Contar a história da Fazenda das Melancias é contar a história da Família Junqueira, começando por Francisco Antônio Junqueira, desde sua migração para o Brasil, vindo de São Simão Junqueira, em Portugal.
Presume-se que a data de fundação da Fazenda das Melancias seja entre 1816 – quando a família se fixou no território da Fazenda Invernada, na atual cidade de Morro Agudo, no Norte de São Paulo – e 1842, quando o nome da nova moradia da família aparece citado em carta de Francisco Junqueira à sua filha Maria Clara.
Com a morte de Francisco, em 1848, a fazenda foi herdada por seu filho João Francisco Diniz, que se mudou para lá, após o casamento com Francisca Eulália Teixeira. Político atuante em Uberaba, João Francisco foi agraciado pelo imperador com a patente de tenente-coronel em 1858, encarregando-se de arregimentar e organizar grupos de voluntários para a campanha, durante a Guerra do Paraguai.
Quando faleceu, em março de 1884, a Fazenda das Melancias passou para as mãos de seu quinto filho, José Américo Teixeira Junqueira, que incentivou a agricultura e pecuária, bem como a instalação de sistema telefônico e rede elétrica. Após a morte deste, em 1940, a propriedade passou a pertencer a seu genro, Pedro Ribeiro de Andrade, e, em 1961, foi herdada por seu filho Roberto Junqueira de Andrade. Atualmente a fazenda pertence a Analtiva Silva Junqueira de Andrade.
Foto:Acervo Iepha/MG. |
Situada, atualmente, a 12 quilômetros do distrito-sede de Água Comprida, a fazenda teve sua área original reduzida – dos 16 mil alqueires iniciais restam apenas 600 –, em razão das sucessíveis partilhas entre membros da família e da venda a terceiros.
Poder e autossuficiência
As atuais edificações que compõem o conjunto da Fazenda das Melancias, com destaque para a casa residencial, demonstram o poderio e autossuficiência que representou este complexo rural na região. O poder é representado pelas dimensões, qualidades construtivas e técnicas da casa sede, enquanto a autossuficiência se expressa pelo conjunto de equipamentos de apoio, que oferecia aos moradores da fazenda plenas condições de sobrevivência autônoma.
O prédio principal, apesar de, presumidamente, ter sido construído entre 1816 e 1842, é típico das construções mineiras coloniais, com tipologia mais próxima dos sobrados urbanos. Apesar disso, não pode ser enquadrado como “típica construção rural mineira”, devido à ausência de alguns elementos que se tornaram característicos neste tipo de edificação, como a de varandas, tão comuns nas casas de fazendas mineiras. Entretanto, isso não a descaracteriza como equipamento rural, nem a enquadra como de tipologia urbana.
A construção atende perfeitamente à funcionalidade agrícola, o que é ressaltado pela distribuição de uso dos pavimentos e cômodos e pela elevação do pavimento nobre sobre o pavimento térreo de serviço, com tratamento rústico. O complexo da fazenda situa-se em terreno plano, a pouca distância das margens do Rio Grande. O piso do primeiro pavimento é em tábua-corrida, assim como o forro da maioria dos cômodos. A divisão dos cômodos reflete o tipo de vida social da época.
Por seu valor histórico e arquitetônico, a Fazenda das Melancias foi tombada pelo Iepha em 1989 e inscrita nos livros de Tombo de Belas Artes e no de Tombo Histórico.
O município
O povoado de Água Comprida pertenceu, desde sua fundação, a Uberaba. Em 1948, foi elevado a distrito, a partir da doação de dois alqueires de terra, feita por uma fazendeira da região. O distrito, que em 1950 contava com 274 habitantes, foi elevado a município em dezembro de 1953. (Iepha/MG)
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Cidade de Uberaba