( Jornalista tem que ter independência intelectual; caso contrário, vira vendedor de super-mercado...)
Veterano na profissão , mais de 65 anos de atividade ininterrupta, creio poder alertar aos colegas que estão “ na estrada” e aqueles que se iniciam no difícil e espinhoso caminho do jornalismo. Pululam as escolas de comunicação social em quase todas as cidades brasileiras . Verdade, o jornalismo apaixona ! Em qualquer área . Desde os que falam das flores, da noite, da comida, bebida. Mulheres, alferes, das artes, malazartes, do esporte, da policia,política, o campo é vasto, repasto, fulgurante, intrigante, alegre, doído, promissor ! Quem entra nessa seara, deve estar preparado para todos os percalços da profissão.
Sou do tempo em que as pautas não ficavam restritas à redação, né meu querido César Vanucci ? O bom repórter ia para as ruas, “à cata” da noticia, em cada esquina, praça, repartições públicas e domínios particulares. Como um bom “ perdigueiro”, nada escapava do faro de um solerte repórter... A atual fase em que toda noticia” se recebe’ pela “internet”, fez com que o jornalista se acomodasse em berço esplendido. Vem tudo à mão ...A noticia não é “ procurada”, esmiuçada; ela se lhe apresenta como “ garota de programa” ...
O texto das famosas e famigeradas “ assessorias de comunicação “, já vem redigidas e o redator que o recebe , não se dá ao luxo ( ou lixo ? ) de acrescentar ou mudar nem uma vírgula. Coloca tão somente o nome do “redator” responsável pela matéria e pronto ! É que, essas “ assessorias”. prudentemente, redigem os textos sempre apócrifos... Confesso- lhe , desconheço se os professores de Jornalismo, dão aos seus alunos, a exata dimensão do que é uma reportagem colhida na rua. O fato narrado pelo repórter, como “conseguiu” a noticia...
Conversar, especular, entrevistar os personagens, sentir o seu drama ou a sua incontida euforia, é o receituário de uma boa matéria .Ascultar a sua empolgação, o senso de justiça, seriedade e verdade daquilo que está escrevendo...O jornalista deve fugir da noticia “encomendada”. O seu papel, além de relevante, é sumamente importante. Ouvir os dois lados em foco, é o “manual de redação” de qualquer grande jornal. Confrontar a “ fonte oficial” e a realidade do fato noticiado. O bom jornalismo não se deixa levar pelas duvidosas “assessorias de imprensa ( ou comunicação)” que mostram apenas o que lhes interessa.
Os jornais, principalmente os do interior, perderam o “cheiro” das ruas, a voz do povo, o fascínio que é uma noticia verdadeira, concreta. Falta sensibilidade, coerência aos donos dos jornais, que obrigam ( sob pena de demissão )a noticiar apenas o que interessa ao dono , aliado ao seu “ grupo político “... Jornalismo é espelhar a vida. Seja de luzes ou sombras.
È pecado mortal, ficar refém das “assessorias de imprensa”e das noticias “ maquiadas “ .
Jornalista não pode cair ao “rés do chão”, empolgado ao que lhe apresenta geralmente o político. A liberdade de opinião e de informação, são sagradas e estão inseridas na Constituição. E triste ver, ler, ouvir aqueles “registros oficiais”. Eles ocultam a verdade ! Especialmente no caso de Uberaba , a decadência de costumes é de dar pena ! O bom jornalismo não pode se levar por paixão, dinheiro falsear a noticia. O jornalista é um transformador de costumes . A reportagem bem feita, a noticia dada com critério, isenta, sem ideologia, dignifica a profissão.
A boa e íntegra informação, é pedra angular da cidadania. Não existe “ marketing” que suplante a inexorável verdade. Assim procedo desde os meus 16 anos ...( sua bênção, Jorge Zaidan, meu eterno professor...) “ Marquez do Cassú”.