Romeu Borges de Araújo,
é, sem pestanejar”, o catireiro-mor desse Brasilzão sertanejo, ou rural, como
queiram. Fazendeiro evoluído, bom chefe de família, contador de “causos” dos
melhores, expoente do clã Borges, sua fama de dançarino, ultrapassou fronteiras.
Dançar catira, sapatear, bater palmas, organizar-se, tudo ao mesmo tempo, não é
obra prá qualquer um. É preciso fôlego, ginga, talento, ritmo , vocação e,
acima de tudo, noção de arte. A arte da dança da catira, não é prá qualquer
mortal. Habilidade, destreza, esperteza e coreografia espontânea, são
requisitos essenciais. Catira, hoje em dia, corre mundo afora.
A famosa Rede
Globo de Televisão, vira e mexe, está mostrando nos seus programas, a dança
caipira, tornada mundialmente famosa pelos Borges, de Uberaba. Ontem, dança dos
homens, atualmente, unissex. Até ensaios literários contando a história da
catira, foram escritos. Voltemos ao Romeu Borges. Repórter dos mais brilhantes
do Brasil´, José Hamilton Ribeiro (“Globo Rural”), uberabense por mérito. Entusiasmou-se
com a performance de Romeuzinho. Enorme acesso às produções da Globo, sugeriu
um quadro no “Fantástico”, associando a dança popular sertaneja com a clássica,
o balé . Da ideia à prática, alguns segundos.Romeu, topou de cara. Dançar com
Ana Maria Botafogo, número um do Teatro Municipal e uma das mais famosas
bailarinas do mundo, era a consagração. Ensaios no apartamento de Ana Maria,
nos estúdios da Globo, no “pé do morro da Urca”, bem debaixo do bondinho,
pronto! Era ali, o cenário ideal. O quadro foi ao ar. Sucesso absoluto. Os
críticos elogiaram à fartar-se da composição clássico-sertanejo.
Romeu Borges
de Araújo, teve o seu momento de glória!Voltou para Uberaba, pensando em viajar
o mundo, mostrando a arte do balé, com a simplicidade da dança caipira. “Seria
um sucesso mundial”,pensou. – “Quem sabe até mudo de nome?Não custa nada”
Chegando em casa sabendo enorme sucesso que fizera, jogou a mala no quarto do
casal e, correndo, foi abraçar a esposa Marli. Ela, coitada,às voltas na
máquina de lavar roupa, suada, pendurando, calça, camisa e cueca do Romeu, no
varal do quintal” Marli, Marli, Marli, minha querida mudei de nome Troquei
Romeu Borges prá Romeu Botafogo, cê achou bonito?” Ela parou de estender a
roupa, olhou bem no rosto do marido e com voz firme decidida, retrucou. –“Eu
também mudei de nome…”Romeu, quis saber na hora: “Cumé que ocê chama, bem ?”
Ela, bem defronte ao marido, lascou:-“Marli Apaga Fogo!” estamos conversados
Num abraço, ficaram por isso mesmo…
Luiz Gonzaga de Oliveira