A fase do “coronelismo” em Uberaba, é muito antiga. Secular, até. Nefasto legado pelos nossos antepassados que, não fosse a “ louca” figura de Mário Palmerio, trazendo cursos universitários ( Escolas superiores) para a santa terrinha, até hoje, estaríamos vivendo apenas a era do Diocesano, Nossa Senhora das Dores e Escola Normal. Os filhos dos ricos “ coronéis” indo estudar nas grandes Universidades brasileiras e os filhos da pobreza , amargando tão somente o curso técnico profissionalizante da Escola “ José Bonifácio”... Meninas estudando no “ colégio das freiras” e os meninos no “ Marista”.. .Autênticos clubes do “bolinha” e “ luluzinha”... Palmério, criou o Colégio Triângulo, onde estudavam juntos, moças e rapazes, independentemente da classe ou categoria social, sem distinção de credo, cor ou raça . Daí a raiva que quase transformou-se em ódio da “ coronelada” devotada ao grande líder.
Ataliba Guaritá Neto, o eterno Netinho de inesquecível presença, nasceu em berço confortável .Rico ? nem tanto.. .Estudou no Rio de Janeiro, sem contudo, concluir curso universitário. Não precisou. Era tão ou mais inteligente e capaz que muitos daqueles jovens possuidores de “ canudos” que, sem atividade fixa, perambulavam pelas ruas da cidade. Netinho, vocação ímpar para a comunicação, ao retornar à terrinha que tanto amava , foi trabalhar no rádio (PRE-5) e no jornal (“Lavoura e Comércio”). Seu talento saía pelos poros. Versátil, improvisador incomum, despontou. Amigo sem defeito, conquistou mercê a sua esmerada educação, companheirismo e lealdade, toda Uberaba.
Redemocratizado o País, candidatou-se à vereador. A cidade gostava dele. Ganhou com” um pé nas costas”. Despontava ali, uma grande liderança. Filiado à UDN, a “ eterna vigilância”, fazia oposição aos PTB, de Palmério e Boulanger Pucci, eleito Prefeito, com elegância acima de tudo. Netinho, era a “ coqueluche” política da terrinha. Tempos seguidos, vieram as eleições proporcionais. Netinho. tinha tudo para tornar-se deputado e ser o grande porta-voz de uma cidade que retomava o caminho do progresso e sede de crescimento.
Pré -candidato, próceres da UDN, encantados com o prestigio popular do seu filiado, tinha como “ favas contadas”, a sua eleição . Àquele tempo( 1946), havia mais honestidade, lealdade de princípios, seriedade em compromissos assumidos, além de uma campanha modesta, sem gastar os “ rios de dinheiro” dos dias atuais. Netinho, empolgado com a aceitação popular, fazia planos como recompensar o carinho, respeito e confiança que lhe eram depositados, mesmo sendo só pré-candidato. Da riqueza da terrinha aos mais humildes, seu nome era unanimidade.
De repente, a decepcionante, desagradável e covarde “ rasteira”. Sorrateiramente, na convenção do partido, a UDN” houve por bem”, escolher o nome do pecuarista araguarino, Max Nordeau de Rezende Alvim, como candidato à deputado estadual, no lugar de Netinho ! A decepção não só tomou conta do uberabense ilustre, mas, também, de toda a cidade. Ele e todos os eleitores, não imaginavam que os políticos fossem tão desonestos, falsários e sujos como “ pau de galinheiro”... As desculpas mais esfarrapadas , saiam das bocas sujas dos mais “elegantes, austeros, sérios e intocáveis dirigentes udenistas “.. Autêntica água na fervura...
Não demorou, veio à tona, toda a trama . O secretário da UDN, com a conivência do partido, “vendeu” a candidatura de Netinho, por um “ jeep”, novinho em folha, zero quilômetro... O político desfilava, leve solto, pelas ruas da cidade, todo garboso e altaneiro. A decepção moeu o coração de Netinho. Daí em diante, recusou todos os convites políticos que lhe eram feitos . Perguntado, respondia: - “ a melhor política da minha vida, foi deixar a política “...Abraços do “ Marquez do Cassú.