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quarta-feira, 3 de julho de 2019

HUGO RODRIGUES DA CUNHA

Homenagem pelos Três anos de seu falecimento ocorrido em 03 de julho de 2016.

UM MARCO NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE UBERABA


“Uberaba é o centro do Universo”


Disse Hugo aos empresários que o visitavam em sua residência, em busca de uma cidade que pudessem instalar uma fábrica de processamento de madeira que compraram na Europa.

José Alencar Gomes da Silva, o líder do grupo, brincava que este foi o motivo que levou o grupo a escolher nossa cidade onde, associado à empresa Triflora de Uberaba, implantou a Minasplac, no DI 1 (hoje Duratex).

Esta empresa foi uma das dezenas de indústrias que enriqueceram nosso parque industrial no primeiro governo municipal de Hugo Rodrigues da Cunha. Entre elas, destaca-se a implantação da empresa Fosfértil, que permitiu a instalação de um complexo industrial voltado para a fabricação e distribuição de adubos, no D.I. III.


Hugo Rodrigues da Cunha. Foto: Reprodução.

Este novo pilar da economia foi fruto de um trabalho liderado pela Aciu, na gestão de Jorge Dib Neto, em 1972, que criou uma Comissão de Industrialização de Uberaba, integrada por todas as lideranças da cidade, com o objetivo de implantar parques industriais. Para que este projeto de industrialização pudesse lograr êxito, era necessário haver uma sintonia entre os empresários é o poder público, razão da escolha de Hugo Rodrigues da Cunha, um líder classista, como candidato a Prefeito de Uberaba.

Para assegurar sua vitória, o grupo Triflora, em parceira com Edson Prata e outros amigos como Marcelo Palmério, Urbano Salomão, Unias Silva, Adilsson Pereira de Almeida e outros, compraram o Jornal Correio Católico e transformaram no Jornal da Manhã. 

Com o objetivo de divulgar o programa de governo de Hugo, na véspera da eleição de 1972, contando com o apoio voluntário de centenas de alunos da FIUBE (UNIUBE), o Jornal da Manhã distribuiu 40.000 exemplares de sua edição, como contribuição de campanha.

Hugo Rodrigues da Cunha, nascido em Uberaba em 1927, formou-se em Ciências Contábeis e em Direito. Na área política foi prefeito de Uberaba em duas gestões, de 1973 a 1977, pela Arena, e de 1989 a 1992, pelo PFL. Hugo, além de ter exercido uma administração profícua, deixou o exemplo de um administrador atuante e honesto. Em seu governo foram implantados os Distritos Industriais I e II.

Ao fim de seu primeiro mandato, Hugo elegeu como seu sucessor, Silvério Cartafina Filho, secretário municipal de Saúde, no período de 1977 a 1982 e, após o segundo mandato, foi eleito seu secretário de indústria e comércio, Luiz Guaritá Neto (1992/1995). Um reconhecimento da comunidade pelo desempenho do Prefeito Hugo Rodrigues da Cunha. 

Sua primeira experiência na área política se deu em novembro de 1970, disputando uma vaga na Câmara dos Deputados, não obtendo sucesso. Em 1978, logo após seu primeiro mandato como prefeito de Uberaba, novamente se candidatou a deputado federal, sendo diplomado como terceiro suplente e empossado em março de 1979. 

Em 1994, em nova campanha como candidato a deputado federal, conseguiu se eleger, obtendo a maioria dos votos da região. Participou na Comissão de Agricultura e Política Rural e em outros importantes setores do Congresso Nacional. 

Como líder classista foi eleito presidente da Aciu em 1968. Em sua gestão foram iniciados os estudos para a criação do Clube dos Diretores Lojistas e também a criação de novos Sindicatos Patronais. Contribuiu para a criação da Faculdade de Zootecnia e para a eletrificação rural.

Na sua gestão à frente da Aciu realizou a Exposição Comercial e Industrial e em 1969 diplomou os primeiros economistas formados pela Faculdade de Ciências Econômicas, mesmo ano em que foi reconhecida pelo MEC pelo Decreto 65.976/69. 

Junto com Arnaldo Rosa Prata da ABCZ e Ronan Tito de Uberlândia, criou em 1967 a “UDET”- União para o Desenvolvimento do Triângulo que tinha como objetivo liderar o primeiro grande movimento em prol da Emancipação do Triângulo Mineiro.

Foi diretor e vice-presidente da Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais, presidente do Diretório Municipal do PFL em Uberaba, vice-presidente da Associação das Empresas Cinematográficas Exibidoras de Minas Gerais e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Grande.

No setor empresarial foi administrador da Companhia Cinematográfica São Luís, proprietária dos Cines - Metrópole, São Luís, Royal e Vera Cruz, bem como do Grande Hotel, o primeiro edifício de grande porte erigido no interior brasileiro, no ano de 1941. 

Os mais velhos vão se recordar que, por mais de duas décadas, imensas filas se faziam aos domingos, estendendo-se até a Praça Rui Barbosa, para assistir os filmes no Cine Metrópole, em seus 1.700 assentos. Foi diretor do complexo Triflora, atuando em diversos setores do Reflorestamento, por cerca de vinte anos.

Acumulou, mercê de seu trabalho, três fazendas em seu patrimônio. Todavia, Hugo que não gostava de pedir nada a ninguém em suas campanhas políticas, usou recursos próprios proveniente da venda destes imóveis, para custear suas próprias eleições. Um raro caso no Brasil, em que um cidadão sai da Política com a redução de seu patrimônio.

Hugo Rodrigues era viúvo de Maria Inácia Naves Rodrigues da Cunha, (Naná) com quem teve quatro filhos: Hélio, Patrícia, Júnia e Cristina. Faleceu em 04 de junho de 2016 aos 89 anos.

Seu nome está gravado na ETE - Estação de Tratamento de Esgotos do rio Conquistinha, inaugurada pelo CODAU em 25/11/2017. 


Gilberto de Andrade Rezende
Jornal da Manhã - 26 de agosto 2018





Cidade de Uberaba


sábado, 8 de junho de 2019

Wilson Pinheiro


UM ASSOCIATIVISTA NATO


NÃO TINHA COMO ESCAPAR. UM SORRISO ABERTO ALIADO A UMA VOZ CATIVANTE DERRUBAVAM AS MURALHAS LEVANTADAS


Não tinha como escapar. Um sorriso aberto aliado a uma voz cativante derrubavam as muralhas levantadas pelos que o procuravam para ver, sem compromissos, um veículo. Sempre terminava em mais um negócio fechado. Mais um carro emplacado. Mais um amigo conquistado. 

Assim era a rotina de Wilson Pinheiro, das décadas de 1960 a 1980, enquanto diretor de vendas da empresa Distrive, maior concessionária de veículos desta região, sob a administração do grande empresário Joaquim dos Santos Martins.

Pragmático, Pinheiro criou o Consórcio Triângulo, que deu à empresa a condição de líder de vendas do setor de veículos e que o alçou, em 1979, à condição de presidente da Uniminas - Associação dos Revendedores de Volkswagen nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. 

Wilson Pinheiro. Foto: Acervo da família.

Nascido em 07/07/1941, em Uberaba, Pinheiro, que na juventude trabalhava na Brasil Companhia de Seguros, conseguiu, através de seus próprios méritos, galgar relevantes posições nas administrações pública e privada. 

Recebeu em 1966 o diploma de Bacharel em Direito através da Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro, hoje Uniube, e 1974, o diploma de Economista, através da FCETM – Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro. Segundo a viúva de Wilson, Bernadete Pinheiro, ele ainda cursou outras duas graduações, também pela FCETM: Contabilidade e Administração.

Em 1984, a convite do juiz federal Ari Rocha, Pinheiro assumiu o cargo de juiz classista dos empregadores/ empresas na Junta de Conciliação e Julgamento da Justiça do Trabalho de Uberaba, oportunidade que seu espírito conciliador e com o dom de conversar e resolver na paz, contribuiu para solução amigável de centenas de processos reclamatórios.

Era filho de Orlando e Maria de Souza Pinheiro e irmão de Pedro Júlio, ex-gerente do Banco do Brasil e comerciante em Suzano (SP), Célia, viúva de Juarez Fortes e Aparecida Maria Pinheiro, hoje viúva de Aráudio Pereira Melo, ex-vereador em Uberaba.

Wilson Pinheiro era casado com Bernadete de Lourdes Prata Rocha Pinheiro, com quem teve três filhos: Adriana Maria Rocha Pinheiro, atualmente administradora de empresa e publicitária, casada com Marcello Frossard Duarte, advogado, pais de Marcella; Andréa Maria Rocha Pinheiro, advogada e corretora de imóveis, casada com Antônio Carlos Guimarães Júnior, promotor de Justiça em Rio Claro (SP), pais do casal Maria Luiza e Mateus; Christiano Rocha Pinheiro, engenheiro, advogado e auditor da Receita Federal em Belo Horizonte, casado com Sandra Mara Adjafre Sindeux, advogada, pais de Camila e Arthur.

Wilson Pinheiro é um dos mais belos e ilustres exemplos do associativismo. Grande parte de sua vida foi dedicada aos interesses comunitários, sempre participando dos movimentos sociais, artísticos e culturais. Entre as entidades que contaram com sua participação ativa e afetiva, podem ser destacadas: a presidência do Rotary Club Uberaba – Sul, em 1978/1979 e sua participação na fundação do Rotary Uberaba – Norte; a presidência da Feti – Fundação de Ensino Técnico Intensivo -, em 1976, onde teve destacada atuação no governo Hugo Rodrigues da Cunha; a presidência da Associação dos Surdos e Mudos; a participação como primeiro secretário e presidente do Sindicato Rural de Uberaba.

Idealizou e cofundou o Sinhores – Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes e Similares de Uberaba -, do qual assumiu a presidência por três gestões. Em sua administração, se criou o fundo para aquisição da sede própria bem como o Seguro de Vida dos Associados e Funcionários das Empresas vinculadas; a vice-presidência da Facemg – Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais -, em 1977.

Participou em diversas diretorias da Aciu, da qual assumiu a presidência nas gestões de 1976/1977; foi nesse período que Wilson Pinheiro e sua diretoria se destacaram pelas suas atividades, entre elas a realização do IV Encontro Regional da Indústria com repercussão nacional; a transferência da FCETM do prédio da Aciu para o Colégio Nossa Senhora das Dores; a ampliação do SPC - Serviço de Proteção ao Crédito - e reforma geral da sede da Aciu; a participação ativa em 1976 na campanha para ampliação do Colégio Eleitoral de Uberaba. 

Foi também em sua gestão que a Aciu, após muitas lutas de gestões anteriores, conseguiu ser reconhecida através da Lei Estadual 7045 de 01/08/1977, governo Aureliano Chaves, o título de “Entidade de Utilidade Pública”. 

Tivemos o prazer de conhecer o Wilson Pinheiro na década de 1960 e estar ao seu lado na Aciu como conselheiro fiscal em sua gestão e conselheiro consultivo nos anos subsequentes bem como seu parceiro na criação e direção do Sinhores.

Foi na área empresarial que Wilson Pinheiro se revelou como um grande administrador, revolucionando o conceito de serviços em restaurantes através da empresa Solar 17 implantada no bonito e imponente casarão da rua São Sebastião, onde permaneceu à frente da administração até o seu falecimento.

Por muitos anos, só se conseguia reserva de mesas com bastante antecipação pela grande demanda da sociedade. Em respeito à arte e à cultura, Pinheiro contratou a renomada pianista Nininha Rocha para abrilhantar com seu piano as animadas noites no American Bar do Solar 17.

Nas palavras de Bernadete Pinheiro, “Wilson Pinheiro foi o melhor parceiro, marido e pai. Trabalhava incansavelmente sempre querendo ajudar os outros. Pessoa extremamente querida e solicitada perante a categoria e sociedade, isso devido ao seu espírito de paz e harmonia”.

A história do empreendimento é também contada por Bernadete: “A ideia da criação do Solar 17 surgiu durante um bate-papo entre amigos, entre eles Luís Carlos Souza Campos, que viria a ser o decorador e primeiro sócio, ficou no futuro com o comando do Wilson, pois ele gostava de festas, reuniões, pessoas felizes e amigos, era como ele mesmo, sempre comunicativo e entusiasmado. Durante 35 anos trabalhou como proprietário do restaurante, buffet e American Bar Solar 17 onde, com carinho, realizava jantares, reuniões, festas de casamento, aniversário, bodas e formaturas. Foi um dos pontos de reunião e jantares das famílias uberabenses. 

Por todos os caminhos percorridos por Wilson, sempre encontramos seriedade, companheirismo, transparência e paz”.

Wilson Pinheiro faleceu em 09 de fevereiro de 2012. É hoje nome de rua localizada no conjunto habitacional Rio de Janeiro. É também saudade eterna junto a seus familiares, amigos e parceiros que estiveram a seu lado na luta pelo desenvolvimento de Uberaba. 


Fontes: Aciu, Bernadete e Adriana Pinheiro 

Gilberto Andrade Rezende.
(*) Membro da Academia de Letras – Ex-presidente e conselheiro da Aciu e do Cigra.



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Cidade de Uberaba