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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

NASCIA A TELEVISÃO NO BRASIL!

Oi, turma !

(É duro ter que trocar 6 por meia dúzia...)


18 de setembro de 1950. Há 70 anos, era inaugurada a primeira emissora de televisão no país e América do Sul. A pioneira PRF-3-Tupí/ Difusora São Paulo, na histórica data, mudava os destinos da comunicação tupiniquim. A cidade de São Paulo, parou para assistir o evento. Um “show” de variedades reuniu o maior elenco de profissionais do rádio, se apresentando pela primeira vez naquele ato inédito: Hebe Camargo, Wilma Bentivegna, Walter Foster, Lima Duarte, Lolita e Airton Rodrigues, entre outros, os “astros” maiores da festa épica.

Dois episódios marcaram a inauguração. Assis Chateaubriand, dono e fundador dos “Diários Associados”, no auge da euforia pelo evento pioneiro, quebrou uma garrafa de champagne numa das 3 câmeras existentes, como se fosse inauguração de navio, danificando-a por um bom tempo...Depois, em pleno andamento da inauguração, os diretores da TV, perplexos, entreolharam e indagaram:-“E amanhã, o que a gente vai colocar no ar?”. Ignoravam por completo que a televisão tem programação antecipada. Foi um Deus nos acuda !...

A TV-Tupi, chegou ao interior dois anos depois: Campinas e Santos, as cidades privilegiadas. O “interiorzão” paulista só viu chegar as imagens anos depois .A escolhida, Ribeirão Preto, pela sua importância comercial, populacional e industrial. O uberabense ia à S.Paulo e voltava entusiasmado com a novidade. Em 1962, na Copa do Mundo, no Chile, caravanas e mais caravanas saiam de Uberaba , indo a Ituverava ,assistir os “vídeo-tapes” do jogos do Brasil.

Nesse meio tempo, um jovem e intrépido uberabense, valente e destemido, transferia para São Paulo, indo trabalhar no Departamento comercial da TV-Tupi. Honras à José Pedro de Freitas. Os “troncos” da repetidora de imagens, segundo estudos preliminares, deveriam seguir para Franca e São José do Rio Preto. Freitas, bateu pé:- “Por que não Uberaba?. Cidade rica, progressista e promissora?”. Sua insistência junto ao comando “Associado” rendeu frutos.

Na Difusora Uberaba, Jorge Zaidan e eu, pela amizade com Freitas, abraçamos a campanha. Mário Grande Pousa, comerciante de destaque na terrinha, era Presidente da Associação Comercial e Industrial , liderou o movimento popular de arrecadação de fundos para aquisição dos equipamentos necessários para as torres de Buritizal e Uberaba. A população entendeu a necessidade da chegada da TV na sacra terrinha. O extinto Banco Triângulo Mineiro, “abriu a conta”. Os uberabenses, principalmente os menos abastados, os primeiros a fazer doações.

A classe”A” da cidade, como sempre, ficou alheia à campanha. Queria ver primeiro se ia dar certo...Quando as imagens chegaram a terrinha, foram os primeiros a comprar os aparelhos...A torre da repetidora instalada na “Boa Vista”, era vista por toda a cidade. “Seo” Vitor, funcionário da “Associadas” em S.Paulo, veio para a terrinha, como encarregado de ligar e desligar os transmissores. Quando ”pifava” um dos aparelhos a “chiadeira” era geral. Quem sofria, coitado ! era o velho Vitor... O uberabense ganhou um novo lazer. Os “televizinhos” apareciam para acompanhar novelas, filmes e esportes. Uberaba, estava integrada a um mundo novo...

Nove (9) anos após os primeiros sinais de TV, chegava a hoje falecida e sempre lembrada TV- Uberaba - canal 5, aproveitando e absorvendo todo potencial técnico-artístico da terrinha. Um dia, contarei como tudo aconteceu e infelizmente, tudo acabou... “Marquez do Cassú”.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

LIMA DUARTE, NOME ARTÍSTICO DE ARICLENES VENÂNCIO MARTINS (NOSSA SENHORA DA PURIFICAÇÃO DO DESEMBOQUE E DO SAGRADO SACRAMENTO), 29 DE MARÇO DE 1930.

Lima Duarte


Nossa Senhora da Purificação do Desemboque e do Sagrado Sacramento. Essa cidade de nome estranho e comprido, que fica no Triângulo Mineiro, viu nascer Lima Duarte, que como a cidade, também tem um nome diferente: Ariclenes Venâncio Martins. Era o dia 29 de março de 1930.


Lima Duarte


Descendente de dona de escravos e bugres, ajudava seu pai a cuidar da pequena invernada onde moravam, juntamente com a mãe e mais dois irmãos. O pai se chamava Antônio Martins e a mãe, América Martins Sua mãe trabalhava em circo. Fazia circo-teatro, pois muitos circos montavam pecinhas, após a parte de malabarismos.

Ali começou a paixão de Lima Duarte pela arte. Seu primeiro papel, no circo, foi numa peça chamada “A Ladra”, onde sua mãe fazia o papel-título e ele, o filho. Mas ele sonhava mais e aos 15, para 16 anos, veio para São Paulo,capital, num caminhão de manga. De carona.Começou, como é lógico, a trabalhar no Mercado Central da Cidade. Até que Madame Paulette, dona da casa onde morou durante 3 anos, levou-o à Rádio Tupi para um teste. Ele ficou muito feliz. Mas pelo seu modo caipira de falar, foi reprovado. Ganhou até um apelido:” voz de sovaco”.

Mas gostaram dele e ele ficou na casa trabalhando como operador de som. Depois como sonoplasta. E aí se transformou em tão bom sonoplasta, que ganhou todos os prêmios da época. Um dia, Oduvaldo Viana, que era diretor artístico da Rádio Difusora, o convidou para uma “fala” em uma radionovela. Deu certo. Foi então que mudou seu nome para Lima Duarte e teve início sua carreira

Em rádio fez muitas novelas e foi ganhando treino. Passar para a televisão foi pura conseqüência. Ele estava lá quando a TV Tupi de São Paulo, a pioneira, foi inaugurada.

Tupi permaneceu durante 27 anos. Menino simpático e amigável, fez bastante amizade com os intelectuais da casa, entre eles Cassiano Gabus Mendes, Dionísio Azevedo, Walter George Durst.

E eles imaginaram fazer o “TV de Vanguarda”, que iria se constituir em uma peça inteira, de 3 atos, levada ao ar no domingo à noite, horário nobre. A primeira a ser montada foi: “O Julgamento de João Ninguém”, direção e script de Dionísio Azevedo, tendo Lima Duarte no papel título. Foi a consagração de Lima. Daí para a frente , fez mais de 30 TVs de Vanguarda, entre 1952 e 1959, nos quais podemos destacar: “Hamlet”, “Otelo”, “Macbeth”, “O Homem que vendeu a Alma”; “O Inspetor Geral”; “De Ratos e de Homens”; “Massacre”; “Os Amantes de Verona”;”O Chapeu de Três Bicos”; “O Lobo do Mar”; “O Grande Gabbo”; “Ralé”; e muitíssimos outros.

Lima Duarte sempre foi protagonista. Participou também de algumas novelas, entre as quais a primeira, que foi: “Sua Vida me Pertence”, em 1951. Fez também “O Direito de Nascer” (1964), “A Gata” (1964), “Um Rosto Perdido” (1965), “Olhos Que Amei” (1965), “O Mestiço” (1965)”Calúnia” (1966) e “Paixão Proibida” (1967).

Em 1968 resolveu passar para a direção. Dirigiu a novela “Beto Rockfeller” junto de Walter Avancini, sucesso estrondoso de audiência. Esta foi a primeira trama a ter tomadas aéreas e a usar o merchandising em cena: era do medicamento “Engov”, que o personagem principal interpretado por Luiz Gustavo tomava após exagerar nas doses de wisky.

Na sequência, se revezou entre atuar e dirigir as principais novelas da TV Tupi. Ainda em 1968, atuou em “O Décimo Mandamento” e dirigiu “O Rouxinol da Galiléia”. Em 1970, dirigiu “Toninho on the Rocks” e atuou em “As Bruxas”. Entre 1971 e 1972, atou em “A Fábrica”.

Foi então que, após quase três décadas na TV Tupi, transferiu-se para a TV Globo, ainda em 1972. Estreiou dirigindo a novela “O Bofe”, sua primeira e única experiência como diretor na emissora.

A partir de então, fez inúmeras novelas: “Os Ossos do Barão” (1973), “O Bem Amado” (1973), “O Rebu” (1974), “Pecado Capital” (1975), “Espelho Mágico” (1977), “Marrom Glacê” (1979), “Pai Herói” (1979), “O Bem Amado (seriado baseado na novela, exibido entre 1980 e 1984), “Paraíso” (1982), “Champagne” (1983), “Partido Alto” (1984), “Roque Santeiro” (1985), “O Salvador da Pátria” (1989), “Meu Bem, Meu Mal” (1990), “Rainha da Sucata” (1990), “Pedra sobre Pedra” (1992), “Fera Ferida” (1993), “A Próxima Vítima” (1995), “O Fim do Mundo” (1996), “A Indomada” (1997), “Pecado Capital (1998, remake), “Corpo Dourado” (1998), “Uga Uga” (2000), “Porto dos Milagres” (2001), “Sabor da Paixão” (2002), “Senhora do Destino” (2004, participação especial), “Da Cor do Pecado” (2004), “Belíssima” (2005), “Desejo Proibido” (2007), “Caminho das Índias” (2009) e “Araguaia” (2010).

Fez ainda:”O Tempo e o Vento” (1985, minissérie), “Agosto” (1993, minissérie), diversos episódios do “Você Decide” (entre 1993 e 2000), “Engraçadinha” (1995, minissérie), “O Auto da Compadecida” (1999,minissérie que também foi adaptada para o cinema), “O Quinto dos Infernos” (2002,minissérie), “O Pequeno Alquimista” (2005,microssérie), “Amazônia – de Galvez a Chico Mendes” (2007), além de diversas participações especiais em outras novelas, seriados e afins.


Fonte: BIOGRAFIA DE LIMA DUARTE PARA O MUSEU DA TELEVISÃO BRASILEIRA