O que leva um homem a atravessar um oceano, embrenhar-se pelos sertões, vir dar em distante vila nos confins de um novo mundo, para acudir pobres e desvalidos? Difícil saber.
Mas foi exatamente o que fez João Batista Maberino, um italiano natural de Oneglia, Gênova, nascido em 4/11/1812. Mas antes de partir ele ingressa na ordem dos capuchinhos, isso em 1836 e, cinco anos depois, em 1943, aos 31 anos de idade, a mando do próprio Papa, assume importante encargo missionário.
Iniciou sua jornada pelo Rio de Janeiro, depois Cuiabá e mais tarde Pitangui (MG). E foi ali que ele recebeu a visita do Major Joaquim Alves Teixeira que, em nome da Câmara Municipal de Uberaba, o convidou para vir empreender obra caridosa nesse município.
De índole calma, paciente, educado e caridoso, vivia como pobre e das doações dos fiéis. De espírito empreendedor é considerado o maior benfeitor desse município, pois além dos cemitérios construiu o Hospital da Misericórdia (Hoje Santa Casa), os serviços de água, cisternas, fossas, promovendo assistência aos órfãos, índios e escravos.
Tão logo aqui chegou, em 12/8/1856, deu início as obras de construção do Cemitério São Miguel, considerado um dos mais amplos e modernos do interior do país e então situado onde estão hoje o conjunto de prédios do SENAI e da E.E. Minas Gerais.
Em relação ao Hospital da Misericórdia, segundo informação no site Uberaba em Fotos, "entre 1862 e 1863, por conta da epidemia de varíola no país, às pressas foi preparada uma ala do prédio em que a construção estava mais adiantada, para receber os doentes. Em 1865 as obras seguiam graças à colaboração de pessoas com maior poder aquisitivo. Neste ano uma ala do hospital abrigou as tropas do Corpo Expedicionário que aqui se aquartelaram a caminho de Mato Grosso para a Guerra do Paraguai durante 45 dias, cujos doentes de bexiga (varíola) ali se internaram. A estada das tropas no prédio inacabado foi desastrosa, estragos se viam por toda parte. Camas, cozinha, utensílios, nada restou."
Despojado, desapegado de riquezas e honrarias, preferia remendar seus trajes sacerdotais a onerar os donativos recebidos e destinados aos menos favorecidos.
Fotos: 1 e 2 – Cemitério São Miguel;3 –
Frei Eugênio; 4 e 5 – Praça F. E. (ontem e hoje).
Assim quando hoje passares pela Praça Frei Eugênio lembre-se desse grande benfeitor, preste-lhe uma reverência, pise com respeito no sagrado solo desse outrora campo santo e onde mais de 4.400 mortos foram sepultados.