sebastião. Em 1926, Dom Almeida Lustosa, 2º Bispo de
Uberaba, transladou a Igreja Catedral para a Matriz de Santo Antônio e São
Sebastião, com seu título de Sagrado Coração de Jesus, passando os Santos da
primitiva Capela à Igreja da Adoração Perpétua. Em 1933 a matriz passou por sua
última reforma total, permanecendo como está até os dias atuais. Foram
acrescentados um transepto, capelas laterais e modificações no frontispício. O
arquiteto responsável pelas obras foi Emanuel Giani.
Por Maria das Graças
Salvador,Aparecida Manzan e Luciana Maluf Vilela