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sexta-feira, 24 de maio de 2019

Elite Clube Uberaba

O lastimável estado de abandono dos nossos tradicionais clubes sociais, é de corar o frade de pedra ! A situação é constrangedora ! Comentei o atual estado do Clube Sírio Libanês e o Clube- centro. Mato grassando, animais peçonhentos, água parada clamando pelo mosquito da dengue, drogados em seu interior; outro, servindo de “igrejas evangélicas” , salões vazios, fantasmas vagando pelo outrora grande salão de festas, placas de “aluga-se”, mostram o aspecto decrépito dessas duas sempre lembradas áreas de lazer e entretenimento.

A tradicional “família jockeana”, virou as costas para a sua “segunda casa”. Abandonou quem lhe deu eterna guarida. Sons, clarins e grandes festas, faleceram ao sabor do tempo. Pena ... O “Sirio”, orgulho de uma grande colônia, é, hoje, “ um filho sem pai e mãe”, como se tivesse cometido um crime inafiançável ! Foram em vão os sacrificios daqueles abnegados “ patrícios” que tanto lutaram para construir tão majestoso patrimônio ?Sei lá...

Hoje, com o coração sangrando, comento o fim do mais respeitado clube afrodescendente de Uberaba e um dos mais conceituados do Brasil: O Elite ! A negritude sadia de Uberaba, desde a década de 40 do século passado, dos cordões carnavalescos que animavam o nosso carnaval, do “Sindicato” da praça Santa Teresinha, ao “Grêmio Recreativo”, da rua Capitão Manoel Prata, “Submarino”, Olívio Nascimento, Osvaldo Leal, Geraldo “Miquete”, Jairo e Yone Santana, entre outros que a minha frágil memória, não divisa, já alegravam as ruas da terrinha, mostrando a arte, o gingado, a dança que fervilha no coração dos brasileiros.

Com esforço e sacrifício, juntaram ao mestre de obras, Oliveiro J. da Silva e ao mecânico, Elpenor Marquez (“Lico”)e o “Elite Clube”, ganhou sede e organização jurídica, à rua Tristão de Castro. A “ raça” se fortaleceu. Grandes festas eram realizadas. Bailes que marcaram época ! Eleição da “Miss de Cor” e “Bonequinha do Café”, ganharam manchetes nos jornais!

Ingentes esforços, sem verbas públicas, terreno doado atrás do Terminal Rodoviário e para alegria geral, o “Elite Clube”, inaugurava sua sonhada sede. Salão de festas, piscina, quadras de vôlei e basquete, peteca, sonho dourado dos associados. De repente, chega um tal de CENEG (Centro de Valorização da Raça Negra)e com ele, o deputado federal Nárcio Rodrigues, depois Secretário de Estado e preso, por falcatruas com o dinheiro público, até recentemente.

Convencendo os negros que o CENEG os levaria â redenção, o Elite deixou de existir e que viria muito dinheiro público à nova instituição. O projeto fez água. Não vingou. Contas fantasmas , apareceram. “Neguinhos ”compraram carros importados e desfilavam pela terrinha e outras diligências de praxe, foram aviadas. Mascaram-se os rombos ( ou roubos?) efetuados. Hoje, ninguém mais fala no CENEG. Uma fruta podre, contaminou toda a caixa.

Está difícil retornar o sonho de volta do Elite Clube. O sentimento de perda foi muito grande. Aquele criminoso, horrível, nefasto, abominável e despropositado preconceito racista que , felizmente, está no fim, manchou o desejo que o afrodescendente de brio e talento, mostra na sua capacidade de trabalho. Um projeto maravilhoso que não se concretizou pela política desonesta, safada, de um ex-deputado e seus asseclas uberabenses. Uma pena!

Luiz Gonzaga de Oliveira


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Cidade de Uberaba

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

VOCÊ NUNCA DEVE UNIR O INÚTIL AO DESAGRADÁVEL…

Lembro mais uma do Zote, figura maiúscula do folclore dessa Uberaba quase bicentenária. Não é segredo a amizade que sempre uniu Zote à família de Osório Adriano, tradicional na cidade. O “velho” Osório dedicava carinho especial ao jovem Zote. Amizade que extrapolou à figura do patriarca e chegou aos filhos Garibaldi e Jairo. Os outros, doutores Wilton e Osório Filho, saíram jovens de Uberaba e o convívio com Zote foi menor. Com Garibaldi e Jairo, amizade de irmãos. Relação que se estendeu com os netos do “seo” Osório, filhos de dona Olésia e Mário de Almeida Franco, especialmente com o advogado, fazendeiro e empresário Mário Fernando Adriano Franco, também figura de relevo na maçonaria uberabense. Mário Fernando, tinha um carinho especial pelo Zote, ao ponto de encontrarem-se quase diáriamente e, quando isso não acontecia por qualquer motivo, um telefonema entre eles, era inevitável.
Zote adoeceu.Um principio de infarto preocupou os amigos. Exames teriam que ser realizados em São Paulo, no Instituto do Coração , aos cuidados do saudoso Adib Jatene. “Medorréia” no mais alto grau, impôs à família, uma condição:
“Bem, eu vou. Mas o dr. Marinho ( como ele chamava Mário Fernando ), vai comigo. Se não… No avião da família Franco, Zote foi para S.Paulo. Logo nos primeiros exames, a constatação: uma coronária bloqueada, a outra semi bloqueada e uma solução: cirurgia. Zote, suava em bicas e resmungava o tempo todo. Nervoso, seu estado inspirava cuidados. Lá pelas tantas da madrugada, Zote acordou o amigo Mário Fernando, quase suplicando, pediu:
-“Dr. Marinho, vamos fugir daqui?”
A reação inicial de Mário Fernando foi dizer não! Aí veio nele a “dor de consciência”. “E se eu disser não e acontecer algo pior… vou sentir remorso pelo resto a vida “, pensou rapidinho.
-“Vamos sim, Zote. É prá já. . Arruma a mala que estou arrumando a minha”.
Zote, mais que depressa, começou a jogar tudo dentro da mala. Pijama, camisas, calças, cuecas, meias, cuecão de doente, escova de dente e tudo mais que tinha direito.
Mário Fernando, amigo e confidente, companheiro inseparável de Zote, arrependeu-se da atitude que estava tomando e pensou em segundos:
-“E se o Zote morrer no caminho? Serei culpado e não me perdoarei pelo resto da vida…”A dúvida assomou-se à cabeça do amigo. Segundo seu relato, teve uma ideia luminosa: jogou as malas no corredor do hospital. Porta do quarto fechada, “combinavam” a melhor maneira de deixar aquela casa, sem ser notados. Eis que a porta se abre e um brutamontes, segurança do hospital, acompanhado da enfermeira-chefe, postaram-se à porta e lascaram a célebre frase:
-“Onde o senhor pensa que vai, “seo” José Formiga?”
Na manhã seguinte , Zote estava operado, cirurgia que correu maravilhosamente bem nas mãos do competente Adib Jatene e, à cabeceira da cama, o amigo de todas as horas, Mário Fernando Adriano Franco. Feliz início de semana e o meu abraço “Marquez do Cassú”…