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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

QUIRINO DE MIRANDA-GUARDEM ESSE NOME-, FOI O PRIMEIRO “AVENTUREIRO”A TENTAR INDUSTRIALIZAR UBERABA.

  • Quirino de Miranda-guardem esse nome-, foi o primeiro “aventureiro”a tentar industrializar Uberaba. O fato aconteceu ao final do século XIX do século passado. Quintino montou com sacrifício enorme, uma fábrica de chapéus na cidade. A experiência, para não dizer aventura, lamentável, teve curta duração. Uns dois anos, se tanto. Chuvas fortes, beirando a tempestade, seguidas de uma enchente de proporções gigantescas, levaram, água abaixo, a fábrica de chapéus de Quirino Miranda. Ano e pouco depois, em 1882, um valente desbravador dessa região, ousava fundar a menos de 10 quilômetros do centro da cidade, uma fábrica de tecidos às margens de um pequeno córrego, afluente do rio Uberaba, conhecido por “Cassú”. O nome do “maluco industrial” se constituiu numa legenda dos pioneiros na industrialização de Uberaba: Zacarias Machado Borges. Entendendo que o local era propicio à construção da fábrica, Zacarias Borges, meteu mãos à obra. Importou uma pequena usina geradora de eletricidade, visto que a água do riacho era suficiente para tocar as turbinas de energia. Viajou ao oeste de Minas, Pitangui, convenceu 2 familias de fiandeiras á mudar-se para Uberaba e “tocar” a fábrica de tecidos. Desejosas de uma vida melhor, ansiosas por melhores dias às famílias, toparam a aventura. Em Pitangui, o coronel Zacarias Borges comprou as máquinas necessárias para funcionar o empreendimento. Caneleiras, repassadeiras, carreteleiros, teares e outros equipamentos, todos de “segunda mão”, mas, em bom estado, foram colocados em carroças puxadas por animais e as mais leves, transportadas em lombo de burro. Em criança, ouvi muito essa história, pois, uma das matriarcas dessas famílias de Pitangui, era Beralda Gonçalves de Jesus, minha avó materna. A viagem, segundo contava, durou 4 meses. No povoado do Cassú, foram se assentando várias famílias, ávidas por emprego e, claro ! – emprego que fugia ao lugar comum dos outros poucos existentes no esprimido mercado local. Zacarias Borges “tocou” a fábrica até 1910, quando a família Mascarenhas , com raízes na região central de Minas, Paraopeba, a adquiriu do seu fundador. Para Uberaba o coronel Caetano Mascarenhas mandou os filhos Caetano Júnior e Heitor. Depois, “entrou” na sociedade um rico fazendeiro da cidade, ligado a laços de parentesco com os Mascarenhas, Miguel José da Silva. À época, também em franca atividade uma concorrente atuava em Uberaba. O proprietário João Boff (sogro de José Cunha Campos, da Telefônica), com a natural apertura financeira proveniente , passou o comando acionário aos donos da fábrica do Cassú, em 1928. A fábrica de Uberaba funcionava no bairro S.Benedito, no quadrilátero compreendido entre avenida Triângulo Mineiro, Barão do Rio Branco e ruas Conceição das alagoas e Ituiutaba. Aos Mascarenhas e Miguel José da Silva, se associaram os fazendeiros Antônio Martins Fontoura Borges e filhos, vindos de Conquista, aqui pertinho de Uberaba… A junção Fábrica de Tecidos do Cassú e Cia, Fabril de Uberaba, surgiram a Companhia Têxtil Triângulo Mineiro. A indústria de tecelagem foi uma das grandes propulsoras do progresso da cidade. Com a criação dos Distritos Industriais, a Têxtil foi uma das primeiras à transferir-se para a área. Maquinário moderno, comercializa para todo o Brasil, faturamento invejável, compromissos rigorosamente em dia e um corpo de funcionários superior a 800( sim, oitocentos) contratados. De repente, não mais que de repente, solaparam o patrimônio da empresa. Foi definhando, definhando, até a falência e deixando na “rua da amargura”, essas 800 familias… Até hoje, infelizmente, aos escombros e fantasmas de toda ordem, ninguém mais fala da fábrica de tecidos, ontem, orgulho de Uberaba.

          Luiz Gonzaga de Oliveira