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sábado, 3 de agosto de 2019

LÉO DERENUSSON – O Comando de um Líder.

O tumulto estava formado. O corre-corre dentro da sede da ACIU estava em ritmo alucinante. A ansiedade tomava conta de todos. Aguardava-se a chegada da comitiva do Ministério da Educação e Cultura (MEC).

A apreensão era compreensível. A implantação da Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro (FCETM), requerida pela Entidade, dependia exclusivamente do parecer desses técnicos.

O resultado de dezenas de viagens ao Rio de Janeiro; das inúmeras entregas de projetos, projeções, currículos e documentações; da insistência e persistência marcou encontro com a esperança na visita final.

Em 12 de outubro de 1965 foi autorizado o funcionamento da FCETM tendo como mantenedora a ACIU. Em 1966, ao entregar o cargo de presidente ao seu sucessor, Edson Simonetti, Léo Derenusson assume o cargo de diretor da faculdade, que foi instalada na própria sede da associação.

Um marco na vida da Entidade, preenchendo lacunas num período em que em Uberaba só existiam cinco cursos superiores: Filosofia, Odontologia, Direito, Medicina e Engenharia. Ao longo dos anos, a ACIU criou as graduações de Administração de Empresas (1974) e Ciências Contábeis (1984).

Credita-se ao economista e empresário Paulo Vicente de Souza Lima a ideia de criação da FCETM. Juntaram-se a ele com o mesmo propósito os advogados Augusto Afonso Neto e Ronaldo Benedito Cunha Campos, entre outros.

A sugestão levada para a ACIU foi como uma semente lançada em campo fértil, pois a Entidade tinha o propósito de dotar a cidade de um curso para especialistas na área econômica.

Ao assumir a empreitada que terminou coroada de êxito, Léo Derenusson imprimiu sua marca de liderança na história da ACIU. Assumindo a administração da Entidade no período de 1964/1965, fruto do acordo entre o ex-presidente Aurélio Luiz da Costa e o Conselho Consultivo presidido por Mário Pousa, Léo surpreendeu a todos com sua dinâmica de trabalho.

A gestão de Léo frente à ACIU foi muito expressiva. A implantação da TV, iniciada na administração anterior, teve seus rumos modificados em decorrência de erros técnicos da TV Tupi, obrigando a Entidade a mudar a torre de Buritizal para Abacaxizal, SP. A atitude gerou custos, que forçou o envolvimento dos uberabenses para sua solução. Só assim o município pode finalmente contar com o sinal da TV em 1966.

Em 1965, cria com o jornal Lavoura e Comércio a festa de homenagem ao Comerciante do Ano.

Nesse mesmo ano, não relutou em visitar o Nordeste na busca de empresas interessadas nos incentivos fiscais da região do Triângulo. Uma viagem penosa de Uberaba a Salvador, BA, realizada em meu pequeno fusca na companhia do presidente e do diretor Mário Salvador.

Após um percurso de 3.000 kms, a viagem até Recife se fez através da Cruzeiro do Sul. As decepções decorrentes da falta de transparência das empresas da área da Sudene se constituíram na força motora para a criação das reflorestadoras de Uberaba.

 Léo Derenusson. Foto: Acervo da família.

Léo lutou muito pela implantação da Cidade Industrial. Plantou uma muda que se transformou em uma frondosa árvore 10 anos após, na inauguração dos Distritos Industriais II e III.

Participou de todos os simpósios e congressos destinados à luta pela construção e asfaltamento da BR-31 (262). Conseguiu um desconto de 20% de redução em todos os lançamentos de impostos municipais em 1964 e participou, no interesse das empresas, da elaboração da nova legislação do Código Tributário do Município.

Em 1966 foi chamado pelo prefeito Arthur Teixeira para transformar o Departamento de Águas em uma Companhia Mista. Participei dessa empreitada como diretor administrativo na companhia do Padre Antônio Fialho como diretor financeiro, sob o comando de Léo Derenusson na presidência. Assim nasceu o Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento de Uberaba (CODAU).

Como líder classista, Léo Derenusson criou e presidiu por muitos o Sindicato das Indústrias Mecânicas. Assumiu nas décadas de 70/80 a vice-presidência da FIEMG e por muitos anos atuou como juiz classista na Junta de Conciliação e Julgamento de Uberaba. Humanista por natureza, herdou o espírito associativista de seu pai, Paulo José Derenusson, presidente da ACIU em duas gestões.

Formado em Direito, Léo foi sócio por algum tempo da Reflorestadora Triflora. Dois anos após, criou sua própria empresa, a Minas Seiva Reflorestamento, juntamente com seus filhos Paulo José Derenusson Neto, Antônio Augusto Derenusson e os amigos Ney Junqueira, Orlando Abreu, Caio Lucio Fontoura e Silvio de Castro Cunha.

Sua principal atividade empresarial, exercida por quarenta anos, foi a de revendedor de carros Ford, herdada de seu pai. A empresa Derenusson S/A foi condecorada pela Ford pelos 75 anos de atividade.
Nascido no Rio de Janeiro em 21 de julho de l918, Léo Derenusson é exemplo de amor à sua terra, de entrega na comunhão comunitária e de dedicação à família.

Faleceu em 14 de dezembro de 1999, aos 81 anos, deixando viúva Nobertina Ribeiro Cortes Derenusson. Eles tiveram cinco filhos que dão continuidade aos ideais do patriarca - Paulo José Derenusson Neto, casado com Vera Maria Terra Cecílio; Antônio Augusto, casado com Maria Lucia Castro Cunha; Luís Carlos, casado com Ana Amélia Nogueira; Leozinho, casado com Beatriz Bruna; e Léia, casada com Wilson Nelli.

Para a comunidade restou como lembrança de seu nome, a placa Rua Doutor Léo Derenusson, no bairro Alfredo Freire II. Para os parentes e amigos, restaram as saudades eternas.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e conselheiro da ACIU e do CIGRA e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – ACIU – José Paulo Derenusson Neto – José Mousinho Teixeira.






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