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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

José Soares Bilharinho


José Soares Bilharinho

José Soares Bilharinho nasceu em Uberaba (MG), em 13/12/1918.
Era filho de Jaime Soares Bilharinho, vice-cônsul espanhol para o Triângulo Mineiro e Goiás, e de Luíza de Oliveira Bilharinho.
Aos sete anos de idade, foi estudar na Escola Particular de Dona Maria Áurea de Faria, na Rua Manoel Borges, onde cursou os dois primeiros anos. 
Alfabetizado, foi para o Colégio Marista Diocesano, onde permaneceu até a quinta série ginasial. Por ser um excelente aluno, aos oito anos foi colocado para dar aulas de reforço aos próprios colegas que chegavam de Goiás com pouca base.
Aos 17 anos, foi para Belo Horizonte para fazer o vestibular de Medicina. Porém, o Presidente da República, Getúlio Vargas, fez uma reforma de ensino, obrigando a todos os candidatos a Universidade fazerem dois anos de um curso chamado Pré-Universitário ou Curso Complementar. Após os dois anos, fez o vestibular, passando em 1º lugar e ingressando na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.
Na Faculdade, foi monitor de Biofísica e apresentou uma pesquisa científica muito elogiada, sobre “Medição da Iluminação Artificial em Bibliotecas e Residências de Belo Horizonte”.
Dotado de uma excelente memória, principalmente para línguas, Dr. José Soares Bilharinho uma vez citou, numa prova de Histologia, o nome e parecer de 15 autores estrangeiros diferentes.
Foi o fundador do Centro Acadêmico Carlos Chagas, sendo seu primeiro presidente.
Fez pós-graduação no Rio de Janeiro, em Cirurgia Geral e Ginecologia.
Em 1943, voltou a residir em Uberaba. Em 1945, fundou o Hospital São Lucas, hoje Hospital São Paulo. Nele, instalou sua suíte particular e seu consultório. Operava e atendia 24 horas por dia. Apenas cerca de 30% dos clientes eram particulares. Os outros eram pessoas que não podiam pagar e ele os atendia com o maior zelo e dedicação, sem diferenciação. Chegou a atravessar o Rio Grande em balsas e caminhar léguas, para socorrer doentes ou fazer partos. Foi diretor do hospital por 20 anos.
Fez cursos de aperfeiçoamento em cirurgia nos Estados Unidos da América e na Argentina.
Foi diretor técnico da Fundação Frei Eugênio, um dos fundadores da FMTM (Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro), onde também lecionou, e presidente da comissão da fundação da UNIMED. Foi membro do Colégio Internacional de Cirurgiões e da Academia Mineira de Medicina, sócio da Associação Médica Brasileira, sócio honorário e ex-governador do Rotary.
De 1950 a 1954 foi vereador. Nesse período, começou a se dedicar à leitura sobre Administração Pública. Montou uma vasta biblioteca sobre o assunto e começou a escrever um trabalho denominado ”Planejamento Geral dos Serviços Administrativos Municipais”. Em 1954, o IBGE lançou um concurso nacional de monografias sobre administração municipal. Ele se inscreveu e mandou os originais. A seleção e premiação dos trabalhos eram feitas pela Fundação Getúlio Vargas. Tirou o primeiro lugar e, como prêmio, teve a publicação e a distribuição de seu trabalho pelo país inteiro.
Em 1966, casou-se com Joana Bilharinho, com quem teve um filho, Marcelo Franco Bilharinho, também médico em Uberaba.
Em 1971, foi empossado na Academia de Letras do Triângulo Mineiro como Membro Fundador, ocupando a cadeira nº 38. Exerceu o cargo de presidente da Academia por 6 anos.
Publicou os livros “O Rotary em Ação”, “Elogio de Clementino Fraga” e “História da Medicina em Uberaba”.
Este último foi motivado pela sua preocupação em registrar a história da Medicina em Uberaba. Fez uma paciente e difícil pesquisa nos jornais locais durante doze anos, ouviu histórias e anotou experiências, resultando em nove volumes da “História da Medicina em Uberaba”, tendo editado três volumes. O Arquivo Público de Uberaba publicou os volumes 4 e 5, em 1993 e 1995, respectivamente, dando continuidade aos três volumes que haviam sido publicados anteriormente.
Entre seus trabalhos, estão vários artigos em revistas médicas, outras revistas e jornais, conferências, palestras e temas livres em Congressos, discursos e entrevistas.
Brilhante médico e cidadão, faleceu em 01/12/1993, aos 75 anos, no momento em que Uberaba se preparava para lhe prestar uma homenagem pelo seu cinqüentenário de formatura e dedicação à medicina.
Fonte: Edição Especial do Arquivo Público de Uberaba, Ano IV, nº 01. Acervo Cultural de Uberaba, 1993.
BRAGANÇA, Décio. O Pensamento Vivo de José Soares Bilharinho. Jornal da Manhã, Uberaba (MG), 24 out. 1993. Coluna Encontros.
PAOLINELLI, Sônia Maria Rezende. Coletânea Biográfica de Escritores Uberabenses. Uberaba (MG): Sociedade Amigos da Biblioteca Pública Municipal “Bernardo Guimarães”, 2009. 122 p