sábado, 25 de março de 2023
ALERGIA
terça-feira, 5 de janeiro de 2021
O homem bomba
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
Alma lavada!!!!
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
O defunto
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
O cheque do Madruga
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
A herança
Dentre todos, o mais divertido, sem sombra de dúvidas, foi o Tio Orestes, natural de Araxá e dentista de profissão casado com a Tia Nair, irmã de papai.
Cabe aqui uma curiosidade sobre os nomes da família:
A nona era uma italiana que além de muito bonita era autoritária ao extremo e escolhia os nomes dos filhos; porem o Nono nem sempre concordava com as escolhas dela e como era ele quem registrava os rebentos, ao fazê-lo, fazia algumas pequenas alterações, senão vejamos:
O tio Benito Caparelli, foi assim batizado em homenagem ao “Duce” (Benito Mussolini) sendo que o tio, por ironia do destino, veio a se tornar um comunista ferrenho na juventude, tendo sido eleito como o vereador mais votado em Uberaba no pleito de 64, onde findou o mandato cassado e preso pela ditadura. Tempos depois, nas palavras dele mesmo, tornou-se um capitalista selvagem, porém sem nunca renegar suas origens políticas.
Mas, pasmem vocês, eu só soube que ele se chamava Benito justamente quando ele se candidatou, pois todos o conheciam como Natal e alguns mais íntimos o chamavam às vezes de “Natal Galinha”, não sei por que. Acontece que a Nona bateu pé e queria porque queria que ele se chamasse Natale e o Nono, para não a contrariar, visto que a ideia não era lá muito saudável para a relação, o registrou como Benito e só contou a ela muito mais tarde quando foram batizá-lo.
A tia Nair, pela mesma forma foi registrada como “Iolanda” nome que ao que parece não era muito do seu agrado, tanto que nem ela o usava.
A tia Alzira teve só uma leve alteraçãozinha e foi registrada como Elzira.
Depois do longo rodeio, voltemos ao tio Orestes, que eu chamava carinhosamente de TIÓ.
O Tió não era nada bonito, pelo contrário, era um “sem beleza” (me perdoe os primos e prima), mas que na juventude, antes de namorar a tia Nair, fazia sucesso com as mulheres em Araxá, não pela beleza, mas sim pela sua simpatia, pela sua eloquência, pela sua graça e espirituosidade.
Um dos seus bordões era chamar a tia Nair como “Naíro”, visto que uma das qualidades que a tia herdou da Nona, além da beleza foi a autoridade e o tio piava fino com ela.
O tio migrou de Pratinha, onde tinha seu consultório, para Brasília com a família alguns anos antes da inauguração, meio que fugido da cidade por conta de um mal-entendido com uma certa senhora casada da comunidade pratinhense.
Deu-se que ele já com planos de se mudar para a futura capital, ao cumprimentar a senhora em questão, depois do bom-dia de praxe, emendou, inocentemente, o malfadado comentário – Vambora pra Brasília, Socorro? – Era o nome dela, Maria do Socorro.
Ela ruborizou instantaneamente e nem resposta deu ao tio, indo direto contar o sucedido ao marido, que saiu tiririca da vida ao encontro do dentista assediador para esclarecer os fatos.
Depois de muitas desculpas e explicações por parte do tio, o marido deu-se por satisfeito e retirou-se para seu sítio.
Porem a mulher dele já havia contado a “cantada”, tim-tim por tim-tim para as fofoqueiras de plantão, de formas que nesse pequeno intervalo de tempo decorrido, praticamente toda a cidade já sabia do entrevero e “de mais a mais” (expressão do meu amigo Tharsis) a ofendida não aceitou muito bem a resolução do caso, exigindo uma atitude mais enérgica do marido.
O tio então, vendo que a situação se tornava periclitante, resolveu antecipar sua mudança para a nova capital.
Ele conta que nem esperou o dia amanhecer; juntou as trouxas, tomou um carro de praça com a família e rumou para Araxá e de lá para Uberaba onde depois de alguns dias hospedado na casa da Nona e preparando a coisas para a viagem, migrou finalmente para Brasília, onde fez a vida.
A família Vieira Borges a qual o tio pertencia, se não era abastada, pelo menos tinha algumas propriedades na cidade de Araxá, formando um patrimônio respeitável.
Vários inventários depois, já na década de oitenta deu-se que um irmão do tio veio a falecer sem deixar herdeiros e a casa que ele morava, seu único patrimônio, seria dividida pelos irmãos restantes que eram três (o tio e mais dois).
Era período da Exposição de gado em Uberaba e foi marcada uma reunião de família em Araxá para acertar a divisão da herança, onde provavelmente os irmãos comprariam a parte do tio, pois os dois se deram bem na vida e eram fazendeiros bem sucedidos na região.
Passando por Uberaba o Tio fez pouso na minha casa e de manhã meu pai se prontificou a leva-lo até a rodoviária para pegar o ônibus para Araxá. Para nosso estranhamento, o tio apareceu com uns trajes bem gastos, quase trajes de mendigo e questionado pelo meu pai, ele explicou o plano:
-Tenho que parecer bem pobre, pois já falei pra eles que estou passando muitas dificuldades financeiras, assim eles abrem mão da parte deles da casa.
Meu pai achou o plano meio que simplório, mas com o Tio Orestes tudo era possível.
Tanto era possível que deu certo.
No outro dia o tio chegou todo sorridente, contando que eles concordaram em vender a casa e repassar o dinheiro para ele e ainda, condoídos com a penúria do Tió, perguntaram se ele não precisava de mais algum para se equilibrar, porem ele com crise de consciência, recusou.
Aproveitando que estava em época de exposição, o tio convidou meu pai para irem comemorar no recém inaugurado “Chopim”, hoje Cupim Grill, com toda a despesa por conta dele.
Imediatamente meu pai ligou para o Érico, dono do restaurante e cliente da loteria, para que ele reservasse uma boa mesa de pista, isto é: de frente para o movimento da rua interna do recinto da Exposição e de onde se apreciava o movimento de vai e vem do “gado vacum”.
O tio para comemorar, foi de tarde no “Caldas Magazine”, comprou uma calça linho 120, camisa e meias de seda e um belo sapato “cromo alemão” comprado na “Samello”.
Não fosse pela sua feiura de nascença, o tio estaria fazendo inveja ao Sean Connery em elegância.
Lá pelas oito da noite, chegaram no Chopin e se aboletaram na mesa, pedindo os Chopps e tira gostos.
Assim estavam os dois colocando os assuntos em dia e tomando os Chopps, quando meu pai vira para ver uma bela vaca de exposição que passava em frente e ao retornar a cabeça para o interior do bar, não vê o Tio.
Olha em todas as direções e não o encontra, pensando aonde o tio teria ido sem comunicar nada. Matutando o que teria acontecido, meu pai percebe algo puxando a barra da sua calça por baixo da mesa.
Ora, e não é que era o tio que havia se metido lá em baixo?
Colocando a cabeça um pouquinho pra fora do pano de mesa e pondo o dedo indicador sobre os lábios, o tio fez “pshiiiiiu” para meu pai pedindo pra ele ficar quietinho.
Sussurrando bem baixinho ele só conseguiu falar pro meu pai:
- Meus irmãos...... tão entrando.
Meu pai quase sem conter o riso e disfarçando também, pergunta; e agora, Orestes?
- Quando eles entrarem você me fala. Sussurra o tio.
Por sorte, as mesas da frente estavam todas ocupadas e os irmão foram lá para o fundo´
Assim que eles tomaram assento, meu pai comunicou ao tio que a barra estava limpa e ele de fininho, morrendo de medo de ser visto, saiu de baixo da mesa e rumou de gatão em direção à saída.
O Luiz garçom, de saudosa memória, vendo a situação perguntou ao meu pai:
- Uai, Caparelli, que houve com seu amigo?
Meu pai, espirituoso como sempre responde:
- Problema de coluna. - Passa a régua e traz a conta.
Marcelo Caparelli
sábado, 5 de dezembro de 2020
Aumento de salário
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
MÁ ESCOLHA
terça-feira, 3 de novembro de 2020
JOGO DO BICHO
Meus avós nasceram, cresceram e se casaram em uma pequena comunidade no sul da Itália, região da Calábria, por nome de Mongrassano.
Fugindo das dificuldades do pós guerra embarcaram em Nápoles e desembarcaram no porto de Santos no ano da semana de artes modernas de 1922 em um navio chamado Cesare Battisti.
Vieram nessa leva meu avô, minha avó que estava grávida do meu pai e a Tia Anita com dois anos.
Muitos anos depois, a “nona”, que era assim que nós a chamávamos, me contou que ao desembarcar em solo brasileiro, o “nono” tapou seus olhos para que a sua primeira visão de humanos no Brasil não fosse a de um negro e assim, por consequência, o bebê não nascesse negro, visto que eles jamais haviam contemplado um “niuro” (era assim que ela os chamava).
Eles vieram na esteira do Tio Eduardo que já havia imigrado anos antes e era irmão da nona.
Sendo um exímio alfaiate havia se estabelecido em Uberlândia e era pai do “Fabinho”, sobrinho e próspero (e põe próspero nisso) banqueiro do “jogo do Barão”, vulgo jogo do bicho.
Meu avô veio para Uberaba em 1939 seguindo os conselhos do Fabinho, para abrir aqui uma, digamos, filial do negócio dele em Uberlândia e montou a “casa lotérica “Estrela Aparecida” que ficava em uma das lojas do Hotel Modelo na Artur Machado.
Ali, além de fazer o jogo do bicho, vendia bilhetes e, conta meu tio Benito, tinha uma roleta nos fundos, onde, por ser um tanto quanto barrigudo, controlava a parada da bolinha apertando um botão estrategicamente posicionado, pressionando esse botão com a “pança”.
Mas isso já é folclore.
O certo é que com esse DNA a família toda gostava de qualquer tipo de jogo, inclusive eu, que com 15, 16 anos, já jogava baralho, sinuca, pebolim, além de apontar o jogo do bicho, tendo na família alguns dos meus melhores clientes.
Todos sabem (pelo menos os viciados) que a chave para ganhar no jogo é ter um sonho e decifrá-lo corretamente. Sabendo essa arte, é batata acertar um pulo, um grupo, ou até mesmo uma centena. Existem até livros que ensinam como desvendar todos os mistérios dos sonhos e transformá-los em palpites certeiros.
A tia Ilza, (Ilza Cussi – mãe da Rosa, da Ângela, da Alzirinha e da Sandra) era uma expert nessa arte e muitas vezes acertava os palpites.
Certa feita, ela me ligou e pediu para jogar dois cruzeiros no grupo do Leão na cabeça. Eu perguntei, querendo que ela apostasse um pouco mais, se ela não queria jogar mais dois cruzeiros de 1º ao 5º que era para salvar a aposta.
Ela não quis e disse enfaticamente:
Vai dar na cabeça, eu sonhei. Meu sonho não falha!
Anotei no talão, entreguei a cópia e no fim da tarde olha o Leão na cabeça!
A tia ganhou 36 cruzeiros que eu, no outro dia fui levar para ela.
Morrendo de curiosidade para saber o sonho da tia, já fui logo perguntando ao entregar o dinheiro:
- Mas que sonho certeiro foi esse, tia?
Ela não se fez de rogada e contou o sonho:
- Sonhei que era menina e estava catando jurubeba no mato com a Mariita.
- ?!?!?!???!?!?!?!?!??!?!?!?... Uai tia, o que tem a ver?
Com aquele jeito educado de ser ela responde:
- Você é burro? Olha em cima da mesa.
Olhei e tinha uma garrafa de vinho que era muito popular naquele tempo.
“Jurubeba, Leão do Norte”.
Saí sorrindo e pensando: - Vai decifrar sonhos assim no inferno!!!!
Marcelo Caparelli
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
“COCOZINHO”
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Cidade de Uberaba
O filante
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Cidade de Uberaba
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
O menino que esqueceu o duplo
Par e Liga
O Moura bisbilhotando (sapeando) o jogo, resistia heroicamente. Porem a resistência foi esmorecendo e o Carijó percebendo que ele precisava de um empurrãozinho sai com essa:
- Ô Godoy, tá sabendo do tratamento novo no Hélio Angotti?
- Sei não, responde o Godoy
- Bomba de cobalto! Cura qualquer doença ruim que der nas mãos.
O Moura, prestando atenção na conversa e já com coceira na mão de vontade de cartear, puxa uma cadeira e fala pra mim que distribuía as cartas:
-Que se dane (a palavra foi outra)! Me dá as cartas!
Parece que o santo não cobrou a promessa do Moura, que continuou com seu azar e jogando como um príncipe.