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domingo, 6 de março de 2022

PAPO DE BOLA

Em matéria esportiva Uberaba foi a 1ª. cidade do interior do Estado a contar com um moderno estádio de futebol e uma equipe de craques responsável pela apresentação do programa "Papo de Bola" do recém inaugurado Canal 5, TV Uberaba, em 1972.

Imagens: 1 – Ramon Rodrigues, Luiz Gonzaga e Netinho (acervo Uberaba em Fotos);
 2 – Jorge Zaidan (TV Uberaba) e Fernando Sasso (TV Itacolomi).

O programa contava com apresentação de Luiz Gonzaga, Ramon Rodrigues, Ataliba Guaritá, o popular Netinho, e dos irmãos Jorge e Farah Zaidan. Por ele passaram os mais ilustres convidados, dentre os mais importantes jogadores, dirigentes, técnicos, torcedores e figuras representativas do mundo esportivo.
Vale lembrar que naquela época em todo o Brasil existiam apenas quatro narradores em atuação na TV brasileira, a saber: Fernando Sasso (BH), Walter Abraão (SP), Carlos Lima (RJ) e Luiz Gonzaga (Uberaba).

E o pioneirismo não parou por aí. Como parte importante na integração da Rede Tupi o apresentador Luiz Gonzaga foi escalado para fazer a 1ª. transmissão via satélite do país, narrando o jogo entre Corinthians Paulista x Nacional de Manaus, e que ocorreu em 24/9/72 naquela cidade.

Quatro anos após a inauguração do Uberabão, em 1976, o Uberaba Esporte conquistava vaga no Campeonato Brasileiro, coroando assim a liderança da cidade em matéria esportiva.

Moacir Silveira

JORGE & FARAH ZAIDAN

Os irmãos Jorge e Farah Zaidan nasceram em Ituverava, SP. Jorge em 10/10/1928 e Farah em 9/5/1930. Os pais, Habib Zaidan e Salma Jorge Zaidan, vieram do Líbano, em 23/11/1923, provenientes da cidade de Kashua e diretamente para o interior paulista. Em 1944 a família transferiu-se em definitivo para Uberaba.

Jorge e Farah Zaidan - 
Foto: Uberaba em Fotos.

Jorge Zaidan concluiu curso de técnico em contabilidade, formou-se em odontologia e em direito, foi gerente local e regional da Minas Caixa, locutor esportivo na PRE-5, jornalista do O Triângulo, redator-chefe no Correio Católico, gerente da Rádio Difusora, sócio fundador da Rádio 7 Colinas, diretor e apresentador na Tv Uberaba e professor universitário na antiga Fista, bem como diretor social dos clubes Uberaba Tênis e Sírio Libanês.

Farah Zaidan trabalhou e aposentou-se como funcionário dos Correios e foi também cronista nos jornais Correio Católico e Lavoura e Comércio, narrador, apresentador e comentarista da Tv Uberaba e nas rádios Difusora, PRE-5 e Sete Colinas, sendo nessa última um dos sócios fundadores.
Jorge Zaidan faleceu no dia 5/7/1996 deixando viúva, 5 filhos(as), 12 netos e 8 bisnetos. Já Farah Zaidan faleceu em 23/6/2002 deixando viúva, 2 filhos, 4 netos e 1 bisneto.

Tive a felicidade de conviver e trabalhar com os dois, ambos extremamente gentis, educados e afáveis no trato, versáteis e hábeis comentaristas nos programas que participavam.
Deles guardo boas lembranças, da época em que fomos colegas na Tv Uberaba. Do jeito calmo e sem alardes no trato com as pessoas. No profícuo exemplo de suas existências. Até parece que tinham por lema o célebre dito de Bob Marley:

“Não viva para que sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida.”
Figuras humanas como os irmãos Jorge e Farah Zaidan fazem muita falta em tempos de insensatez, loucura e estupidez como os ora vividos em nosso país.

Moacir Silveira

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

UBERABA! QUERIDA UBERABA !

Zé Eduardo, o nosso querido “J.Edu Som”, surpreendeu e deu vida às noites uberabenses. Ontem, premiou a terrinha com uma viagem inesquecível, trafegando pelas nossas principais, ruas, praças e avenidas. Num “carrão à moda antiga”, conversível, “americano último modelo”, mostrou a modernidade e progresso da santa terrinha. Foram quatro horas de música jovem, embalando a todos quantos curtem a amada Uberaba. O talento do “Zé”, uma vez mais aflorou. Um “passeio” que ninguém vai esquecer tão cedo; ficou gravado na nossa memória...

“Zé Eduardo” gritava, de pé, no dorso do conversível: ”Uberaba, meu amor !” Verdade. Uberaba, a gente não sabe se é sede de amor, ou sede de amar ! Tudo começou no vente de nossas mães, no esperma dos nossos pais. Uberaba, a gente ama com tanta intensidade, difícil é descrever a imensidão desse amor inexcedível. Amor que nasce nas entranhas dos lares, ricos, pobres, remediados, casas simples ou palacetes, onde quer fomos concebidos. Estamos, umbilicalmente, ligados a Uberaba de todos nós, sem “nós” e muito menos, amarras...

As derrotas que os inimigos nos impingiram, Uberaba soube, galharda e heroicamente, resistir. Nem a contabilidade histórica do tempo, 164 anos de CIDADE, longe da farsa e mentira dos ““200 anos”, a ela apregoada, os momentos felizes superaram com sobras, as sofridas horas de débito que os adversários, covardemente, nos submeteram. Uberaba, cidade amada ! Muitos de nós ( suas bênçãos, Netinho, Raul Jardim, Jorge e Farah Zaidan, Ramon Rodrigues), bem que tentaram nos seduzir à ganhar novas paragens, navegar em outros rios, cavalgar em novas campinas... qual nada!

O “canto da sereia” não nos comoveu. O acendrado amor a sacra terrinha, falou mais alto. Não permitiu que montássemos no cavalo arreado. Aqui é a nossa terra, semente plantada, nasceu, cresceu, floresceu, viveu e agora, “aquela geração”, começa a murchar...Destino da vida. E daí? Uberaba é a nossa terra. Chão firme! Possessivamente nossa ! Com todos os defeitos, percalços, ingratidões que a vida nos impõe, não há como desistir! Nem os encantos da “fada madrinha”...

Enxugamos nossos olhos turvos de lágrimas, nunca esmorecemos, nem fraquejamos, enfrentamos as merdas que na terrinha fizeram, afrontamos os que ousam destruir a terra bendita e amada. Nem a corda bamba que a vida sacode, sempre soubemos nos equilibrar. Uberaba, nosso amor nasceu ainda na barriga das nossas mães. Hoje, fervilha a esperança...

Uberaba, sempre foi e será uma linda mulher! Cobiçada, desejada por todos os homens. Decentes e indecentes; honestos e desonestos; corretos e incorretos; capazes e incapazes. De moral e imorais. Uberaba, é a mãe que a todos acolhe. Até os pústulas que aqui tomaram assento. Uma coisa ficou imutável: o inefável amor que devotamos a Uberaba, nossa cidade!

“Zé Eduardo”, querido “J.Edu Som”, obrigado pelo domingo inesquecível! Valeu! 
Bom início de semana e o uberabensemente abraço do (Luiz Gonzaga de Oliveira).


sábado, 20 de abril de 2019

ADEUS OLAVO

Tem pessoas que marcam nossa vida de maneira especial. Na história de meus 50 anos no rádio Olavo Sabino de Freitas Jr. Tem um capítulo especial. No meu primeiro dia de Uberaba ele se fez presente de uma maneira curiosa. Fui para o Uberabão para transmitir o que seria o meu primeiro jogo na Rádio Sete Colinas e acabou sendo o único que transmiti na Rádio Sociedade. Na verdade só meio jogo entre Uberaba e União Tijucana. Sem seu narrador, Farah Zaidan que não pode trabalhar o Olavo resolveu ser narrador. Só deu conta de um tempo. No intervalo impediu que transmitisse pela Sete me entregando o microfone da Sociedade sem nunca ter me visto na vida e entimando: se vira garoto e depois passa na redação do Jornal da Manhã, onde era diretor, para conversarmos. Foi assim que Uberaba tomou conhecimento da minha voz em um trabalho ao lado de José Vieira do Nascimento, Wellington Cardoso Ramos e Ernani Dias Duarte. Pena que o Olavo não esperou para ler esta e outras várias passagens que vivemos juntos. Descanse em paz meu Mestre e amigo. 
Em tempo: Vi uma postagem de uma jovem jornalista afirmando que Uberaba perdeu um grande homem da televisão .Pena que ela não tenha conhecido o Olavo do radio-manivela e do jornal do chumbão. Televisão é coisa fácil.

Moura Miranda


Cidade de Uberaba

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Ramon Franco Rodrigues

Lembrando nomes que fizeram história na crônica esportiva da terrinha, trago hoje, a figura emblemática, simpática e folclórica do inesquecível Ramon Franco Rodrigues. Pelas mãos do não menos famoso, Raul Jardim e o incomparável Ataliba Guaritá Neto, o Netinho, Ramon começou a escrever no falecido ‘ Lavoura e Comércio”, em 1952, ao tempo em que colaborava com o semanário esportivo “ A Bola”, dirigido pelo grande Raimundo Sarkis. Se o saudoso Sebastião Braz, depois o correto Rui Miranda, mais tarde a pena brilhante de netinho, foram os primeiros responsáveis pela página de esportes do jornal, a chegada de Ramon Rodrigues, o “Lavoura “ ganhou um novo colorido noticioso opinativo.
Ramon, tinha “ tiradas” que só pertenciam a ele. “Adiós mariquita linda”, referindo-se a derrota , ou do Uberaba ou Nacional, além de outras frases espirituosas, fizeram dele, o mais lido jornalista da cidade. Ao sentir a versatilidade do companheiro, Netinho, titular dos esportes da saudosa P.R.E.-5, viu nele o parceiro ideal. Inteligente,versátil, atualizado, palavra fácil, suas intervenções ficaram além , com frases inteligentes e bem humoradas. Em determinada transmissão, jogo dos rivais, USC e Uberlândia, num ataque do time visitante, a defesa colorada ficou em polvorosa. O sempre lembrado, Leite Neto, o “ locutor metralha”, quis saber a opinião de Ramon. Sem maldade, nenhum resquiscio de obscenidade, “ soltou”, sem cerimônia, a resposta:-“Leite, ainda bem que o Uberaba safou-se daquele cu de boi na área”...

O cronista esportivo Ramon Franco Rodrigues, o jornalista Luiz Gonzaga de Oliveira e o colunista Ataliba Guaritá Neto

Foto:Autoria desconhecida - Década de 60.


Ramon tinha três paixões esportivas: Fabricio, Uberaba e Botafogo (RJ) .No “morto” estádio “Boulanger Pucci”, qualquer jogo, o árbitro marcasse falta contra o Uberaba, microfone na mão, o estádio inteiro ouvia:-“ Juiz Ladrão ! Sem vergonha ! Pega esse soprador de apito” , ”Safado”... tá roubando contra o Uberaba! “... Xingatório que não acabava...

Com o advento da TV-Uberaba ( também virou cinzas...), Ramon, era um dos comentaristas, ao lado de Netinho, Farah e Jorge Zaidan, equipe que tive a honra de dirigir. O programa “ Papo de Bola”, era a coqueluche dos telespectadores. O Papo” ir ao ar, ao vivo, (não tinha chegado a época do “vídeo-tape”), após o grande sucesso de audiência que era “ Nico Trovador” ,de saudosa memória...

Certa vez, começamos o programa. Sem Ramon. Apenas Farah Zaidan e eu. De repente, passos apressados, entra Ramon, esbaforido, quase ofegante e senta-se ao nosso lado. Perguntei-lhe:- “Tudo bem, mestre ?”

-“Bem nada!”, respondeu nervoso, semblante carregado. “Desculpe o atraso. Alí na general Osório, um caminhão bateu num carro e embucetou todo o trânsito e eu atrasei”, desculpou.

Farah Zaidan, ao ouvir a “ explicação”, escorregou da cadeira, foi para debaixo da mesa e saiu de “fininho”, rindo escancaradamente. Fiquei “firme”, “segurando” o programa. Quando olhei, ”Zé do Socorro”, cenógrafo,” Alemão”, o câmera e o Wanderley Alves, que dirigia o programa do “switch”, sumiram dos seus postos.... Ramon , quando percebeu a balbúrdia no estúdio, tentou “ consertar”:- “Calma pessoal, quando eu falei embocetar, foi no bom sentido!”....

A TV ficou quase 5 minutos com o “slide” e a equipe em gargalhadas homéricas ...
Ramon Franco Rodrigues, descansa no céu, à direita de Deus Pai Todo Poderoso .


Luiz Gonzaga Oliveira