No início deste ano, a Família Dominicana viveu a culminância da celebração dos 800 anos da Ordem, em Roma, na presença do Papa Francisco. Todos os segmentos dominicanos do mundo inteiro reuniram-se para partilhar a caminhada e renovar o compromisso com a missão: “Enviados a pregar o Evangelho!” Muitos são os ecos deste momento histórico e profético. Percebe-se no olhar e gesto de quem esteve presente a cumplicidade com o ardor da Ordem: a evangelização pelo testemunho da Verdade. Algo que contagia e nos impulsiona a buscar a diferença diante de tantos desafios em nossa sociedade excludente. São diversos os movimentos dominicanos que estão entrelaçados pelos pilares instituídos por São Domingos: oração, estudo, vida fraterna e vida apostólica, que é a pregação, o anúncio da Palavra de Deus. Uma pregação contemplativa, profética, doutrinal, itinerante, esperançosa e libertadora. Nesse sentido, volto o olhar aos tantos educadores dominicanos que trilharam o caminho da semeadura: preparam o terreno e deixaram sementes de sabedoria para que pudéssemos colher os frutos. Foram ousados para suas épocas, porém, não deixaram de anunciar. Enfrentaram a sociedade conservadora e acreditaram no saber como forma de libertação. A cada estudo feito, deparo-me com nomes e ações inéditas de Ir. Loreto Gerbrim, Padre Prata, Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, Ir. Virginita, Madre Maria Georgina, Ir. Glícia Barbosa, Ir. Nadir Rodrigues, Frei Henrique, Ir. Teresa de Liseaux, Monsenhor Juvenal Arduini, Ir. Elcias, Ir. Ângela e tantos outros e outras que marcaram e marcam vidas. Os dominicanos construíram um legado intelectual em Uberaba; daqui semearam para outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins, Pará e outros espaços internacionais como Haiti e República Dominicana. Enfrentando desafios e barreiras, entretanto, firmes no propósito de construir saberes a partir da prática social, do testemunho e coerência com a Verdade. Os espaços dominicanos foram construídos com este diferencial que permearam a vida de muitos intelectuais, educadores, artistas, músicos, escritores... uberabenses que hoje atuam em diferentes segmentos. Em muitos relatos autobiográficos revelam o valor do compromisso com a Verdade, “o sair do ninho” e trilhar novos rumos. Hoje, neste mundo conturbado e repleto de contradições, jovens se encantam com a filosofia dominicana, apaixonam-se por Jesus Cristo e iniciam um caminho de discernimento e compromisso com a fé cristã. Muitos deles são frutos das pastorais, do Movimento Juvenil Dominicano ou da referência de um(a) dominicano(a). Bons ventos assopram em Uberaba, no Convento de São Domingos, com a presença de 13 noviços dominicanos: jovens, alegres, confiantes, firmes no estudo e na missão; sensibilizam pelo testemunho, pela presença amorosa junto a Família Dominicana. Estes noviços nos anunciam: outro mundo é possível, pois os jovens têm sede e fome de Deus! 16/04/2017
(*) Doutoranda em Educação pela USP