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domingo, 15 de janeiro de 2017

PRAÇA DA “GAMELEIRA”

Praça da "Gameleira"



Década: 1940


Foto: Autoria desconhecida

Em 1900, a árvore já era centenária e, em 1970, foi arrancada, abrindo uma enorme cratera, tapada com a construção de um palco e bancos em formato de arena, que ironicamente foi batizada de Praça da concha Acústica, que de acústica não tem nada, exceto quando havia eventos e o som eletrônico esgarçava os ouvidos dos moradores da redondeza.
Ao ter a foto em mãos, fiquei a observar os detalhes que a compõem; os transeuntes, as pessoas sob a sua sombra, os casarios e uma satisfação acompanhada de lamúria apoderaram-se de mim.
A satisfação pela preservação de fotos históricos no Arquivo Público, possibilitando estudos em disciplinas culturais a partir de fotos; história do design, história da arte, história da fotografia, sociologia. Esse estudo se chama iconografia, que é a leitura de imagens ou signos, com sentido significativo para determinadas culturas. A leitura crítica das imagens explora valores socioculturais e pode ser feita através da identificação, descrição, classificação e interpretação do tema das representações figurativas, e as fotos são elementos importantes nesse processo de recuperação e desvendamento dos aspectos de uma sociedade e de seus valores.
O JM tem nos brindado, aos domingos, com uma série de cartões fotográficos históricos de Uberaba, irrigando, assim, a cultura e possibilitando o seu uso em sala de aula, como design em camisetas e postais, colecionar, guardar. Várias fotos já foram publicadas e distribuídas nos encartes do Jornal. A iniciativa é ótima e os textos que historiam o objeto fotografado são de qualidade ímpar.
A parceria cultural entre o JM e o APU nos permite conhecer um pouco mais do processo histórico uberabense e desperta a todos para o valor cultural.
Depois, veio a lamúria, como havia dito anteriormente, porque a nossa cultura absorve vagarosamente os conceitos socioeconômicos e ambientais e, continuamos realizando o legado da destruição.
A inexistência da árvore da Gameleira traduz as estratégias de desenvolvimento urbano com a ausência de concepção de valores. Entretanto, as publicações dessas fotos têm sido manancial para a reflexão e um olhar para o futuro, permitindo-nos interrogar que tipo de sociedade e de relações estamos estruturando como legado.
Depois, passei pela tal Praça da Concha Acústica. Ela é de uma secura de mau gosto e de pouca praticidade. Quando não existiam locais de apresentações artísticas em Uberaba, talvez ali tenha sido um local útil, mas, definitivamente, não é um espaço agradável e racional para o entretenimento.
Tomara que um dia ela seja remodelada, como proposta reivindicativa da sociedade que clamou pelo verde em substituição ao concreto.

Texto: Professor Gilberto Caixeta

Publicado originalmente no Jornal da Manhã – 04/09/2008

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

PRAÇA AFONSO PENA ACÚSTICA

Praça Afonso Pena Acústica (Bairro Estados Unidos)

Década 1960
Praça Afonso Pena Acústica (Bairro Estados Unidos) – destaca-se a famosa e grandiosa gameleira, derrubada para a implantação da nova praça.
Começa na rua Artur Machado e termina, em cima, à direita, onde começa a rua Bernardo Guimarães e, à esquerda, no princípio, na rua Marquês do Paraná. Foi outrora, 1908, magnificamente ajardinada, tendo ao centro uma gameleira secular.
Abriu-se em 1889, quando a rua do Comércio, atual rua Artur Machado, se prolongou da rua Padre Zeferino até à Estação da Mogiana. Tomou nesse tempo, o nome de Praça ‘Dr. Crispiniano Tavares’ que, em 1900, se mudou para Praça da ‘República’. Em 1908 passou a chamar-se ‘Rui Barbosa’.”
(PONTES, 1978, p.277-278). O historiador Hildebrando de Araújo Pontes viveu no período de 1879 a 1940.
“A Câmara Municipal, modificando a nomenclatura de alguns logradouros públicos, em 1916, denominou-a de Praça Afonso Pena.
No centro de seu jardim havia uma Gameleira.
A praça é conhecida popularmente de ‘Praça da Concha Acústica’, por ter sido construído, em seu centro, um palco, em forma de uma concha, para que as apresentações musicais tivessem uma acústica melhor. Suas obras iniciaram na década de 1970, sendo inaugurada no dia 02 de abril de 1971


Foto: Autoria desconhecida

Acervo: Arquivo Público de Uberaba

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

PRAÇA AFONSO PENA, PRAÇA DA CONCHA ACÚSTICA, OS UBERABENSES MAIS ANTIGOS, VÃO CHAMÁ-LA, CARINHOSAMENTE, PRAÇA DA GAMELEIRA…

Praça da Concha Acústica            



Nos últimos anos Uberaba mudou muito. Para melhor, claro! Deus nos livre se isso não tivesse acontecido. O progresso cobra. Exige, até. Embora o passado deixa marcas profundas para quem quer relembrar fatos, histórias e monumentos da cidade. A bucólica praça Afonso Pena, quase no final da rua Artur Machado, na subidinha que termina em frente a histórica estação da saudosa Mojiana, teve seus momentos de fama. Uma enorme árvore , centenária, afirmam nossos historiadores, vivenciou os grandes e indeléveis momentos da cidade. Frondosa.

 Dificilmente dez homens de mãos dadas, conseguiriam abraçá-la; enorme, acolhedora amiga gameleira. Tanto que se falava, gameleira prá cá, gameleira prá lá, perto da gameleira, subida da praça da gameleira, poucos a conheciam como praça Afonso Pena. Era dizer praça da Gameleira, qualquer garoto de rua conhecia. 

Árvore que ocupava com a sua espessa copa, seguramente, em dias de sol à pino, uma sombra de diâmetro com mais de duzentos metros quadrados. Era na praça da Gameleira que se realizavam as grandes concentrações populares, manifestações, comícios que não podiam ser realizados na praça Rui Barbosa, o dispersar dos estudantes na parada de 7 de setembro, “shows” e eventos, a Gameleira era o “ponto” terminal. A praça era a área escolhida para pensões e hotéis mais simples, pois, logo acima, a “gare” da estrada de ferro, estação de embarque e desembarque de milhares de pessoas que iam e vinham a Uberaba… 

O Hotel “Santos Anjo” e a pensão da “Dona Ema”, eram os mais tradicionais. Como tradicionais as famílias que residiam ao seu redor. Heitor Meireles, Oliveira, Ferreira, os Cardoso, os Boscolo, e, no inicio das Marquês do Paraná e Bernardo Guimarães, os Nabut, Pucci e Rossetti.Na descida, rumo à Artur Machado, a marmoraria do Jonas Braga e , em outros tempos, a cervejaria de Rigoleto de Martino..


A Gameleira tornou-se tão famosa que fundou até time de futebol que chegou a disputar o campeonato amador local, o Afonso Pena Futebol Clube. O “dono” do time, “Didi”Meireles, o treinador , o “Arroba”…A Gameleira sempre teve o seu jeito, costume e tradição.


Foi cantada em verso e prosa pelos repentistas que a freqüentavam, dentre eles uma figura importante que merece o respeito de toda a cidade, o cirurgião-dentista, João Modesto dos Santos, poeta que melhor retratou a beleza da praça.


Não resistindo ao tempo, pudera, mais de 100 anos ! pois viu Uberaba nascer, crescer, progredir, a Gameleira morreu antes de chegar aos anos 70, num fim de tarde cinzento, carrancudo, carcomida pelo tempo, cansada de dar sombra aos homens e frutos aos pássaros que, aos montões, faziam seus maternos galhos, seus ternos e doces ninhos e deixaram num passado saudoso, seus gorjeios maviosos…


A Gameleira ficou na saudade de uma grande cidade !


No mesmo lugar onde nasceu, cresceu, viveu e morreu, ergue-se, a concha acústica. Podia ser bonita, limpa, moderna, palco de maravilhosos eventos culturais-musicais. Um”puxadinho” de construção mal acabada, dá abrigo aos que vão assistir a pequenos eventos de final de semana. Arquitetos de renome e engenheiros consagrados, discutem, até hoje, a posição da concha. Afirmam eles que ela foi construída ao contrário. O palco deveria ser de baixo para cima e a conseqüente arena para o público, na parte superior da praça. Questão de estética e visibilidade… Como não sou engenheiro e nem arquiteto…


Contudo, por mais que se queira chamá-la praça Afonso Pena, praça da concha acústica, os uberabenses mais antigos , vão chamá-la, carinhosamente, praça da Gameleira…



Luiz Gonzaga de Oliveira