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sexta-feira, 24 de março de 2017

A FOSFÉRTIL EM UBERABA – II –

Decidida e sacramentada a instalação da fábrica nas barrancas do Rio Grande, o prefeito Hugo Rodrigues da Cunha, com a concordância e autorização da egrégia Câmara de Vereadores ( na década de 70, vereador trabalhava com espírito de cidadania e não era remunerado), criou o Distrito Industrial III para abrigar não só a Fosfértil, como também as demais misturadoras que, inexoravelmente, iriam ali se instalar, como soe a acontecer. O programa do governo revolucionário, o “Polo Centro”, na região dos cerrados, terras extremamente pobres em vegetação que, no jargão caboclo, só dava “lobeira e calango”, uma fábrica de fertilizantes viria cobrir essa lacuna no solo, tornando-o mais produtivo. Fator de desenvolvimento não só na nossa região, mas que se estendia por todo o Brasil Central. O “casamento”, insumos agrícolas e fertilidade das terras em função do “Polo Centro”, resultou e ainda resulta, no extraordinário desenvolvimento do setor agroindustrial que o Brasil experimenta.

Só que a chegada dos técnicos mineiros,ciceroneados pelo engenheiro uberabense, Wagner Nascimento,da CDI-MG, foi acompanhada de inúmeras peripécias. Fazendas enormes, terras agricultáveis, proprietários antigos, arraigados a velhos costumes, desconhecendo o enorme progresso que estava chegando para Uberaba,constituindo-se na sua redenção industrial, tentaram impedir, por todas as formas , meios e armas, fosse realizado o levantamento topográfico da área a ser desapropriada...Os fazendeiros e seus capatazes, faziam “piquetes”para impedir o trabalho daqueles “estranhos” em suas terras seculares...-“Onde já se viu,desmanchar os currais, acabar com a nossa roça, desativar os alambiques, onde fazíamos nossa inigualável cachaça?”, lamentavam, raivosamente, os donos das terras..Espingardas cano longo, “treizoitão” carregado de balas, azeitado, esparramando tiros prá cima à afugentar os “intrusos”...

Conhecendo os fazendeiros,Wagner Nascimento,com seu jeitão humilde, educado,bem falante,foi explicando, um a um, o que representava a fábrica para Uberaba.Por algum tempo,continuou a resistência.Em curto espaço,aquiesceram em fornecer informações,documentos da área,discutiram valores da desapropriação,forma de pagamento...

A terrinha ganhou nova vida! Comércio,indústria e serviços, passaram a abastecer a obra. A mão de obra local,se fez presente. Os primeiros funcionários da Petrobras chegavam a cidade.Os aluguéis tiveram demanda. A primeira residência locada foi a do casal Rubens Faria-Zilma Bugiatto, na Santos Dumont, ao encarregado dos primeiros movimentos na instalação, o engenheiro George Pedersen, que mesmo ao final das obras, continuou na cidade.

Uberaba,com a Fosfértil,rejubilava-se!Experimentamos e até hoje, bom surto de progresso.A planta,privatizada,pertence a Vale.Com o crescimento do setor graneleiro, justifica ainda, o “slogan” inicial: “Fábrica de fábricas”...O DI-III, é uma realidade hiper- saudável . Com a unidade, incentivou-se a mecanização no campo, novas tecnologias foram aplicadas e Uberaba, sem favor algum, tornou-se o maior pólo químico da América do Sul !

Graças a Deus, estamos às margens do benemérito Rio Grande, senão...


Luiz Gonzaga de Oliveira