Mostrando postagens com marcador Palacete. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Palacete. Mostrar todas as postagens

domingo, 8 de janeiro de 2017

PALACETE, ANTONIO PEDRO NAVES

Palacete,Antonio Pedro Naves

Década de 1980

Netos falam do avô

Para João Francisco Naves Junqueira e Naná Rodrigues da Cunha, “Vô Tonico” não foi mascate, mas comerciante de gado.

O médico João Francisco Naves Junqueira, e a estilista Naná Naves Rodrigues da Cunha, netos de Antônio Pedro Naves, concederam uma entrevista ao Revelação na tarde de 14 de abril, no atelier de Naná, localizado no grande Hotel de Uberaba. Segundo eles, o “vô Tonico” veio de Iraí de Minas para Uberaba porque preocupava-se em encontrar um lugar melhor para educar os filhos. Rasma e Stellita acabaram por estudar no Sion – colégio das Freiras Dominicanas – em Campanha, no sul de Minas. Dagoberto e Alaor estudaram em colégio Jesuíta, em Friburgo.

O Revelação apurou que, assim como Uberaba, Iraí de Minas também originou-se com as expedições à procura de jazidas minerais. De acordo com dados da Secretaria de Cultura de Minas Gerais, a descoberta do diamante Estrela do Sul, em 1852, provocou a chegada de muitos garimpeiros, dando origem ao povoado de Espírito Santo do Cemitério. Em 1909 o lugarejo passou a se chamar Iraí, palavra de origem tupi que significa “rio de mel”. Em 1943 passou a chamar-se Ba-gagem, em referência ao rio em cujas margens foi instalado o primeiro povoado. O nome atual só foi definido em 1953. Iraí de Minas foi distrito de Monte Carmelo e, em dezembro de 1962, foi elevado à categoria de município.

De acordo com os netos, o velho Naves possuía duas fazendas: Baguaçu e Santa Helena. Eles não se lembram da fazenda Marimbondo, citada na pesquisa do dossiê de tombamento. Eles também afirmam que Naves não foi mascate, mas comerciante. “O vovô, quan-do veio pra cá, comprou a fazenda e se dedicou ao comércio. Ele comprava, engordava, criava, – era um comerciante de gado. Ele não era mascate, ele não saía pra vender. Tinha fazenda, tinha seu gado próprio e comer-cializava”, afirmou João Francisco Naves.

Naná confirmou a história. “Ele tinha uma vida muito confortável, muito acomodada, tinha carro. Ele ficava mais em casa, recebendo os amigos, porque Uberaba era pequena naquela época, então todo mundo ia pra lá. As meninas faziam saraus, essas coisas”.

No entanto, o presidente do conselho curador da Fundação Museu do Zebu, Márcio Cruvinel Borges, confirma os dados da pesquisa do tombamento. Márcio mostrou que Antônio Pedro Naves inclusive está listado no livro Cem anos de mascates, editado pelo Museu do Zebu. É provável que Naves tenha começado a vida como mascate, depois comprou terras e tornou-se criador.

Em relação à casa, Naná brinca que gostaria de ter ganho na loto para poder comprá-la. Ela disse que, quando Borsoi e a esposa Janete Costa – famosos arquitetos brasileiros – estiveram em Uberaba, Janete chegou a afirmar que, no Brasil, em termos de estilo, “tinha visto poucas casas tão perfeitas e com um material tão maravilhoso como o palacete”. Naná lamentou a demolição, dizendo que aquela casa era muito importante. “Mesmo para Uberaba naquela época, ela fazia um sucesso muito grande.” Segundo ela, todo o material era importado, especialmente da França e Portugal. “As portas eram todas de pinho de riga, todas!”.

Até o fechamento da edição, nenhum dos dois conseguiu encontrar fotos do avô nos arquivos da família. “Quando vovô morreu eu tinha uns 10 anos”, explica João Naves.

Foto: Autoria desconhecida

Fonte – ‎Professor André Azevedo da Fonseca Adjunto no Depto de Comunicação do Centro de Educação Comunicação e Artes na Universidade Estadual de Londrina  e  Universidade de Uberaba (Uniube).