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terça-feira, 20 de agosto de 2019

CHICO VELUDO – UM VISIONÁRIO.

Vencemos. Este grito saído das gargantas entaladas de uma multidão postada à frente da casa de Francisco Lopes Veludo, mais conhecido como Chico Veludo, em Uberaba, era o atestado de sua vitória na sua aguerrida campanha em que, pela segunda vez, disputava os votos para a eleição de Prefeito Municipal naquele distante ano de 1966. Chico conseguiu exatos 7.854 votos, mil a mais do que seu adversário mais próximo.

Chico, em sua primeira eleição para prefeito em 1962, (PL-PTB) havia conseguido 6.160 votos, contra 8.376 de João Guido (UDN-PR) e 9061 do vencedor do pleito, Artur de Melo Teixeira (PSD-PSP-PSB).

Francisco Lopes Veludo, Chico Veludo. Foto: Arquivo Público de Uberaba.

Nesta eleição de 1966, sua segunda tentativa, Chico Veludo concorreu sozinho em seu partido (MDB) contra três candidatos abrigados nas sublegendas 1, 2 e 3 da ARENA - José Tomás da Silva Sobrinho (5.198), Helvécio Moreira de Almeida, (4.282) e João Guido, (6.830), que totalizaram 16.310 votos.

Consideradas as sublegendas como coligação da ARENA, o TSE declara João Guido o vencedor do pleito. Num universo de 24.164 eleitores, o MDB ficou com cerca de 1/3 dos votos contra 2/3 da ARENA.

Apesar da grande frustração, Chico Veludo não desistiu. Nas eleições de 1970, pela terceira vez, mesmo concorrendo contra três candidatos, obteve, através do PDT, 25,43% dos votos, ficando à frente de Mário Palmério e Artur Teixeira. O vencedor deste pleito foi Arnaldo Rosa Prata com 44,13% dos votos válidos.

Chico Veludo se lançou na Política em 1959. Segundo Paulo Silveira, seu grande amigo, com apenas 10 dias de campanha eleitoral se elegeu vereador pelo PTB, com a maior votação, numa época que não existia remuneração para o cargo. Em 1960 assumiu a presidência da Câmara Municipal.

Neste mesmo período se elegeu Prefeito de Uberaba o seu amigo e companheiro de partido, Jorge Furtado (1959-1962) que lhe entregou a

Superintendência do Departamento de Águas, onde, sem remuneração, prestou relevantes serviços na ampliação do sistema de distribuição.

Política foi apenas uma das facetas deste grande empresário uberabense com quem tive a satisfação de conviver até seu falecimento ocorrido em 1971, aos 51 anos de idade.

Francisco Lopes Veludo, nascido em 1920, foi um homem integro e severo, nas palavras de seu filho Roberto Veludo, que perdeu seu pai com apenas 13 anos de idade.

Seus múltiplos negócios, segundo relatos de seu sócio Alcides Caetano, se estendiam para o setor de transportes (Líder e Viação Asa Branca), distribuição de Veículos Mercedes-Benz, (Regina Veículos), loja de autopeças (MotoRauto) e recuperação de motores ( Retifica Boa Vista).

Até na área cientifica, Chico Veludo deu sua grande contribuição. Pelo relato de Dr. Celso Salgado, foi na Retificadora que se processou, sob a orientação de Dr. Adib Jatene, a primeira máquina de circulação extracorpórea, (coração artificial) que propicia a realização de cirurgia cardíaca, parando o coração, mas mantendo uma circulação sanguínea paralela, que se tornou muito importante na década 1960.

Era sonho de Chico Veludo implantar uma Companhia de Águas. Mas somente no governo de seu adversário político, Artur de Melo Teixeira em seu segundo mandato – (1963-1966) - é que este sonho se transformou em realidade.

Em janeiro de 1966, Artur Teixeira tomou a iniciativa de criar uma Companhia Mista para administrar o sistema de distribuição de águas, enviando para a Câmara Municipal o projeto de Lei N. 1448 que foi aprovado em 7 de junho de 1966.

Nasceu assim oficialmente a CODAU, e sua primeira Diretoria - Presidente, Léo Derenusson – Diretor Administrativo, Gilberto de Andrade Rezende e, Diretor Financeiro, Padre Antônio Fialho.

O responsável pelo Departamento de Águas, Geraldo Barbosa, foi indicado para o cargo de Diretor Técnico.

Em 1967, já no governo de João Guido, Mário Pousa assumiu a presidência da CODAU e Gilberto de Andrade Rezende, a presidência do Conselho Fiscal.

Em 1988, governo de Marcos Montes, a CODAU volta a ser autarquia passando a se chamar de o CODAU – Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba.

Em 2005, governo Anderson Adauto, o CODAU, sob a presidência de José Luis Alves, em homenagem ao grande guerreiro, designa o nome de “FRANCISCO LOPES VELUDO” para a primeira ETE - Estação de Tratamento de Esgoto. É também nome de rua no bairro Cássio Resende e da sala da Presidência da Câmara Municipal.


Gilberto de Andrade Rezende. Ex-Presidente da ACIU e do CIGRA e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – Paulo Silveira – Alcides Caetano – Roberto Veludo.

P.S. Os dados eleitorais são de autoria de Tião Silva.







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