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quarta-feira, 4 de abril de 2018

Memorial Chico Xavier em Uberaba recebe acervo raro descoberto após mais de 50 anos


Um acervo raro com vários jornais, revistas, fotos, livros e manuscritos datilografados sobre o médium Chico Xavier e a doutrina espírita, que foi encontrado em setembro de 2017 em Uberaba, passa por restauração. O material estava trancado em um cômodo de imóvel da Comunhão Espírita Cristã – o primeiro centro que Chico fundou em 1959, quando chegou à cidade mineira. 

Para os responsáveis pelo trabalho e pela descoberta, o achado já pode ser considerado um patrimônio para o município e para a religião espírita, já que guarda informações de todos os tipos da década de 1960.


Planta de Museu por Niemeyer 

Um dos materiais mais importantes é a planta de um “museu” que está carimbada com o nome do arquiteto Oscar Niemeyer. A surpresa para os pesquisadores em relação a este projeto foi descobrir que na época Chico Xavier e outros adeptos da doutrina já pensavam em construir algo bem parecido com o atual Memorial, que seria chamado de “Exposição Espírita Permanente”. 

Dentro de uma pasta foram encontrados documentos com registros do que teria e como funcionaria o espaço, como também a quantidade de material para a obra.


 
Livro dos Médiuns, por Allan Kardec, foi um dos materiais raros encontrados
 (Foto: Fundação Cultural de Uberaba/Ruth Gobbo)

A ideia do Memorial Chico Xavier foi concebida em 2003, um ano depois da morte do médium. O museu fica no Parque das Américas e foi inaugurado em 2016. A estrutura tem mais de 8.000m², conta com obras escritas pelo médium, fitas e livros sobre a história de Chico Xavier. 

"O que mais nos chamou atenção foi o projeto do 'Exposição Espírita Permanente', que foi uma surpresa para nós identificarmos que em Uberaba, na década de 60, houve uma tentativa de construção de um espaço de memória dedicado à doutrina espírita. E vários anos depois surge o Memorial Chico Xavier, que além de contar histórias, quer contar também a história guardada nestes materiais encontrados", observou o museólogo do Memorial, Carlos Vítor.



A descoberta e a restauração 

Foi em um cômodo trancado de um imóvel da Comunhão Espírita Cristã que o material ficou guardado por mais de 50 anos. O tesouro foi descoberto por acaso pelo pedreiro Lourencildo Gonçalves, que foi fazer um serviço no local à pedido de um amigo. 


Em seguida, o acervo foi entregue por comodato ao Memorial Chico Xavier que, em parceria com a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), deu início aos trabalhos de restauração. 

Com a supervisão do museólogo do Memorial, três estudantes do curso de História da UFTM fazem a higienização do acervo, além do arrolamento - que é o processo de identificação, numeração e pesquisas de informações básicas sobre o conteúdo de cada arquivo que são registradas em um programa de computador. 

“A gente recebeu este material deteriorado, já que estava em um espaço insalubre. Assim que recebemos a informação, imediatamente em dois dias conseguimos retirar todo este acervo no cômodo que estava e levar ao Memorial para fazer este trabalho de higienização e identificação”, disse Carlos Vítor. 


Cerca de 20% do material encontrado já foi trabalhado pela equipe. Também já foram encontrados cartas, dossiês de viagens e diversos documentos. 

“É um acervo inédito da década 1960 que tivemos a honra de receber da Comunhão Espírita Cristã. Foi um privilégio para nós termos o acesso e trabalhar com este material tão rico e com informações do médium e da doutrina espírita. A cada material, uma surpresa é encontrada e uma história aprendida", acrescentou o museólogo. 


“Depois que a gente viu o acervo e começou a limpá-lo também encontramos documentos de algumas viagens que Chico e os parceiros fizeram para a disseminação da doutrina espírita pelo país e pelo mundo. Foi aí que percebi que essa documentação em nossas mãos é muito importante para pesquisa sobre a vida do Chico em Uberaba”, acrescentou o universitário Tomaz Gomes. 
Conclusão e divulgação 

O trabalho de arrolamento deve ser concluído em pouco mais de um ano e seis meses, segundo Carlos. “É um processo muito delicado e minucioso porque há muitos papéis que ficaram fragilizados. Depois disso, vamos avaliar qual será a melhor metodologia para catalogação e finalmente disponibilizá-lo para pesquisas e ao público”, explicou. 

O museólogo ainda informou que depois de pronto o material será armazenado no Memorial, no espaço “Centro de Pesquisa e Documentação do Patrimônio Cultural do Espiritismo”, que já está sendo criado. 

“A importância deste material é suscitar novos conhecimentos e novas pesquisas na área para que depois possamos retroalimentar nosso setor de comunicação para realizar exposições, publicações e divulgar o trabalho do espaço, bem como a história da doutrina espírita e do Chico Xavier, que são referências em Uberaba", concluiu o museólogo mineiro.