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segunda-feira, 3 de abril de 2023

PAULO JOSÉ DERENUSSON

O terceiro presidente da ACIU eleito para a gestão de 1929 foi Paulo José Derenusson, nascido em Petrópolis, RJ, em 1890. Filho de Leon Derenusson (Francês) e Joana Aska Derenusson (Alemã).
Veio para Uberaba para adquirir o ativo e passivo da empresa Dias Cardoso Ltda.. concessionária da FORD e se estabeleceu com o nome de Paulo Derenusson Cia. Ltda.

Paulo José Derenusson - Foto/ Acervo Aciu.


Cofundador da PRE-5-Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro, foi também um dos fundadores do partido da União Democrática Nacional - UDN, do qual foi o primeiro presidente. Elegeu-se vice-prefeito em 1950 com consagradora votação, eleição essa em que foi eleito prefeito, o médico Antônio Próspero do PTB.

Deixou o comando da empresa para seu filho Léo Derenusson, em 1962 e mudou para o Rio de Janeiro.

Paulo José Derenusson, casado com Luiza Aleixo Derenusson, faleceu em 20 de janeiro de 1967, deixando seis filhos. Atendendo sua última vontade, seus restos mortais foram enterrados em Uberaba, no cemitério São João Batista.

Em sua gestão na ACIU que se estendem até o final de 1932, teve como diretores- Vice-presidente, Santos Guido; 1° Secretário, João Rocha; 2° Secretário, Antônio Joaquim; 1° Tesoureiro, Aurelino Luiz da Costa e 2º Tesoureiro, Américo Mendes Russo

Foram épocas difíceis, de grandes transformações e de muitas realizações. A quebra da bolsa de Nova York em 1929 abalou a economia de todos paises. Em 1930 piorou a situação do Brasil em decorrência de desencontros nos conchavos da velha política do "Café com Leite". provocando uma revolução que só terminou com a vitória da Aliança Liberal comandada por Getúlio Vargas.

A diretoria da ACIU, em desacordo com seus Estatutos, tomou posição em favor da Aliança Liberal mas deu liberdade para que seus associados fizessem sua opção.

Essas crises provocaram a criação de novos tributos e aumento de impostos em todas as esferas governamentais, gerando elima de revolta e insegurança no setor produtivo.

Uberaba que já era um centro importante no setor máquinas de beneficiamento de arroz, viu a redução do crédito bancário gerar imensas dificuldades, provocan- do atrasos em pagamentos de impostos e taxas. Coube à ACIU a gestão junto aos bancos federais buscando alternativas para minimizar os efeitos da grave crise financeira e intermediar junto ao Poder Público para a regularização dos débitos fiscais.

Junto ao Governo do Estado a ACIU conseguiu a implantação de uma unidade do Grupo de Mecanização Agricola (EMA) e fez gestões para a instalação do Corpo de Bombeiros. Lutou para a melho- ria do tratamento de água que era precário e deu início aos estudos para implantação de uma unidade do SENAC em Uberaba.
Foi também um período de ajustes. Os Estatutos da ACIU foram adaptados aos novos tempos. Diminui-se o número de Conselheiros Consultivos de 25 para 5. Ampliou-se o prazo de gestão da diretoria de 1 para 2 anos em futuras eleições. Suprimiu os votos por aclamação que foram substituidos por cédulas.

Foi nessa gestão que se deu o reconhecimento da ACIU como Instituição de Utilidade Pública. A necessidade de construção de uma sede para ACTU era um sonho acalentado desde sua criação. Afinal, cada diretoria utilizava locais variados como empréstimo para a realização de suas reu- niões. A primeira oportunidade nesse sentido surgiu nessa diretoria que comprou um terreno na rua Olegário Maciel para futura construção,

Na presidência de Paulo J. Derenusson a entidade incluiu em seus objetivos a defesa dos interesses da classe rural, mu- dando seu nome para ACIRU-Associação Comercial, Industrial e Rural de Ubera- ba. Por essa razão, em 1934, a ACIRU participou da exposição agropecuária. Em setembro de 1935, criada a Sociedade Rural, a ACIU retomou ao seu nome original.

Conta Guido Bilharinho que em 1929 foi fundada a Casa Aliança, a Sapataria Molinar, a Confeitaria Vasques (Bar da Viúva) e o Hotel Modelo, ainda existente. Em 1930 foi criada pelos sócios Orlando Rodrigues da Cunha e o grupo Fontoura Borges, uma empresa para construção do Grande Hotel e de cinemas (São Luis, Metrópole e Vera Cruz), sendo o Cine Teatro São Luis inaugurado em 1931.

Fundou-se também em 1931 a fábrica de fumo 31 por Elviro Cabral de Menezes e Orlando Bruno. Nesse ano o município conta com 1.070.000 animais, dos quais 700.000 bovinos, mostrando a pujança do setor público.

Por Gilberto Rezende, Conselheiro da ACIU. Fontes: ACIU; Arquivo Público de Uberaba; Liana Mendonça; Guido Bilharinho, Livro - Dois Séculos de História de Uberaba; Maria Antonieta Borges e Indiara Ferreira - Livro - História da ACIU-90 anos - Câmara Municipal de Uberaba.


História de Uberaba

sábado, 3 de agosto de 2019

LÉO DERENUSSON – O Comando de um Líder.

O tumulto estava formado. O corre-corre dentro da sede da ACIU estava em ritmo alucinante. A ansiedade tomava conta de todos. Aguardava-se a chegada da comitiva do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A apreensão era compreensível. A implantação da Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (FCETM), requerida pela Entidade, dependia exclusivamente do parecer desses técnicos.

O resultado de dezenas de viagens ao Rio de Janeiro; das inúmeras entregas de projetos, projeções, currículos e documentações; da insistência e persistência marcou encontro com a esperança na visita final.

Em 12 de outubro de 1965 foi autorizado o funcionamento da FCETM tendo como mantenedora a ACIU. Em 1966, ao entregar o cargo de presidente ao seu sucessor, Edson Simonetti, Léo Derenusson assume o cargo de diretor da faculdade, que foi instalada na própria sede da associação.

Um marco na vida da Entidade, preenchendo lacunas num período em que em Uberaba só existiam cinco cursos superiores: Filosofia, Odontologia, Direito, Medicina e Engenharia. Ao longo dos anos, a ACIU criou as graduações de Administração de Empresas (1974) e Ciências Contábeis (1984).

Credita-se ao economista e empresário Paulo Vicente de Souza Lima a ideia de criação da FCETM. Juntaram-se a ele com o mesmo propósito os advogados Augusto Afonso Neto e Ronaldo Benedito Cunha Campos, entre outros.

A sugestão levada para a ACIU foi como uma semente lançada em campo fértil, pois a Entidade tinha o propósito de dotar a cidade de um curso para especialistas na área econômica.

Ao assumir a empreitada que terminou coroada de êxito, Léo Derenusson imprimiu sua marca de liderança na história da ACIU. Assumindo a administração da Entidade no período de 1964/1965, fruto do acordo entre o ex-presidente Aurélio Luiz da Costa e o Conselho Consultivo presidido por Mário Pousa, Léo surpreendeu a todos com sua dinâmica de trabalho.

A gestão de Léo frente à ACIU foi muito expressiva. A implantação da TV, iniciada na administração anterior, teve seus rumos modificados em decorrência de erros técnicos da TV Tupi, obrigando a Entidade a mudar a torre de Buritizal para Abacaxizal, SP. A atitude gerou custos, que forçou o envolvimento dos uberabenses para sua solução. Só assim o município pode finalmente contar com o sinal da TV em 1966.

Em 1965, cria com o jornal Lavoura e Comércio a festa de homenagem ao Comerciante do Ano.

Nesse mesmo ano, não relutou em visitar o Nordeste na busca de empresas interessadas nos incentivos fiscais da região do Triângulo. Uma viagem penosa de Uberaba a Salvador, BA, realizada em meu pequeno fusca na companhia do presidente e do diretor Mário Salvador.

Após um percurso de 3.000 kms, a viagem até Recife se fez através da Cruzeiro do Sul. As decepções decorrentes da falta de transparência das empresas da área da Sudene se constituíram na força motora para a criação das reflorestadoras de Uberaba.

 Léo Derenusson. Foto: Acervo da família.

Léo lutou muito pela implantação da Cidade Industrial. Plantou uma muda que se transformou em uma frondosa árvore 10 anos após, na inauguração dos Distritos Industriais II e III.

Participou de todos os simpósios e congressos destinados à luta pela construção e asfaltamento da BR-31 (262). Conseguiu um desconto de 20% de redução em todos os lançamentos de impostos municipais em 1964 e participou, no interesse das empresas, da elaboração da nova legislação do Código Tributário do Município.

Em 1966 foi chamado pelo prefeito Arthur Teixeira para transformar o Departamento de Águas em uma Companhia Mista. Participei dessa empreitada como diretor administrativo na companhia do Padre Antônio Fialho como diretor financeiro, sob o comando de Léo Derenusson na presidência. Assim nasceu o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (CODAU).

Como líder classista, Léo Derenusson criou e presidiu por muitos o Sindicato das Indústrias Mecânicas. Assumiu nas décadas de 70/80 a vice-presidência da FIEMG e por muitos anos atuou como juiz classista na Junta de Conciliação e Julgamento de Uberaba. Humanista por natureza, herdou o espírito associativista de seu pai, Paulo José Derenusson, presidente da ACIU em duas gestões.

Formado em Direito, Léo foi sócio por algum tempo da Reflorestadora Triflora. Dois anos após, criou sua própria empresa, a Minas Seiva Reflorestamento, juntamente com seus filhos Paulo José Derenusson Neto, Antônio Augusto Derenusson e os amigos Ney Junqueira, Orlando Abreu, Caio Lucio Fontoura e Silvio de Castro Cunha.

Sua principal atividade empresarial, exercida por quarenta anos, foi a de revendedor de carros Ford, herdada de seu pai. A empresa Derenusson S/A foi condecorada pela Ford pelos 75 anos de atividade.
Nascido no Rio de Janeiro em 21 de julho de l918, Léo Derenusson é exemplo de amor à sua terra, de entrega na comunhão comunitária e de dedicação à família.

Faleceu em 14 de dezembro de 1999, aos 81 anos, deixando viúva Nobertina Ribeiro Cortes Derenusson. Eles tiveram cinco filhos que dão continuidade aos ideais do patriarca - Paulo José Derenusson Neto, casado com Vera Maria Terra Cecílio; Antônio Augusto, casado com Maria Lucia Castro Cunha; Luís Carlos, casado com Ana Amélia Nogueira; Leozinho, casado com Beatriz Bruna; e Léia, casada com Wilson Nelli.

Para a comunidade restou como lembrança de seu nome, a placa Rua Doutor Léo Derenusson, no bairro Alfredo Freire II. Para os parentes e amigos, restaram as saudades eternas.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – ACIU – José Paulo Derenusson Neto – José Mousinho Teixeira.






Cidade de Uberaba