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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Maurílio Cunha Campos de Morais e Castro

Nasceu em Uberaba (MG), em 17 de maio de 1924, onde faleceu em 10 de julho de 1994.

Estudou Meteorologia nos Estados Unidos, tendo sido presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia. Residiu no Rio de Janeiro nos anos 50, onde, como empresário, produziu e di- rigiu, em junho de 1958, a revista musical "Peguei um Ita no Norte", que mereceu critica bastante favorável da imprensa local.

Maurílio Cunha Campos de Morais e Castro.
 Foto: Acervo da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


Nos anos 60, já residindo em Uberaba, foi tabelião e teve atuação importante na vida da sociedade ubera- bense.

Liderou a campanha para erradidicação da paralisia

infantil, tendo conseguido a adesão de entidades liga- das à saúde, contribuindo para que a cidade fosse um dos primeiros municipios do interior a receber a vacina Sabin. Batalhou também pela fundação e manutenção do Hospital do Folclore. Pênfigo.

Foi grande fomentador da cultura e arte nesta cidade. e um dos fundadores do Teatro Experimental de 1977/1978. Uberaba (TEU), em abril de 1965, conseguindo re- gistrá-lo em cartório em 30 de junho de 1969 e tornan- do-se seu primeiro diretor- presidente.

Sob o pseudónimo de Mon-tenegro, manteve, durante alguns anos, uma coluna de

textos vanguardistas no jornal "Lavoura e Comércio".Juntamente com Edelweis Teixeira e Edson Prata, fundou o Instituto de Folclore do Brasil Central, que realizou, durante alguns anos, a Semana do Folclore.

Foi fundador da cadeira 14 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, da qual foi presidente no biênio

Bibliografia

História da Academia de Letras do Triângulo Mineiro- Ed. 2014 - Maria Antonieta Borges Lopes

Fonte: Site Academia de Letras do Triângulo Mineiro -  Colaboração Acadêmico Gilberto Rezende

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Dom Alexandre Gonçalves do Amaral

“Vou cancelar esta cerimônia”. Mal ele terminou estas palavras, já avisamos a Dom Alexandre Gonçalves do Amaral que a noiva já estava se posicionando para o tradicional desfile, dando início ao casamento.

Havia sempre uma preocupação maior com a questão de horário quando se tratava de um casamento realizado pelo arcebispo na década de 70, na Casa do Folclore.

Foto: Curia Metropolitana

Jamais recusou qualquer solicitação nossa. A sua presença era por nós considerada como uma demonstração de estima e de consideração, já que a maioria dos padres e outros bispos, com exceção de Dom Alberto Guimarães, recusava-se a realizar casamentos sob o argumento de que não havia ali uma capela.

Dom Alexandre, de uma educação esmerada e de afável trato, era, todavia, rígido em disciplinas eclesiásticas e em horários, motivo de sua impaciência.

Em termos de disciplina, de defensor intransigente da fé, do rito e das determinações religiosas, basta o fato de usar fivelas em sapatos que lhe machucavam os pés, mas que compunha as indumentárias determinadas pelo Vaticano e que, para tirá-las teve que receber autorização, após graves ferimentos provocados, conforme relata César Vannucci em seu livro “Um Certo Dom”.

A primeira vez que recebemos a visita de Dom Alexandre na Casa do Folclore foi em razão de um convite feito por meio do professor Erwin Pühler e sua esposa, Eunice, amigos de longa data do arcebispo. Acompanharam-no nesta visita também o padre Hyron Fleury, João Francisco Naves Junqueira, seu médico particular e algumas religiosas.

Neste dia, acontecia mais uma apresentação da Catira dos Borges. O Arcebispo gostava de manifestações culturais. Conheceu essa dança folclórica em Iturama.

Na época desta visita, década de 1970, não havia grandes construções no local, e sim jardins, o que levou Dom Alexandre a dizer que o local se parecia com os jardins do Éden. Muito gentil, disse ainda que batizaria a Casa do Folclore como Academia Brasileira do Folclore.

Filho de Benjamim Gonçalves e Maria Cândida Gonçalves do Amaral, Alexandre nasceu em Carmo da Mata, Minas, aos 12 de junho de 1906.

Aos 23 anos, em 22 de setembro de 1929, foi ordenado padre. Dez anos após, ao ser eleito bispo, foi ungido em 29 de outubro de 1939 o mais jovem bispo em todo o mundo. Neste mesmo ano, tomou posse em Uberaba em 8 de dezembro de 1939, exercendo a função episcopal até 1962, por indicação do Papa Pio XII. Foi o 4º bispo da cidade, após D. Luiz Maria de Sant’Anna.

Na década de 1940, dono de uma inconfundível voz, Dom Alexandre foi considerado o maior orador sacro do Brasil. Segundo César Vannucci, apesar de conhecer bem a ortografia, apegava-se em escrever seus artigos de próprio punho e utilizando a grafia antiga, como “pharmácia”, e não aceitava a revisão do jornal.

Em 14 de abril de 1962, o papa João XXIII elevou a Diocese de Uberaba a Arquidiocese e criou a Província Eclesiástica de Uberaba, abrangendo as dioceses de Patos de Minas, Uberlândia e Paracatu. A Catedral obteve o título de Catedral Metropolitana e o bispo Dom Alexandre foi elevado à categoria de arcebispo, o 1º de Uberaba.

Manteve este título até maio de 1978, quando renunciou juntamente com seu administrador apostólico, Dom José Pedro Costa. Dom Alexandre Gonçalves do Amaral e Dom Pedro passaram à categoria eclesiástica de “bispo emérito”.

A atuação de Dom Alexandre como supremo dirigente da Igreja em Uberaba, iniciada em 1939, não ficou restrita a pastor espiritual.

Diversos desafios ocorreram em sua longa trajetória episcopal. Assumindo suas funções eclesiásticas em plena 2ª Guerra Mundial (1939/1945), sua primeira intervenção se deu quando os padres dominicanos foram acusados de manter uma emissora clandestina para passar informações para os alemães. Buscas foram realizadas na igreja São Domingos e nada foi encontrado. Quando os fiéis quiseram fazer o desagravo deste lamentável fato foram impedidos e o próprio Jornal Católico, censurado.

No governo de Juscelino Kubitschek (1951/1955) ocorreram em Uberaba graves manifestações contra os abusos cometidos por fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais, comandada por José Maria Alkimim, resultando em uma revolta dos contribuintes. Baderneiros aproveitaram para provocar atos de vandalismo, destruindo arquivos da Receita Federal, que funcionava no prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba, e os da Receita Estadual, instalada na rua Major Eustáquio com a rua Manoel Borges.

Na época, foram presos inúmeros uberabenses. Coube a Dom Alexandre partir para a defesa dos injustiçados, em artigos virulentos contra o arbítrio, publicados no Correio Católico, conseguindo a vinda do então Secretário Estadual a Uberaba para apaziguar a situação.

Como o governador Juscelino tinha interesse na eleição para Presidente da República, além de serenar os ânimos dos uberabenses, atendeu às solicitações de Dom Alexandre e, pouco tempo depois, deu de presente, segundo relato de Frederico Frange, o prédio da antiga cadeia, situada na Praça do Mercado, acrescido de um bom numerário para que a Associação de Medicina de Uberaba implantasse uma Faculdade de Medicina particular, que se transformou na UFTM, uma das grandes Universidades Federais do Brasil.

Dom Alexandre foi uma poderosa voz na Revolução de 1964. Nas palavras de César Vannucci, não lhe faltavam carisma, cultura, inteligência, sabedoria, vivência humanística e espiritual. Sobrava coragem para enfrentar desafios. Para corrigir abusos que estavam sendo cometidos em nome do governo, foi pessoalmente a Belo Horizonte para um encontro marcado com o governador Magalhães Pinto. Nessa oportunidade, conseguiu a transferência do comandante do 4º Batalhão, que era o objeto de reclamações dos injustiçados.

O Governador designou para seu lugar o ajudante de Ordens do Gabinete Militar tenente-coronel PM José Vicente Bracarense, que depois de pacificar os relacionamentos entre o governo estadual e a Igreja, fincou raízes em Uberaba, ocupando por duas vezes secretarias nos governos municipais de Hugo Rodrigues da Cunha (1973/1976) e Silvério Cartafina (1977/1982).

A Fista – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino, criada pela Congregação das Irmãs Dominicanas em Uberaba no ano de 1948, por iniciativa de Dom Alexandre, teve sua diretoria invadida, em abril de 1964, por elementos estranhos ao quadro da Instituição, que assumiram o poder em nome do Governo. Repudiados pelo bispo, foi necessário manter contato com o general Castelo Branco para terminar com esta situação. O Presidente determinou que onde houvesse Diocese a Igreja deveria ser ouvida antes de quaisquer atividades em entidades vinculadas.

Além dessas interferências, durante seu bispado, teve que enfrentar tempos desagradáveis e polêmicos, entre os quais os desentendimentos com a classe médica em relação a cartas anônimas – pichações anônimas –, tomada de posição em favor da implantação da Cemig e muitas outras registradas pela imprensa.

Dom Alexandre fazia sua defesa por meio do Correio Católico, jornal por ele criado e que inicialmente era mensal, passando para semanal e se tornando diário em 1954, na gestão de Dom José Pedro Costa. Segundo César Vannucci, em seu livro “Um Certo Dom”, foram escritos cerca de 6.000 artigos para o Jornal.

Em 1972, o Correio Católico foi vendido para um grupo de empresários, do qual participavam na diretoria Joaquim dos Santos Martins, Gilberto Rezende e Edson Prata. O nome foi mudado para Jornal da Manhã.

Como empreendedor, Dom Alexandre construiu o Seminário São José (Praça Dom Eduardo) na década de 1980, hoje chamado Centro Pastoral João Paulo II, sede da Cúria Metropolitana. Durante seu bispado, trouxe a Uberaba três mosteiros contemplativos – das beneditinas, carmelitas e concepcionistas. Trouxe ainda as carmelitas, da Afonso Rato; os capuchinhos, os padres sacramentinos, as irmãs do Asilo São Vicente e do Orfanato Santo Eduardo.

Pastor e evangelizador, pregador, conferencista, jornalista e escritor, foi também professor de Filosofia e Teologia. Um de seus alunos ilustres foi Mário Palmério, a quem incentivou a criação das Faculdades.

Foi um dos fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM), ocupando a cadeira número 21, sendo sucedido por Maria Antonieta Borges Lopes. Escreveu três livros, entre eles “Os Católicos e a Polícia”, em 1946.

Dom Alexandre faleceu aos 5 de fevereiro de 2002, tendo vivido 96 anos, 73 como padre, 39 anos de governo episcopal e 23 anos como bispo emérito. Está sepultado na cripta dos bispos na Catedral, onde, em 2006, foi celebrado o centenário de seu nascimento.

Sua vida bateu três recordes quase impossíveis de serem repetidos, pois foi ordenado padre aos 23 anos, nomeado bispo com apenas 33 anos e viveu 63 anos como bispo.

“Dom Alexandre Gonçalves do Amaral” é hoje nome de uma rua no residencial Mário de Almeida Franco.

Fontes: Jornal da Manhã; César Vannucci – livros “Um Certo Dom” e “Voz da Arquidiocese”.


Gilberto de Andrade Rezende

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra

segunda-feira, 21 de junho de 2021

DOM ALEXANDRE GONÇALVES DO AMARAL.

HOMENAGEM AOS 115 ANOS DE SEU NASCIMENTO - 12-06-1906
“Vou cancelar esta cerimônia”. Mal ele terminou estas palavras já avisamos a Dom Alexandre Gonçalves do Amaral que a noiva já estava se posicionando para o tradicional desfile, dando início ao casamento.

Havia sempre uma preocupação maior com a questão de horário quando se tratava de um casamento realizado pelo Arcebispo na década de 70, na Casa do Folclore.

Jamais recusou qualquer solicitação nossa. A sua presença era por nós considerada como uma demonstração de estima e de consideração já que a maioria dos padres e outros bispos, com exceção de Dom Alberto Guimarães, se recusava a realizar casamentos sob o argumento de que não havia ali uma capela.

Dom Alexandre, de uma educação esmerada e de afável trato era, todavia, rígido em disciplinas eclesiásticas e em horários, motivo de sua impaciência.

Em termos de disciplina, de defensor intransigente da fé, do rito e das determinações religiosas, basta o fato de usar fivelas em sapatos que lhe machucavam os pés, mas que compunha as indumentárias determinadas pelo Vaticano e que, para tira-las teve que receber autorização, após graves ferimentos provocados, conforme relata César Vanucci em seu livro “Um Certo Dom”.

A primeira vez que recebemos a visita de Dom Alexandre na Casa do Folclore foi em razão de um convite feito por meio do Professor Erwin Puhler, e sua esposa Eunice, amigos de longa data do Arcebispo. Acompanharam-no nesta visita também o Padre Hyron Fleury, João Francisco Naves Junqueira, seu médico particular e algumas religiosas.

Neste dia acontecia mais uma apresentação do Catira dos Borges. O Arcebispo gostava de manifestações culturais. Conheceu essa dança folclórica em Iturama.

Na época desta visita, década de 1970, não havia grandes construções no local e sim jardins, o que levou Dom Alexandre a dizer que o local se parecia com os jardins do Éden. Muito gentil, disse ainda que batizaria a Casa do Folclore como Academia Brasileira do Folclore.


Filho de Benjamim Gonçalves e Maria Cândida Gonçalves do Amaral, Alexandre nasceu em Carmo da Mata, Minas, aos 12 de junho de 1906.

Aos 23 anos, em 22 de setembro de 1929, foi ordenado padre. Dez anos após, ao ser eleito bispo, foi ungido em 29 de outubro de 1939 o mais jovem bispo em todo o mundo. Neste mesmo ano tomou posse em Uberaba em 8 de dezembro de 1939 exercendo a função episcopal até 1962 por indicação do Papa Pio XII. Foi o 4º bispo da cidade, após D. Luiz Maria de Sant’Anna.

Na década de 1940, dono de uma inconfundível voz, Dom Alexandre foi considerado o maior orador sacro do Brasil. Segundo Cesar Vanucci, apesar de conhecer bem a ortografia, se apegava em escrever seus artigos de próprio punho e utilizando a grafia antiga como “pharmácia” e não aceitava a revisão do jornal.

Em 14 de abril de 1962 o papa João XXIII elevou a Diocese de Uberaba a Arquidiocese e criou a Província Eclesiástica de Uberaba abrangendo as dioceses de Patos de Minas, Uberlândia e Paracatu. A Catedral obteve o título de Catedral Metropolitana e o Bispo Dom Alexandre foi elevado à categoria de Arcebispo, o 1º de Uberaba.

Manteve este título até maio de 1978, quando renunciou juntamente com seu Administrador Apostólico, Dom José Pedro Costa. Dom Alexandre Gonçalves do Amaral e Dom Pedro passaram à categoria eclesiástica de “Bispo Emérito”.

A atuação de Dom Alexandre como supremo dirigente da Igreja em Uberaba, iniciada em 1939, não ficou restrita a ser o pastor espiritual.

Diversos desafios ocorreram em sua longa trajetória episcopal. Assumindo suas funções eclesiásticas em plena 2ª guerra mundial (1939/1945), sua primeira intervenção se deu quando os padres dominicanos foram acusados de manter uma emissora clandestina para passar informações para os alemães. Buscas foram realizadas na Igreja São Domingos e nada foi encontrado. Quando os fiéis quiseram fazer o desagrava deste lamentável fato foram impedidos e o próprio Jornal Católico, censurado.

No governo de Juscelino Kubitschek (1951/1955) ocorreu em Uberaba graves manifestações contra os abusos cometidos por fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais comandada por José Maria Alkimim, resultando em uma revolta dos contribuintes. Baderneiros aproveitaram para provocar atos de vandalismo destruindo arquivos da Receita Federal, que funcionava no prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba, e os da Receita Estadual instalada na Rua Major Eustáquio com a Rua Manoel Borges.


Na época foram presos inúmeros uberabenses. Coube a Dom Alexandre partir para a defesa dos injustiçados em artigos virulentos contra o arbítrio, publicados no “Correio Católico”, conseguindo a vinda do então Secretario Estadual a Uberaba para apaziguar a situação.

Como o Governador Juscelino tinha interesse na eleição para Presidente da República, além de serenar os ânimos dos uberabenses atendeu as solicitações de Dom Alexandre e, pouco tempo depois, deu de presente, segundo relato de Frederico Frange, o prédio da antiga cadeia, situada na Praça do Mercado, acrescido de um bom numerário para que a Associação de Medicina de Uberaba implantasse uma Faculdade de Medicina particular que se transformou na UFTM, uma das grandes Universidades Federais do Brasil.

Dom Alexandre foi uma poderosa voz na revolução de 1964. Nas palavras de César Vanucci, não lhe faltava carisma, cultura, inteligência, sabedoria, vivência humanística e espiritual. Sobrava coragem para enfrentar desafios. Para corrigir abusos que estavam sendo cometidos em nome do governo foi pessoalmente a Belo Horizonte para um encontro marcado com o Governador Magalhães Pinto. Nessa oportunidade conseguiu a transferência do comandante do 4º Batalhão, que era o objeto de reclamações dos injustiçados.

O Governador designou, para seu lugar, o ajudando de Ordens do Gabinete Militar Ten.Cor.PM José Vicente Bracarense que depois de pacificar os relacionamentos entre o governo estadual e a Igreja, fincou raízes em Uberaba, ocupando por duas vezes secretarias nos governos municipais de Hugo Rodrigues da Cunha (1973/1976) e Silvério Cartafina (1977/1982).

A FISTA–Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino- criada pela Congregação das Irmãs Dominicanas em Uberaba no ano de 1948, por iniciativa de Dom Alexandre, teve sua diretoria invadida, em abril de 1964, por elementos estranhos ao quadro da Instituição que assumiram o poder em nome do Governo. Repudiados pelo Bispo foi necessário manter contato com o Gal. Castelo Branco para terminar com esta situação. O Presidente determinou que onde houvesse Diocese a Igreja deveria ser ouvida antes de quaisquer atividades em entidades vinculadas.

Além dessas interferências, durante seu bispado teve que enfrentar tempos desagradáveis e polêmicos, entre os quais os desentendimentos com a classe médica em relação a cartas anônimas - pichações anônimas - tomada de posição em favor da implantação da Cemig e muitas outras registradas pela imprensa.

Dom Alexandre fazia sua defesa por meio do Correio Católico, jornal por ele criado e que inicialmente era mensal, passou para semanal e se tornou diário em 1954 na gestão de Dom José Pedro Costa. Segundo Cesar Vanucci em seu livro “Um Certo Dom”, foram escritos cerca de 6.000 artigos para o Jornal.

Em 1972 o Correio Católico foi vendido para um grupo de empresários do qual participava na diretoria Joaquim dos Santos Martins, Gilberto Rezende e Edson Prata. O nome foi mudado para “Jornal da Manhã”.

Como empreendedor Dom Alexandre construiu o Seminário São José (Praça Dom Eduardo) na década de 1980, hoje chamado Centro Pastoral João Paulo II, sede da Cúria Metropolitana. Durante seu bispado trouxe a Uberaba três mosteiros contemplativos – das Beneditinas, Carmelitas e Concepcionistas. Trouxe ainda as Carmelitas da Afonso Rato, os Capuchinhos, os Padres Sacramentinos, as Irmãs do Asilo São Vicente e Orfanato Santo Eduardo.

Pastor e evangelizador, pregador, conferencista, jornalista e escritor, foi também professor de Filosofia e Teologia. Um de seus alunos ilustres foi Mário Palmério a quem incentivou a criação das Faculdades.

Foi um dos fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM), ocupando a cadeira 21, sendo sucedido por Maria Antonieta Borges Lopes. Escreveu três livros, entre eles “Os Católicos e a Polícia”, em 1946.

Dom Alexandre faleceu aos 05 de fevereiro de 2002 tendo vivido 96 anos, 73 como padre, 39 anos de governo episcopal e 23 anos como Bispo Emérito. Está sepultado na cripta dos bispos na Catedral onde, em 2006, foi celebrado o centenário de seu nascimento.

Sua vida bateu três recordes quase impossíveis de serem repetidos, pois foi ordenado padre aos 23 anos, nomeado bispo com apenas 33 anos e vivido 63 anos como bispo.

“Dom Alexandre Gonçalves do Amaral” é hoje nome de uma rua no residência Mário de Almeida Franco.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA.
Fontes – Jornal da Manhã –
César Vanucci – livro “Um Certo Dom”.
Voz da Arquidiocese.

domingo, 3 de janeiro de 2021

Cidade Uberaba

ENSAIOS TÉCNICOS UBERABENSES 

(VII, Conclusão)


IMIGRAÇÃO

Uberaba e região beneficiaram-se enormemente, desde a década de 1870, principalmente da imigração portuguesa, italiana e espanhola, e, nas primeiras décadas do século XX, da imigração sírio-libanesa e japonesa.

*

Em 2015 foi editado pela Academia de Letras do Triângulo Mineiro e Bolsa de Publicações de Município de Uberaba o livro “Representação e Vestígios da (Des)Vinculação do Triângulo Mineiro: Um Estudo da Imigração Italiana em Uberaba, Sacramento e Conquista – 1890/1920”, de HELADIR JOSEFINA SARAIVA E SILVA, ao que se sabe a primeira – e notável – obra sobre o assunto, instruída com quadros, anexos e inúmeras ilustrações.


FOTOGRAFIA

A arte fotográfica, bastante praticada em Uberaba desde o último quartel do século XIX, apresenta pelo menos três livros, todos de sofisticada feitura gráfica e esplêndidas fotos.

*

Em 2008 foi lançado o livro “Uberaba – História, Tradição, Desenvolvimento e Cultura” com magnificas e multicoloridas fotos de CLÁUDIO AROUCA e precisos textos de MARIA ANTONIETA BORGES LOPES, abordando, entre tantos outros temas, a evolução política e administrativa da cidade, seu desenvolvimento comercial e cultural do século XIX e os tempos do zebu.

*

No ano seguinte, o jornalista e editor FRANCISCO MARCOS REIS publicou “Uberaba – 100 Anos de Olhares e Memórias”, álbum de fotos da cidade em edição primorosa, apresentando dezenas de fotos vinculadas ao evolver do tempo, tanto de grupos de pessoas, como o time do Uberaba Sport de 1917, imigrantes italianos de Uberaba em 1928, terno de congada Minas-Brasil, banda do 4º BPM em 1936, jogadores do Independente Atlético Clube em 1943, grupo de combatentes uberabenses da 2ª Guerra Mundial em 1944 e time do Nacional Futebol Clube de 1950.

*

Não obstante tenha Uberaba grandes fotógrafos desde o último quartel do século XIX, apenas sobre um deles, ao que se sabe, justamente o primeiro ou um dos primeiros (e dos mais importantes do país), José Severino Soares, foi organizado não apenas um livro, porém, o esplêndido “O Álbum de Jorge Henrique”, idealizado e esboçado por seu bisneto JORGE HENRIQUE PRATA SOARES, cujo teor foi organizado e editado pelo tio deste último, JOSÉ EXPEDITO PRATA, em 2014, contendo informações biográficas, profissionais e artísticas de José Severino Soares, além de dezenas e dezenas de suas fotografias, não só de Uberaba como de diversas outras localidades.


DINOSSAUROS

Os estudos sobre os fósseis encontrados na área de Peirópolis, antiga estação ferroviária da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro, remontam à segunda metade da década de 1940, procedidos pelo cientista Llewellyn Ivor Price.

Neste interregno de mais de sete décadas, possivelmente algum ou alguns livros podem ter sido publicados sobre o assunto, aos quais, contudo, não se teve acesso.

*

Porém, em 2017, conforme a respectiva ficha catalográfica, ou 2018, segundo consta do colofão, foi publicada a obra “Peirópolis – O Vale dos Dinossauros Brasileiro”, de autoria de CARLOS EDUARDO CHEREM, em edição sofisticada e belíssima, farta e coloridamente ilustrada, remontando o texto aos princípios do surgimento do mundo e à destruição provocada pelo que se supõe ter sido o choque de gigantesco asteroide, originando verdadeiro cemitério de dinossauros, bem como focalizando as descobertas das preciosidades fósseis encontradas em Peirópolis.



TEMAS DIVERSOS

Tais são a produtividade e a riqueza da reflexão e da elaboração intelectual em Uberaba, que inúmeros livros foram e estão sendo publicados sobre assuntos os mais diversos, não enquadráveis ou classificáveis nos mais de vinte e cinco temas previstos no presente levantamento, registrando-se, pois, além de todos os ensaios referidos e ligeiramente comentados, mais os livros que se seguem.

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Editado em São Paulo, em 1994, o livro “Cotidiano e Sobrevivência – A Vida do Trabalhador Pobre na Cidade de São Paulo (1890-1914)”, da uberabense MARIA INÊS MACHADO BORGES, focaliza, em cinco substanciosos capítulos, priorização e política imigrantista, escassez e instabilidade do emprego fixo, trabalho informal e temporário, pobreza e formas marginais de sobrevivência e ritmo de vida e lazer.

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Em “Rádio Comunitária – Democratização da Comunicação Social”, de 2001, o advogado GLEIBE TERRA defende e discorre sobre as rádios comunitárias sob, entre outros, os aspectos constitucionais e legais, exercício da cidadania, direito à informação e interesse público.

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Em 2003 foi lançado “O Acesso ao Medicamento – A Gestão da Política Pública Entre 1997 e 2002”, do médico PLATÃO PÜHLER, em que o Autor discorre sobre as providências e práticas promovidas no período em que exerceu funções diretivas no Ministério da Saúde, incluindo textos sobre genéricos, programa de monitoramento de preços do mercado farmacêutico e planos de saúde.

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A partir de 2004, ZECA CAMARGO (José Carlos Brito de Ávila Camargo) vem publicando livros, principalmente de relatos de viagens, a exemplo de “A Fantástica Volta ao Mundo” (2004), “1000 Lugares Fantásticos do Brasil” (2006), “Isso Aqui é Seu: A Volta ao Mundo Por Patrimônio da Humanidade” (2009), “Eu Ando Pelo Mundo: Paris” (2016) e “Índia: Amores e Sensações” (2018). Além disso, vem incursionando por outros temas e gêneros, como na obra “Novos Olhares” (2007), no qual discorre sobre estudos de autores estrangeiros que abordam temas do cotidiano contemporâneo, e em “De A-ha a U2 – Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música” (2006) e “Medida Certa – Como Chegamos Lá” (2011), escrito em parceria com Marco Atalla e de Renata Ceribelli, aquele sobre tema explicitado no título e, este, sobre o quadro televisivo “Medida Certa”.

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O livro “Cotidianos Culturais e Outras Histórias – A Cidade Sob Novos Aspectos”, do professor ANDRÉ AZEVEDO DA FONSECA, divide-se em “Escombros da Memória Coletiva”, no que considera abandono do patrimônio cultural, no caso restrito a imóveis, e em “Cotidianos Culturais”, onde focaliza inúmeros e diversificados aspectos, fatos e pessoas da cidade.

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JOÃO EURÍPEDES SABINO, em 2005, lançou “O Andarilho - Quem é Ele?”, possivelmente o primeiro livro sobre o assunto publicado no país, no qual discorre, em dezoito capítulos, sobre as questões que envolvem o andarilho em sua perene peregrinação, enfrentando os rigores e as mutações do ambiente e as agruras dos despossuídos e desamparados, enfocando ainda as causas que o expeliram do seio da família e de seu lugar na sociedade.

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Em 2007, AHYGO AZEVEDO DE OLIVEIRA e UIARA DE OLIVEIRA AZEVEDO publicaram a 2ª edição do livro “Aigo – A Arte de Comunicação – Língua de Sinais”, no qual, após breve introdução, expõem, em forma de desenhos, os sinais e sua significação em diversas áreas da atividade humana.

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ELIETE RODRIGUES PEREIRA, versada na temática da sexualidade, prevenção às drogas e terapias holísticas, publicou, em 2008, o livro “O Poder do Sexo”, no qual, em quatro partes distintas, discorre sobre o tema-título sob os prismas ‘Sexualidade e Sexo’, ‘Sexo é Pecado?’, ‘O Prazer Sexual’ e ‘O Poder, Domina ou é Dominado?’.

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Nesse mesmo ano de 2008, HUGO PRATA lançou “Das Minas às Gerais – História, Cultura e Costumes de Um Povo Brasileiro”, em que aborda, em significativos capítulos, aspectos da formação brasileira e mineira, além do que denomina “caminhos da fala mineira”, listando inúmeros vocábulos oriundos do tupi e de línguas e dialetos africanos que enriqueceram a língua portuguesa no país.

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No ano seguinte, 2009, os professores IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e RODRIGO SANTOS DE CASTRO editaram o livro que organizaram com artigos e textos de diversos colaboradores, sob o título “Resgate Cultural: Por Entre os Labirintos da Memória”, no qual Irma, em expressiva dedicatória em nosso exemplar, informa que no “livro estão alguns registros da memória de pessoas comuns que, em suas tramas vividas, deixam traços culturais da comunidade a que pertencem”.

*

No mesmo ano de 2009, foi lançada a obra “Memória e Cultura – Entre o Presente e o Passado”, organizada por FRANCISCO MARIANI CASADORE, HELIANA CASTRO ALVES, IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e LÍVIA MARIA ZOCCA, composta de texto dos organizadores e de vários outros autores, dividida em três partes atinentes ao despertar do imaginário e da memória, por uma cultura de memórias e, finalmente, recontando a memória ouvida.

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Em “5 Crimes Perfeitos”, subintitulado “A História do Assassinato de 5 Ex-Presidentes do Brasil”, editado em 2011, o Autor, VICENTE ARAÚJO NETO, adverte, desde a capa, com duas indagações correlatas: “Verdade que parece ficção? Ou ficção que parece verdade?”, para enfocar as mortes de Getúlio, Castelo Branco, Juscelino, João Goulart e Tancredo Neves, além dos falecimentos de Ulisses Guimarães e Severo Gomes.

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Ainda em 2011, VICENTE ARAÚJO NETO lançou “Mudando Conceitos”, em que discorre sobre mercado, aquecimento global e série de outras questões momentosas, como a cura do câncer e as origens das gripes aviária e suína.

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Em 2012, LUCAS B. CARRICONDE lançou o livro “Humano, Obsoleto Humano”, de antropologia filosófica, em que aborda intricadas questões, como transumamismo, pós-humanismo, potencialidades supra-humanas numa perspectiva futurista. 


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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017,


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

ENSAIOS TÉCNICOS UBERABENSES

(VII, Conclusão)


IMIGRAÇÃO

Uberaba e região beneficiaram-se enormemente, desde a década de 1870, principalmente da imigração portuguesa, italiana e espanhola, e, nas primeiras décadas do século XX, da imigração sírio-libanesa e japonesa.

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Em 2015 foi editado pela Academia de Letras do Triângulo Mineiro e Bolsa de Publicações de Município de Uberaba o livro “Representação e Vestígios da (Des)Vinculação do Triângulo Mineiro: Um Estudo da Imigração Italiana em Uberaba, Sacramento e Conquista – 1890/1920”, de HELADIR JOSEFINA SARAIVA E SILVA, ao que se sabe a primeira – e notável – obra sobre o assunto, instruída com quadros, anexos e inúmeras ilustrações.


FOTOGRAFIA

A arte fotográfica, bastante praticada em Uberaba desde o último quartel do século XIX, apresenta pelo menos três livros, todos de sofisticada feitura gráfica e esplêndidas fotos.

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Em 2008 foi lançado o livro “Uberaba – História, Tradição, Desenvolvimento e Cultura” com magnificas e multicoloridas fotos de CLÁUDIO AROUCA e precisos textos de MARIA ANTONIETA BORGES LOPES, abordando, entre tantos outros temas, a evolução política e administrativa da cidade, seu desenvolvimento comercial e cultural do século XIX e os tempos do zebu.

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No ano seguinte, o jornalista e editor FRANCISCO MARCOS REIS publicou “Uberaba – 100 Anos de Olhares e Memórias”, álbum de fotos da cidade em edição primorosa, apresentando dezenas de fotos vinculadas ao evolver do tempo, tanto de grupos de pessoas, como o time do Uberaba Sport de 1917, imigrantes italianos de Uberaba em 1928, terno de congada Minas-Brasil, banda do 4º BPM em 1936, jogadores do Independente Atlético Clube em 1943, grupo de combatentes uberabenses da 2ª Guerra Mundial em 1944 e time do Nacional Futebol Clube de 1950.

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Não obstante tenha Uberaba grandes fotógrafos desde o último quartel do século XIX, apenas sobre um deles, ao que se sabe, justamente o primeiro ou um dos primeiros (e dos mais importantes do país), José Severino Soares, foi organizado não apenas um livro, porém, o esplêndido “O Álbum de Jorge Henrique”, idealizado e esboçado por seu bisneto JORGE HENRIQUE PRATA SOARES, cujo teor foi organizado e editado pelo tio deste último, JOSÉ EXPEDITO PRATA, em 2014, contendo informações biográficas, profissionais e artísticas de José Severino Soares, além de dezenas e dezenas de suas fotografias, não só de Uberaba como de diversas outras localidades.


DINOSSAUROS

Os estudos sobre os fósseis encontrados na área de Peirópolis, antiga estação ferroviária da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro, remontam à segunda metade da década de 1940, procedidos pelo cientista Llewellyn Ivor Price.

Neste interregno de mais de sete décadas, possivelmente algum ou alguns livros podem ter sido publicados sobre o assunto, aos quais, contudo, não se teve acesso.

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Porém, em 2017, conforme a respectiva ficha catalográfica, ou 2018, segundo consta do colofão, foi publicada a obra “Peirópolis – O Vale dos Dinossauros Brasileiro”, de autoria de CARLOS EDUARDO CHEREM, em edição sofisticada e belíssima, farta e coloridamente ilustrada, remontando o texto aos princípios do surgimento do mundo e à destruição provocada pelo que se supõe ter sido o choque de gigantesco asteroide, originando verdadeiro cemitério de dinossauros, bem como focalizando as descobertas das preciosidades fósseis encontradas em Peirópolis.


TEMAS DIVERSOS

Tais são a produtividade e a riqueza da reflexão e da elaboração intelectual em Uberaba, que inúmeros livros foram e estão sendo publicados sobre assuntos os mais diversos, não enquadráveis ou classificáveis nos mais de vinte e cinco temas previstos no presente levantamento, registrando-se, pois, além de todos os ensaios referidos e ligeiramente comentados, mais os livros que se seguem.

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Editado em São Paulo, em 1994, o livro “Cotidiano e Sobrevivência – A Vida do Trabalhador Pobre na Cidade de São Paulo (1890-1914)”, da uberabense MARIA INÊS MACHADO BORGES, focaliza, em cinco substanciosos capítulos, priorização e política imigrantista, escassez e instabilidade do emprego fixo, trabalho informal e temporário, pobreza e formas marginais de sobrevivência e ritmo de vida e lazer.

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Em “Rádio Comunitária – Democratização da Comunicação Social”, de 2001, o advogado GLEIBE TERRA defende e discorre sobre as rádios comunitárias sob, entre outros, os aspectos constitucionais e legais, exercício da cidadania, direito à informação e interesse público.

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Em 2003 foi lançado “O Acesso ao Medicamento – A Gestão da Política Pública Entre 1997 e 2002”, do médico PLATÃO PÜHLER, em que o Autor discorre sobre as providências e práticas promovidas no período em que exerceu funções diretivas no Ministério da Saúde, incluindo textos sobre genéricos, programa de monitoramento de preços do mercado farmacêutico e planos de saúde.

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A partir de 2004, ZECA CAMARGO (José Carlos Brito de Ávila Camargo) vem publicando livros, principalmente de relatos de viagens, a exemplo de “A Fantástica Volta ao Mundo” (2004), “1000 Lugares Fantásticos do Brasil” (2006), “Isso Aqui é Seu: A Volta ao Mundo Por Patrimônio da Humanidade” (2009), “Eu Ando Pelo Mundo: Paris” (2016) e “Índia: Amores e Sensações” (2018). Além disso, vem incursionando por outros temas e gêneros, como na obra “Novos Olhares” (2007), no qual discorre sobre estudos de autores estrangeiros que abordam temas do cotidiano contemporâneo, e em “De A-ha a U2 – Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música” (2006) e “Medida Certa – Como Chegamos Lá” (2011), escrito em parceria com Marco Atalla e de Renata Ceribelli, aquele sobre tema explicitado no título e, este, sobre o quadro televisivo “Medida Certa”.

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O livro “Cotidianos Culturais e Outras Histórias – A Cidade Sob Novos Aspectos”, do professor ANDRÉ AZEVEDO DA FONSECA, divide-se em “Escombros da Memória Coletiva”, no que considera abandono do patrimônio cultural, no caso restrito a imóveis, e em “Cotidianos Culturais”, onde focaliza inúmeros e diversificados aspectos, fatos e pessoas da cidade.

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JOÃO EURÍPEDES SABINO, em 2005, lançou “O Andarilho - Quem é Ele?”, possivelmente o primeiro livro sobre o assunto publicado no país, no qual discorre, em dezoito capítulos, sobre as questões que envolvem o andarilho em sua perene peregrinação, enfrentando os rigores e as mutações do ambiente e as agruras dos despossuídos e desamparados, enfocando ainda as causas que o expeliram do seio da família e de seu lugar na sociedade.

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Em 2007, AHYGO AZEVEDO DE OLIVEIRA e UIARA DE OLIVEIRA AZEVEDO publicaram a 2ª edição do livro “Aigo – A Arte de Comunicação – Língua de Sinais”, no qual, após breve introdução, expõem, em forma de desenhos, os sinais e sua significação em diversas áreas da atividade humana.


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ELIETE RODRIGUES PEREIRA, versada na temática da sexualidade, prevenção às drogas e terapias holísticas, publicou, em 2008, o livro “O Poder do Sexo”, no qual, em quatro partes distintas, discorre sobre o tema-título sob os prismas ‘Sexualidade e Sexo’, ‘Sexo é Pecado?’, ‘O Prazer Sexual’ e ‘O Poder, Domina ou é Dominado?’.

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Nesse mesmo ano de 2008, HUGO PRATA lançou “Das Minas às Gerais – História, Cultura e Costumes de Um Povo Brasileiro”, em que aborda, em significativos capítulos, aspectos da formação brasileira e mineira, além do que denomina “caminhos da fala mineira”, listando inúmeros vocábulos oriundos do tupi e de línguas e dialetos africanos que enriqueceram a língua portuguesa no país.

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No ano seguinte, 2009, os professores IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e RODRIGO SANTOS DE CASTRO editaram o livro que organizaram com artigos e textos de diversos colaboradores, sob o título “Resgate Cultural: Por Entre os Labirintos da Memória”, no qual Irma, em expressiva dedicatória em nosso exemplar, informa que no “livro estão alguns registros da memória de pessoas comuns que, em suas tramas vividas, deixam traços culturais da comunidade a que pertencem”.

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No mesmo ano de 2009, foi lançada a obra “Memória e Cultura – Entre o Presente e o Passado”, organizada por FRANCISCO MARIANI CASADORE, HELIANA CASTRO ALVES, IRMA BEATRIZ ARAÚJO KAPPEL e LÍVIA MARIA ZOCCA, composta de texto dos organizadores e de vários outros autores, dividida em três partes atinentes ao despertar do imaginário e da memória, por uma cultura de memórias e, finalmente, recontando a memória ouvida.

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Em “5 Crimes Perfeitos”, subintitulado “A História do Assassinato de 5 Ex-Presidentes do Brasil”, editado em 2011, o Autor, VICENTE ARAÚJO NETO, adverte, desde a capa, com duas indagações correlatas: “Verdade que parece ficção? Ou ficção que parece verdade?”, para enfocar as mortes de Getúlio, Castelo Branco, Juscelino, João Goulart e Tancredo Neves, além dos falecimentos de Ulisses Guimarães e Severo Gomes.

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Ainda em 2011, VICENTE ARAÚJO NETO lançou “Mudando Conceitos”, em que discorre sobre mercado, aquecimento global e série de outras questões momentosas, como a cura do câncer e as origens das gripes aviária e suína.

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Em 2012, LUCAS B. CARRICONDE lançou o livro “Humano, Obsoleto Humano”, de antropologia filosófica, em que aborda intricadas questões, como transumamismo, pós-humanismo, potencialidades supra-humanas numa perspectiva futurista. 

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Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no blog https://guidobilharinho.blogspot.com.br/

domingo, 28 de abril de 2019

ZEBUS NO QUINTAL DO BISPO

Dentro de um mês, Uberaba estará novamente às voltas com o seu grande evento anual. No dia 27 de abril será aberta a 85ª ExpoZebu que, este ano, tem uma atração extra: os criadores de gado indiano comemoram o centenário da fundação da “Herd Book Zebu”, a primeira associação fundada no País para apoiar o trabalho de seleção genética dos bovinos que foram buscados no outro lado do mundo para revolucionar a pecuária brasileira.

Funcionando desde 1941 no Parque Fernando Costa, pouca gente têm conhecimento de que a que os primeiras feiras de gado realizadas em Uberaba nem de longe dispunham de instalações adequadas. Em 1911, a exposição pioneira foi montada em pavilhões temporários, construídos pelo engenheiro Francisco Palmério (pai do escritor Mário Palmério) no antigo “Prado de São Benedito”, uma pista de corridas de cavalos que existiu até a década de 1950 num terreno entre a atual Estação Rodoviária e a avenida Fernando Costa.

Nas décadas seguintes, aconteceram exposições esporádicas, sem local fixo. Algumas foram feitas no Prado, outras no antigo “Largo da Misericórdia: um descampado que havia entre o Colégio N. Senhora das Dores e o antigo prédio do hospital Santa Casa de Misericórdia – onde mais tarde foi feito o Uberaba Tênis Clube. Em 1934, a grande “Exposição-Feira Agro Pecuária do Triângulo Mineiro”, realizada com apoio da prefeitura, ocupou o novo prédio (ainda em obras) da Santa Casa e seu quintal, onde hoje existe o Hospital Escola da UFTM.

Primeira sede da Sociedade Rural de Uberaba do Triângulo Mineiro. Rua: São Sebastião,259 - Década:1930. Foto/Acervo: Museu do Zebu.
Foi durante a exposição de 1934 que os pecuaristas da região decidiram montar uma nova associação para substituir a Herd Book Zebu. Sob a liderança do agrônomo Fidélis Reis, foi fundada a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro que, três décadas mais tarde, daria origem à ABCZ – Associação Brasileira de Criadores de Zebu. Conhecida pela população como “a Rural”, a SRTM assumiu o compromisso de realizar todos os anos uma exposição de gado na nossa cidade. Começou aí a tradição dos certames anuais, que logo se transformaram em um dos mais importantes eventos do sector agropecuário brasileiro.

Tendo que montar uma exposição por ano, a SRTM cuidou de arranjar um local apropriado, que acomodasse as feiras de modo permanente. Como a entidade não tinha sede própria, a diretoria conseguiu um terreno na Rua São Sebastião, a menos de dois quarteirões da catedral, onde ergueu provisoriamente um galpão com uma portaria em traços “art déco”, estilo em moda na época. Esse terreno (onde hoje está o edifício São Gerônimo) tinha uma vantagem: a parte traseira se comunicava com uma chácara, que se estendia por todo o terreno entre a rua Major Eustáquio e o córrego da Manteiga, sobre o qual surgiu mais tarde a Av. Santos Dumont. Uma inusitada área rural, a poucos metros da praça da Matriz, loteada a partir dos anos 1950 para dar origem às ruas Antônio Carlos e Getúlio Guaritá.

Nessa chácara, a SRTM mandou construir dez currais cobertos, que abrigavam os animais durante as exposições. Ficavam logo atrás do grande palacete que, poucos anos antes, havia sido comprado pela Cúria Metropolitana para servir de residência ao Bispo de Uberaba. Dai surgiu a expressão de que as exposições eram realizadas “no quintal do bispo”. Há uma foto, feita dos fundos da SRTM, onde se vê os currais quadrados – feitos de madeira, cobertos com telhas francesas – e, no alto do morro do outro lado do córrego da Manteiga, os antigos prédios do Colégio Diocesano.

O local acomodou seis exposições entre 1935 e 1940 era muito limitado para as pretensões de um evento, que crescia ano após ano. Ao final de cada dia, os animais precisavam ser retirados dos currais e levados para fazendas nas imediações da cidade, retornando na manhã seguinte. Pode-se imaginar o transtorno das boiadas cruzando a área central da cidade. Além do mais, faltava espaço para os estandes comerciais e de diversões, que haviam deixado boas lembranças nas exposições de 1911 e 1934. Por isso, todos se animaram quando o Fernando Costa – então ministro da Agricultura do governo Getúlio Vargas – sugeriu que fosse construído um novo parque de exposições em Uberaba, que acabou ganhando seu nome. Essa e outras curiosidades estarão no livro “ABCZ – 100 anos de história”, de autoria de Maria Antonieta Borges Lopes e Eliane Marquez de Rezende, que será lançado no dia 25 de abril, dentro das comemorações do centenário.


(André Borges Lopes) 

Cidade de Uberaba