Existe nos meios forenses um dito popular que diz: “alguns juízes acham que são deuses, os desembargadores têm certeza”. E em Uberaba, talvez por acreditar nisso, um deles foi além e resolveu exercer seus poderes divinos.
Segundo nota publicada no jornal mineiro O Popular, em 04/5/1998, o juiz da 4ª. Vara Cível local, Lenin Ignachitti, ao apreciar petição inicial em ação de reconhecimento de sociedade de fato, requerido por uma concubina em desfavor de seu ex-companheiro, proferiu o lacônico e imperativo despacho: “cite-se o falecido para os termos da presente ação.”
Imagens: cemitério local São João Batista (acervo Google)
Ao zeloso e espirituoso oficial de justiça encarregado não coube outra alternativa e, ao devolver o mandado, certificou ter feito exaustivas diligências no intuito de bem cumprir a ordem, mas ao saber que o citando, “desde o dia 5 de setembro de 1997, está residindo no Cemitério São João Batista, nesta cidade, à quadra 1, sepultura n. 142”, para lá se dirigiu. Destarte, “prosseguindo as diligências, bati por inúmeras vezes, à porta da citada sepultura no sentido de proceder à citação determinada, mas nunca fui atendido. Certifico, ainda, que entrei em contato com os coveiros e com o administrador do citado cemitério, sendo informado por todos que tinham a certeza de que o citando se encontrava em sua sepultura porque viram-no entrar e não o viram sair”.
Como bem disse o filósofo francês René Descartes o “Bom senso é o que há de mais bem distribuído no mundo, pois cada um pensa estar bem provido dele.” Pelo visto é o que faltou ao magistrado ao tentar trazer um falecido às barras da justiça. Lado outro, felizmente, é o que sobrou ao bem humorado servidor público, cuja atitude merece figurar em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
Fonte: Diário de Uberaba, de Marcelo Prata (vol. V, p. 695).
Chin Ichiro Kikuichi, veio para o Brasil, em 26/9/1933, quando ainda garoto, tinha pouco mais de 10 anos. Foi em Pedregulho, SP, que ele conheceu Olívia Peroni (Zica), com quem deu início a uma inocente amizade, mais tarde paixão amorosa e, finalmente, união duradoura pelos vínculos do matrimônio. Mas ao contrariar a tradição japonesa, casando-se com uma brasileira, foi deserdado pelo pai e obrigado a seguir caminho por sua própria conta e risco. Vieram então para Uberaba, MG, o jovem casal e filhos Imiuce, Nivaldo, Waldir e José Francisco.
Imagens: fotos de cima para baixo e da esquerda para a direita: Olívia, Chin, Imiuce,
Nivaldo, Waldir e José Francisco, Leandro, Jussara e Adriano (acervo de Waldir Kikuichi)
Quando aqui chegaram o restaurante já existia. Fora inaugurado em 1942 pelo comerciante Omar Andrade Rodrigues. O nome Tabu fora copiado de uma casa similar, existente no Largo do Paissandu e ao lado do Café Caipira, na Av. São João, São Paulo, SP.Em 1960, Chin e seu irmão Yassu passaram a figurar como sócios dos então proprietários Shinosuk Ito e Einosuk Ito (Antonio). Em 1963, ambos chegaram a deixar a sociedade para abrirem negócio próprio. A partir de 1969, Chin retoma com exclusividade o controle do restaurante, dando início ao seu período de maior fama e prestígio, pois muito frequentado por intelectuais, estudantes, notívagos, boêmios, jornalistas, políticos e artistas de todo o Brasil.
No cardápio: o suculento filé a cavalo e o tradicional sanduíche de pernil fizeram sua fama, mas o rei e cantor Roberto Carlos, quando por aqui passava, tinha por preferido o saboroso frango ao molho pardo, outra especialidade da casa.
Em 1981, com o falecimento do mestre Chin, o restaurante chegou a fechar suas portas, voltando a reabri-las, sob o comando de seus filhos Waldir e Nivaldo Kikuichi, sete anos depois, em 1988.
O Restaurante Tabu continua honrando a tradição de bem servir, só que agora em novo endereço: Av. Francisco Pagliaro, 299, São Benedito, mas sob o comando da terceira geração da família, ou seja, por Jussara Daher e dos filhos dela com Waldir Kikuichi, Leandro e Adriano, netos do saudoso Shin do Tabu.
E para o conhecimento dessa e das futuras gerações é que faço esse registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Nos anos 50 um boato quase termina em escândalo. A tecidos Bangu promoveu uma badalada festa em Paris para apresentar a moda brasileira, articulada por Guilherme da Silveira e por Assis Chateubriand. A festa seria em um castelo e organizada por Jacques Fath, renomado costureiro de fama internacional. Foram convidadas e aceitaram a Primeira Dama Dona Darcy Vargas e sua filha Alzirinha Vargas. Quando elas já estavam em Paris fizeram uma intriga com Getúlio de que a festa seria um bacanal. Getúlio, aflitíssimo, mandou telegrama para as duas não comparecerem, mas elas disseram que de jeito nenhum perderiam a festa. Evidentemente foi uma fofoca, a festa chiquérrima decorreu normalmente e foi um sucesso.
Imagens: 1 - Martha Rocha e Netinho (acervo Dulce Guaritá);
2 - Netinho (Uberaba em Fotos) e 3 - Martha Rocha (Google)
Felizmente, em Uberaba as coisas foram bem mais tranquilas. Para abrilhantar a festa local foi convidada Martha Rocha, rainha da beleza e a primeira Miss Brasil. Ela que, aos 21 anos de idade, havia conquistado esse título, em 26/6/1954, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, RJ. Favorita para vencer o Miss Universo acabou ficando em 2º. Lugar, perdendo para a americana Miriam Stevenson.
Ela veio a Uberaba para, em nome da Tecidos Bangu, promover uma apresentação beneficente com toda a renda revertida em favor das Instituições de Caridade da cidade.
Sua recepção ficou à cargo do respeitável mestre de cerimônias, radialista, jornalista e apresentador de TV Ataliba Guaritá Neto, o popular Netinho, que esbanjou charme e competência no decorrer de todo o evento.
Deveras significativo o fato de Uberaba, desde os seus primórdios, sempre ter se destacado no campo musical. Vale lembrar que o surgimento de sua primeira corporação, a “Banda dos Bernardes”, se deu no distante ano de 1815. Tempos depois, em 1852, por iniciativa da família Nascimento, passou a contar também com a renomada banda “União Uberabense”, com atuação por quase 60 anos, sendo essa a primeira banda brasileira a importar instrumentos musicais da Europa.
Tamanho prestígio e importância não passou desapercebido quando da passagem das tropas militares imperiais por nossa cidade, por ocasião da Guerra do Paraguai. E foi exatamente graças a esse reconhecimento que a banda uberabense do maestro Francisco Gonçalves Moreira teria sido
Fotos: banda de música e soldados desconhecidos participantes da
Guerra do Paraguai (acervo Google imagens)
Contratada para acompanhar as forças que marchavam com destino ao Mato Grosso.Entretanto, uma hilária e cômica situação se deu quando as tropas se aproximaram do palco dos conflitos, os integrantes da gloriosa corporação musical debandaram em campanha.
Só não sei como o fizeram, se através de uma retirada estratégica, de fininho, ou de uma em verdadeira e furiosa debandada histórica, pois fico a imaginar a grande dificuldade de portar tubas ao vento e pesados bumbos em desabalada carreira.
Essa e outras interessantes informações você encontra no livro “Pioneiros da História da Música em Uberaba”, de Olga Maria Frange de Oliveira, cujos últimos exemplares ainda podem ser encontrados na livraria Papel Cartaz.
Para o ainda garoto, em 1923, a proposta era irrecusável: ordenado inicial de 200 mil réis para ser o pianista da “Recreativa”, uma recém inaugurada casa de espetáculo de Uberaba.
O pai do menino foi, inicialmente, contra “alegando ser o mesmo demasiadamente novo” para ocupar lugar de tamanha relevância e responsabilidade. Além do mais ele ainda era aluno do Ginásio Diocesano e isso certamente lhe atrapalharia os estudos. Mas acabou cedendo, ante a insistência do menino e a sua promessa de muito estudo.
O primeiro obstáculo a ser superado veio de um dos músicos do grupo que disse firme e forte: “ou ele veste calça comprida ou abandono a orquestra”. É que para homens na faixa dos 40 era difícil aceitar ordens e dicas de um mero adolescente de apenas 14 anos. Demais disso e ainda por cima, usando calças curtas.
Sem se intimidar o jovem aceitou o desafio, envergou calça comprida e se tornou um dos maiores nomes da história da música em nossa cidade.
Imagens: fotos de Alberto Frateschi constante do livro citado.
Mais tarde, já adulto, consagrado professor e maestro, ele manteve seu jeito elegante, educado, seu espírito de liderança e, sobretudo, sua personalidade brincalhona no trato com alunos, amigos e colegas. Um deles, o também hoje maestro Jeziel Paiva e seu aluno à época, relembra com carinho sua tirada humorística predileta nos encontros ocasionais quando, referindo-se ao grande compositor e músico italiano Paganini, dizia: “Paganini, Paganada, Paganunca!!!”
Dono de uma das mais brilhantes carreiras no mundo da música ele consagrou-se como um dos maiores nomes do meio artístico da cidade e região. E assim foi até aquele fatídico e premonitório dia, 1/10/1977, por sinal um sábado de “céu azul de brigadeiro”, quando ele “sentiu uma vontade irresistível de sentar-se e tocar. E ele tocou nesse dia como nunca o fizera antes!” Familiares, vizinhos e transeuntes admirados pararam para apreciar tão inusitado recital.
No dia seguinte, domingo, ele levantou-se cedo, como de costume, foi até a padaria Pão Gostoso, na Rua João Pinheiro, comprou pães e seu jornal matinal e retornou para a sua residência, à Rua João Caetano, 32, onde minutos depois um infarto fulminante silenciou-o para sempre, aos 68 anos de idade.
Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à Uberaba ele merecidamente tem seu nome lembrado na Rua Maestro Alberto Frateschi, no bairro Frei Eugênio.
Com muito mais riqueza de detalhes, essa e outras belas histórias você encontra no livro “Pioneiros da História da Música em Uberaba”, de Olga Maria Frange de Oliveira.
Por uma questão de somenos, mera divergência de posicionamento político, uma turba enfurecida de desordeiros arrancou o busto do pedestal que estava na Praça Rui Barbosa e o atirou nas profundezas do Rio Grande, em 7/10/1930.
Passados quase 26 anos dessa deplorável manifestação, uma severa e prolongada seca fez baixar o nível do rio e da ponte a peça tornou-se visível. Foi o que disse o dentista Hélio Gomes Ferreira, responsável por encontrá-la, pois, segundo ele, o fato tornou-se possível "graças a estiagem e obras de construção da barragem que diminuíram a vazão e ele pode vê-la enterrada no leito seco do rio." Depois de resgatá-la ele levou-a para sua residência. “Encontrava-se bem danificada pelo tempo e, mesmo assim, foram-lhe oferecidos 100 mil cruzeiros por ela”. Proposta, obviamente, recusada por tratar-se de “peça de valor histórico inestimável”, teria acrescentado.
Fotos: Melo Viana e busto (acervo Google)
É que o homenageado era o Dr. Fernando de Melo Viana, ex-juiz de direito da Comarca (1911-1918), advogado geral do Estado, ex-secretário do interior, ex-deputado estadual, ex-governador de Minas (1924-1926), ex-vice-presidente da República (1926-1930) e ex-senador em três legislaturas.
Após oportuna restauração, a valiosa peça foi devolvida à comunidade, sendo afixada no antigo fórum da Rua Lauro Borges, 97. Atualmente ela pode ser vista no hall de entrada do novo prédio do TJMG, Av. Maranhão, 1580, no bairro Santa Maria.
A justiça assim foi feita e o honorável nome dessa ilustrada figura foi devidamente reposto em seu devido lugar, ora identificando o grandioso prédio como Fórum Melo Viana, sendo os nomes daqueles irresponsáveis vândalos devidamente relegados ao lixo da história e do lamentável ocorrido esse devido registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
Fonte: Diário de Uberaba, Dr. Marcelo Prata (Revista Dimensão, Vol. IV, páginas 119 e 221)
Bem que poderia ser uma história surreal, fantástica ou inusitada, mas essa aconteceu de fato e foi objeto de notícia no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, RJ, em sua edição do dia 31 de agosto de 1940.
Pelo teor da nota jornalística, o acontecimento teria ocorrido na véspera, num Sanatório de Belo Horizonte, MG, onde vitimada por um quadro grave de tuberculose pulmonar, a jovem uberabense Maria da Glória Alves teria morrido.
Imagens: 1 – Praça Rui Barbosa, década de 1940 (acervo APU – Arquivo Público de Uberaba)
e 2 – Foto da época, meramente ilustrativa (acervo Google)
Para que o seu corpo pudesse ser sepultado em sua terra natal, sua irmã contratou, por um conto e duzentos réis, um automóvel de praça para realizar essa inusitada viagem.
E isso só foi possível com o corpo, na posição sentada, devidamente enrolado em lençóis e acomodado no banco de trás do veículo.
A autoridade policial, ao tomar conhecimento infausto acontecimento e motivo da viagem, não registrou o fato no livro de ocorrências, apenas que o veículo fosse devidamente desinfetado quando de seu retorno à capital mineira.
Moacir Silveira
Fonte: Diário de Uberaba, vol. III (1926-1949), página 623, edição da Revista Dimensão (Fevereiro 2023):
A feliz iniciativa de criar em Uberaba a ALTM – Academia de Letras do Triângulo Mineiro partiu dos idealizadores José Mendonça, Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduini, em reunião realizada na própria residência do primeiro, no mês de setembro de 1962.
No mês outubro, daquele mesmo ano, um número expressivo de intelectuais reunia-se na sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, atual ABCZ, à época localizada na Rua Manoel Borges, 84, para as primeiras deliberações.
Os idealizadores da ALTM (Dr. José Mendonça, Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduini).
Foi assim que, oficialmente, em 15/11/1962, no mesmo local, sob a presidência do Dr. José Mendonça, em presença dos 27 primeiros fundadores, foi apresentada a sugestão e, em seguida aprovado seu estatuto, sendo criado oficialmente esse nobre sodalício triangulino e, posteriormente, ocupadas paulatinamente as vagas restantes.
Nos mesmos moldes de nossa augusta ABL, Academia Brasileira de Letras, a recém inaugurada casa de cultura passou a contar com um total de 40 cadeiras, cujos próximos ocupantes seriam eleitos em escrutínio secreto, por ocasião do falecimento do respectivo titular.
Os ilustres membros da ALTM são tidos por imortais, graças à vitaliciedade que alcançam com a investidura, pois, a partir de então, seus respectivos nomes permanecerão ligados “ad aeternum” à respectiva cadeira para qual foram eleitos.
Reconhecida de Utilidade Pública Municipal, pela Lei nº. 1.125, de 21 de setembro de 1963; e Utilidade Pública Estadual pela Lei nº. 9.470, de 21 de dezembro de 1987, a ALTM é hoje um inegável marco na vida cultural da cidade de Uberaba e toda a região do Brasil central.
Nas palavras de um de seus idealizadores e seu primeiro presidente, José Mendonça:
“(...) Os motivos que me levaram a coordenar o movimento são baseados principalmente na necessidade de congregar a intelectualidade triangulina em torno de um centro de convergência comum, para melhorar estudo e debate dos problemas literários científicos e sociais do mundo atual”.
Uma meta plenamente alcançada ao longo desses 60 anos de sua meritória existência e a merecer especial registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
============================
0S FUNDADORES
Conforme dispõe o estatuto da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, a candidatura a uma vaga ocorre através de inscrição espontânea do candidato ou por indicação de cinco acadêmicos, posteriormente submetida ao parecer de uma comissão constituída de cinco membros e nomeada pelo presidente da instituição.
Fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Ao respectivo acadêmico fundador coube a escolha do patrono de sua cadeira, devendo essa opção, preferencialmente, recair em ilustre figura de intelectual das letras brasileiras, quiçá mineiro ou vinculado a região triangulina.
E foi assim que em Assembleia para Criação da Academia, ocorrida em 15/11/1962, na Sala de Reuniões da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, Rua Manoel Borges, 84- hoje ABCZ, foram definidos os ocupantes das 27 primeiras cadeiras e, posteriormente, as demais, conforme a ordem cronológica de ingresso, da esquerda para direita e de cima para baixo:
01 – José Mendonça 02 – Santino Gomes de Matos 03 – Victor de Carvalho Ramos 04 – Padre Thomaz de Aquino Prata 05 – Monsenhor Juvenal Arduini 06 – Ruy de Souza Novaes 07 – Ari Rocha 08 – Padre Antônio Thomás Fialho 09 – César Vanucci 10 – Antônio Édson Deroma 11 – Raimundo Rodrigues de Albuquerque 12 – João Rodrigues Cunha 13 – Augusto Afonso Neto 14 – Maurillo Cunha Campos de Moraes e Castro 15 – Georges de Chirée Jardim 16 – Lúcio Mendonça de Azevedo 17 – Quintiliano Jardim 18 – João Henrique Sampaio Vieira da Silva 19 – Lauro Savastino Fontoura 20 – Mário de Ascenção Palmério 21 – Dom Alexandre Gonçalves Amaral 22 – Jacy de Assis 23 – José Soares de Faria 24 – João Edson de Mello 25 – José Pereira Brasil 26 – Lycídio Paes 27 – Edson Gonçalves Prata 28 – João Alamy Filho 29 – Eurico Silva 30 – Leonardo Paulus Smeele 31 – João Modesto dos Santos Filho 32 – Edelweiss Teixeira 33 – Frei Francisco Maria de Uberaba 34 – Gabriel Toti 35 – Antônio Severino Muniz 36 – Valdemes Ribeiro Menezes 37 – José Marçal Costa 38 – José Soares Bilharinho 39 – Dom José Pedro Costa 40 - Guido Mendonça Bilharinho
Nesse mês de novembro em que se comemora os 60 Anos da ALTM, destaco os nomes de cada um desses ilustres e imortais fundadores para que figurem, com especial destaque, nos registros das Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira Fonte: site da ALTM
============================
GALERIA DOS PRESIDENTES
Criada oficialmente em 15 de novembro de 1922 a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, foi exemplar na seleta escolha de luminares nomes entre os maiores intelectuais das letras, ciências e artes.
Galeria dos Presidentes da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
E para dirigir essa augusta instituição foram eleitos, entre os seus acadêmicos, aqueles que teriam a subida honra de ocuparem e de exercerem o importante cargo de sua presidência.
Assim, de cima para baixo e da esquerda para direita, assumiram, cronologicamente, o elevado e distinto cargo de Presidente da ALTM os seguintes e ilustres acadêmicos abaixo discriminados:
1º. – José Mendonça (1963 a 1968).
2º. – Augusto Afonso Neto (1968, em decorrência do falecimento do Presidente José Mendonça, falecido em 4/6/1968).
3º. – Edson Gonçalves Prata (1969 a 1974). 4º. – Guido Luiz Mendonça Bilharinho (1975 a 1976). 5º. – Maurillo Cunha Campos de Moraes e Castro (1977 a 1978). 6º. – Jacy de Assis (1979 a 1980). 7º. – José Soares Bilharinho (1981 a 1986). 8º. – Mário Salvador (1987 a 2008). 9º. – Terezinha Hueb de Menezes (2009 a 2010). 10º. – José Humberto Silva Henriques (2011 a 2012). 11º. – Jorge Alberto Nabut (2013 a 2014). 12º. – Ilcea Sônia Maria de Andrade Borba Marquez (2015 a 2016). 13º. – João Eurípedes Sabino (2017 a 2022).
Honrosamente eleitos por seus pares e tornados imortais, ao assumirem suas respectivas cadeiras na ALTM, incluo os seus nomes na Galeria dos Presidentes para que figurem, ora em diante e com especial destaque, em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira Fonte: site da ALTM
============================
PALAVRA DO PRESIDENTE
Muitos manifestaram ao longo do tempo a necessidade premente de criarmos uma entidade que congregasse os escritores de Uberaba e de toda a região do Triângulo Mineiro, considerando que o nosso seleiro literário sempre se destacou como centro vanguardista.
João Eurípedes Sabino - Presidente da ALTM.
Tal desejo coletivo remonta aos anos trinta do século passado, todavia, se arrastou pelo tempo, talvez por necessitar de intrépidos timoneiros munidos de coragem, vontade e decisão. Naqueles tempos, Uberaba mesmo tendo uma gama de expoentes literatos, tinha as suas dificuldades naturais para aglutiná-los.
No ano de 1953 o jovem José Rodrigues de Resende, escreveu na Revista do Estudante, editada pela então União Estudantil uberabense, o artigo: “Academia Triangulina de Letras”, no corpo do qual reclamou da demora para criarmos o sodalício. Inclusive citou nomes de escritores exponenciais que poderiam integrá-lo, tais como: Santino Gomes de Matos, José Mendonça, Quintiliano Jardim, Fidelis Reis, Ruy de Souza Novais, Jacy de Assis, prevendo ainda a participação de outros ícones das letras.
É de se notar que José Rodrigues de Resende previu tal fato nove antes da fundação oficial da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, que só viria a ocorrer no ano de 1962. Todos os nomes mencionados por ele, integraram a ALTM, à exceção de Dr. Fidelis Reis que faleceu antes, mas foi homenageado como patrono da cadeira n°1.
O irrepreensível Dr. José Mendonça, advogado, foi o primeiro Presidente.
Merece destaque o fato de que, o trio de frente, formado por ele, e mais; Dr. Edson Prata e Monsenhor Juvenal Arduíni, em face dos seus inquestionáveis talentos e conduta moral, conseguiram aglutinar outros consagrados escritores e assim, no dia 15 de novembro de 1962, há 60 anos, portanto, realizaram a primeira Assembleia para a criação desta que seria considerada, como hoje é, uma das mais creditadas Academias de Letras do Brasil.
Tal evento histórico ocorreu na Sede da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro (hoje ABCZ), então situada `a R. Cel. Manoel Borges, 74 em Uberaba /MG.
Para nossa cidade se dirigiram notáveis intelectuais de várias regiões do País e assim, testemunharam o nascimento da Casa de Letras que ora recebe o honroso título de sexagenária.
Durante todos esses 60 anos, nossa querida ALTM funcionou sempre e ininterruptamente.
Trajetória física: este repositório literário, berço de ilustres imortais, funcionou por algum tempo na residência do seu primeiro Presidente Dr. José Mendonça, à Rua Segismundo Mendes, 408. Depois ficou por longos anos em salas pertencentes à Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães-R. Alaor Prata, 317. Sequenciando, usou como locatária a então sede da 14ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil-Rua Dr. Lauro Borges, 88. Finalmente, há seis anos a ALTM está sediada à mesma Rua Dr. Lauro Borges, 347, no imóvel que lhe foi cedido em comodato pela Universidade de Uberaba.
Falar da Academia de Letras do Triângulo Mineiro no ensejo dos seus 60 anos, é enaltecer o valor dos seus Membros que estiveram no instante do seu nascimento e também daqueles, cujos nomes deixaram e deixarão gravados com letras eternas e suas devoções nunca deixaram ou deixam arrefecer, razão pela qual num gesto afetivo, damos nossas mãos para dizer: a ALTM não tem um dono. Ela é de todos nós; dos Acadêmicos, dos Associados Correspondentes e toda a comunidade.
JOÃO EURÍPEDES SABINO
Presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro
==================================
SEDE ATUAL
Até consolidar e conquistar um espaço físico onde pudesse funcionar com regularidade a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, percorreu uma longa e árdua trajetória.
Imagens: ABCZ (acervo Uberaba em Fotos); Coloridas:
1 – Casa de José Mendonça, 2 – Biblioteca Pública, 3 – sede da OAB em Uberaba, 4 – sede atual da ALTM (por Antonio Carlos Prata).
Os primeiros encontros informais ocorreram na residência de José Mendonça, então localizada na Rua Segismundo Mendes 408, onde ele, em companhia dos outros dois idealizadores, Edson Prata e Juvenal Arduini, esboçaram o meritório projeto.
A viabilização da ideia se daria por ocasião de uma Assembleia Geral, ocorrida em 15/11/2022, na sede da antiga Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, atual ABCZ, à época ainda na Rua Manoel Borges, 74, e onde os seus fundadores assinaram ata formal de sua criação.
A partir de então e por longos anos, na falta de uma sede própria, a ALTM funcionaria em salas pertencentes à Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães, Rua Alaor Prata, 317. Depois, na condição de locatária, passaria a ocupar sala na sede da 14ª. Subseção da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, Rua Dr. Lauro Borges, 88. Por último, desde o ano de 2016, passaria a funcionar em imóvel que lhe foi cedido em comodato pela UNIUBE, Universidade de Uberaba, em seu endereço atual localizado na Rua Dr. Lauro Borges, 347.
No mês em que essa augusta casa de cultura completará 60 ANOS de profícua e laboriosa existência faço minhas as palavras de William Shakespeare para dizer:
“Pois a natureza não nos faz crescer apenas em forças e tamanho. À medida que este templo se amplia, se amplia dentro dele o espaço reservado pra alma e pra inteligência.”
E nesse solene momento é preciso que registremos essa auspiciosa conquista da ALTM em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
===============================
PARA ENTRAR NA ALTM
Adentrar as dependências da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, não é difícil já que as suas portas estão abertas para os amantes das belas artes literárias.
Sede - Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Mas para ingressar nos quadros desse tabernáculo da cultura e assumir a condição de imortal terás que cumprir certas exigências como bem explicitado por seu presidente, João Eurípedes Sabino, atual ocupante da Cadeira 32, no poema intitulado:
QUERES ENTRAR NA ACADEMIA?
Faças então por merecer Conduza-te correto pela vida Cultives o pendor de escrever Tua vaga poderá ser conseguida Pelos umbrais da Academia Poderás passar se vencer Ela te receberá com fidalguia E tu deverás corresponder Se o teu coração não palpitar E dele sentimentos não nascer Para o seu nobre título avalizar “Sou acadêmico” não basta só dizer Podes entrar na Academia Casa de quem ama a cultura Serás imortal não só por um dia Nela edificarás a tua sepultura O que a Academia fará por mim? Pergunta que não deves formular O que posso fazer por ela? Sim Eis a tua prova de amor secular E por que não acrescentar, quiçá também uma forma de inscrever o seu próprio nome “ad aeternum” em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba Moacir Silveira Imagens: fachada e detalhes em fotos de João Eurípedes Sabino Fonte: Revista Convergência n. 32 – site da ALTM
===================================
Clique em:
Hino - ALTM.
Para ver e ouvir a bela homenagem prestada por Arahilda Gomes Alves a ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, que no próximo dia 15/11/2022 completará 60 anos de existência. Na condição de atual ocupante e titular da Cadeira 33 da ALTM ela esbanja talento, engenho e arte ao reger o Grupo Coral Sounds, em música e letra de sua própria autoria.
===================================
ATUAL DIRETORIA
No comando das festividades do sexagésimo aniversário da ALTM, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, a ser completado e comemorado no próximo dia 15 desse mês, estão os ilustres imortais de sua atual diretoria a saber, da esquerda para a direita e de cima para baixo:
Atual diretoria - Academia de Letras do Triângulo Mineiro
- Arahilda Gomes Alves, Vice-presidente
- João Eurípedes Sabino, Presidente
- Olga Maria Frange de Oliveira, 1ª. Secretária
- Antônio Pereira da Silva, 2º. Secretário
- Consuelo Pereira Resende do Nascimento, 1ª. Tesoureira
- Dimas da Cruz Oliveira, 2º. Tesoureiro
Ao ensejo de uma data tão especial na vida dessa gloriosa casa de cultura é preciso que os seus nomes figurem com elevado destaque e distinção em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Para ver e ouvir uma homenagem especial prestada ao saudoso Edson Quirino, em narração de Paulo Sarkis, sonorização de Helcio Vittorazzi e gravação do estúdio Canarinho Produções.
Fotos do Acervo da família Quirino de Souza.
No início da década de 1970 era grande a resistência dos dirigentes da então Rede Tupi de Televisão e demais emissoras de Tv da época em incluir programas sertanejos na grade de suas programações. E em Uberaba isso não foi diferente. Só depois de muito insistir é que Edson Quirino conseguiu convencer o então diretor local da emissora, Paulo Cabral Júnior, a abrir espaço para apresentação de seu programa no então recém inaugurado Canal 5, TV Uberaba.
Então, pela primeira vez na história da televisão brasileira, a música sertaneja ou rural conquistava o seu espaço no mais novo e moderno meio de comunicação social do Brasil Central. Foi assim que Edson Quirino de Souza, o popular Edinho, passou a receber de braços abertos músicos, cantores e compositores dedicados ao universo do homem do campo.
Somente anos depois é que o consagrado Rolando Boldrin lançaria o seu Som Brasil, consolidando em definitivo a presença da música rural ou caipira na tv brasileira.
O que aconteceu depois já faz parte da história. A música sertaneja consagrou-se de forma definitiva, conquistou seu merecido lugar no meio artístico e hoje reina em lugar de destaque em nossa MPB. E foi assim que música sertaneja foi aos poucos ocupando o seu espaço no meio artístico televisivo. Como num processo evolutivo começou pelo primário, passou pelo colegial e hoje conquistou seu diploma superior com o Sertanejo Universitário, líder inconteste nas paradas de sucesso. E quem diria que tudo isso teria início nos estúdios do Canal 5, TV Uberaba, em princípio dos anos de 1970.
E para homenagear o nosso estimado Edson Quirino de Souza e os valorosos homens do campo, faço minhas as palavras de Flávio Mattes, para dizer:
“Por isso estamos cantando pra ti grande guerreiro / Que alimenta o mundo inteiro com frutos puros do chão / Não estou falando em vão, é com certeza que eu falo / Tu provas isso com calos que maltratam tuas mãos. / Também sou homem do campo, conheço o cabo da enxada / E hoje de vida mudada me tornei um cantador / Receba esta homenagem que pra ti eu escrevi / Enquanto eu existir serei o teu defensor.”
E é por isso que faço questão de incluir o nome de Edinho como o pioneiro em divulgar a música sertaneja na tv brasileira e a merecer especial registro em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Ele parou, fez pose especial, olhou diretamente para a lente da câmera e sequer poderia imaginar que essa foto pudesse alcançar os dias atuais, tendo já decorridos quase 130 anos da época em que foi batida. Nela é possível ver um condutor de gêneros se preparando para transportar sacas de sal grosso que acabara de retirar junto à Casa Comercial de José Severino Soares, mais conhecido por Juca Severino, autor da foto, em 1894. Na imagem superior temos o local exato em que a carroça foi estacionada, ou seja, na Rua Municipal, 13, atual Manoel Borges, bem defronte ao comércio mantido pelo fotógrafo.
Rua Manoel Borges (acervo APU – Arquivo Público de Uberaba) e 2 – Condutor de Gêneros (acervo Arquivo Público Mineiro)
Fonte: Jorge Henrique Prata Soares (Pratinha)
De relho na mão esquerda, barba por fazer e gorro na cabeça, o carroceiro se prepara para transportar pesada carga pelas ruas e becos da cidade. Usa traje simples, mas apropriado e tem nos pés sua indefectível botina mateira. Tudo indica ter sido previamente avisado que seria fotografado.
Será seu destino o Beco dos Aflitos, depois convertido em José Solé, no bairro do Fabrício? Ou a mercadoria seria destinada ao abatedouro? Nesse caso, era preciso sair em direção à Rua do Boi, atual Afonso Rato. Pode ser que a esteja levando-a ao Beco Zé de Sousa, hoje prosseguimento da Rua Veríssimo. Talvez ao Beco do Braga, no alto do São Benedito! Ou seria para o Beco do Bezerra de Menezes, perto do Centro Espírita!? Quem sabe ao da Liberdade, próximo ao Fórum Melo Viana!? Se entrega fosse na rua das flores, atual João Pinheiro, ele certamente teria que passar pela Coronel Ataliba, hoje Artur Machado, pois ali existia ponte favorável e resistente, a permitir o traslado sobre o Córrego das Lajes. Vai saber!
Penso então nas sábias palavras de Max Aub para dizer “Há três categorias de homens: os que contam a sua história; os que não a contam; os que não a têm.” E em seguida passo a imaginar: qual seria a história desse pobre trabalhador, cujo nome o registro fotográfico não anotou? E nessa hora me vem a memória os tristes versos de Chico Buarque, em “Gente Humilde”, que dizem:
... “E aí me dá / Como uma inveja dessa gente / Que vai em frente / Sem nem ter com quem contar / ... / E aí me dá uma tristeza / No meu peito / Feito um despeito / De eu não ter como lutar / E eu que não creio / Peço a Deus por minha gente / É gente humilde / Que vontade de chorar.”
Mas creio que lamentar não é o bastante. Melhor será retribuir o seu distante olhar, perdido no tempo, para fixá-lo, de forma indelével, em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Ela sabe muito bem o tanto que lutou para chegar onde chegou. As esquinas dobradas, os obstáculos enfrentados, os muros de indiferença e discriminação enfrentados. Sobretudo por trilhar por um caminho que, para muitos, é reto, suave e quase sempre bafejado por posição social privilegiada.
Imagens: fotos do álbum de família em sua página no Facebook.
Filha de família humilde, mais velha dentre seis mulheres e um único irmão homem, teve que trabalhar e estudar para ajudar nas despesas da casa. Mulher de fibra, guerreira, ainda jovem prestou concurso para o serviço público, logrando classificar-se entre as primeiras colocadas. Trabalhou quase a vida toda na Prefeitura de Uberaba, até alcançar sua merecida aposentadoria nos quadros da Procuradoria Municipal. Antes disso e, paralelamente, com garra e muita força de vontade, cursou a Escola Normal, hoje Castelo Branco, onde graduou-se com louvor. Mas isso não seria o bastante para ela. Só o emprego público não era o suficiente para ajudar no sustento da família. Foi quando então descobriu ser portadora de um excepcional timbre vocal e dele resolveu tirar proveito profissional. Desde então passou a atuar também como locutora da Rádio 7 Colinas e, posteriormente, como apresentadora de telejornal no extinto Canal 5, TV Uberaba.
Não fora sua personalidade tímida, avessa à badalação dos meios artísticos, poderia muito bem ter alcançado o estrelato nacional só com a força de seu inegável talento e voz marcante.
Ana Amália Matheus me faz lembrar as muitas mulheres guerreiras desse nosso imenso país, aquelas brilhantemente lembradas nos versos da canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, que dizem:
“Maria, Maria, é um dom, uma certa magia / Uma força que nos alerta / Uma mulher que merece viver e amar / Como outra qualquer do planeta / Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor / É a dose mais forte e lenta / De uma gente que ri quando deve chorar / E não vive, apenas aguenta / Mas é preciso ter força, é preciso ter raça / É preciso ter gana sempre / Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria / Mistura a dor e a alegria / Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça / É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca possui / A estranha mania de ter fé na vida” ...
E é por ter lutado com garra, com raça, demonstrando sua inabalável fé na vida é que Ana Amália Matheus merece figurar em Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Como num conto de fadas ou em um romance de amor, ele tinha um real motivo para voltar quando foi em busca de seu sonho. Pena que o cruel destino tinha outros planos para ele.
Antes de partir para Calcutá, na Índia, onde pretendia comprar bois da raça zebu, João Martins Borges depositou em mãos de sua amada um belo anel de brilhante. E o fez como imorredoura prova de seu amor e sua firme intenção em desposá-la, quando voltasse. Infelizmente isso acabou não acontecendo, em face de sua morte inesperada naquela cidade, em 1918.
Fotos: 1 – Dulce Guaritá (álbum de família); 2 - João Martins Borges
(Acervo do Museu do Zebu, Uberaba, MG); 3 – Anel de brilhante.
Ante fatídico acontecimento, num gesto de recato, pudor ou por entender não ser justo reter tão valioso presente, a nobre donzela resolveu devolver a joia aos familiares de seu falecido noivo.
Essa valiosa peça, que deveria ser símbolo de uma eterna aliança, encontra-se muito bem guardada e em poder de Dulce Guaritá, feliz sobrinha de ambos os noivos, pois na linha de descendência das duas famílias.
Tão linda, embora trágica, história de amor não concretizado me fez lembrar versos de Vinicius de Moraes, em seu “Soneto da Fidelidade”, que diz:
“De tudo, ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto / Que mesmo em face do maior encanto / Dele se encante mais meu pensamento / Quero vivê-lo em cada vão momento / E em seu louvor hei de espalhar meu canto / E rir meu riso e derramar meu pranto / Ao seu pesar ou seu contentamento / E assim, quando mais tarde me procure / Quem sabe a morte, angústia de quem vive / Quem sabe a solidão, fim de quem ama / Eu possa me dizer do amor (que tive) / Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja infinito enquanto dure”
E para que a beleza de tão nobre gesto não seja esquecida é que eu o registro entre as Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
É bem provável que tenha pensado nas palavras do general romano Pompeu, “navegar é preciso, viver não é preciso”, quando empreendeu viagem por mais 18.000 km, distância a separar Uberaba da cidade de Calcutá, na Índia e para onde se dirigiu em 1914. Para tal era preciso vencer o Atlântico, passar pelo Mediterrâneo, atravessar o Canal de Suez, singrar o mar Vermelho, enfrentar a barreira da língua, as exigências sanitárias e longos períodos de quarentena. Tudo isso em busca de um sonho. Era o que faziam os jovens de então ao partir em busca de redenção econômica representada pelo majestoso gado zebu. Vale lembrar que tais viagens chegavam a durar até três longos anos.
Imagens: - 1 e 2 (no alto): os irmãos Virmondes, João e Otaviano; - 3 e 4 (ao centro):
Virmondes e Otaviano em solo indiano; e - 5 e 6 (em baixo): lápide e cerimônia de sepultamento em Calcutá, Índia (acervo do Museu do Zebu).
E foi assim que ele, aos 27 anos, viajando sozinho e com saúde frágil, saiu em busca de seu destino. Chegou, viu, gostou, selecionou e comprou o mais belo lote de animais que encontrou. Mas, infelizmente, não pode trazê-lo em face da eclosão da Primeira Grande Guerra Mundial. Saudoso de casa, após longa espera, resolveu voltar ao Brasil.
Tempos depois, em 1917, comunicou sua intenção de retornar à Índia para recuperar seu vultoso investimento. Seus familiares impuseram-lhe uma condição, teria que viajar escoltado por dois irmãos. Assim foi feito e, embora fluente na língua inglesa, idioma corrente nas repartições públicas indianas, muito penou ante os inúmeros entraves burocráticos exigidos para a liberação. Como num sonho premonitório ou em uma tragédia anunciada, ele tanto sofreu que acabou falecendo no ano seguinte, 1918, sendo velado e enterrado na distante cidade de Calcutá.
Decorridos quase 60 anos desse infausto acontecimento e reconhecendo a grandeza do empreendimento levado à efeito por um dos primeiros pioneiros na introdução do Zebu no país, a ABCZ resolve transladar, em 1975, seus restos mortais para o Brasil. E o faz com pompa e circunstância pois, na chegada à Uberaba, feita em carro aberto do Corpo de Bombeiros, ladeado por pelotão dos Dragões da Independência da PMMG, foi finalmente sepultado no jazigo da família, no cemitério local de São João Batista.
Ante tão grandioso feito, fazendo minhas as palavras de Kethlene Vanzeler, eu diria que: ... “Tudo bem deixar o tempo passar... / ou viver apenas a espera do que virá... / Tudo bem se afastar, ir bem longe... voar! / Desde que você tenha sempre um lar para voltar!”
Embora trágico, entendo que merece registro e é por isso que incluo os nomes do pioneiro João Martins Borges e de seus irmãos Virmondes e Otaviano Martins Borges nas Coisas e Fatos Antigos de Uberaba.
Moacir Silveira
Para maiores detalhes dessa história clique no Vídeo:
Ele foi o único uberabense que não voltou pra casa, após ter participado da FEB, Força Expedicionária Brasileira, durante a II Grande Guerra.
Imagens: 1 - João Gonçalves Gonçalves dos Santos (superior);
2 – Cemitério de Pistóia, Itália (inferior)
O 3º. Sargento João Gonçalves dos Santos, convocado aos 22 anos de idade, atuou na zona de operações na região de Montese, Itália, onde desapareceu em 22/4/1945 e foi considerado morto em combate, recebendo as Medalhas de Campanha e Cruz de Combate de 2ª. Classe.
Seu corpo permaneceu em terra estranha, como o de demais colegas da FEB, enterrados em solo italiano.
Em homenagem à esses valorosos jovens brasileiros a célebre poetisa Cecília Meireles dedicou singelo e comovente poema, publicado em 1953, em que diz:
“PISTÓIA
Eles vieram felizes, como / para grandes jogos atléticos, / com um largo sorriso, no rosto, / com forte esperança no peito, / porque eram jovens e eram belos.
Marte, porém, soprava fogo / por estes campos e estes ares. / E agora estão na calma terra, / sob estas cruzes e estas flores, / cercados por montanhas suaves.
São como um grupo de meninos / num dormitório sossegado, / com lençóis de nuvens imensas, / e um longo sono sem suspiro, / de profundíssimo cansaço.
Suas armas foram partidas / ao mesmo tempo que seu corpo. / E se acaso sua alma existe, / com melancolia recorda / o entusiasmo de cada morto.
Este cemitério tão puro / é um dormitório de meninos: / e as mães de muito longe chamam, / entre as mil cortinas do tempo,
cheias de lágrimas, seus filhos.
Chamam por seus nomes, escritos / nas placas destas cruzes brancas. / Mas, com seus ouvidos quebrados, / Com seus lábios gastos de morte, / que hão de responder estas crianças?
E as mães esperam que ainda acordem, / como foram, fortes e belos, / Depois deste rude exercício, Desta metralha e deste sangue, / destes falsos jogos atléticos.
No entanto, o céu, a terra, as flores / é tudo horizontal silêncio. / O que foi chaga é seiva e aroma, / - do que foi sonho não se sabe... – / e a dor anda longe, no vento.”
Anos depois os corpos desses jovens heróis foram transferidos para o Aterro do Flamengo, RJ, em Pistóia permaneceram as cruzes e placas com os seus nomes, mas em Uberaba só restou a dor no coração dos familiares e amigos de João Gonçalves dos Santos.
Moacir Silveira
Fonte: “Uberaba na 2ª. Guerra” – site do APU – Arquivo Público de Uberaba.
Colocando pai e filho em lados opostos, o grande conflito finalmente chegava em Uberaba. Isso já era há muito tempo esperado. Ante a indefinição do governo federal em relação ao panorama internacional, radicais locais vinham apoiando abertamente atuar ao lado dos fascistas. Eles compunham o que ficou sendo conhecido por grupo dos camisas pretas.
Dentre os mais entusiasmados com os ideais fascistas estava Teófilo Riccioppo, que chegou a ser presidente da Fratellanza Italiana, cuja comunidade se reunia em prédio próprio localizado na rua 7 de Setembro.
Imagens: 1 – Teófilo e Francisco Riccioppo; 2 – Fulvio Riccioppo;3 – pilotos da FAB em treinamento nos EUA
(álbum de família e do acervo do APU – Arquivo Público de Uberaba)
Mas quando o Brasil definiu posição em favor dos países aliados, inúmeros jovens foram convocados para integrar a FEB, Força Expedicionária Brasileira. Dentre esses Fulvio o próprio filho de Teófilo, além de dois outros sobrinhos, Plauto e Vinicius, que passaram a integrar o grupo de combatentes.
No seio da família a situação ficou deveras incomoda, principalmente para Teófilo, que emocionado aconselhou o filho: “- Fulvio, eu sei que esta situação, por minha causa, não deve ser fácil para você. Porém, ouça-me: faça o melhor pelo seu país e esqueça-se de minhas origens. Você deve defender aquilo em que acredita. Não pense mais nisso...”
Fúlvio Riccioppo foi então enviado para um período de treinamento nos Estados Unidos antes de ser incorporado ao grupo de pilotos, assumindo o comando de um P-47D Thunderbolt, o avião de caça utilizado pela FAB, Força Aérea Brasileira.
A bela saga do clã familiar é narrada, com rara maestria e felicidade por Plauto Ricciopo Filho, no livro “Raízes Arbëshë – histórias e memórias da família Riccioppo”.
Em terras do Zebu, logo me indaguei: quem seria esse Guia Lopes? Pensei tratar-se de guia de gado. Ledo engano.
José Francisco Lopes, seu verdadeiro nome, estava posto em sossego em sua bela Fazenda do Jardim, MS, bem próxima da fronteira com o Paraguai, quando o maior conflito da América Latina eclodiu.
Imagens: 1 e 6 (Placa e Rua Guia Lopes – fotos: Antonio Carlos Prata);
do Google: 2 – Guia Lopes e Fazenda onde nasceu); Os filhos, todos com o sobrenome Lopes, em 3 – os mais novos: Pedro José, José Francisco e Bernardino Francisco; o mais velho: 4 – João José; e 5 – o do meio Pedro José
Natural de São Roque de Minas, distrito de Piumhi, aqui na Serra da Canastra, ali nasceu em 26/2/1811 e hoje é considerado o maior herói no trágico episódio da Retirada da Laguna, da Guerra do Paraguai.
Em sua bela propriedade rural no Mato Grosso do Sul dedicava-se à pecuária extensiva, ao lado de irmãos, filhos e cunhados. Graças à isso tinha profundo conhecimento da região.
Bem no início do conflito, em 1864, teve esposa e 4 filhos presos por tropas paraguaias e levados àquele país.
Tomado por sentimento de vingança alista-se como voluntário nas tropas que chegavam ao MS e que haviam passado por Uberaba, cidade onde foram reunidos os contingentes vindos de Ouro Preto e Rio de Janeiro.
Mas o inimigo, adotando tática de ‘guerrilha’, não facilitou sua empreitada. Recuaram, destruíram tudo o que ficava para trás e não deixavam gêneros que pudessem ter utilidade à nossa tropa.
Foram dias de muito sangue, suor e lágrimas. Inimagináveis na história dos grandes conflitos mundiais. Agruras que só os bravos são capazes de suportar. Luta corpo a corpo na base do sabre, espada e pesadas balas de canhão. Em cargas rápidas de cavalaria capazes de fazerem levitar, em pontas de afiadas lanças, os corpos dos que ousavam enfrenta-las. Espetáculo dantesco de corpos estrebuchados. Some-se a isso fome, pestes e torturas aos que caiam em mãos inimigas. Pior ainda, o ambiente não era favorável. Quando chovia era charco pesado e pantanal intransponível. Quando sol escaldante, capinzal propício ao fogaréu, fumaça e sufoco, que os paraguaios exploraram à larga.
À falta de mantimentos o nosso Lopes não hesitou, colocou à disposição o gado de sua propriedade, que para alimentar a tropa era abatido, em média, 40 cabeças por dia.
Acossados pelos inimigos, com fome, vitimados por epidemia de cólera, a maltrapilha tropa alcança nossa fronteira, onde Lopes, também vítima da doença, luta até o último dia de sua vida, vindo a morrer às margens do rio Miranda, onde está enterrado, em terras de sua propriedade, em solo de seu amado rincão.
Dos mais de 3.000 soldados brasileiros, só 700 sobreviveriam. Não fosse o heroico feito de nosso Guia, talvez nem isso. Além de Lopes, o conflito tirou a vida de 2 de seus filhos e de um cunhado.
Seu nome é merecidamente lembrado em escola (BH), em ruas (Uberaba, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre...), avenida (Uberlândia), dá nome a município no Mato Grosso do Sul e a centenas de outros logradouros e prédios públicos Brasil afora.
E hoje quando ouço nosso hino nacional, comovido, sempre nele penso, principalmente nos versos:
.... “Dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil”, ao que mentalmente acrescento: - e que esse solo lhe seja leve e amável, sob terras e flores de sua querida Fazenda Jardim.
Moacir Silveira
OBS: Para maiores detalhes sobre essa epopeia sugiro leitura das obras de Taunay, testemunha ocular dos fatos.
Em matéria esportiva Uberaba foi a 1ª. cidade do interior do Estado a contar com um moderno estádio de futebol e uma equipe de craques responsável pela apresentação do programa "Papo de Bola" do recém inaugurado Canal 5, TV Uberaba, em 1972.
Imagens: 1 – Ramon Rodrigues, Luiz Gonzaga e Netinho (acervo Uberaba em Fotos);
2 – Jorge Zaidan (TV Uberaba) e Fernando Sasso (TV Itacolomi).
O programa contava com apresentação de Luiz Gonzaga, Ramon Rodrigues, Ataliba Guaritá, o popular Netinho, e dos irmãos Jorge e Farah Zaidan. Por ele passaram os mais ilustres convidados, dentre os mais importantes jogadores, dirigentes, técnicos, torcedores e figuras representativas do mundo esportivo.
Vale lembrar que naquela época em todo o Brasil existiam apenas quatro narradores em atuação na TV brasileira, a saber: Fernando Sasso (BH), Walter Abraão (SP), Carlos Lima (RJ) e Luiz Gonzaga (Uberaba).
E o pioneirismo não parou por aí. Como parte importante na integração da Rede Tupi o apresentador Luiz Gonzaga foi escalado para fazer a 1ª. transmissão via satélite do país, narrando o jogo entre Corinthians Paulista x Nacional de Manaus, e que ocorreu em 24/9/72 naquela cidade.
Quatro anos após a inauguração do Uberabão, em 1976, o Uberaba Esporte conquistava vaga no Campeonato Brasileiro, coroando assim a liderança da cidade em matéria esportiva.
Na condição de legítimos donos de uma gleba de meia légua quadrada (equivalente a 2.500 m2) bem na região central do vilarejo eles resolveram fazer, de livre e espontânea vontade, uma “doação ao Senhor Santo Antônio e a São Sebastião para patrimônio de Sua Igreja e ao procurador que houver dos referidos Santos, aos quais cedemos e traspassamos todo o domínio que até aqui tínhamos. E por firmeza de tudo aqui fica expressado, e por eu não saber ler nem escrever somente me assino com uma Cruz sinal de que uso e pela dita mulher assina a seu rogo...” e de tudo mandaram lavrar registro no livro da paróquia.
Rua Tristão de Castro. Foto: Uberaba em Fotos.
E foi assim que Tristão de Castro Guimarães (assinado com uma cruz) repassou o terreno onde hoje se encontra a Igreja Matriz de Uberaba e toda a sua área adjacente.
Por esse nobre gesto é que um dos principais logradouros públicos da cidade leva o seu honroso nome: Rua Tristão de Castro.
Essa importante manifestação de vontade faz parte do livro de registros da paróquia, datado de 28/12/1812, trazendo as respectivas assinaturas em cruz e a rogo, com a identificação das testemunhas presentes ao ato.
Estranhos são os caminhos da vida e esses dois não poderiam imaginar que teriam destinos cruzados.O da esquerda nasceu em Visconde do Rio Branco, MG, em 1949. O da direita em Uberaba, em 1955. Aquele, aos 2 anos, acompanhou os pais em mudança para a capital mineira. O outro chegou a morar em Araguari, mas passou maior parte da infância e juventude aqui em Uberaba. Ambos, embora em cidades distintas, tiveram vidas parecidas. Jogaram bola, soltaram pipas, rodaram pião e quicaram biroscas. Coisas de criança.
O pai do primeiro tocava saxofone na banda da PM e na Orquestra Sinfônica de BH. Na época, tinha por colega um jovem violinista de raro talento e sensibilidade. Tanto que, anos depois, granjearia fama internacional. Entusiasmado o pai resolve contratar violinista para o menino. Perdeu-se tempo e dinheiro. A criança não teve empatia com o instrumento. Queria mesmo é voltar a brincar. A mãe, insatisfeita, vendo o moleque naquela vida sem proveito e futuro, não teve dúvidas: não quer aprender música, então vai trabalhar.
Imagens: - no topo e ao centro, maestro Benito Juarez;
- colunas da esquerda: Moacir Silveira e da direita: Jeziel Paiva.
Assim, aos 14 anos, ele começou como office-boy, passou por três empregos até conseguir, aos 17 anos, uma vaga de escriturário na TV Itacolomi de Belo Horizonte. Aos 19 anos já era diretor de tv e em 1972 recebe convite para o cargo de supervisor artístico da TV Uberaba. Paralelamente, gradua-se em direito, é contratado como professor e assessor de comunicação social pela então FIUBE. Em 1989, muda-se para Brasília, participa da fundação e ministra aulas no IBEJ (Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos). Em 1992 é aprovado em concurso do TJMG e, como juiz de direito, passa pelas cidades de Corinto, Três Marias, Morada Nova de Minas, Guaxupé e Governador Valadares. Aposentado volta a morar em Uberaba.
Já o jovem uberabense, tomado de amores pelo violino, quis aprender a tocar quando ainda criança. Sua mãe até tentou professor particular. Era preciso ter o instrumento. Sonho adiado. Anos depois consegue vaga no Conservatório. Ainda adolescente começa a trabalhar na rádio 7 Colinas e, aos 16 anos, na TV Uberaba. Resolve dedicar-se exclusivamente à música e não perde tempo. Em 1976 e anos seguintes tem marcante participação nas Orquestras Sinfônicas de Ribeirão Preto, Brasília e Salvador. Em Campinas recebe aulas de regência com o consagrado maestro Benito Juarez. Com quem? Benito Juarez! Sim! Aquele que, na década de 1950, na capital mineira, serviu de modelo e inspiração ao colega saxofonista.
Nessa história de destinos cruzados falo por mim e admito, não senti qualquer atração pelo violino, mas, à despeito disso, apurei ouvidos e sensibilidade e adoro música. Tanto assim que virei Youtuber musical com quase 350 mil seguidores e mais de 121 milhões de visualizações.
Agora, em relação ao meu particular amigo e maestro Jeziel Paiva, dispenso-me de maiores comentários, pois seu inegável talento como músico, maestro e professor falam por si.
E hoje, com os destinos cruzados pelos “Bailes da Vida”, nós dois podemos invocar nossos ídolos de juventude e do “Clube da Esquina” e com eles cantar:
“Com a roupa encharcada e a alma / Repleta de Chão / Todo artista tem de ir aonde o povo está / Se foi assim, assim será / Cantando me desfaço, não me canso / De viver nem de cantar”