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sábado, 25 de julho de 2020

ABANDONO

Noite dessas resolvi dar um “rolê” pelo centro da cidade. Queria lembrar a minha Uberaba dos anos 60; rua Artur Machado, avenida Leopoldino, os bares e restaurantes que freqüentava com os amigos, muitos deles, hoje, já no plano espiritual, ao lado direito do Criador. Queria sentir um pouco de saudade, reminiscências dos longos “bate papos”, as casas comerciais, ver de novo, a vitrine iluminada de “A Noiva”, do Primo Ribeiro, o “vai e vem” chamado “footing” das lindas moças de sorriso aberto, cabelos esvoaçantes, subindo e virando para o Metrópole, os moços na beirada da calçada, dirigindo-lhes frenéticos e saudáveis elogios... a pequena parada no bilhar “Atlântico”, do Valdemar Vieira, subir as escadarias da Associação Esportiva e Cultural; descer e saborear o cheiroso cafezinho do “Café Uberaba”, fazer a “ rodinha” no “Ramon Rodrigues, ” e gozar da alegre companhia do Renatinho Frateschi, “barman” por excelência.

Pensei:-“ Viro a esquina, cumprimento o Toninho e o Ernani Camanho, no “Guarani” e faço uma pequena parada no “Buraco da Onça”, encontro o Perigoso, o Netinho e o Zito Sabino , “encho o saco” do Romeu e dou um “cascudinho” no “Cebolinha”. Dou uma olhada no “Galo de Ouro”, sempre cheio, cumprimento os garçons, Jesuino, Zezinho e Cacildo, dou um “alô” para o Alaor Carlos, cinqüenta anos, gerenciando as firmas do Hugo Rodrigues da Cunha (Cinema, restaurante e hotel). Sigo em frente, abraço o “Quinzinho, do Tip-Top”, bebo a “Antártica” que o Drumond sabe que eu gosto, sento com o Ramon Rodrigues, que me espera já com a “Caracu” pela metade...No Metrópole, acaba e filme e o comentário é a beleza da Gina Lollobrigida...

Meu Deus ! vocês já foram no“calçadão” e Leopoldino, depois das oito da noite ?Que decepção! A Artur Machado ,outrora fulgurante,fervilhante e iluminada, gente prá lá e prá cá, bares abertos, ficou apenas nos meus pensamentos. O “calçadão” ,à noite, é de dar medo!

Um convite a depressão .Fiquei desesperado!... Parecia um lugar de fantasmas! Nenhuma “viv’alma” nem pra cumprimentar O lixo amontoado no inicio do “calçadão”, a iluminação parecia “tomate seco”. A solidão fez morada no trecho. Assustado, vejo tudo fechado ! De repente, passa um carro na avenida. Freia rápido, um grande “quebra molas”, liga a avenida a Artur Machado. Ninguém por perto. O “pisca-pisca” do farol, me alerta. Vem chegando um ônibus. É o tal de BRT. No meio da avenida, uma ”cerca de fazenda”, divide aquele trecho...

Não tem “Marabá”,”Guarani”,Buraco da Onça”, “Galo de Ouro”,”Tip-Top”, “Metrópole”, “A Noiva”,Bilhar Atlântico”...nada ! O córrego sumiu, o balaustre acabou, o “footing’, já era... Em seu lugar, um “monstrengo” tubular, escuro, sem ninguém dentro. Estação BRT, me contaram. Passos largos e apressados, cheguei na praça dos Correios. Era um “miolo” de cidade assustada, prédios pichados , alguns poucos coitados, “noiados”, me pedem uns trocados . De táxi, um único estacionado na praça, me leva prá casa. Sem querer, enxuguei as lágrimas que corriam no meu rosto. Decepção ? Mais que isso. Fui no centro da cidade, que tanto amo e que não era mais a minha Uberaba, meu amor... (Luiz Gonzaga de Oliveira)

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Cidade de Uberaba

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

RESTAURANTE BAR “PULENTA” – DOZE CERVEJAS POR DIA

Restaurante Pulenta - O melhor frango assado de Uberaba.

Nos anos 1960/70, nas vésperas da abertura da Expozebu, os jornais de São Paulo faziam matérias de página inteira sobre Uberaba com dicas de hotéis e restaurantes para quem vinha visitar a exposição. No Caderno de Turismo do Estadão de 28/04/1967 o enviado especial do jornal, Wanderley Midei, descrevia as opções oferecidas pela cidade.
Restaurante do Pulenta

“Uberaba tem três grandes hotéis: o Grande Hotel, Regina e Palace. O primeiro tem 100 apartamentos e 50 quartos em dois edifícios, funcionando em anexo o restaurante e bar GALO DE OURO, considerado o melhor da cidade. Outro restaurante famoso é o do PULENTA, de propriedade de um italiano gordo que gosta de tomar 12 cervejas por dia. Honrando o nome, serve um frango com pulenta por três cruzeiros novos, que é conhecido em todo o Triângulo Mineiro. Fica na esquina da Padre Zeferino com João Pinheiro”.

O citado “italiano gordo”, conhecido como “Seu Pulenta”, é o primeiro da esquerda nessa foto de Orlando Vilas Boas, onde aparece no seu restaurante acompanhado por alguns dos muitos amigos: Adib Sarkis, Saulo Gomes, o autor, Mario Gori, Luiz Gonzaga de Oliveira,Paulo Afonso Silveira, Jaime Scussel, Dr.Odo Tormin, Waldemar Moreno, Olandinho, Nildo Barroso, Pedro Castejon e o garçon Cacildo – entre outros.

Quem frequentou o Restaurante do Pulenta recorda que o velho italiano garantia a alma da casa, enquanto Dona Maria, sua esposa, se desdobrava no caixa atendendo a grande clientela — que tinha diversas opções de pratos a base de frangos, abatidos na hora no quintal da casa.

Polenta

(André Borges Lopes e Antônio Carlos Prata)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

BÊBADO É A FIGURA MAIS CHATA E INCONVENIENTE QUE SE TEM NO MUNDO

Bêbado é a figura mais chata e inconveniente que se tem no mundo. O bêbado, rico, pobre,alto, baixo, preto, branco, mulato,amarelo, gordo, magro, é sempre um chato de galocha. Agora, chato mesmo é você, sóbrio, tolerar um bêbado O bêbado nunca “se acha” bêbado.É o famoso “ desmancha roda”, sabe de tudo, conta segredos, dá palpite, interfere na conversa dos outros,dá aquelas mal cheiradas baforadas de cigarro barato, pisa no seu pé, ou pior ainda! ,derrama o copo da cerveja na sua calça e camisa novinhas que sua mulher passou com tanto cuidado!Pior que suportar bêbado só mesmo “papo” de político. Esses também são “dose”, fingidos e falsos até não mais poder. Deixa prá lá. Voltemos aos bêbados…que ainda são melhores que os políticos, principalmente os da terrinha… Bêbado enjoado é pleonasmo.Bêbado adora azucrinar o garçom. Se serve cerveja gelada, ele quer, estupidamente, gelada. Se pede uísque, ele deseja o “choro”, se for “caipirinha”, ele quer mais limão. Se é chope, pede com o “colarinho” bem alto. O “tira gosto” se não vem quente, reclama. Bêbado e político, são , nojentamente, chatos!
Nos anos 60, auge do restaurante “Galo de Ouro”, o “Buraco da Onça”, era ante-sala. O aperitivo era com o Romeu e o filho Cebola. Ali era o “foco” dos diaristas bêbados. O fato que narro em seguida, é verdadeiro. Seguinte:
Acreditado advogado uberabense, morava no “Grande Hotel”, aperitivava no “Buraco da Onça” e jantava no “Galo de Ouro”. O saudoso Jesuino, era o seu garçom preferido. Mais prá do que prá cá, ziguezagueando até chegar à mesa, pediu o “rango”. O prato chegou e figura notou algo passeando pelo prato da sopa pedida.
-“Jesuino, por favor, venha cá”.-“Às ordens, doutor, em que posso servi-lo?””-
-“Amigo, que mancha grande é essa na minha sopa?”
Malandramente, Jesuino respondeu: “Uai, doutor, é desenho do prato, num ta vendo?”
-“Vendo até que estou. Só que ele ta mexendo”…
Jesuino, sem perder a pose , mãos às costas, de supetão, respondeu:
-“È desenho animado, doutor”.
O restaurante, aquela noite, fechou mais cedo……

Luiz Gonzaga de Oliveira