Museu de Arte Decorativa (Mada) |
O Museu
O Museu de Arte Decorativa (Mada) está instalado na Casa José Maria dos Reis e conta com uma programação anual de eventos e exposições culturais que contempla vários seguimentos das artes visuais. O museu conta com um acervo de mais de 100 peças dedicado à memória da casa, objetos, e costumes da família, com o intuito de guardar parte importante do patrimônio cultural da cidade de Uberaba. Entre as peças estão móveis, porcelanas inglesa da década de 20, pinturas, uma biblioteca e objetos de decoração, com destaque para a coleção de obras do artista Reis Júnior composta por pinturas, desenhos e afrescos.
Voltado para a cultura da família brasileira o Mada aborda diversos segmentos relacionados ao cotidiano da família, entre eles a arquitetura, mobiliário, artes plásticas e decorativas. A obra de Reis Júnior, ex-proprietário do local onde se encontra o Museu constitui a parte principal do acervo do Mada. A primeira obra a integrar o acervo foi sua grande tela "Retirada da Laguna". No interior do museu a sala de jantar exibe uma réplica da Santa Ceia, de Leonardo da Vinci e um barrado de estilo "art déco", ambos devidamente restaurados.
Casa José Maria dos Reis, considerado último marco rural da malha urbana no Alto Estados Unidos, em direção às saídas para outras cidades, em passado remoto, a Chácara Eucaliptos, de José Maria dos Reis, teve sede construída em 1916. Atualmente, está ligada ao centro da cidade de Uberaba, que se atinge em cinco minutos, a veículo motor. É presente dos descendentes de seu fundador à comunidade cultural de Uberaba, através da neta, Niobe Hussar dos Reis Batista e seu esposo Evaldo dos Santos Batista, que a doaram ao município em 24 de agosto de 2000. Com recursos necessários para restauração da edificação, o Museu de Arte Decorativa (Mada) ocupa esta que é denominada Casa José Maria dos Reis e está disponível para eventos e exposições culturais.
Voltado para a cultura da família brasileira e triangulina – pretendendo discutir diversos seguimentos relacionados ao cotidiano da família, entre eles arquitetura, mobiliário, artes plásticas, artes decorativas e utilitárias. O Museu quer também locar as manifestações da cultura popular – entre elas a tecelagem manual que é uma das produções mais ricas e tradicionais do povo do Triângulo Mineiro – e rediscutir a importância das famílias na ocupação do Sertão Mineiro nos séculos XIX e XX.
A primeira exposição iniciada dia 22 de abril de 2002, com obras do artista plástico Reis Junior, foi um resgate da memória do próprio espaço museológico que hoje possui um significativo acervo de obras desse artista, entre eles o retrato de sua mãe Artemira de Souza Reis e de seu pai José Maria dos Reis. Depois vieram várias outras mostras de grande relevância para o cenário cultural de Uberaba, entre elas “Art Nouveau Transição”, “O Mobiliário na Coleção Beatriz e Mário Pimenta Camargo”, “José Duarte de Aguiar – Arquiteto de Referências”, “O Arquiteto dos Casulos” do artista Paulo Miranda, “Desenhos e Pinturas de Eugênio Paccelli”, “Colecionadores” e mais recentemente a mostra “Objetos de Cerâmica” com esculturas e objetos utilitários de várias regiões do Brasil.
O Museu de Arte Decorativa conta ainda com um acervo de mais de 100 peças entre móveis, porcelanas, pinturas e objetos de decoração.
José Maria dos Reis
(Uberaba, 24 de setembro de 1877 – 24 de março de 1934, Uberaba)
Filho de Fidélis Gonçalves dos Reis e Escolástica Guilhermina dos Reis, José Maria dos Reis nasceu em Uberaba, em 24 de setembro de 1877. Frequentou a Escola Normal, retirando-se da escola para trabalhar no balcão. Com o irmão Fidélis Reis montou pequeno comércio de gêneros do país. Matriculado no Instituto Zootécnico de Uberaba, formou-se engenheiro agrônomo em 1899. Ainda nos bancos escolares, fundou a Revista Agrícola, iniciando sua atividade jornalística.
Atuou como redator, colaborador, diretor e fundador de revistas e jornais, entre os quais A Revista Agrícola, A Sentinela, Gazeta de Uberaba, Lavoura e Comércio, O Município, Revista de Uberaba, Jornal do Triângulo, A Separação, Brasil Central, La Hacienda, A Tribuna, O Araguari, O Jornal do Comércio (de Uberaba), A Rural, O Civilista. Lembramos que O Jornal do Comércio e A Rural foram de sua propriedade.
Atuou em numerosas campanhas, quase sempre ao lado da oposição: Campanha Civilista, com Rui Barbosa; Reação Republicana, com Nilo Peçanha; Aliança Liberal, com Antônio Carlos. Ingressou no Partido Republicano e participou ativamente das lutas políticas locais. Elegeu-se vereador à Câmara Municipal (1908 – 1912) e deputado estadual.
Fundou e dirigiu a Fazenda Modelo de Seleção; obteve do Governo a fundação do “Instituto Agrícola Borges Sampaio” (ensino profissional rural); desenvolveu campanha pelo reflorestamento dos chapadões, com o cultivo de eucaliptos; organizou e dirigiu a chácara “Nova Granja”, criando um empório de gado indiano.
Fundou em Uberlândia uma fábrica de tecidos, depois vendida para Uberaba. Para a mesma cidade conseguiu do Governo a criação de uma “Fábrica de Sementes”. Dedicou-se à agrimensura, demarcando fazendas. Por volta de 1916 construiu a “Vila Eucaliptos”, residência de sua família e onde se instala a “Casa José Maria dos Reis”.
Casou-se em 1900, com D. Artemira de Sousa Reis, com quem teve 15 filhos: Suzana Reis Pereira, Sarah Reis, Milo Reis, Silas Reis, José Maria dos Reis Júnior, Abel Reis, Celuta Reis, Artemira dos Reis Carvalho, Ecolástica Reis, Maria José dos Reis, Ana dos Reis Campos, Sofia dos Reis Oliveira, Eva Reis Bakô, Márcia dos Reis Vieira da Silva e Inocência Reis.
Reis Júnior
(Uberaba, 1903 – 1985 Rio de Janeiro)
Pintor, desenhista, historiador, crítico e professor de arte. No Rio de Janeiro, frequentou, entre 1919 e 1922, a antiga Escola Nacional de Belas Artes, onde recebeu orientação de Modesto Brocos, em desenho, e Rodolfo Amoedo, em pintura.
Preferiu, então, seguir um caminho de orientação artística independente, realizando em 1923 sua primeira exposição individual, no Palace Hotel (Rio); nessa mostra figurava uma obra de grandes dimensões, A Retirada da Laguna, encomendada pela Câmara Municipal de Uberaba (hoje, integrando o acervo da “Casa José Maria dos Reis”). No mesmo ano executou paineis e cartões para vitrais destinados ao Teatro e Cassino Parque Balneário de Santos.
Depois de novas exposições, em São Paulo (1924 e 1927) e Belo Horizonte (1928), foi nomeado professor de desenho da Escola Normal de Uberaba (Escola Estadual Castelo Branco). Em 1930 executou paineis para o Teatro de Poços de Caldas.
Em viagem pela Europa, como bolsista, nessa mesma época passou logo em seguida a atuar como enviado especial dos Diários Associados, nos quais colaborou durante alguns anos como crítico de arte.
Publicou, em 1944, a História da Pintura no Brasil, livro de amplo âmbito e mais de trezentas ilustrações; outra obra de sua autoria é a biografia crítica de Osvaldo Goeldi (com quem conviveu durante muitos anos), editada em 1966. Lecionou história da arte no Instituto de Belas Artes (Rio).
No campo da pintura dedicou-se preferentemente ao retrato (embora trabalhasse também com a paisagem); entre os que pintou destacam-se os de Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, de Carlos Drummond de Andrade e Augusto Frederico Schmidt. (Roberto Pontual in Dicionário de Artes Plásticas no Brasil, 1969).
Acrescente-se a estes dados a publicação do livro Belmiro de Almeida 1858 – 1935, editado pela Pinakotheke, Rio de Janeiro, 1984.