(O povão quando pende para um lado, é fogo de morro acima, água de morro abaixo...)
Às vezes penso que vivo no tempo em que “ fio de bigode” era o selo, assinatura de compromisso que não pode ser desfeito”. Ouví histórias sobre a dignidade e lealdade de homens que tinham no fio de bigode, sua palavra de honra. Hoje, homens usam pouca barba e bigode. Os que usam são adeptos de Fidel Castro. É preferível esse uso, barba e bigode densos que esses brinquinhos nas orelhas ... Não sou puritano, nem machista. Talvez, retógrado... .Cada um usa os brincos onde lhe aprouver. Quanto a honradez do “fio de bigode” que os antigos marcavam posição, apesar de não existirem mais, o meu respeito. De corpo e alma.
Atualmente o cidadão assina cheque sem fundos, promissórias que não vão pagar nunca, dão sua palavra de “ homem” que jamais cumpre, mente com a cara mais deslavada do mundo... A falta de seriedade chegou a tal ponto que os homens não mais se respeitam, compromissos não são levados a sério. Palavra de homem, antigamente, era cumprida. Hoje, é motivo de chacota. Uberaba, não foge à regra. Basta ler o “Diário do Judiciário” e constatar essa veracidade.
Casamentos feericamente realizados, com pompas, galas e brasões de rainha, champanhe e coloridas páginas sociais, meses depois, sem constrangimento e espanto de outrora, desfeitos e a indefectível desculpa das famílias:- “ houve incompatibilidade de gênios; daí a separação.. E o longo período da paquera, namoro, noivado, nada adiantou para que os noivos se conhecessem? Custa-se a acreditar, mas, é a rotina dos mal casados...
Na política, a falta de seriedade, decência, desfaçatez, compromissos não cumpridos, “ puxada de tapete”, o “canga macaco”, a mentira, o cinismo, a “cara de pau”, são somente triviais... Não tem explicação ? Tem sim ! Esses malandros que usam essas artimanhas , são conhecidos, carinhosamente pelos colegas, com “ gente inteligente”... Pode ? Como se “inteligência” fosse sinônimo de mau caratismo, safadeza, sem-vergonhice e desonestidade!
Um fato verdadeiro ao tempo do “fio de bigode” do século passado. Um dos “coronéis” de um dos partidos, para espanto e decepção dos companheiros, mudou de lado. Em busca de apoio, soube que o Juiz de Paz, de Veríssimo, não o acompanhara na mudança. Procurou o velho Quirino Matheus e saber o “ porquê” da sua rebeldia. O diálogo travado foi severo e ríspido:
-“Porque me abandonou, Quirino? Companheiro de tantas lutas, vitórias e derrotas?
-“Não, coronel, não o abandonei. Vosmecê é que nos abandonou. Continuamos firmes com os “Arara”. Coronel é que pulou o barranco pros lado dos “Pachola”... O “ papo” terminou alí...≥ Qualquer não coincidência com os políticos profissionais de hoje, não se pode falar em mera semelhança...
(Luiz Gonzaga de Oliveira)
Cidade de Uberaba