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terça-feira, 19 de junho de 2018

Maurílio Moura Miranda

Estava há tempo ensaiando uma oportunidade para escrever sobre um dos mais ativos profissionais da classe jornalística da terrinha: Maurílio Moura Miranda, nome de batismo. Incrível a persistência, o zelo, o trabalho que ele desenvolve na cidade. São 45 anos atuando, ininterruptamente, num só prefixo de rádio, a “ 7 Colinas”. Narrador esportivo impecável, o seu trabalho é reconhecido além fronteiras. Empolgado, apaixonado por aquilo que faz, não mede esforços, nem sacrifícios para informar e opinar, com exatidão, isenção , os fatos que seus olhos vêem , o coração sente e a voz não cala. Profissional de méritos reconhecido.

Quando deixei a direção da “Sete”, Moura , chegava de Tupaciguara, a “ terra da mãe de Deus”, no idioma indígena. Veio de “ mala e cuia”, ao lado da sua Neuza, fiel e eterna companheira. Chegou liderando audiência, fazendo amigos, ganhando o respeito dos companheiros de profissão. Não tive o prazer de trabalhar com ele, o que não invalidou o inicio de uma sincera e respeitosa amizade, que perdura e o tempo não apaga.

Moura, seguindo outros exemplos, viu o “cavalo passar arreado”. Foi prá BH., rádio Guarani. Ganhar o Brasil, pois, talento tem de sobra . Provou e aprovou. Sentiu e não gostou. A saudade apertou. Voltou .Para o mesmo “ ninho” e alegria dos amigos e ouvintes fiéis. Sua obsessão em fazer as coisas bem feitas , é digna de elogios. Transmite ao apaixonado pelo futebol, a emoção do lance do gol ( explode,coração ! ), xinga, elogia, critica. Analisa, com extrema facilidade e precisão. Há que se registrar a sua ética, linguagem , sem usar o rasteirismo chulo.

Moura Miranda, é eclético. Formado em jornalismo, professor, funcionário público municipal, publicitário; hoje, é próspero produtor rural. Mas, o que gosta mesmo é ter a “latinha” nas mãos. Microfone, é hábito, paixão, desejo “grudado” na vida. Torcedores apaixonados, de vez em quando, o xingam. Os do Nacional ,o “acusam” de “colorado”. Os do Uberaba, apregoam ser ele, nacionalista. Quer prova maior da sua imparcialidade na narração esportiva ?

Por mim, lhe teria dado menção no “Guinness book”, o livro dos recordes. Acompanhar um time de futebol, há mais de 45 anos, não tenho lembrança que exista outro no rádio brasileiro. Desde as capitais, no auge do nosso futebol, às “ bibocas’ dos grotões mineiros, lá está a voz marcante de Moura Miranda, como se narrasse um final de Copa do Mundo ...Aliás, se quisesse, estaria nas “Oropa”, transmitindo o torneio mundial.Tem” cacife” profissional ... Preferiu as campinas verdejantes das suas terras na “Santa Rosa”...

A propósito, Moura , nunca gostou do tal de “of tube”, a narração de estúdio, fofas poltronas, “telão” de cinema e água gelada. Sempre enfrentou o campo do jogo. Alí, pertinho, sentindo a emoção do espetáculo,vendo as “ feras” de perto, fosse ruim ou muito bom e nem sempre em cabines confortáveis . Já tomou muito soco nas costas, cusparadas no rosto.. .Esse , é o Moura Miranda que conheço .
Família criada, netos crescendo, Moura, ainda encontra espaço na sua agenda às atividades sociais, no Rotary e maçonaria. No rádio, “anda meio mudo”. O Nacional, adormecido. O Uberaba, sem decolar, ele vai levando a vida no rádio, comentando apenas o óbvio. Ele e outros profissionais da terrinha, cansados em “dar murros em ponta de faca”. Tivessem todos os que escolheram Uberaba para morar, a mesma têmpera, o mesmo arrojo e vontade de servir como Moura Miranda, não tenho receio em afirmar, Uberaba seria outra !

Luiz Gonzaga Oliveira