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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

HISTÓRIAS DE UBERABA

As cinco festas de aniversário.


São muitas as datas que podem ser comemoradas em relação à Uberaba. A primeira seria, naturalmente, a data de seu nascimento, quando aqui fincou raízes, próximo ao córrego das Lages, o sargento-mor Antônio Eustáquio da Silva Oliveira. Todavia, não existem documentos apontando a data exata em que ocorreu este fato histórico.

Vista aérea da cidade de Uberaba. 
Foto: Arquivo Público de Uberaba.


Relatam alguns historiadores, que a 1ª Bandeira organizada em Desemboque pelo sargento-mor Antônio Eustáquio para desbravar a região de Uberaba ocorreu em 1810. Dizem ainda que, por solicitação desta autoridade, em 1811, o povoado foi elevado à condição de Distrito dos Índios.


Para o historiador Guido Bilharinho, não há documentos comprobatórios desta elevação.


Mesmo assim, a Prefeitura Municipal, em 03 de maio de 1911, em parceria com as lideranças econômicas da região, promoveu a 1ª Exposição Agropecuária nas dependências do hipódromo do Jockey Clube, localizado no bairro de São Benedito e organizou, ainda, uma grande festa na cidade para comemorar a elevação de Uberaba da condição de povoado para a de Distrito.

Coincidência ou não, desde a década de 1950, as aberturas das exposições da ABCZ são realizadas na data de 3 de maio.

Curiosamente, em 1810 ou 1811 não pertencíamos ao estado de Minas Gerais e sim ao estado de Goiás. As disputas sangrentas entre os dois estados, que já duravam mais de cinquenta anos conforme relato do historiador Hidelbrando Pontes, tiveram fim em 1816.

Conta ainda este historiador que foi por um acontecimento fortuito é que pôs termo à velha questão de divisas entre os dois estados. Joaquim Inácio Silveira Mota, Ouvidor Geral da Comarca de Paracatu, indo a Araxá, ao conhecer Ana Jacinto de São José, mais conhecida como Dona Beija que passava a cavalo pela praça da Matriz com seu pajem, foi tomado de violenta paixão e mandou raptar a donzela.

Como foi processado pela família da vítima e seu caso seria julgado pelo governo de Goiás, seu desafeto. Para evitar esta situação, ele passou a interceder também junto a D. João VI, pela passagem dos julgados de Araxá e Desemboque para Minas, onde o seu julgamento seria, como efetivamente foi, coisa sem importância.

E assim, em 4 de abril de 1816, a região foi incorporada ao Estado de Minas Gerias. Deixamos de ser goianos e passamos a ser mineiros.

Minas das Alterosas incorporou os cerrados e os chapadões dessa imensa mesopotâmia que se chamava Desemboque e que passou a se chamar Triângulo Mineiro. Interessante que, o primeiro jornal a ser criado em Uberaba já nasceu separatista, conforme relata Guido Bilharinho.

Em 02 de março de 1820, por decreto assinado pelo imperador Dom João VI, Uberaba foi elevada à condição de “Freguesia”, ou seja, de “Distrito” passou à “Paróquia”. O objetivo deste decreto foi o de diminuir a distância de 60 léguas que separavam o novo povoado da “Freguesia de Desemboque”, facilitando, assim, o “socorro e pasto espiritual”.

O poder estava dividido entre a Igreja e o Estado, que só vieram a se separar na Constituição de 1891, transformando o Brasil em um país laico.
Em 22 de fevereiro de 1836, o Presidente da Província, Manuel Dias de Toledo, na cidade imperial de Ouro Preto, assinou o decreto aprovado pela Assembleia Legislativa Provincial, elevando Uberaba à condição de “Vila”. Foi o nascimento do município de Uberaba, que se desmembrou da Vila de Araxá, a qual estava vinculada desde 1831. Foi a criação da Câmara Municipal de Uberaba.

Em dezembro de 1836, tomou posse perante a Câmara Municipal de Araxá o vereador mais votado nas eleições de Uberaba, Capitão Domingos da Silva Oliveira. Em janeiro de 1837, o Capitão é empossado em Uberaba como o primeiro Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo (Prefeito).

O prédio que ele construiu para servir de Câmara e Cadeia, foi, por longas décadas, sede da Prefeitura Municipal e depois, sede da Câmara Municipal e é hoje patrimônio histórico de destaque na Praça Rui Barbosa.

Para comemorar o centenário da emancipação política de Uberaba em 22 de fevereiro de 1936, grandes festas foram realizadas na cidade. Bandas, passeatas, foguetórios, salvas de 21 tiros, discursos e direito a um grande baile oferecido pelo prefeito Paulo Andrade Costa. Foi inaugurado um marco comemorativo no Córrego do Lajeado, próximo ao bairro rural de Santa Rosa, onde teve início o povoamento da cidade.

Em 1840, Uberaba passou a sediar uma Comarca para distribuir justiça, denominada Comarca do Rio Paraná, desmembrada da Comarca de Paracatu do Príncipe. Não há, porém, registro de comemorações no centenário desta conquista, no ano de 1940.
Em 02 de maio de 1856, Uberaba foi elevada à condição de “Cidade” em reconhecimento do Rei e da Igreja, trazendo a emancipação em assuntos atinentes à ordem civil, militar e religiosa.

Para comemorar o Centenário desta elevação de “Vila” para “Cidade”, Uberaba se vestiu de gala em 1956, no governo de Arthur de Mello Teixeira. Novas comemorações aconteceram em 2006, no governo de Anderson Adauto, quando Uberaba completou 150 anos.

Nesta ocasião, a Fundação Cultural, então comandada por Luiz Gonzaga de Oliveira, homenageou em solenidade ocorrida no Cine Metrópole, 150 personalidades da cidade, escolhidas em comissão presidida por Gilberto Rezende.
Foram festejados três centenários, 1911. 1936, 1956, um sesquicentenário, 2006 e um bicentenário, comemorado em 2020, no governo de Paulo Piau.

Não encontramos referências sobre as comemorações do centenário da elevação de Uberaba à condição de “Freguesia”, ocorrido em 1920.

Ao longo destes 200 ou 210 anos, a verdade é que passamos de um pequeno povoado à uma grande cidade, hoje com cerca de 350.000 habitantes. Todas estas datas são, realmente, motivo de júbilo para todos nós. Todas elas podem e devem ser comemoradas.

Gilberto de Andrade Rezende – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Fontes – Arquivo Público – Historiador Guido Bilharinho
Hidelbrando Pontes – livro – “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.
PS – Matéria publicada hoje, 05-09-2021, no Jornal da Manhã.

Uberaba

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

HOJE É O DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA

A fotografia é uma das invenções mais extraordinárias da história da humanidade e que revolucionou a sociedade a partir de meados do século XIX, assim como a cultura, a economia, as arte e etc. Normalmente, durante este dia, acontecem palestras, workshops e demais atividades relacionadas à fotografia. As fotografias podem ser utilizadas para informar, recordar ou como uma expressão artística. Sejam fotógrafos profissionais ou amadores, no Dia Mundial da Fotografia, todos os amantes desta arte comemoram a data fazendo muitas fotos.

Antiga 'Mata do Carrinho - Foto: Paulo Nogueira.

Os brasileiros ainda celebram o dia 8 de janeiro como o Dia Nacional da Fotografia, também conhecido como o “Dia do Fotógrafo”. Na imagem abaixo, clicada por Paulo Nogueira. Na antiga 'Mata do Carrinho, que era localizada do lado de traz do Aeroporto local, foi premiada pela TV BBC de Londres, em um concurso realizado mundialmente no ano de l984, em originalidade. O referido concurso solicitava mostrar a pobreza vivida na época nos países da América do Sul, e o Jornalista Paulo Nogueira enviou a matéria (texto e foto) como jornalista e repórter fotográfico do Jornal da Manhã) UBERABA EM DESTAQUE MUNDIALMENTE

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Dom Alexandre Gonçalves do Amaral

“Vou cancelar esta cerimônia”. Mal ele terminou estas palavras, já avisamos a Dom Alexandre Gonçalves do Amaral que a noiva já estava se posicionando para o tradicional desfile, dando início ao casamento.

Havia sempre uma preocupação maior com a questão de horário quando se tratava de um casamento realizado pelo arcebispo na década de 70, na Casa do Folclore.

Foto: Curia Metropolitana

Jamais recusou qualquer solicitação nossa. A sua presença era por nós considerada como uma demonstração de estima e de consideração, já que a maioria dos padres e outros bispos, com exceção de Dom Alberto Guimarães, recusava-se a realizar casamentos sob o argumento de que não havia ali uma capela.

Dom Alexandre, de uma educação esmerada e de afável trato, era, todavia, rígido em disciplinas eclesiásticas e em horários, motivo de sua impaciência.

Em termos de disciplina, de defensor intransigente da fé, do rito e das determinações religiosas, basta o fato de usar fivelas em sapatos que lhe machucavam os pés, mas que compunha as indumentárias determinadas pelo Vaticano e que, para tirá-las teve que receber autorização, após graves ferimentos provocados, conforme relata César Vannucci em seu livro “Um Certo Dom”.

A primeira vez que recebemos a visita de Dom Alexandre na Casa do Folclore foi em razão de um convite feito por meio do professor Erwin Pühler e sua esposa, Eunice, amigos de longa data do arcebispo. Acompanharam-no nesta visita também o padre Hyron Fleury, João Francisco Naves Junqueira, seu médico particular e algumas religiosas.

Neste dia, acontecia mais uma apresentação da Catira dos Borges. O Arcebispo gostava de manifestações culturais. Conheceu essa dança folclórica em Iturama.

Na época desta visita, década de 1970, não havia grandes construções no local, e sim jardins, o que levou Dom Alexandre a dizer que o local se parecia com os jardins do Éden. Muito gentil, disse ainda que batizaria a Casa do Folclore como Academia Brasileira do Folclore.

Filho de Benjamim Gonçalves e Maria Cândida Gonçalves do Amaral, Alexandre nasceu em Carmo da Mata, Minas, aos 12 de junho de 1906.

Aos 23 anos, em 22 de setembro de 1929, foi ordenado padre. Dez anos após, ao ser eleito bispo, foi ungido em 29 de outubro de 1939 o mais jovem bispo em todo o mundo. Neste mesmo ano, tomou posse em Uberaba em 8 de dezembro de 1939, exercendo a função episcopal até 1962, por indicação do Papa Pio XII. Foi o 4º bispo da cidade, após D. Luiz Maria de Sant’Anna.

Na década de 1940, dono de uma inconfundível voz, Dom Alexandre foi considerado o maior orador sacro do Brasil. Segundo César Vannucci, apesar de conhecer bem a ortografia, apegava-se em escrever seus artigos de próprio punho e utilizando a grafia antiga, como “pharmácia”, e não aceitava a revisão do jornal.

Em 14 de abril de 1962, o papa João XXIII elevou a Diocese de Uberaba a Arquidiocese e criou a Província Eclesiástica de Uberaba, abrangendo as dioceses de Patos de Minas, Uberlândia e Paracatu. A Catedral obteve o título de Catedral Metropolitana e o bispo Dom Alexandre foi elevado à categoria de arcebispo, o 1º de Uberaba.

Manteve este título até maio de 1978, quando renunciou juntamente com seu administrador apostólico, Dom José Pedro Costa. Dom Alexandre Gonçalves do Amaral e Dom Pedro passaram à categoria eclesiástica de “bispo emérito”.

A atuação de Dom Alexandre como supremo dirigente da Igreja em Uberaba, iniciada em 1939, não ficou restrita a pastor espiritual.

Diversos desafios ocorreram em sua longa trajetória episcopal. Assumindo suas funções eclesiásticas em plena 2ª Guerra Mundial (1939/1945), sua primeira intervenção se deu quando os padres dominicanos foram acusados de manter uma emissora clandestina para passar informações para os alemães. Buscas foram realizadas na igreja São Domingos e nada foi encontrado. Quando os fiéis quiseram fazer o desagravo deste lamentável fato foram impedidos e o próprio Jornal Católico, censurado.

No governo de Juscelino Kubitschek (1951/1955) ocorreram em Uberaba graves manifestações contra os abusos cometidos por fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais, comandada por José Maria Alkimim, resultando em uma revolta dos contribuintes. Baderneiros aproveitaram para provocar atos de vandalismo, destruindo arquivos da Receita Federal, que funcionava no prédio da Associação Comercial e Industrial de Uberaba, e os da Receita Estadual, instalada na rua Major Eustáquio com a rua Manoel Borges.

Na época, foram presos inúmeros uberabenses. Coube a Dom Alexandre partir para a defesa dos injustiçados, em artigos virulentos contra o arbítrio, publicados no Correio Católico, conseguindo a vinda do então Secretário Estadual a Uberaba para apaziguar a situação.

Como o governador Juscelino tinha interesse na eleição para Presidente da República, além de serenar os ânimos dos uberabenses, atendeu às solicitações de Dom Alexandre e, pouco tempo depois, deu de presente, segundo relato de Frederico Frange, o prédio da antiga cadeia, situada na Praça do Mercado, acrescido de um bom numerário para que a Associação de Medicina de Uberaba implantasse uma Faculdade de Medicina particular, que se transformou na UFTM, uma das grandes Universidades Federais do Brasil.

Dom Alexandre foi uma poderosa voz na Revolução de 1964. Nas palavras de César Vannucci, não lhe faltavam carisma, cultura, inteligência, sabedoria, vivência humanística e espiritual. Sobrava coragem para enfrentar desafios. Para corrigir abusos que estavam sendo cometidos em nome do governo, foi pessoalmente a Belo Horizonte para um encontro marcado com o governador Magalhães Pinto. Nessa oportunidade, conseguiu a transferência do comandante do 4º Batalhão, que era o objeto de reclamações dos injustiçados.

O Governador designou para seu lugar o ajudante de Ordens do Gabinete Militar tenente-coronel PM José Vicente Bracarense, que depois de pacificar os relacionamentos entre o governo estadual e a Igreja, fincou raízes em Uberaba, ocupando por duas vezes secretarias nos governos municipais de Hugo Rodrigues da Cunha (1973/1976) e Silvério Cartafina (1977/1982).

A Fista – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino, criada pela Congregação das Irmãs Dominicanas em Uberaba no ano de 1948, por iniciativa de Dom Alexandre, teve sua diretoria invadida, em abril de 1964, por elementos estranhos ao quadro da Instituição, que assumiram o poder em nome do Governo. Repudiados pelo bispo, foi necessário manter contato com o general Castelo Branco para terminar com esta situação. O Presidente determinou que onde houvesse Diocese a Igreja deveria ser ouvida antes de quaisquer atividades em entidades vinculadas.

Além dessas interferências, durante seu bispado, teve que enfrentar tempos desagradáveis e polêmicos, entre os quais os desentendimentos com a classe médica em relação a cartas anônimas – pichações anônimas –, tomada de posição em favor da implantação da Cemig e muitas outras registradas pela imprensa.

Dom Alexandre fazia sua defesa por meio do Correio Católico, jornal por ele criado e que inicialmente era mensal, passando para semanal e se tornando diário em 1954, na gestão de Dom José Pedro Costa. Segundo César Vannucci, em seu livro “Um Certo Dom”, foram escritos cerca de 6.000 artigos para o Jornal.

Em 1972, o Correio Católico foi vendido para um grupo de empresários, do qual participavam na diretoria Joaquim dos Santos Martins, Gilberto Rezende e Edson Prata. O nome foi mudado para Jornal da Manhã.

Como empreendedor, Dom Alexandre construiu o Seminário São José (Praça Dom Eduardo) na década de 1980, hoje chamado Centro Pastoral João Paulo II, sede da Cúria Metropolitana. Durante seu bispado, trouxe a Uberaba três mosteiros contemplativos – das beneditinas, carmelitas e concepcionistas. Trouxe ainda as carmelitas, da Afonso Rato; os capuchinhos, os padres sacramentinos, as irmãs do Asilo São Vicente e do Orfanato Santo Eduardo.

Pastor e evangelizador, pregador, conferencista, jornalista e escritor, foi também professor de Filosofia e Teologia. Um de seus alunos ilustres foi Mário Palmério, a quem incentivou a criação das Faculdades.

Foi um dos fundadores da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM), ocupando a cadeira número 21, sendo sucedido por Maria Antonieta Borges Lopes. Escreveu três livros, entre eles “Os Católicos e a Polícia”, em 1946.

Dom Alexandre faleceu aos 5 de fevereiro de 2002, tendo vivido 96 anos, 73 como padre, 39 anos de governo episcopal e 23 anos como bispo emérito. Está sepultado na cripta dos bispos na Catedral, onde, em 2006, foi celebrado o centenário de seu nascimento.

Sua vida bateu três recordes quase impossíveis de serem repetidos, pois foi ordenado padre aos 23 anos, nomeado bispo com apenas 33 anos e viveu 63 anos como bispo.

“Dom Alexandre Gonçalves do Amaral” é hoje nome de uma rua no residencial Mário de Almeida Franco.

Fontes: Jornal da Manhã; César Vannucci – livros “Um Certo Dom” e “Voz da Arquidiocese”.


Gilberto de Andrade Rezende

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra

terça-feira, 21 de setembro de 2021

FABRICA DE CIMENTO PONTE ALTA – UMA HISTÓRIA DE 60 ANOS.

A notícia chegou e causou um alvoroço em toda a região do Triângulo Mineiro no ano de 1949. Uma empresa de São Paulo recebeu autorização para implantação de uma grande fábrica de cimento, aproveitando a rocha de calcário da região que se estende por vários municípios. A abertura de novos empregos e a ampliação do comércio da região eram as expectativas mais comentadas.  

Quando se tomou conhecimento de que a área comprada pela empresa estava localizada parte no município de Uberaba e parte no município de Conquista, a euforia tomou conta dos uberabenses, conforme relata José Mousinho Teixeira, citando ainda que a disposição para esta empreitada era de responsabilidade da família Matos Barreto, os irmãos José e Francisco e outros familiares.  

Fábrica de cimento Ponte Alta - Foto: década de 1950
 - Autoria desconhecida.

Cientes de que a região era rica em pedras calcária, conhecida pela extração e produção de cal virgem, os irmãos Barreto, e da potencialidade que estas terras poderiam oferecer e ainda visando a exploração da área para produção de cimento, contrataram estudos técnicos como sondagens e viabilidade econômica, por meio de uma empresa da Dinamarca, país mais preparado na produção de cimento portland.   

A área adquirida no município de Uberaba ficava localizava no Distrito de Ponte Alta e o local, a antiga Caieira Fantini, fundada em 1883, era propriedade de Flamínio Fantini, um emigrante italiano.  

Como a parte da fazenda comprada pela família Matos Barreto, no município de Conquista, era maior do que a parte de Uberaba houve uma acirrada disputa pela conquista da preferência para a instalação da fábrica.  

De um lado, representando Conquista, o Cel. Tancredo França, incansável na batalha para que a fábrica de cimentos fosse implantada em seu município. Uberaba acabou ganhando na preferência por mostrar para à diretoria da fábrica que a estrutura da cidade oferecia melhores condições.   

Há que se registrar o empenho da ACIU-Associação Comercial e Industrial de Uberaba, sendo presidente o empresário Arlindo de Carvalho e tendo a seu lado, na diretoria, João Guido, Lívio da Costa Pereira, Reynaldo de Melo Rezende, Durval Furtado Nunes, Geraldo de Oliveira, Rubens Dornfeld e ainda no Conselho Fiscal, Paulo José Derenusson, Mário Amaral e Bruno Martinelli.  

O esforço dispendido pela Entidade não ficou restrito à apresentação das vantagens de Uberaba. Muitos obstáculos ainda teriam que ser superados para que o sonho se tornasse realidade. Um destes obstáculos era a questão da energia elétrica.  

Não havia energia suficiente para atender a demanda de uma fábrica de grande porte.  Novos estudos foram realizados através da empresa AEG, buscando um local onde se pudesse instalar uma usina hidrelétrica, recaindo a preferência em uma queda d’agua no rio Araguari, no local denominado Cachoeira dos Macacos. A própria AEG se encarregou da construção que acabou sendo conhecida como a “Usina dos Macacos” que, após concluída, se instalou uma linha de transmissão até Ponte Alta.  

Resolvida esta questão veio a do transporte que somente foi equacionada, conforme relata José Mousinho: “merece registrar que, em complemento à infraestrutura necessária ao empreendimento, foi construído um ramal ferroviário ligando a localidade de Ponte Alta aos trilhos da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro que, à época, trafegava com o ramal Uberaba/MG à cidade de Franca/SP.”  

Relata ainda José Mousinho que “na mesma oportunidade, os irmãos Barretos, por deferência à região onde deveria situar o empreendimento, liberaram dez por cento de subscrição do capital a ser integralizado pela Companhia de Cimento Ponte Alta a investidores das cidades de Conquista e de Uberaba. 

A quota gentilmente oferecida foi prontamente subscrita em apenas uma semana. Destaca-se que entre os uberabenses a subscrição de maior vulto foi realizada pelo pecuarista Sr. Lamartine Mendes dos Santos e de Conquista pelo também pecuarista Sr. Theodulfo de Rezende”.  

Neste sentido a firma Carvalho & Teixeira & Cia. Ltda. - Casa Carvalho tornou-se o ponto de apoio em todas as relações e operações com o comércio local. As encomendas destinadas à construção que chegavam via ferroviária em Uberaba eram encaminhadas à Casa Carvalho e, em seguida, por sua ordem, enviadas ao canteiro de obras da fábrica na localidade de Ponte Alta. 

As turbinas, fornos e outros equipamentos de grande porte que igualmente vinham por via ferroviária eram encaminhados para a Estação de Erial da Companhia Mogiana e de lá transportados por caminhões até o canteiro de obras”.  

Junto à construção da fábrica se iniciou a construção de uma vila para abrigar os funcionários. Vieram pessoas dos municípios da região e do todo o país, principalmente do Nordeste, para se habilitar ao trabalho. Afinal, precisavam ser contratados algumas centenas de trabalhadores, se registrando na época cerca de 400 famílias para atender a demanda da fábrica. 

A vila chegou a ter uma população de 2.500 pessoas. A fábrica de cimento era a maior empregadora de toda a região.   

A diretoria era composta por Antônio Aymoré Pereira Lima, Augusto Freire de Matos Barretos Filho, Armando Freire de Matos Barreto, Walter Prado Dantas e Arlindo de Carvalho.  

Por volta de 1975 o controle acionário foi transferido para os empresários das famílias Moraes Barro e Mesquita Vidigal, conforme nos informou José Mousinho, sendo posteriormente incorporada pela Lafarge Holcim. De origem francesa é a maior indústria cimenteira do mundo, presente em 80 países.  

Em Ponte Alta a Lafarge ainda produziu por cerca 18 anos até encerrar as atividades e se transferir, em 2004, para a cidade de Arcos, em Minas Gerais. Os fornos foram adquiridos pela Magnesita S/A que produz refratários para sua sede em Contagem, Minas Gerais. 

Ponte Alta, localizada a cerca de 40 KM de Uberaba, às margens da BR 262, viu sua economia encolher, obrigando uma parte de sua população a se transferir para outras cidades, principalmente Uberaba.   

Atualmente o Distrito de Ponte Alta, criado em 1879, vem se adaptando aos novos tempos, vendendo ou arrendando suas terras para as empresas canavieiras, tendo a Magnesita como importante apoio econômico e diversificando suas atividades rurais em criação de animais.

Por 60 anos a fábrica de Cimento Portland Ponte Alta, considerado o melhor cimento do país, foi oi principal suporte da economia de Ponte Alta que teve, nesse período, um extraordinário desenvolvimento, contribuindo para a economia de Uberaba através da comercialização de seus produtos, elevação do nível de emprego e arrecadação de seus tributos.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente e Conselheiro da ACIU e do CIGRA. Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.  

Fontes –  

José Mousinho Teixeira -    

Jornal da Manhã  

Arquivo Público de Uberaba. 


Postado em 21 de setembro de 2021.

terça-feira, 25 de maio de 2021

13 DE MAIO IGNORADO(⁎)

Quando Tiradentes foi implacavelmente executado, nós triangulinos não éramos mineiros e sim goianos. Só a partir de 04 de abril de 1816 é que passamos a existir como sendo o “nariz de Minas”. Saber por aqui da atrocidade capital feita ao nosso alferes deve ter demorado um bom tempo devido à falta de comunicação. Passados 72 anos, ou seja, em 1888, aconteceu aqui um fato quhoje, 126 anos depois, merece a devida reparação pela nossa Egrégia Câmara Municipal: trata-se da omissão institucional do Município relativa à abolição da escravatura. Nosso governo municipal, dirigido pelo agente executivo Joaquim José de Oliveira Teixeira (1887/1890), não fez qualquer referência à entrada em vigor da Lei Imperial no 3.353 de 13/05/1888. Ou seja; o dia “13 de maio” foi ignorado.

Pesquisando nos alfarrábios oficiais, constatei que o assunto libertação dos escravos, ou Lei Áurea, não entrou em pauta na nossa Casa Municipal de Leis naquele ano e evaporou como se não tivesse ocorrido. Em contrapartida, no ano seguinte quando o Império foi derrubado em 15/11/1889; cinco dias depois se fez constar na ata da Câmara de 20/11/1889, o texto: “ A 15 do corrente foi declarada e proclamada na Capital do Brasil a República Federativa Brasileira. Reconhecendo Câmara o Governo Provizório Republicano, como consta na ata da sessão de hoje Pede aos seus concidadãos a maior circunspeção em todos os seus atos e todo obediência as autoridades hoje legalmente constituídas”.

Por que esse jogo de informação e desinformação? Vivíamos num Brasil de maioria analfabeta, em que a “leitura” era coisa rara e de acesso dificílimo aos menos aquinhoados. Portanto, era de se esperar que, enquanto o povo simples tinha os olhos vendados com a desinformação, os coronéis nadavam em privilégios. E o maior dos seus privilégios era a informação.


Câmara Municipal de Uberaba fez uma retratação pública
com escritura lavrada em Cartório.

Que Rui Barbosa, o nosso ícone do Direito, sugeriu fossem queimados documentos comprobatórios da transação de escravos, não é mais segredo. Que a província do Ceará foi a primeira a abolir o regime escravocrata em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea e que, Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar) foi o grande lider daquela conquista, isso hoje eu sei. A essas informações só chegamos graças à democracia, daí a sua importância para a nossa formação cívica.

Estamos vendo pipocar país afora, movimentos a favor da mudança de nomes de logradouros públicos que homenageiam patrocinadores de regimes totalitários. Nada mais insano a meu ver. Os que foram tiranos enquanto no poder, precisam ter os nomes na história para nunca ser esquecidos. E, sendo lembrados, sejam motivos de reflexões.

(⁎) - João Eurípedes Sabino -Uberaba/MG/Brasil.

Publicado no Jornal da Manhã-16/05/2014-Enviado à revista Veja-09/02/2015.

Republicado atendendo a pedidos- 13/05/2021

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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Independente Atlético Clube de Uberaba

O Independente Atlético Clube é uma agremiação da Cidade de Uberaba (MG). A sua Sede na Rua Oswaldo Cruz, s/n, Conjunto Estados Unidos, em Uberaba. O Azulão foi Fundado no dia 23 de Março de 1938, por alguns dissidentes do Uberaba Sport Club.


Fachada do Estádio Antonio Dal Secchi - Foto Jairo Chagas.


Independente Atlético Clube - Sede: Rua Osvaldo Cruz, 786 - Conjunto Estados Unidos - Uberaba - Minas Gerais - Fundado no dia 23 de Março de 1938. Post foi publicado em 01. Sérgio Mello, Curiosidades, Escudos, Estádios, Fotos Históricas, História do Futebol, Minas Gerais em 14 de novembro de 2017 


A inauguração dos refletores do Estádio "Antonio Dal Secchi" constitui o maior acontecimento esportivo do ano.  Sábado, 30 de Março de 1946


Outro aspecto interessante é a reportagem do Jornal Lavoura e Comercio abordando a inauguração da iluminação do Estádio Antonio Dal Secchi (nome do presidente do clube naquela época), de propriedade do Independente Atlético Clube, localizado no Bairro Estados Unidos, em Uberaba (MG), no sábado do dia 30 de Março de 1946. O adversário escolhido foi o Palmeiras de Franca (SP) e o horário definido: 20 horas. Até aquele momento, mais de mil ingressos já tinham sido vendidos, pelo valor de 16 cruzeiros cada bilhete!

O Independente teve seus momentos de glória e tem uma página bonita na história do futebol uberabense. Força no futebol amador, sendo um grande ganhador de títulos da Liga Uberabense de Futebol em todas as categorias, teve destaque para a série do pentacampeonato amador em que ganhou todos os títulos de 1946 a 1951. 

Ao todo faturou 10 títulos: 1946/47/48/49/50/51/57/58/69 e 75; Campeão do Torneio de Emancipação do Triângulo de Futebol, em 1990; Campeão da Taça Uberaba de Futebol Amador (1994). 




PROFISSIONALISMO 

A década de 70 foi o grande período do Azulão no futebol profissional. Dirigido por empresários, o clube não quis ficar atrás dos seus dois grandes rivais e investiu na contratação de bons jogadores que, somados às revelações de suas divisões de base, o levaram a boas campanhas. 

A principal delas aconteceu no título do Campeonato Mineiro da 2ª Divisão (atual “Módulo II”) de 1967 que lhe garantiu o direito de disputar a Elite do Futebol Mineiro com os melhores times do estado. Participou das edições do Campeonato Mineiro da 1ª Divisão em 1968 e 1969 (9º colocado, dentre 16 equipes); 

Em 1968, o ano não foi dos melhores e teve um momento decepcionante: a derrota de 10 a 0 para o Cruzeiro, no Mineirão. Em 1969, a campanha foi razoável e o time terminou o campeonato na 9ª colocação, uma à frente do rival Uberaba.



DESPEDIDA 

Após o campeonato de 1969, o Independente viveu dois momentos marcantes: vendeu o zagueiro Normandes para o Atlético Mineiro por um bom dinheiro e teve que abandonar o futebol profissional devido a uma grande crise financeira.


Foto: Fanpage/Independente Atlético Clube.


Não conseguiu se reerguer novamente no profissionalismo. Em 1972, por ocasião da inauguração do Uberabão, montou um time com ex-jogadores para enfrentar o Fluminense de Araguari, no novo estádio, e nunca mais voltou a jogar uma partida oficial. 

PATRIMÔNIO 

Mesmo tendo um rico patrimônio em local valorizado no bairro Estados Unidos, o Estádio Antônio Dal-Secchi, o Independente, é hoje pobre futebolisticamente. Atravessa fase ruim até mesmo no Campeonato Amador da LUF. Depois de cair para última divisão, o “Azulão” luta para voltar a estar pelo menos entre os grandes clubes da cidade. 


Fonte: Jornal da Manhã, Lavoura e Comercio, Blog https://historiadofutebol.com.


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Independente Atlético Clube.


O Independente Atlético Clube nasceu em Uberaba em 23/03/1938, fruto de um desentendimento entre diretores do Uberaba Sport Club. Liderados por Sebastião Bráz (avô de Fernando Vanucci) fundaram um clube que foi a grande força do futebol amador de Uberaba nas décadas de 40 e 50. O primeiro presidente foi o tabelião Mário de Moraes e Castro (avô do jornalista Mário Prata).

Independente 2x1 Uberaba – Estádio Antonio Dal Secchi – 04/06/1953 – Aparecem Tino (goleiro do USC), Sodré (USC), Rodrigo (Ind) e Vadinho (USC). Foto cedida pelo Arquivo Público de Uberaba.


A intensa rivalidade fez com que o Independente e o Nacional seguissem o rival famoso, o Uberaba Sport, pelo profissionalismo. O clube teve como diretor Sherloc Braz, filho de Sebastião Bráz e pai de Fernando Vanucci, e revelou para o Brasil o zagueiro Normandes (ex-Atlético e Cruzeiro).

O primeiro jogo:

A estréia do clube aconteceu justamente em um jogo contra o Uberaba. Para essa partida o Independente trouxe dois dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, Feitiço e Waldemar de Brito (aquele que descobriu Pelé para o futebol), além dos irmãos francanos Luiz e Zeca Lopes (titular da seleção brasileira de 38).

A chegada desses reforços na estação da Companhia Mojiana de Estradas de Ferro foi bastante badalada, marcada por um desfile de carros, banda de música, fogos e rojões. Em campo, no dia do jogo, o Independente, comandado por um jovem que viria a dirigir o time por várias décadas, João Rosa, o “Cabeção”, venceu o duelo por 2x1.

O time dos estudantes:

A fama de “time de estudantes” é justificada pelo sem número de atletas que, vindo estudar em Uberaba, encontraram no Independente a “sua casa”.

Normandes, por exemplo, que marcou época no Galo Mineiro, hoje um respeitado odontólogo, creditou ao ambiente do Independente a escolha de sua profissão. “Uberaba sempre foi uma cidade universitária e fui jogar no Independente, time em que 90% dos jogadores estudavam em alguma faculdade. Fui incentivado pelos companheiros a estudar e escolhi fazer odontologia”, confessou o clássico zagueiro, que fez parte da equipe que conquistou o principal título do clube, o Campeonato Mineiro da Segunda Divisão, em 1967.

A participação nos campeonatos mineiros de 1968 e 1969:

Em 1968, na sua primeira participação na principal divisão mineira, o Independente sofreu uma goleada histórica para o Cruzeiro, no Mineirão. Em uma partida fantástica de Tostão, que fez 4 gols, o time de Belo Horizonte venceu por nada menos que 10x0. Por muito tempo essa foi a maior goleada da história do Mineirão, só superada 12 anos depois quando o mesmo Cruzeiro venceu o Flamengo de Varginha por 11x0. Naquele campeonato o Independente venceu apenas três jogos e terminou em último lugar. No ano seguinte um honroso 9° lugar, entre 16 participantes foi o canto do cisne do "Tremendão" na principal divisão mineira. Em 1970. mesmo convidado a participar do campeonato não conseguiu superar a grave crise financeira e iniciou seu declínio.


Antônio Dal Secchi:


Dal Secchi foi, sem dúvida, o mais famoso presidente do clube. Contam os torcedores que ele, certa vez, perguntado do que mais gostava na vida, saiu-se com essa:


- Do Independente e da minha
família.

- E Deus? - Perguntou o
interlocutor.

- Se Ele torcer pro Independente, gosto
Dele também…

No final de 2005, o estádio que leva o nome do saudoso presidente recebeu sistema de iluminação, em programa do governo do estado (Campos de Luz). (Postado por Ruy Trida/http://futeboluberaba.blogspot.com/2008/04/independente-atltico-clube.html)





quarta-feira, 3 de junho de 2020

UBERABA SOB OLHAR CARIOCA

COMO disse ontem no Tapete Voador, o pesquisador André Borges Lopes está se aventurando, com resultados excelentes, pelas histórias do cinema em Uberaba. Já encontrou documentos raros, desde 1907, ano mais remoto a que chegou. Enquanto vasculha os primórdios, não dá trégua ao tempo presente. Entre lá e cá, entre preciosidades de todos os tipos, uma delas, que não se limita ao cinema, merece nosso desfrute. Trata-se de reportagem feita pela revista Cinelândia, do Rio de Janeiro, na edição de 29 de maio de 1949, assinada por certo Pedro Lima. De sabor inigualável, a matéria, de nome Snapshot de Uberaba, nos eleva ao patamar top do país. O texto é também uma crônica da cidade daquela época e vem completo somente na edição online.

A pandemia nos permite retroagir ao passado, em larga escala.

• “Uberaba é uma cidade de Minas Gerais, conhecida no mundo, tanto quanto o Rio de Janeiro ou São Paulo. Possui uma população de cerca de 70 mil almas, sem contar os zebus. A religião predominante é o ‘zebuísta’, dividida em quatro cismas: a Nelore, a Gir a Guzerá e a Indubrasil.
Não se fala outra língua que não a do ‘plantel de animais’. Possui um clima ameno e é uma terra de mulheres belas, de porte esbelto e de sorriso mais bonito que os lábios deixam ver através de dentes alvos e uniformes.”

• “São quatro os cinemas de Uberaba. Dois deles, o Metrópole e o Vera Cruz, estariam melhor na Cinelândia carioca. São casas amplas, bonitas e as preferidas de todos do lugar e forasteiros. Pertencem à Empresa São Luís, que, apenas do nome, não tem nada com o trust que domina a maioria dos cinemas do país.”

• “O cinema Metrópole talvez seja o único do Brasil que oferece matinées dançantes aos domingos e feriados. As moças chegam uma hora mais cedo e, antes do início da sessão, uma orquestra na sala de espera embala os pares ao som das músicas mais modernas. De quando em vez, um cantor faz ouvir sua voz ao microfone e, por tudo isso, muita gente desejaria que as exibições começassem atrasadas...”

• “Outro costume interessante: todas as moças nas sessões em que não se dança entram com a revista O Cruzeiro na mão; é chic, na sala de espera, folhear a revista, até que a sineta marque que a sessão vai principiar. Depois do programa, que consta de uma única função, meia hora de footing na calçada do cinema, onde, no mesmo prédio, funciona o Grande Hotel, e a cidade volta ao sossego, exceto para os grupinhos que fazem roda separadamente, não para falar da vida alheia e de política, mas do zebu.”

• “Vendo-se as moças de Uberaba, conhecendo-se as fazendas, pelas suas belezas naturais e pelos ricos plantéis de gado, fica-se admirado porque nossos produtores ainda não se lembraram de fazer filmes com um material tão nosso e tão rico, ao invés de fitinhas com cheiro de suor, sambinhas e sambistas, piadas de Otelo e de Oscarito, para só se falar no que temos de melhor.”

• “Vimos alguns filmes projetados nas telas dos grandes cinemas locais. Os da Warner, então, estão em péssimo estado. Faltam cenas, estão arranhados, deixam muito a desejar. Vimos, lá, Os Últimos Dias de Pompéia, da RKO Rádio. Parece um filme salvo do terremoto de Pompeia, depois do Vesúvio.”

• “E o que falar, então, dos shorts nacionais. Até pura propaganda é exibida dentro da obrigatoriedade. Alguns filmezinhos ‘novos’ apresentam o presidente Getúlio sob o regime Dipearo (relativo ao DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Vargas).”

• “Uberaba, afinal de contas, é uma cidade que não pertence a Minas, porque é um dos orgulhos da pecuária nacional que atrai os estrangeiros para o Brasil, com seus plantéis de zebu que fizeram cair o queixo dos ganadeiros e do ministro da Venezuela.”


Jorge Alberto Nabut
Escritor e colunista/Uma primeira versão desse texto foi publicada no da Jornal da Manhã em 03/06/2020)


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Cidade de Uberaba

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A OUSADIA DE MARCELO ZAIDAN E AS FEIRAS INDUSTRIAIS.

Luzes. Câmeras. Ação. Ressoam os clarins. Abrem-se as cortinas do grande show. Vai começar a ExpoCigra - FIEMG 2017.

A cena ocorre nos recintos do Parque Fernando Costa em 18 de outubro de 2017, 5ª edição da Feira de Indústrias de iniciativa e responsabilidade do CIGRA (Centro de Indústrias do Vale do Rio Grande).

No palco, o presidente Gleison Enrique Borges faz seu pronunciamento de boas-vindas, acompanhado de autoridades e parceiros.

Na plateia, centenas de expositores, empresários e convidados especiais testemunham o registro de que a ExpoCigra-FIEMG está definitivamente integrada no calendário de turismo e negócios de Uberaba e região.

Em parceria com a Fundação Cultural de Uberaba e com o Teatro SESI, diversas apresentações artísticas foram realizadas durante o período da feira. Diamante, Orquestra de Viola Caipira (SESI), Júlio César e Cassiano, Charles Júnior, João Neto e Peixinho, Dri Ribeiro e Cássio Facury e Leon subiram ao palco para valorizar nossa cultura.

Palestras e desfiles realizados pelas entidades, SEBRAE, SINDCAU (Sindicato da Indústria de Calçados de Uberaba), Sindivestu (Sindicato das Indústrias do Vestuário de Uberaba) – contribuíram para o enriquecimento desse grande evento. O destaque ficou para a Cozinha Gourmet, com o chef Felipe Bronze, que arrastou multidões para conhecer seu trabalho e seu tempero.

Milhares de visitantes prestigiaram mais de 100 estandes esparramados pelo grande salão, onde milhões em negócios foram transacionados em encontros paralelos.

Um sucesso que a diretoria e a administração do CIGRA já previam, lastreada na tradição das últimas exposições, contando com o apoio da SOLIS na organização e divulgação e dos tradicionais parceiros como a FIEMG, SEBRAE, Prefeitura Municipal e outros.

Buscando a origem desse sucesso, voltamos a setembro de 2013, quando tudo começou, no qual Marcelo Zaidan, então presidente do CIGRA, num gesto de ousadia, realizou, com sua diretoria, a primeira ExpoCigra nas dependências do Shopping Uberaba.

Ele contou com o apoio do parceiro primeiro, FIEMG, buscou recursos junto à PETROBRÁS, CODEMIG, SEBRAE e Prefeitura Municipal de Uberaba. Abriu espaços para cursos ministrados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais.

O evento, que contou com cerca de 80 estandes, ficou marcado com a entrega do primeiro “Troféu Tião Silva”, para o empresário Salem Ibrahim El Messih.

Marcelo Zaidan - Foto/Reprodução.

O sucesso de público foi tão grande que nos dois anos seguintes, 2014 e 2015, já na gestão de Nagib Facury, a ExpoCigra-FIEMG foi realizada no Parque Fernando Costa, de onde não saiu mais.

Incrementaram-se as atrações com oficinas e desfiles de moda, Seminário de Crédito Rural, palestra de Amyr Klink, atingindo um público estimado em 30 mil visitantes com 81 expositores de 265 empresas participantes.

Na sua 4ª edição, ocorrida em 2016, o comando foi de Helbert Ferreira Higino de Cuba. O número de expositores cresceu para 86 com um público equivalente ao de 2015. Foi uma grande oportunidade, no qual ocorreram 65 eventos simultâneos, gerando mais de 100 milhões de novos negócios.

Marcelo Zaidan atribui o estímulo para criação do evento ao empresário Tião Silva que, em março de 1988, criou a ASSIDUA (Associação das Indústrias de Uberaba) e, em outubro do mesmo ano, inaugurou a Feira de Indústrias de Uberaba, nas dependências do UTC (Uberaba Tênis Clube), contando com a presença do governador Newton Cardoso na abertura da Feira e do presidente da FIEMG, José Alencar Gomes da Silva, no encerramento ocorrido no dia 08.

No dia 26 também de outubro de 1988, baseado no sucesso da feira, Tião Silva criou o CIGRA, que envolvia 22 municípios da região do Rio Grande. Foi presidente até a data de 25 de maio de 1994 quando então, passou a direção para Gilberto Rezende.

A ideia de valorizar a indústria local através de uma feira é bem mais antiga. Em 1934, na ACIRU (Associação Comercial, Industrial e Rural de Uberaba), na gestão de Adolpho Soares Pinheiro, cogitou-se “a realização de uma exposição regional onde pudessem ser exibidos os progressos do comércio, da indústria e lavoura. Ela seria denominada de Feira Agropecuária e Industrial do Triângulo Mineiro”.

A primeira exposição das indústrias de Uberaba de que participamos foi realizada em 1967 pela ACIU (Associação Comercial e Industrial de Uberaba), na gestão de Edson Simonetti (1966/1967). O evento aconteceu no Parque Fernando Costa, com os estandes montados nas baias não utilizadas para o gado.

De nossa parte, enviamos pela indústria alimentícia Oriente uma máquina de embrulhar balas. Uma japonesa vestida a caráter ficou responsável por distribuir os produtos ao público. Formavam-se filas intermináveis de pessoas interessadas em receber sua quota de doce.

Na gestão de José Vitor Aragão como presidente da ACIU (1984/1985), uma nova exposição industrial foi realizada no recinto da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), junto à FENATECA (Feira Nacional de Desenvolvimento Agrícola). Ela foi inaugurada em 08 de maio de 1984 com a presença do governador Tancredo Neves e abrilhantada com o show de Ney Matogrosso.

Desta vez, levamos da PLASTIMINAS uma extrusora de processamento de polietileno para dentro do evento. Dessa forma, os visitantes puderam ver in loco como se fabricam sacos plásticos.

Na gestão de Flamarion Batista Leite na ACIU (1992/1993), uma nova feira foi realizada durante a exposição da ABCZ. Ela ficou em evidência bem na entrada no Parque.
Na gestão seguinte, presidida por Carlos Eduardo Colombo Rodrigues da Cunha (1994/1995), a Feira de Indústria da ACIU passou a ser realizada no fundo do Parque, hoje estacionamento de veículos do Centro de Eventos “Rômulo Kardec de Camargos”.

Essa feira cresceu o suficiente nas gestões dos presidentes da ACIU Antonio Carlos Guillaumon (1996), Sérgio Bóscolo (1996/1998) e Samir Cecílio (1998/2000) para se transformar num centro comercial, um verdadeiro Shopping a céu aberto, dado o volume de participantes e a liberdade para comercialização de produtos no varejo.

Com a construção do salão de festas da ABCZ ficou inviabilizada a continuidade da Feira de Indústria promovida pela ACIU nos moldes existentes. Somente em 2006, em nossa gestão, uma nova feira foi realizada, em um novo local, com apenas 35 estandes.

A decisão da ABCZ de encerrar as grandes festas que animavam as exposições de gado no mês de maio encerrou também as possibilidades de novas Feiras neste período.

Por isso, pode-se registrar como um gesto de grande coragem a determinação do CIGRA de realizar suas feiras industriais, em épocas bem distantes dos festejos de maio.

Uma decisão que se transformou num resgate histórico de nossas feiras, marcando para sempre na história de nossa comunidade a grande contribuição que o CIGRA vem dando ao longo dos anos para o desenvolvimento de Uberaba.

Gilberto de Andrade Rezende – Ex-presidente E Conselheiro da ACIU e do CIGRA – Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

Fontes – ACIU, CIGRA, Jornal da Manhã e Marcelo Zaidan.






Cidade de Uberaba



sexta-feira, 19 de julho de 2019

VIVER 100 ANOS!

Oi, turma!

(Conheço uma cidade cheia de interrogações: Fiscalização? Cumpra-se. ISSQN?- Sonega-se. Lei de Zoneamento? Burla-se. Honestidade? É manga de colete. Decência ? Ora bolas...)


Mário Salvador, “imortal” da Academia de Letras Triângulo Mineiro, humor acima do normal, Presidente de entidades de classe , clubes de serviços, figura maiúscula da sociedade uberabense, semanalmente, brinda os leitores do ‘’Jornal da Manhã”, com crônicas deliciosas. A de 16 de julho passado, antológica ! Com a sua devida permissão, vou transcrevê-la:

“Há alguns dias, uma matéria na TV, apresentou um homem com 106 anos de idade, mas com aparência de 60. Lúcido, plena forma física, falou sobre sua vida e contou fatos marcantes , com enorme sorriso. Fiquei pensando: será que chego até lá ? Tenho em casa o Álbum de Uberaba, de 1956, junto de minuciosa pesquisa de Gabriel Toti, para as comemorações do Centenário de Uberaba. Dentre outros assuntos, o álbum trás fotos antigas desta cidade, a história de criação de várias entidades e apresenta a história de Uberaba, de suas origens até tornar-se cidade, em 2 de maio de 1856, além de mostrar todo o progresso que elevou a cidade a um novo patamar. E a intensa publicidade que possibilitou a edição do álbum, nos remete a casas comerciais da época do Centenário. O Prefeito era Artur de Melo Teixeira. Gabriel Toti, enumera todos os Prefeitos que ocuparam esse mesmo cargo até o Centenário.

Um fato curioso nas comemorações dos 100 anos da cidade. A praça Rui Barbosa, apinhada de cidadãos , aguardava o discurso solene do Prefeito; armou um temporal. Então, o locutor avisou:- “ A solenidade fica adiada para amanhã, às 8 horas da manhã”. A transferência visava proteger a população da borrasca, que ,de fato, aconteceu. Na manhã seguinte, o Prefeito leu o discurso da véspera:- “Nesta noite memorável...” Volto ao assunto do inicio, se chegarei aos cento e poucos anos. Pelas minhas contas , já cheguei ! Copiando um conhecido programa de TV, “peço ajuda aos universitários” nas contas que provam meu raciocínio. Vamos aos fatos:

Conforme meu registro de nascimento, nasci em janeiro de 1935. Isso quer dizer que, em 1956, no Primeiro Centenário de Uberaba, eu tinha 21 anos. Como no próximo ano, 2020, Uberaba comemorará o seu Segundo Centenário, com grandes festividades, creio que me é lícito, acrescentar aos meus 21 anos do Primeiro Centenário mais 100 anos, o que significa que terei 121 anos de idade, em 2020. Será que estou fazendo alguma conta errada ? Calma ! Só na cidade Uberaba, eu e os meus conterrâneos, podemos viver esta experiência tão aprazível, quanto “sui generis”. E olha que, para 121 anos, eu estou muito bem conservado”...

P.S.- “Especial Tio Mário, inesquecível dos tempos de TV-Uberaba; muito obrigado pela crônica. Pena ferina e verdadeira. Nascí no mesmo ano. Em 24 de outubro. Desfilamos no 1º. Centenário de Uberaba; fizemos, juntos, o Tiro de Guerra. Nossas vidas se cruzaram e a sólida amizade, perdura. Quem sabe, poderemos “marchar juntos” no” bi-centenário” que estão apregoando pelai, na “maravilhosa” idade 121 “primaveras “...Será o máximo ! Fantástico!

Para aqueles (i)responsáveis pela “mudança” e alteraram o “registro de nascimento” da CIDADE de Uberaba, tão (in)oportuna , Tio Mário e eu, possam chegar aos 121 anos, com a mesma disposição daqueles que fizeram esse” rombo” ( ou roubo?)na rica e majestosa história da nossa amada Uberaba. Abraço do conterrâneo “Marquez do Cassú”.


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quarta-feira, 17 de abril de 2019

Amigo Padre Prata

A vontade de todos era que Padre Prata, tão estimado, permanecesse entre nós. Porém, apesar de ser um imortal da Academia, isso não aconteceu. E, para sempre, ele foi colher os frutos de sua abençoada e proveitosa existência. Quem teve o prazer de desfrutar do convívio com Padre Prata tem muita história para contar. E tenho a felicidade de ser um desses privilegiados. 

Tive a satisfação de manter cordial contato com Padre Prata quando estive na Direção do Jornal da Manhã, de 1972 a 1984. Ele era colunista do Correio Católico e se rendeu ao nosso apelo de continuar colaborando, semanalmente, com suas crônicas geniais no novo jornal.

Com o Jornal da Manhã já em nova sede, Edson Prata me convidou a integrar a Academia de Letras do Triângulo Mineiro e providenciou o documento de minha nomeação assinado por vinte e um acadêmicos, dentre eles, Padre Prata.

Na Academia, minha amizade com Padre Prata se intensificou. Ele e os demais fundadores compareciam a todas as reuniões mensais e isso o deixava animado. Quando estive à frente da Academia, a meu pedido ele me orientava, agraciando-me com generosa atenção: “Precisando, estamos aqui.” E reiteradamente ele me entusiasmava: “Foi uma bela reunião!”.

Ao final de cada gestão minha, requisitei ao Padre Juvenal Arduini que me apontasse um sucessor. E só ao final do meu sexto mandato, ele mencionou Padre Prata como uma possibilidade. Fiquei feliz. Mas por pouco tempo. Tivemos que aguardar, pois Padre Prata estava numa pescaria e, ao retornar, garantiu que nunca pensou nisso. Uma pena. Teria sido formidável!

Foi a convite do nosso Presidente da Academia, o amigo João Eurípedes Sabino, que ele, Padre Prata e eu apreciamos a cidade num circuito de carro, numa prosa animada. Talvez fosse uma despedida, mas Sabino e eu não havíamos imaginado isso.

Depois de minha esposa Carmen e eu sermos atropelados por uma moto, nós nos recuperávamos em casa quando recebemos a visita do amigo Padre Prata - visita que ficou em nossa história: a conversa na sala de visita, o cafezinho e minha chamada para vermos o quintal. Ali, Padre Prata se transformou, revivendo o tempo de menino criado em fazenda, apaixonado pelo que encontrava: a jabuticabeira florida como noiva, pés de canela, camélia, hibisco, manga, urucum, pitanga, pau-brasil, abacaxis ornamentais, orquídeas, e os vasos – renda-portuguesa, alecrim, arruda, jasmim, lírio, azaleia, rosas, miosótis, violetas, picão, erva-cidreira, capim-cidreira, manjericão, hortelã... Ele sabia algo singular sobre cada planta. Era mesmo outra pessoa... Nós o ouvimos extasiados! Ele finalizou instruindo a este leigo cultivador: “Corte o pé de mamão; não dará mais frutos.” Depois desse dia, invariavelmente quando nos víamos, ele perguntava pelas plantinhas e prometia voltar para vê-las.

Sou grato também ao Padre Prata por ele ter feito as últimas orações junto à minha esposa, quando ela faleceu. E a morte de ambos me faz crer que Deus anuncia aos bons, com certa antecedência, quando deixarão esta vida. Ambos sabiam sua hora e estavam preparados. Hoje estão junto de Deus. 

São essas apenas algumas das tantas recordações que tenho do colega Padre Prata, amigo ilustre e imortal na memória de todos nós.

Mário Salvador
Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.


Cidade de Uberaba

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Acorda Uberaba!

E o imbróglio prossegue com o Colégio Dr. José Ferreira ocupando lugar de destaque entre as perdas que Uberaba tem experimentado. Se não o tirarmos dessa esteira, seu destino será sombrio. Quanto é triste ver o impávido colégio que formou a tantos, hoje na alça de mira de um canhão para ser abatido. Acorda Uberaba! 

Pelo que vi ao assistir à assembleia do dia 30/07/2018, no auditório Joubert de Carvalho, a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade, gestora da rede, tem só um objetivo: levar definitivamente as decisões locais para Brasília e tornar o colégio, mais um daqueles que foram fechados Brasil afora. O abraço dado ao “Zezão” por alunos, ex-alunos, professores, funcionários, pais, amigos e admiradores da escola no dia 01/08/2018, nos dá a noção de um povo indignado com tamanha brutalidade. O Colégio Dr. José Ferreira não pertence só a Uberaba! Ele é regional. 

Conclamo aqui: o Sr. Prefeito de Uberaba, o Presidente da Câmara Municipal e seus, Prefeitos e Vereadores de outras cidades, Entidades de classes, Sindicatos, Associações, Clubes de Serviços, Confrarias, Correntes Filosóficas, Seguimentos culturais e a Imprensa para cerrarem fileiras e assim possamos reverter essa situação imposta goela baixo ao histórico colégio Dr. José Ferreira. Uma vez liquidada como “Brasília” pretende, a escola fará falta a todos nós. O abalo sísmico de hoje já está sendo sentido na região. 

Uma mensagem especial aos senhores deputados estaduais e federais eleitos por Uberaba, além dos filhos desta terra que, alhures, ocupam ou não cargos em governos: empunhem essa bandeira façam valer o poder que têm. Mostrem a que vieram, justifiquem as posições que ocupam e externem o amor pela terra onde nasceram, ou para ela um dia se transferiram. O mundo cibernético é nosso! 

O Colégio Dr. José Ferreira não pode morrer como fizeram em Campo Grande/MS. Uma escola não merece ser tratada como coisa e seus alunos idem, sem ser representados por números ou códigos de barras. 

Uma audiência Pública na Câmara Municipal de Uberaba, ainda que não resolva sozinha a questão do CJF, será o foro competente para que os “políticos” do poder central, mesmo com seus ouvidos moucos, possam nos ouvir. Disse certa vez uma “raposa” da política mineira: “O político sabe o que significa a população nas ruas”. Ou não sabe? 

Em abril de 1952, de tanto pagar escorchantes tributos e não ser ouvido pelo Estado, o povo do Triângulo Mineiro agiu por conta própria. O córrego da Av. Leopoldino de Oliveira recebeu o resultado da reação popular. Desta vez, não sei até onde irá a paciência dos cenecistas. 

João Eurípedes Sabino-Uberaba/MG. 

Jornal da Manhã e Rádio Sete Colinas. 

domingo, 15 de janeiro de 2017

PRAÇA DA “GAMELEIRA”

Praça da "Gameleira"



Década: 1940


Foto: Autoria desconhecida

Em 1900, a árvore já era centenária e, em 1970, foi arrancada, abrindo uma enorme cratera, tapada com a construção de um palco e bancos em formato de arena, que ironicamente foi batizada de Praça da concha Acústica, que de acústica não tem nada, exceto quando havia eventos e o som eletrônico esgarçava os ouvidos dos moradores da redondeza.
Ao ter a foto em mãos, fiquei a observar os detalhes que a compõem; os transeuntes, as pessoas sob a sua sombra, os casarios e uma satisfação acompanhada de lamúria apoderaram-se de mim.
A satisfação pela preservação de fotos históricos no Arquivo Público, possibilitando estudos em disciplinas culturais a partir de fotos; história do design, história da arte, história da fotografia, sociologia. Esse estudo se chama iconografia, que é a leitura de imagens ou signos, com sentido significativo para determinadas culturas. A leitura crítica das imagens explora valores socioculturais e pode ser feita através da identificação, descrição, classificação e interpretação do tema das representações figurativas, e as fotos são elementos importantes nesse processo de recuperação e desvendamento dos aspectos de uma sociedade e de seus valores.
O JM tem nos brindado, aos domingos, com uma série de cartões fotográficos históricos de Uberaba, irrigando, assim, a cultura e possibilitando o seu uso em sala de aula, como design em camisetas e postais, colecionar, guardar. Várias fotos já foram publicadas e distribuídas nos encartes do Jornal. A iniciativa é ótima e os textos que historiam o objeto fotografado são de qualidade ímpar.
A parceria cultural entre o JM e o APU nos permite conhecer um pouco mais do processo histórico uberabense e desperta a todos para o valor cultural.
Depois, veio a lamúria, como havia dito anteriormente, porque a nossa cultura absorve vagarosamente os conceitos socioeconômicos e ambientais e, continuamos realizando o legado da destruição.
A inexistência da árvore da Gameleira traduz as estratégias de desenvolvimento urbano com a ausência de concepção de valores. Entretanto, as publicações dessas fotos têm sido manancial para a reflexão e um olhar para o futuro, permitindo-nos interrogar que tipo de sociedade e de relações estamos estruturando como legado.
Depois, passei pela tal Praça da Concha Acústica. Ela é de uma secura de mau gosto e de pouca praticidade. Quando não existiam locais de apresentações artísticas em Uberaba, talvez ali tenha sido um local útil, mas, definitivamente, não é um espaço agradável e racional para o entretenimento.
Tomara que um dia ela seja remodelada, como proposta reivindicativa da sociedade que clamou pelo verde em substituição ao concreto.

Texto: Professor Gilberto Caixeta

Publicado originalmente no Jornal da Manhã – 04/09/2008

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

JORNAL DA MANHÃ COM O CANTOR ROBERTO CARLOS E A ATRIZ MIRIAM RIOS

Roberto Carlos e a atriz Miriam Rios


Década de 1980


Jornal da Manhã com o cantor Roberto Carlos e a atriz Miriam Rios.



(Acervo pessoal do Jornal da Manhã)

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Chácara do Mirante

Chácara do Mirante


Dizem que é possível ver e ouvir escravos arrastarem suas correntes na Chácara do Mirante, erguida na segunda metade do século 19 – quando já não havia escravidão no Brasil – para a pioneira introdução do gado zebu na região.

Fotógrafo:Autoria:desconhecida

Fonte – Jornal da Manhã

Câmara Municipal de Uberaba

 Câmara Municipal de Uberaba

Há quem diga que, à noite, o fantasma de Major Eustáquio faz ronda pelos corredores da Câmara Municipal de Uberaba. Lendas compõem o imaginário popular acerca da edificação política mais importante da cidade. O primeiro prédio, um sobrado de pau-a-pique e barro, foi construído por Capitão Domingos Silva, em 1836. Abrigou sessões do júri, colégios eleitorais e a primeira cadeia. Em 1917, deu lugar à belíssima arquitetura, restaurada em 1972.
Fotógrafo:Autoria:desconhecida
Fonte – Jornal da Manhã