Buraco na histórica ponte de ferro surgiu no domingo (19). Defesa Civil de Delta interditou o local para o tráfego de veículos na tarde desta terça-feira (21) Maio, 2019
Prefeitos de Delta e Igarapava avalia atual situação da ponte.
Uma equipe técnica vai ao local nesta semana para avaliar a ponte. Assim, poderá definir as medidas para solucionar o problema.
Buraco fica bem na divisa da ponte e o asfalto também está cedendo.
Foto: Prefeitura Municipal de Delta |
Já a concessionária Entrevias apenas forneceu alguns itens de sinalização para que a Prefeitura de Delta fizesse o bloqueio do tráfego na ponte até que o buraco existente na estrutura seja fechado. A empresa esclareceu que a travessia não está sob sua concessão.
Foto: reprodução |
"A SP- 328 (Rodovia Alexandre Balbo) é administrada pela Entrevias até o quilômetro 475,740, e termina na cabeceira da ponte.
A interdição não afetará o fluxo de veículos na rota sob concessão Entrevias, uma vez que há a opção de tráfego pela ponte localizada no km 450 da Rodovia Anhanguera (SP-330), que também faz a ligação dos dois Estados", diz trecho da nota da concessionária.
Ponte de ferro na divisa de Minas Gerais com São Paulo, sobre o Rio Grande - Foto: reprodução. |
A ponte metálica sobre o Rio Grande foi construída originalmente para servir ao novo ramal da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro (CMEF), que encurtava o trajeto passando por Igaravapa. Anteriormente, a linha seguia por Franca–Jaguara (Sacramento).
Com seis vãos, a ponte tinha grandes dimensões, se comparadas às outras pontes ferroviárias da época. Foi um empreendimento alemão, planejado em 1910 e que se encontrava adiantado em 1913, previsto para ser inaugurado no ano seguinte.
Na Revolução Constitucionalista de 1930, a ponte serviu de cenário para batalhas entre paulistas e mineiros.
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"A velha ponte da Cia Mogiana sobre o Rio Grande, ligando Delta a Igarapava, ainda em construção, na primeira metade dos anos 1910. Antes da abertura da variante de Igarapava da Mogiana, em 1915, os trens só chegavam a Uberaba pela ferrovia que vinha de Franca, por Jaguara, Conquista e Peirópolis, inaugurada em 1889. Os trens de ferro dividiram a ponte metálica com a rodovia até 1979: eu me lembro das cancelas que fechavam o tráfego de veículos para esperar o trem passar, e também da diversão infantil que era ficar lá no Country Clube esperando para ver ao longe a travessia dos trens. Em 79 foi aberta uma ferrovia nova, que cruza o rio ao lado do DI-3, e os trens sumiram para sempre. Carros, ônibus e caminhões continuaram passando pela velha ponte por mais duas décadas. Em maio de 2001 foi finalmente inaugurada a ponte dupla da Anhanguera/BR-050 e a velha ponte de metal entrou nessa semi-aposentadoria em que se encontra hoje, Há três curiosidades sobre essa ponte: 1) Ela tem quatro vãos maiores e um menor, o último do lado de Igarapava. Reza a lenda que esse vão menor não pode ser completado na época da inauguração porque a estrutura de aço viria da Alemanha (ou da Inglaterra, segundo outras fontes) e a entrega foi cancelada em virtude do início da 1ª Guerra Mundial. Na época, teria sido construído um vão improvisado em madeira, que foi anos mais tarde substituído por esse metálico que até hoje está lá, mas que tem uma estrutura ligeiramente diferente dos demais – o que é um fato. Nessa foto histórica, não se vê o quinto vão sendo erguido. 2) A ponte teria sido palco de violentos confrontos armados entre mineiros e paulistas em 1930 e 1932. A lenda – que ouvíamos no tempo de menino – dizia que ainda podiam ser vistas várias perfurações de bala na estrutura. Na época, nunca me deixaram ir lá comprovar: a ponte é estreita e nunca teve passagem para pedestres. Caminhar por ela era terrivelmente arriscado no tempo em que todo o tráfego da BR passava por ali. Recentemente, atravessei a ponte a pé, mas não encontrei as perfurações. E tenho sérias dúvidas se os tiros daqueles velhos fuzis usados na década de 30 teriam capacidade de furar as grossas chapas de aço da sua estrutura. 3) Nos início dos anos 1980, alguns paulistas metidos a besta que estudavam em Uberaba faziam uma provocação com os mineiros, chamando a ponte de “túnel do tempo”. O que era apenas um claro sinal de que eles não conheciam a “progressista” Igarapava. De qualquer modo, a bela “ponte do Delta” é parte da história da nossa cidade, e é uma pena que esteja em estado de semi-abandono. Como muitos caminhões e carretas pesadas desviam da BR por ela (talvez para fugir das balanças e da fiscalização na divisa) temo que em breve ela acabe cedendo ou desabando, o que seria uma pena. Torço para que, antes que isso ocorra, alguém tenha coragem de propor alguma manutenção preventiva. Ou para, pelo menos, proibir o tráfego de caminhões sobre ela. Uma coragem que – que se vê nessa foto – não faltava a seus valentes construtores." Historiador/André Borges Lopes.
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