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quarta-feira, 2 de março de 2022

HISTÓRIA DE UBERABA – GUIDO BILHARINHO.

MATÉRIA DO PRIMEIRO NÚMERO DA REVISTA PRIMAX


Guido Bilharinho, nosso mestre historiador, em um texto que pinçamos de sua matéria na Revista Primax, rebate considerações veiculadas no livro “Metrópole Imaginária” de autoria de André Azevedo Fonseca, lançado em 2020.

Cidade de Uberaba -
  Editor da foto: Marcelino Guimarães.

Muito interessante para o conhecimento de nossa história essa narrativa pois nos revela que nas décadas de 1910, 1920 e 1930, Uberaba passou por grandes transformações em decorrência de grandes investimentos que se fizeram em todos os segmentos da comunidade, mormente nas áreas comerciais, industriais, educacionais, sociais e rurais, criando assim, base para o futuro desenvolvimento econômico da cidade, mostrando que estas destacadas realizações, contradizem quaisquer manifestações que falam em estagnação neste período.

Eis o texto de Guido Bilharinho, uma aula de nossa história.

Não é correto, por não corresponder à realidade, argumentar que “a pecuária praticamente anulou as características que a atividade comercial havia imprimido à cidade, de forma que, entre 1910 e 1930, Uberaba deixou de ser um centro urbano relevante [...] dessa maneira, Uberaba virou um núcleo urbano decadente ilhado por formidáveis pastagens de gado” (Nos citados 36 anos (1889 a 1925), estendidos até outubro de 1930, face a seu colapso comercial, Uberaba deveria ter se estagnado e, mesmo, retrocedido. Porém, em decorrência do célere e acentuado desenvolvimento da pecuária zebuína, prosperou e se desenvolveu, malgrado as restrições e obstáculos opostos pela orientação e prática econômicas implementadas no país a partir de 1894, com a eleição de Prudente de Morais e ascensão ao poder da plutocracia cafeeira.

Para se aquilatar que ao contrário do que as Cassandras retroativas proclamam, Uberaba não só não estagnou nem retrocedeu, como, ao contrário, foi contemplada com realizações diversas e, isso sim, modernização urbana, como provam as fotografias anexas, de 1910 e a do período 20/30.
Basta lembrar, em apertada síntese, entre outras realizações:

Década de 1910: cine Paris Teatro (1910); cine Triângulo (1910); célebre Exposição de Zebu (1911); primeiro centro espírita (1911); cine Pathé (1912); primeiras estradas intermunicipais (1912); Uberaba Cinema (1913); loja Notre Dame de Paris (1915); Asilo Santo Antônio (1915); agência do Banco do Brasil (1916, antes de São Paulo); Fórum (1916); Penitenciária (1917); Uberaba Sport (1917); cine Politeama (1917); revistas Via Láctea (1917) e Lavoura e Comércio Ilustrado (1919); Banco de Uberaba (1919).

Década de 1920: Hospital São Sebastião (1922); Associação Comercial e Industrial (1923); Mercado Municipal (1924); Hospital Santa Rita (1924); Escola Técnica de Comércio José Bonifácio (1924); cine Capitólio (1925); Associação de Chauffers e Condutores de Veículos (1925); Rede Mineira de Viação (1926); Escola de Farmácia e Odontologia (1927); Sociedade de Medicina (1927); Liceu de Artes e Ofícios (1927); Centro de Saúde (1927); Associação dos Empregados no Comércio (1927); loja São Geraldo (1927); Centro de Cultura Física (Associação Esportiva e Cultural, 1927); Colégio Sousa Novais (1928); cine Alhambra (1928); Casa Aliança (1929); Hotel Modelo (1929); cine São José (1929); Lavoura e Comércio passa a diário (1929).

Década de 1930: Capela do Colégio N. S. das Dores (1930); Sorriso-Revista (1931); cine-teatro São Luís (1931); Diretoria 12 Regional dos Correios e Telégrafos (1932); Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil (1932); 14ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (1932); Aeroporto (1932); Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro (1933); Grupo Dramático Artur Azevedo (1933); revista A Rural (1933); Sanatório Smith (1933); Sanatório Espírita de Uberaba (1933); Colégio Santa Rosa (1934); Ginásio São Luís Gonzaga (1934); inauguração da linha aérea São Paulo-Uberaba (1934); Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (1934); Casa Carvalho (1934); Banco de Triângulo Mineiro (1936); banda Maria Girisa (1936); Clube Atlético, da Abadia (1937); Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários (1937); Casa de Saúde São José (1939); Revista Zebu (1939); nova sede do Jóquei Clube (1939).

População Urbana: 9.186 (1908); 15.022 (1920); 21.882 (1930). NOVOS jornais e periódicos: 45 (década de 1910); 31 (década de 1920); 36 (década de 1930).

Fonte – Primeiro número da Revista Primax - Guido Bilharinho.