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sábado, 25 de março de 2023

ALERGIA

Uma das grandes injustiças cometida contra esse escriba por sua filha é o epíteto de pão duro que ela me agracia às vezes.

A expressão, reza a lenda, surgiu no Rio antigo, para alcunhar um pedinte que ao finalizar o seu lamurioso pedido ao incauto transeunte e depois de muita insistência, arrematava como argumento final: “- Senhor, pode ser qualquer coisa, até um Pão Duro”.

Descobriu-se depois que o pedinte era possuidor de inúmeros imóveis na cidade e que os alugava, auferindo assim uma renda substancial.

Esse enredo na realidade foi uma peça de Amaral Gurgel. Se baseada em fatos reais não saberemos nunca, mas ficou no imaginário popular como se verdade fosse.
Pois bem, depois desse intróito, passemos aos fatos:

Geralmente passávamos as férias de início de ano no Guarujá, onde havia uma abundância de apartamentos dos tios à disposição dos parentes interioranos.

Tínhamos o Ap. da Neide e do Tio Betinho, da Angela, do Tio Natal e, finalizando, o que mais ficávamos que era o Ap. do Tio Ariovaldo e tia Terezinha.

Gostávamos demais do Guarujá, pois praia “era a nossa praia” e combinado com o custo zero da estadia (não que isso importasse, é claro), formava-se o passeio perfeito.

Íamos e voltávamos de ônibus, pois a minha “Caravan 78” era uma beberrona de primeira, além de não ser nada confiável, depois de várias retíficas no motor e os pneus ressolados que vez ou outra insistiam em esvaziar do nada. Ah, o motorista, diga-se de passagem, era mais ou menos do nível da Caravan (que deus a tenha).

E como uma coisa puxa a outra, então tenho que relatar o amor que os meus filhos tinham pela Caravan:
Quando pré adolescentes, eles começaram a frequentar o Munchen, apelidado de “Bobódromo” e eu, ao leva-los e busca-los lá, deveria, segundo as regras deles, deixa-los um quarteirão antes, para que não fossem vistos descendo daquela beleza.

Nas duas primeiras vezes eu desliguei a Caravan para que eles descessem e quem disse que a beberrona pegava? Parece que ficava magoada e descontava pirraçando esse pobre choffeur!
Depois disso, por via das dúvidas, nunca mais desliguei a dita cuja.

Onde estávamos, mesmo? Na viagem de ônibus, que nos deixávamos na estação Tietê, pegávamos o metrô, descíamos no Jabaquara, outro ônibus para Santos, coletivo para a balsa, atravessávamos e por fim outro coletivo para a avenida Leomil, onde ficava o apartamento do Tchiarió (tio Ariovaldo).Na volta a mesma coisa.

Numa dessas férias, na volta, como estávamos um pouco atrasados, pegamos um taxi na balsa de Santos para nos levar até a rodoviária.

No caminho, a Marcella começou a ficar enjoada e trocando ideias com a Zânia, chegamos à conclusão que só poderia ser o camarão que ela havia comido antes, visto que eu tenho alergia muito acentuada por esse crustáceo.

Comentei com o motorista e ele com medo de que a criança vomitasse no carro dele, fez o trajeto de mais ou menos 30 minutos, em espantosos 15!!

Foi a sorte dele, pois assim que descemos do taxi, a Marcella vomitou com força.

A partir daí, demos por fato consumado que a Marcella teria a mesma alergia que eu e nunca mais ela comeu camarão, lagosta, ou qualquer fruto do mar.

Mas, como diz meu amigo Carijó - nunca é um tempo longo demais - deu-se que no seu primeiro casamento ela e o marido foram passar a lua de mel em Maceió.

O ex marido médico, era apaixonado por frutos do mar e no Resort que ficaram (all inclusive) servia-se camarões em todas a refeições. Meio que timidamente, resolveu ela que experimentaria um daqueles camarões gigantes que serviam a toda hora.

Afinal, sendo o marido médico, qualquer problema o socorro seria imediato.

Mas para surpresa geral (menos para mim, supõe ela até hoje) não houve reação alguma.

Neca de alergia, nada de beiço inchado, nada de espirros; nem mesmo uma mísera coceirinha no braço.
A partir daí, como diz o ditado “quem nunca comeu mel, quando come se lambuza”, foi uma farra só.
Omelete de camarão no café da manhã, camarão na moranga no almoço, Lagosta à Thermidor no jantar, ostras e espetinho de camarão na praia e por aí ia.

Chegando em Uberaba, fui recebê-los no aeroporto e ao abraçá-la, ela já me questionou naquele tom de voz vários decibéis acima do normal:

-Pai, cê me enganou esse tempo todo!!!! Não tenho alergia nenhuma por camarão. Cê não queria é comprar camarão porque é caro, aí inventou isso.

Não adiantou contra argumentar, até hoje ela jura de pé junto que assim foi.

Nem sabe ela - saberá agora - que aconteceu meio que parecido quando ela comeu filé mignon e também passou mal. Mas dessa vez não consegui convencer a Zânia que tinha sido a carne.


Marcelo Caparelli


História de Uberaba

quinta-feira, 16 de março de 2023

Rua Arthur Machado em meados dos anos 60.

Rua Arthur Machado em meados dos anos 60. A rua era viva porque havia vida no seu entorno. Tínhamos a Casa Pignatário, Center Discos, Casa das Meias, do Sr.Durval, as Coletorias Estadual e Federal, a Central Telefônica, a Pensão Ribeiro, Uberaba Hotel, Armazém Central (pegou fogo em 67), do Sr. Martinelli, Eletro Central, Bar Eldorado, Rei da Vitamina, Farmácia Alexandre Campos, Esquina do Barulho, Bar da Viúva, Salão do General, Casa da Sogra, Rei do Móveis, Hotel Modelo, Lojas de materiais de construção Casas do Babá e Ferreira Laterza, Foto Akira. Casa Gaúcha Chapelaria, Fábrica e padaria Esperia, Loja Grisi, El Toro, Marabá, Banca de Revistas do Wilmondes, Dental Lider, joalheria Gaia, sorveteira Linde, o Banco Mercantil de Minas Gerais, Cine Uberaba Palace, Bar Guarani, Posto Marzola, Bar Buraco da Onça, do Sr. Romeu, Bar JB, Bar Tip Top, do "Quinzinho", Barbearia do Sr. Artur Riccioppo, Bazar São João.

Rua Arthur Machado em meados dos anos 60. Foto: Autoria descnhecida.

Rua Arthur Machado -em meados dos anos 1960. Foto: Autoria desconhecida


Córrego das Lajes, atual Avenida Leopoldino de Oliveira. Foto: Autoria descnhecida.


Cartão postal da antiga Praça Rui Barbosa, na década de 1970.
Foto: Acervo Uberaba em Fotos.

De quebra, o córrego das Lajes todo iluminado e arborizado, o Grande Hotel, Galo de Ouro e cine Metrópole, em franca atividade. Sem falar no Hotel do Comércio, no Cine Teatro São Luíz. Padaria Brasil, Bar do Mosquito, Jóquei clube, Livraria Católica, A Caprichosa, Grutinha Santa Luzia, Enfim, a cidade baixa ainda pulsava, era uma área bastante movimentada, de comércio pujante, atraía naturalmente pessoas de todos os recantos. Hoje...

(Antônio Carlos Prata)


História de Uberaba

Foto aérea mostrando o bairro de São Benedito, feita em novembro de 1935.

No primeiro plano estão os prédios recém construídos do Liceu de Artes e Ofícios (posteriormente SENAI) que, nessa época, estavam ocupados pelo 4º Batalhão de Caçadores da Força Pública. Na parte de trás do terreno, ainda em obras, o Grupo Minas Gerais. Um pouco mais à direita, as elegantes instalações do Sanatorio do Dr. Carlos Smith, onde hoje funciona o Manhattan Center Shopping e seu edifício.

Foto aérea mostrando o bairro de São Benedito, feita em novembro de 1935.

(Clique na foto para ampliar e na tecla "Esc" para voltar ao normal)

Dois pontos chamam a atenção. A falta de calçamento nas ruas e a absoluta ausência de árvores nas calçadas, embora elas ainda existissem aos montes nos quintais das casas.

A foto foi feita pelo Correio Aéreo Nacional e, atualmente, está no acervo da Brasiliana Fotográfica.


História de Uberaba

CADÁVER NO TÁXI

INUSITADA VIAGEM

Bem que poderia ser uma história surreal, fantástica ou inusitada, mas essa aconteceu de fato e foi objeto de notícia no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, RJ, em sua edição do dia 31 de agosto de 1940.
Pelo teor da nota jornalística, o acontecimento teria ocorrido na véspera, num Sanatório de Belo Horizonte, MG, onde vitimada por um quadro grave de tuberculose pulmonar, a jovem uberabense Maria da Glória Alves teria morrido.

Imagens: 1 – Praça Rui Barbosa, década de 1940 (acervo APU – Arquivo Público de Uberaba)
e 2 – Foto da época, meramente ilustrativa (acervo Google)

Para que o seu corpo pudesse ser sepultado em sua terra natal, sua irmã contratou, por um conto e duzentos réis, um automóvel de praça para realizar essa inusitada viagem.
E isso só foi possível com o corpo, na posição sentada, devidamente enrolado em lençóis e acomodado no banco de trás do veículo.
A autoridade policial, ao tomar conhecimento infausto acontecimento e motivo da viagem, não registrou o fato no livro de ocorrências, apenas que o veículo fosse devidamente desinfetado quando de seu retorno à capital mineira.
Moacir Silveira


Fonte: Diário de Uberaba, vol. III (1926-1949), página 623, edição da Revista Dimensão (Fevereiro 2023):

História de Uberaba

segunda-feira, 21 de junho de 2021

HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA

Um velho e querido amigo que, usando sua prodigiosa memória, vivia contando a história de nossa terra, acaba de entrar para as páginas da história de Uberaba. Um valoroso companheiro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro que enriqueceu com sua vasta cultura, lacunas históricas de nosso cotidiano, usando apenas o seu grande talento, foi o último dos jornalistas da velha guarda.

Gonzaga - Divulgação.

Deixa como legado, não apenas o amor que tinha pela cidade, não apenas o exemplo de dedicação à sua terra, mas um acervo imenso construído através de seus livros, de suas manifestações na rádio 7 Colinas, nas colunas do jornal “A Cidade”, nas suas manifestações na TV Uberaba, e agora, principalmente, através de suas páginas na rede social.

Luiz Gonzaga de Oliveira foi, reconhecidamente, um dos grandes comunicadores que já passou por Uberaba, reverenciado por diversas gerações.

Foi um dos mais atuantes presidentes que já passou pela Fundação Cultural de Uberaba.
A sua partida consternou a todos seus amigos, familiares e admiradores. Dá a impressão, contudo, de que apenas partiu primeiro deixando imensos sentimentos e muitas saudades, mas com a certeza de que todos nós ainda vamos nos reunir na eternidade.

(Gilberto Rezende)

domingo, 3 de janeiro de 2021

A HISTÓRIA DE UBERABA DE HILDEBRANDO PONTES

INTRODUÇÃO

Desde pelo menos o início do século XX, Hildebrando Pontes (1879-1940) efetuou pesquisas sobre a História de Uberaba, acumulando, com o passar dos anos, informações, conhecimentos e documentos.

No Governo Municipal do engenheiro Guilherme Ferreira (outubro de 1930 a fevereiro de 1935) Hildebrando foi contratado para elaborar livro sobre o município com todos os dados históricos e estatísticos conhecidos e disponíveis. No apagar das luzes da referida administração municipal ou logo em seguida, Hildebrando entregou seu trabalho, então intitulado “O Município de Uberaba”.

Dado o desinteresse da sociedade e, em decorrência o dos políticos e administradores que a representam, e, ainda, a descontinuidade administrativa dos executivos municipais, a obra, em seus alentados cinco volumes manuscritos e encadernados, permaneceu inédita por décadas e só sabida e frequentada por um ou outro historiador (José Mendonça e Gabriel Toti, por exemplo), somente sobrevivendo pelos cuidados pessoais e especiais que lhe dedicou o escritor e secretário da Prefeitura, Lúcio Mendonça.

Por incrível possa parecer, atestando o alto grau de desinteresse e descaso pela História do município e pela obra de Hildebrando, nem mesmo por ocasião das ruidosas comemorações do centenário da elevação da vila (município) de Uberaba ao título honorífico de cidade, em 1956, foi lembrada e resgatada do olvido a que as administrações municipais a relegaram. Mesmo tendo a Prefeitura recebido do Governo Estadual de Juscelino Kubitschek, segundo consta, 5 milhões de cruzeiros (4 milhões para educação e/ou saúde e 1 milhão para a comemoração).


DESCOBERTA E PUBLICIDADE


Estava escrito que um dia, no futuro, essa omissão e descaso chegariam ao fim. E chegaram!

Em julho de 1968 começou a ser editado o “Suplemento Cultural do Correio Católico”, em formato tabloide e periodicidade variando entre quinzenal e mensal. Com certa carência de matérias publicáveis e nenhuma atinente à História local, a editoria do Suplemento, tomando conhecimento da existência da obra de Hildebrando, considerou que ela deveria conter informações sobre a literatura e o passado cultural da cidade. Não deu outra! Lá estava incrustado, em determinado de seus cinco grandes e volumosos volumes, capítulo intitulado “O Intelectualismo em Uberaba”, que, copiado à mão e posteriormente datilografado, foi reproduzido com destaque de primeira página no nº 20, de 12 de abril de 1969, do Suplemento, antecedido de nota introdutória e ilustrado com foto do autor.

FINALMENTE, EM LIVRO


A partir daí, a editoria do Suplemento e o advogado e escritor Edson Prata, à época secretário da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, decidiram tentar publicar a obra. Edson Prata entrou em contato com a direção do então operoso Instituto Nacional do Livro, solicitando-lhe fosse incluída em sua ativa programação editorial, que exigiu fosse obra de interesse geral e não apenas local, pelo que, dada sua abrangência, com larga introdução histórica sobre a formação brasileira, Edson Prata a reintitulou, muito apropriadamente, de “História de Uberaba e a Civilização no Brasil Central”.

Mesmo assim, não se logrou editá-la pelo mencionado Instituto, assoberbado por extensa lista e fila de inéditos aguardando publicação.

Em decorrência dessa impossibilidade, Edson Prata e a editoria do Suplemento voltaram suas vistas para a própria detentora dos direitos autorais da obra, a Prefeitura, cujo prefeito, engenheiro João Guido, prontificou-se a cobrir 50% (cinquenta por cento) dos custos, orçados em C$ 14.000,00.

Obtida essa participação, os originais foram em 1969 encaminhados à gráfica, estando concluída a impressão um ano depois, 1970, para lançamento no salão principal do Jóquei Clube de Uberaba, totalmente lotado.


Guido Bilharinho

José Mendonça: História de Uberaba

O advogado José Mendonça nasceu em Uberaba em 1904, aqui falecendo em 1968



O AUTOR 

José Mendonça nasceu em Uberaba em 1904, aqui falecendo em 1968. Estudou no então Grupo Escolar Brasil e no Colégio Marista Diocesano, formando-se em Direito no Rio de Janeiro, em 1926. Exerceu a profissão até 1930 na cidade do Prata, transferindo-se em seguida para Uberaba. Paralelamente ao exercício profissional, lecionou na Escola Normal e nas faculdades de Filosofia e de Direito.
Participou da fundação, integrou as diretorias e também presidiu a 14ª Subseção da OAB, o Rotary Clube de Uberaba e a Academia de Letras do Triângulo Mineiro.

José Mendonça discursando.
 Foto Arquivo Público de Uberaba



História de Uberaba

OBRAS



Além das obras inéditas que deixou − Soluções Econômicas e Sociais, Ação Declaratória e História das Américas − escreveu e publicou os livros Ação Nacional (1937), que suscitou o entusiasmo de Monteiro Lobato e de vários outros intelectuais brasileiros, 

A Prova Civil (1940), considerado um clássico no assunto, e, ainda, os ensaios históricos O Centenário do Município de Uberaba (1936), Santa Casa de Misericórdia de Uberaba (1949) e O Visconde de Taunay e o Triângulo Mineiro em 1865 (1964).




PESSOAS E INSTITUIÇÕES FOCALIZADAS

O livro abrange a maioria dos acontecimentos e instituições mais importantes da cidade.
Além disso, são ressaltadas em capítulos especiais as atuações do major Eustáquio (fundador da cidade), vigário Silva (seu primeiro vigário e primeiro historiador), frei Eugênio (missionário e gênio empreendedor, construtor do primeiro cemitério e do hospital da Santa Casa), des Genettes (fundador da imprensa), dom Eduardo (primeiro bispo), dr. José Ferreira (um dos maiores médicos do país e o visconde de Mauá do Brasil Central), Fidélis Reis (introdutor do ensino técnico profissional no país) e Quintiliano Jardim (notável jornalista), focalizando também, ao final do volume, mais de trinta outras figuras históricas na seção “Pequenas Notas Biográficas”, como as denominou.


Fidélis Reis, Quintiliano Jardim, José Mendonça e Valdemar Vieira.  
Foto Arquivo Público de Uberaba


Guido Bilharinho é advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017.




SUPLEMENTO CULTURAL DO CORREIO CATÓLICO

Em 1º de julho de 1968 foi publicado o primeiro dos quarenta números do “Suplemento Cultural do Correio Católico”, em forma de tabloide anexo ao jornal diário da Cúria Metropolitana da Igreja Católica da então diocese de Uberaba, jornal que anteriormente, ainda nessa década de 1960, mantivera excelente página cultural, criada e dirigida pelo jornalista César Vanucci, então redator do jornal.

A partir de sua fundação e no decorrer dos quatro anos seguintes, o Suplemento erigiu-se em espaço, o único em Uberaba e na região do Triângulo, para manifestação da intelectualidade uberabense, notadamente nas áreas de literatura (contos, poemas, crítica literária e artigos em geral), cinema (artigos, reportagens e noticiário), teatro (depoimentos de diretores teatrais) e permanente noticiário cultural geral.

Em torno do Suplemento reuniu-se e consolidou-se articulado grupo de intelectuais oriundos do Cine Clube de Uberaba que, sem ele, sem seu espaço de manifestação e, automaticamente, de incentivo e chamamento, não teriam se dedicado à criação e à produção artística, pelo menos na intensidade e modernidade manifestadas.

O grupo, com isso e a partir daí mais se estratificou, atingindo autonomia, que o encerramento quatro anos depois do Suplemento não o abalou nem afetou. Ao contrário, propiciou a criação de novo espaço cultural nas edições da revista “Convergência”, da ALTM, de seus números 2 a 7, de 1972 a 1976, daí se projetando e atuando, por seus poetas, por duas décadas nas páginas da revista de poesia “Dimensão” (1980-2000), culminando com edição, em 2003, da antologia-ensaio “A Poesia em Uberaba: Do Modernismo à Vanguarda”.

O Suplemento, porém, não se caracterizou e se destacou apenas pelo espaço cultural que estabeleceu e nem pela reunião, articulação, participação e produção daí em diante do referido grupo de intelectuais.

Além disso e da atualização do pensamento intelectual uberabense, o Suplemento propiciou, permitiu, incentivou e suscitou a descoberta e o interesse pela “História de Uberaba”, descortinando e enfatizando sua importância no que antes era somente cultivado e sabido por três ou quatro historiadores e desconhecido, ignorado e até desprezado pelos professores secundaristas de História, que, por sua vez, em sua própria formação, nunca tiveram orientação e informação nesse sentido e nem esse tema era objeto dos currículos escolares.

Essa contribuição se deu mediante a publicação e destaque propiciado ao capítulo “O Intelectualismo em Uberaba”, extraído diretamente dos originais manuscritos da notável “História de Uberaba”, de Hildebrando Pontes, guardados na Secretaria da Prefeitura, detentora dos direitos autorais desde 1934, sem que ninguém, no curso das décadas seguintes, tomasse a iniciativa de publicá-los. Nem mesmo, o que é surpreendente, por ocasião das entusiásticas comemorações, em 1956, do centenário de elevação da vila de Uberaba à categoria de cidade.

Contudo, essa publicação e sua repercussão chamaram a atenção para a referida obra e desencadearam interesse e tratativas entre a editoria do Suplemento, a ALTM, na pessoa de Edson Prata, e o então prefeito João Guido para proceder sua edição após 36 (trinta e seis anos) esquecida e relegada aos escaninhos da Prefeitura.

Por sua vez, numa reação em cadeia, a publicação do livro em 1970 provocou série de outras iniciativas na área dos estudos históricos e criação de órgãos públicos municipais de natureza cultural, a exemplo da Fundação Cultural e do Arquivo Público de Uberaba.

Percebe-se, pois, que sem a existência do Suplemento – cuja coleção completa consta do blog bibliografiasobreuberaba.blogspot. - o desenvolvimento cultural e artístico uberabense desde sua implementação em 1968 seria diferente e, certamente, menos produtivo e qualificado.


Guido Bilharinho - Advogado em Uberaba e autor de livros de literatura, cinema, fotografia, estudos brasileiros, História do Brasil e regional editados em papel e, desde setembro/2017, um livro por mês no bloghttps://guidobilharinho.blogspot.com.br/


sábado, 16 de março de 2019

HISTÓRIA DE UBERABA

OS CIENTISTAS – I

ALUÍZIO PRATA.

Os pesquisadores são os heróis anônimos do ramo de saúde. São os epidemiologistas, sanitaristas, parasitologistas, imunologistas, biólogos, geneticistas, bioquímicos, clínicos, dentistas, enfermeiros e profissionais de outras especialidades, os responsáveis pela ampliação da expectativa de vida, permanente redução da mortalidade infantil e o bálsamo para a maioria dos tormentos provocados por doenças. 

Uberaba, centro médico reconhecido de alto nível, sempre teve médicos pesquisadores de renome internacional no campo das Doenças Tropicais. Neste aspecto, tanto no passado como no presente, tem do que se orgulhar.
Professor Aluízio Prata
Um dos maiores nomes brasileiros da pesquisa, reconhecido internacionalmente, é o do uberabense Professor Aluízio Prata, falecido em 2011 aos 91 anos de idade. 

Deixou sua marca na maioria dos Estados do Brasil desde que se formou em Medicina no Rio de Janeiro. De lá para Mato Grosso e depois para Bahia onde residiu por muitos anos e que a convite do governo da Bahia, dirigiu a “Fundação Gonçalo Muniz”. Mudou posteriormente para Brasília onde também permaneceu por um longo período até retornar à Uberaba.

Na FMTM era professor da área de Doenças Tropicais e Infecciosas. No setor de medicina Tropical, principalmente em relação à Doença de Chagas, Malária e Esquistossomose, sempre foi referência primeira no país.

Suas centenas de trabalho sobre profilaxia, clínica e tratamento da Malária, Doença de Chagas, Esquistossomose, Leishmanioses e outras endemias constituem ainda referências básicas para todos aqueles que se preocupam com estes temas.

Sempre manteve intercâmbio com pesquisadores internacionais na experimentação de vacinas. Seu prestigio trouxe para Uberaba o XXVII Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical o qual teve repercussão internacional.

O Seu reconhecimento foi atestado pelos cargos que ocupou no Organização Mundial de Saúde e na Organização Panamericana de Saúde.

Segundo o depoimento do também pesquisador José Rodrigues Coura na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical em 2010, que entre os numerosos feitos do Professor Aluizio Prata podem ser destacados-

A - As Três Escolas de “Medicina Tropical” criadas na Bahia, Brasilia e Uberaba, povoando o Brasil inteiro de pesquisadores desta área.

B - Seu pioneirismo na criação das áreas de estudo de campo em Caatinga do Moura, São Felipe, Três Braços, Catolândia e Brejo do Espírito Santo, na Bahia, Mambaí, em Goiás, Água Cumprida em Minas, Lábrea e Costa Marques no Amazonas, entre outros estados brasileiros.

Há que se considerar ainda que o Professor Aluisio Prata escreveu 7 livros, publicou 289 artigos e 175 trabalhos científicos, tendo ainda participado de 75 eventos de caráter cientifico no exterior e 420 no Brasil.

E o que representou isto? Segundo o Ex- Ministro da Saúde, Adib Jatene, que já foi médico em Uberaba e professor da FMTM, o Brasil deu um exemplo ao mundo ao reduzir a incidência da Doença de Chagas de 100 mil casos existentes em 1981 para cerca de 5 a l0.000 casos em 1991. Uberaba teve participação expressiva na redução desta doença.

Pelo seu expressivo trabalho, Aluizio Prata recebeu em 1974 a “Comenda da Ordem do Rio Branco” ( Ministério das Relações Exteriores ), em 1980, o “Prêmio Alfred Jurzykovski” ( Academia Nacional da Medicina), em 2001, a “Medalha Capes 50 anos” e no mesmo ano, a “Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Cientifico” ( Presidência da República do Brasil ).

Em abril de 2002, em comemoração ao recebimento desta ultima Comenda, tivemos a oportunidade de prestar ao Professor Aluizio uma singela homenagem na presença de seus familiares, na Casa do Folclore.

Acredito que, por uma questão de justiça, o Poder Público, a Câmara Municipal e todas as Entidades de Uberaba, vinculadas ou não a Medicina, deveriam se unir para prestar uma homenagem imorredoura ao grande cientista de nossa cidade que é reconhecido pela comunidade cientifica de seu país e do exterior.

Chico Xavier, alvo de expressivas e merecidas homenagens, foi um grande consolador de almas sofridas. Aluisio Prata que foi um dos grandes responsáveis pela salvação de centenas de milhares de vidas tem direito ao mesmo reconhecimento.

Fontes; Revista Goiana de Medicina ( Edison Reis Lopes e Edmundo Chapadeiro ).
Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. ( 2010 )
Proficiência – Academia Brasileira de Ciência.

J.M. – Artigo de Gilberto Rezende de 27-11-1992.


Postado pela Associação Cultural Casa do Folclore em 27 de abril de 2018



Cidade de Uberaba

sexta-feira, 3 de março de 2017

Choperia do Mário

     
Interior da Choperia - Foto Antônio Carlos Prata.


Interior da Choperia



                Equipe de profissionais da Choperia           


Curiosidades

A Choperia do Mário separou alguns artigos, curiosidades e imagens sobre vários assuntos do nosso cotidiano.

Entenda de Chopp

Alguns Bares que fizeram a história de Uberaba

Real Academia do Chopp


Bar da Viúva - Vó Maria - Um exemplo de vida


Teve seu início por volta de 1930 como “Confeitaria Vasques”, administrada pelo Sr. Felipe Vasques e sua esposa Maria Ponticcelli Vasques. Na década de 50, com a doença e falecimento do Sr. Felipe, aos 40 anos de idade, sua esposa, conhecida como dona Maria, começou a fazer pizzas e salgados. Como era muito conhecida, os amigos começaram a se referir à Confeitaria como “o bar da viúva do Felipe”, designação que se restringiu, mais tarde, à “Bar da Viúva”. Seus filhos Felipe e Gilberto continuaram ao lado da mãe por mais 40 anos, até o seu falecimento em 1989. O bar ainda manteve as portas abertas até meados de 1994. Além das famosas pizzas, o tradicional chope da Antárctica também era servido.

Dona Maria, a Viúva, sempre morou na casa de sua filha France e seu esposo Hélio, que residiam a duas quadras do bar da Viúva. A proximidade dos locais na Rua Artur Machado facilitava a constante presença da pequena senhora em seu estabelecimento. Seja na cozinha, com as mãos na massa, ou atrás do balcão, administrando o bar, ela se revezava  com os filhos Felipe e Gilberto, cotidianamente.

Dona Maria era incansável: ia para o bar antes das 6 da manhã, não se importando se estava chovendo, fazendo frio, etc.. Fazia as pizzas de manhã até à tarde, tomava banho - nas dependências do próprio bar -, trocava de roupa e  ia para o caixa, lá ficando até às 19:00 horas, nos dias em que Felipe assumia o comando, e até às 22:00 horas, nos dias  do Gilberto. Chegando em casa, ainda fazia crochê até a meia-noite, sempre sorridente, calada e serena. Religiosamente dona Maria seguia sua rotina.

Nem mesma uma erisipela na perna a segurava na cama. Ao acordar pela manhã, como diariamente saía de casa sem fazer barulho algum, sua filha teve, por orientação médica que dar um sonífero à noite, disfarçadamente, para ela perder a hora no dia seguinte e ficar de repouso absoluto. A incansável e sábia senhora foi ludibriada por apenas dois dias: logo descobriu os planos da cuidadosa família sobre o sonífero e não mais o tomou.

A vida da matriarca foi dedicada à família e ao trabalho, e permanece guardada na lembrança dos antigos moradores de Uberaba como a Dona Maria do “Bar da Viúva”, assim como sua inconfundível massa e sabores das pizzas.

Receita da massa de Pizza da Dona Maria.
Ao indagar a filha France sobre a receita da massa, ela disse que a Vó falava que não tinha segredos e a receita era:

"Um tanto de farinha, um tanto de óleo, ovos, um pouco de água, sovar a massa até dar o ponto.... deixar a massa descansar....crescer... cortar e enformar." Pode!!!

Mário Molinar

Endereço: R. Artur Machado, 851 - Centro, Uberaba - MG, 38010-020

Telefone (34) 3332-7671





História de Uberaba