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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A Uberaba do Meu Tempo

Havia no meu tempo uma Uberaba

Era calma, suave, cheia de tardes bucólicas.

A cidade da minha infância tinha um absoluto céu azul,

Chuvas fininhas, intermináveis, irritantes.

Aventura era encontrar Maria Boneca portando o brinquedo

E fugir, para descansar sob a sombra da Gameleira.

Na exposição de gado meus pais compravam mexericas

Levando-me a preferir, sempre, mexericas ao Zebu.



No meu tempo Uberaba tinha córregos a céu aberto

Guardados por muretas que nos serviam de encosto

Antes das sessões do Metrópole, do Palace

Esperando caronas do Padre Nicolau após aulas no Cristo Rei.

Brincava no Mangueirão, passeava pelos trilhos da Mogiana,

No parque infantil da Praça Rigoleto de Martino (hoje só resta a Codau!)

O autor do Hino do Uberaba Sport, o time que, na Uberaba do meu tempo

Rivalizava com o Independente, o Nacional…

No Boa Vista éramos todos sobrinhos da Tia Carola.

Fazíamos teatro com a Belinha

Sabíamos que era maio pelas congadas

E que era dezembro no presépio de d. Castorina.

Foram tempos de festas constantes

Quando bastavam as quermesses de santos e santas, soando sinos e cânticos nas sete colinas de Uberaba.

Parque Fernando Costa

A minha Uberaba tinha crônica ao meio-dia

O festival do Chapadão de Teatro e de Música

O Observatório, no Lavoura e Comércio,

Tudo criação do Ataliba Guaritá, o Netinho.

Raul Jardim fazia o “Escutando e Divulgando”

Lídia Varanda reinava na PRE-5

E Nhô Bernardino terminava o dia na hora do Ângelus.

Noite de Uberaba tinha o Parque Boa Vista (Eu era o filho do rei!)

O circo do Cheiroso, batuques no terreiro de Mãe Marlene

Cartas pelas mãos abençoadas de Chico Xavier

Mamãe rezando terço, aguardando-me dormir na noite sempre calma da cidade.

Recordo o café oferecido pelas freiras do Carmelo

As aulas na Escola Estadual Fidélis Reis

As tardes de jogos no pátio da Igreja Nossa Senhora das Graças…

Tantas coisas como essas que continuam na Uberaba de hoje.

Que vejo longe, sei de ler, de ouvir contar

A cidade de agora é de quem por lá está.

Há uma Uberaba que é minha, feita de sonhos acalentados

De planos vitoriosos, de projetos engavetados.

Guardada por todo o sempre e sempre teimando em sair à tona

Aquela cidade ganha meus dias, ocupa minhas noites de insônia.

A cidade de agora é porque um dia foi outra

Essa outra que chamo “minha”

Impregnada em ruas e morros, acalentando ternamente o coração transforma-se sempre

Vive o hoje, comemora o agora

Segue rumo ao tempo em que alguém, lá longe, lembrará:

A Uberaba do meu tempo… 


Valdo Resende


domingo, 1 de janeiro de 2017

ANTIGA RUA DO COMÉRCIO, ATUAL ARTUR MACHADO, VISTA AQUI EM SEU PRIMEIRO QUARTEIRÃO, ATUAL CALÇADÃO EM DIREÇÃO À CATEDRAL - UBERABA

ARTUR MACHADO, VISTA AQUI EM SEU PRIMEIRO QUARTEIRÃO        

“Começa na praça Rui Barbosa e finaliza na praça Siqueira Campos, pertencendo à colina da Matriz e aos altos dos Estados Unidos e da Estação da Mogiana. É a mais importante da cidade, inteiramente calçada a paralelepípedos. Dela partem, à direita, a avenida Leopoldino de Oliveira, as ruas Alaor Prata e Dr. Lauro Borges, a avenida João Pessoa, a ladeira dos Estados Unidos, é atravessada pela rua Padre Zeferino; passa ao fundo da praça Afonso Pena. À esquerda, em frente à rua Alaor Prata, dá nascimento à Saldanha Marinho, e em frente a avenida João Pessoa à rua Dr. João Caetano.
Desde os primórdios de Uberaba se conheceu pelo nome de rua do ‘Comércio’. Em meados do século próximo findo* era a rua do ‘Fogo’, onde se cumulava, de preferência, o povo farrista, separado, assim, do que ficava à rua ‘Grande’, de viver pacato.
Em 1889, perdeu a denominação de rua do ‘Comércio’ e tomou a de ‘Barão de Ataliba’. Em 1894 voltou a chamar-se ‘Comércio’ que se mudou, em 1916, para rua ‘Artur Machado’, em homenagem ao coronel Artur Batista Machado, eminente chefe político uberabense.
O trecho de entre as praças Afonso Pena (Gameleira) e Siqueira Campos, se conhece por ladeira da ‘Estação’.”
(PONTES, 1978, p.279).